quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Crítica – RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos

O primeiro RED: Aposentados e Perigosos (2011) era um filme moderadamente divertido, mas era, na prática, um filme de uma piada só, mostrando superagentes incrivelmente habilidosos e mortais tentando levar uma vida normal. Assim, quando anunciaram a sequência me perguntei se seria possível um segundo filme repetindo a mesma piada ser bem sucedido.
A resposta a essa questão é um pouco complicada. De um lado o humor e os personagens caricatos, em especial Sarah (Mary Louise-Parker) e Marvin (John Malkovich), continuam funcionando, mas por outro, todo o resto do filme falha miseravelmente. O fiapo de roteiro coloca Frank (Bruce Willis) e os demais numa busca por um poderoso artefato nuclear escondido em Moscou na década de 70 e o único que pode ajudá-los é Bailey (Anthony Hopkins) um cientista que passou os últimos 30 anos em um manicômio judiciário e aparentemente não bate bem da cabeça. Ao mesmo tempo, Frank começa a ser caçado pelo perigoso Han (Byung-hun Lee) um assassino com contas a acertar com o ex-agente.

domingo, 28 de julho de 2013

Crítica – Ferrugem e Osso

Algumas vezes a vida dá uma virada para o pior, às vezes passamos por coisas que mudam nossos rumos para sempre, contrariando todos os nossos planos e expectativas e nos deixando à deriva. É sobre esses momentos em que a vida nos derruba que Ferrugem e Osso irá tratar, mas esta não é a típica história de superação de dificuldades através do aprendizado de valiosas lições de vida. É um filme sobre como certas coisas jamais são recuperadas e certas feridas sempre permanecem abertas, mas que mesmo isso não pode nos impedir de seguir em frente.
O filme é centrado em dois personagens. Ali (Matthias Schoenearts), um professor de educação física que faz bicos de vigia e segurança, é um homem confuso, sem rumo e um pai negligente. Stephanie (Marion Cotillard) é uma adestradora de baleias de um parque aquático, uma mulher independente e confiante. Quando Stephanie perde parte das pernas em um grave acidente no trabalho, ela não tem ninguém a recorrer senão Ali e assim os dois começam a conviver em uma relação que começa puramente física e aos poucos vai se tornando algo mais.
A própria reabilitação de Stephanie após o acidente acontece por meios muito mais físicos do que emocionais, primeiramente através da natação quando Ali a carrega até o mar, depois através do sexo. A cena que sucede a primeira transa dela após o acidente demonstra bem como ela voltou a ficar em paz consigo mesma, nos mostrando a personagem de olhos fechados, fazendo a mesma coreografia que fazia no parque aquático e aos poucos a música usada na apresentação começa a tocar, como se a estivéssemos ouvindo na cabeça da personagem, nesse momento é como se o sexo a tivesse feito compreender que ela continua sendo a mesma pessoa de antes.

Crítica – Nota de Rodapé

Análise Nota de Rodapé


Review Nota de RodapéAo contrário do que muitos pensam, o meio acadêmico não é exatamente um mar de rosas habitado por indivíduos mentalmente iluminados que unem para pensar e refletir sobre os problemas do mundo. Como qualquer outro ambiente profissional é permeado por constantes duelos de vaidades e sujeitos mais preocupados em inchar seus próprios egos do que em acrescentar algo à comunidade científica ou a sociedade como um todo. É exatamente sobre este terreno pantanoso que são os bastidores da comunidade acadêmica que Nota de Rodapé, comédia israelense dirigida por Joseph Cedar, irá tratar.
A trama é centrada em Eliezer (Shlomo Bar-Aba) e Uriel Shkolnik (Lior Ashkenazi), pai e filho respectivamente, ambos estudiosos do Talmude, mas que ocupam posições distintas no universo acadêmico. Eliezer é praticamente um pária, nunca teve muito reconhecimento por sua extensa pesquisa e se ressente do meio, que critica por produzir estudos cada vez mais superficiais. Seu maior feito é ter sido citado em uma nota de rodapé no livro de um importante pesquisador do Talmude. Seu filho, por outro lado, é uma estrela em ascensão, autor de diversos livros, alvo de elogios e bajulação de outros pesquisadores e colecionando vários prêmios e honrarias ao longo de sua trajetória. A disputa entre os dois se acirra quando Eliezer recebe por engano um importante prêmio, reacendendo velhas mágoas e discordâncias.
O filme apresenta algumas opções estilísticas bastante interessantes, como a montagem que reproduz a passagem de slides em um velho retroprojetor ou a música que parece sempre adicionar um certo sarcasmo às cenas. Os enquadramentos ajudam a demonstrar e contrapor o status dos dois personagens como vemos na cena da festa no início do filme. Eliezer é enquadrado no centro, sozinho e enfezado, com um enorme espaço vazio ao seu redor, enquanto que tomada seguinte mostra Uriel enquadrado da mesma forma, mas com uma quantidade de pessoas ao seu redor que o parabenizam pela recente honraria e riem de todos os seus comentários espirituosos.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Crítica – Wolverine: Imortal

