
O que nos leva a este O Concurso que nos apresenta a quatro candidatos a um concurso público de juiz federal que, sabendo da dificuldade em passar, decidem conseguir o gabarito da prova. Mas este é menos um filme sobre concursos e mais sobre como ele afeta as pessoas ao redor do país, o problema é que o filme faz isso recorrendo aos estereótipos mais rasteiros possíveis, beirando o preconceito. Rogério (Fábio Porchat) é um gaúcho de educação rígida e pose de machão, mas que provavelmente é um homossexual enrustido, Freitas (Anderson Di Rizzi) é um cearense cheio de crendices que carrega um monte de imagens de santos, orixás e sabe-se lá o que mais onde quer que vá e tem o comportamento guiado por rezas e superstições. Caio (Danton Mello) é o típico malandro carioca que sempre quer levar vantagem em cima dos outros e constantemente relativiza seus atos ilícitos. Por fim temos Bernandinho (Rodrigo Pandolfo) o típico paulista do interior tímido e ingênuo.
O fato dos personagens se referirem uns aos outros como “carioca” ou “gaúcho” serve para reforçar a noção de que o filme realmente que validar e reafirmar esses estereótipos, generalizando os personagens como representantes essenciais e verídicos dos habitantes de sua região, revelando sua natureza estúpida e preconceituosa. O problema não é apenas reproduzir preconceitos, mas também fazer isso usando piadas mais batidas que o Fórmula 1 do Felipe Massa, como o momento em que um personagem sai do armário ao ouvir I Will Survive de Gloria Gaynor.