Resenha Wolverine: Imortal
Depois do incrivelmente equivocado X-Men Origens: Wolverine (2009) era difícil botar fé que este Wolverine: Imortal seria capaz de entregar uma aventura digna do raivoso mutante indestrutível, mas a verdade é que o filme é bastante competente e de fato é o filme do Wolverine que se esperava desde a primeira aventura solo do personagem.
O filme é levemente baseado no arco dos quadrinhos Eu, Wolverine de Frank Miller e Chris Claremont, mas se situa no universo cinematográfico já estabelecido dos X-Men. A trama começa depois dos eventos ocorridos em X-Men: O Confronto Final (2006) com Logan (Hugh Jackman) morando sozinho nas montanhas canadenses enquanto lida com a dor e o arrependimento pela morte de Jean Grey (Famke Janssen). Tudo muda quando a misteriosa Yukio (Rila Fukushima) aparece e lhe pede que vá ao Japão visitar o moribundo Yashida (Hal Yamanouchi), um homem cuja vida Wolverine salvou durante a Segunda Guerra Mundial e hoje é um rico industrial. Durante a visita Logan conhece a bela Mariko (Tao Okamoto), neta do empresário, e se vê no meio de uma disputa sombria entre a yakuza, a máfia japonesa, e um milenar clã ninja pelo controle das indústrias Yashida.
Por este breve resumo já dá para ver que o filme não traz exatamente uma história típica dos recentes filmes de super-heróis e está mais para um filme de James Bond. Assim, percebemos que ao contrário do péssimo filme anterior Wolverine: Imortal não é coalhado de mutantes e personagens secundários que diluem e tiram o foco da narrativa, aqui não perdemos tempo com participações feitas meramente para agradar fãs ou com personagens que aparecem para construir um “universo compartilhado” entre diferentes filmes e isso por si só já é um mérito. A obra é completamente focada no personagem e no desenvolvimento de seu arco narrativo. Referências a eventos anteriores pipocam aqui e ali, mas mesmo quem não viu nenhum dos filmes dos X-Men pode assistir a este filme sem grandes perdas.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Crítica – Turbo

É difícil assistir Turbo e não se lembrar de Carros (2006) da Disney (e sua continuação), já que ambos se passam no universo das corridas automobilísticas, além das temáticas de aceitação, superação e trabalho em equipe. Neste sentido, o filme é basicamente um Carroscom lesmas, então se você gostou das duas animações da Disney, certamente irá apreciar este Turbo. Não há nada relativamente novo aqui, mas é suficientemente bem executado para não se tornar tedioso.
O filme é centrado em Turbo (Ryan Reynolds) uma lesma fã de corridas e que sonha em poder correr um dia. Por outro lado, seu irmão Chet (Paul Giamatti) e todas as outras lesmas o acham um louco sonhador, já que uma lesma é incapaz de ser rápida. Tudo muda quando a lesma passa por um bizarro acidente e se torna superveloz.
A obra é bastante competente em retratar a vida lenta e repetitiva das lesmas e como passam o tempo apenas tentando achar comida e se proteger de problemas, vivendo como se fossem operários em uma fábrica. É interessante o modo conformista como reagem quando uma delas é rapidamente arrebatada por uma ave e o design do garoto que passeia de velocípede pelo quintal cuja aparência remete à caricatura de um policial de seriado americano.
Uma pena que o filme comece a perder o fôlego lá pela metade da projeção a partir do momento em que introduz um grupo de personagens humanos que não tem muito carisma ou humor a oferecer a não ser tocar o filme para frente. Seria muito melhor se o filme recorresse a outros dispositivos para desenvolver a trama, já que tirando o grupo de lesmas corredoras, todo o segmento no shopping de beira de estrada pouco acrescenta ao filme.

Crítica – O Concurso

Os concursos públicos já se tornaram basicamente uma indústria própria no Brasil. A busca por um emprego estável e sem riscos de demissão atrai a maioria dos brasileiros e já imagino que no futuro “concurseiro” acabe se tornando uma profissão regulamentada, com direitos trabalhistas e carteira assinada, já que são tantos que rodam o Brasil fazendo provas em busca de um sonhado cargo público.
O que nos leva a este O Concurso que nos apresenta a quatro candidatos a um concurso público de juiz federal que, sabendo da dificuldade em passar, decidem conseguir o gabarito da prova. Mas este é menos um filme sobre concursos e mais sobre como ele afeta as pessoas ao redor do país, o problema é que o filme faz isso recorrendo aos estereótipos mais rasteiros possíveis, beirando o preconceito. Rogério (Fábio Porchat) é um gaúcho de educação rígida e pose de machão, mas que provavelmente é um homossexual enrustido, Freitas (Anderson Di Rizzi) é um cearense cheio de crendices que carrega um monte de imagens de santos, orixás e sabe-se lá o que mais onde quer que vá e tem o comportamento guiado por rezas e superstições. Caio (Danton Mello) é o típico malandro carioca que sempre quer levar vantagem em cima dos outros e constantemente relativiza seus atos ilícitos. Por fim temos Bernandinho (Rodrigo Pandolfo) o típico paulista do interior tímido e ingênuo.
O fato dos personagens se referirem uns aos outros como “carioca” ou “gaúcho” serve para reforçar a noção de que o filme realmente que validar e reafirmar esses estereótipos, generalizando os personagens como representantes essenciais e verídicos dos habitantes de sua região, revelando sua natureza estúpida e preconceituosa. O problema não é apenas reproduzir preconceitos, mas também fazer isso usando piadas mais batidas que o Fórmula 1 do Felipe Massa, como o momento em que um personagem sai do armário ao ouvir I Will Survive de Gloria Gaynor.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Crítica – O Cavaleiro Solitário



O Cavaleiro Solitário é um personagem nascido na década de 30 em um programa de rádio e de lá para cá originou uma série de televisão (que foi ao ar de 1949 a 1957), quadrinhos e filmes, mas fazia um tempo que o personagem não aparecia para o grande público. Produzido por Jerry Bruckheimer, dirigido por Gore Verbinski e estrelado por Johnny Depp (o mesmo trio da trilogia inicial de Piratas do Caribe), o filme parece ter a clara intenção de iniciar uma nova franquia de ação para a Disney, substituindo a já desgastada franquia de piratas protagonizada pelo Capitão Jack Sparrow.
O filme se passa no velho oeste americano e é centrado no promotor público John Reid (Armie Hammer) que é gravemente ferido e tem todos os companheiros assassinados durante a caçada ao perigoso Butch Cavendish (William Fichtner), sobrevivendo graças à ajuda do índio Tonto (Johnny Depp) que também tem contas a acertar com o criminoso. Assim, os dois se unem para agir por conta própria e levar o criminoso à justiça.
A dupla principal é bem carismática e funciona muito bem. Depp continua a repetir os mesmos trejeitos e afetações de seus trabalhos recentes (em especial Jack Sparrow) com seus olhos esbugalhados e linguagem corporal exagerada, lembrando um ator da época do cinema mudo, apesar de repetitivo é impressionante constatar que todos os truques do ator continuam surtindo efeito graças ao seu bom timing. Hammer também é bem sucedido na construção de Reid como um sujeito bem intencionado que acredita no pleno funcionamento da lei e inicialmente reluta em assumir a persona do justiceiro mascarado. Outro ponto positivo é o vilão interpretado por William Fichtner, um sujeito cruel e violento que se entrega a arroubos canibais quando elimina seus adversários. Seu visual sujo e desfigurado contribui para torna-lo ainda mais ameaçador.

Crítica – O Homem de Aço

Ao contrário da Marvel, que conseguiu consolidar seu universo cinematográfico nos cinemas, os personagens da DC não tiveram exatamente a mesma sorte. Claro, os três Batman dirigidos por Christopher Nolan fizeram grande sucesso entre público e crítica, mas o fracasso retumbante de Lanterna Verde (2011) fez o estúdio colocar seu próximo projeto de super-heróis sob a coordenação de Nolan, que escreveu (ao lado de David Goyer) e produziu este O Homem de Aço, deixando a direção a cargo de Zack Snyder (Madrugada dos Mortos, 300).
O filme reapresenta a origem do herói, mostrando o planeta Krypton como um mundo estéril, controlado por um rígido sistema de castas e uma ideologia eugênica, uma abordagem que se assemelha bastante à seminal história em quadrinhos O Homem de Aço (o filme ainda remete a outros arcos como O Legado das Estrelas e o recente Superman: Terra Um), escrita por John Byrne na década de 80. A destruição de Krypton se dá pela exaustão dos recursos do núcleo do planeta e o cientista Jor-el (Russel Crowe) envia seu único filho à Terra para salvá-lo. Clark (Henry Cavill) é um jovem com um forte senso de inadequação, divido entre sua herança extraterrestre e sua criação terrena. Na sua busca por compreender quem é e de onde veio seu caminho se cruza com o da repórter Lois Lane (Amy Adams) e chama atenção dos militares, em especial do Coronel Hardy (Christopher Meloni). As coisas se complicam quando o implacável General Zod (Michael Shannon) e sua tropa de kryptonianos chegam ao nosso planeta, obrigando Clark a tomar uma decisão quanto ao seu lugar neste mundo. É uma história de origem bem aos moldes de Batman Begins (2005) e com a mesma atmosfera realista, tentando entender que impacto teria se um ser quase que onipotente se apresentasse diante do mundo.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Crítica – Truque de Mestre

Lembro claramente da minha sensação ao ver o trailer deste Truque de Mestre pela primeira. A premissa de mágica e roubo, uma mistura de O Grande Truque (2006) com Onze Homens e um Segredo (2002), parecia promissora e o filme ainda contava com um elenco competente. Então o trailer foi chegando ao fim e vi que Louis Laterrier assinava o filme e minha empolgação se tornou desânimo, afinal trata-se do sujeito que construiu uma carreira em cima de filmes insossos como Carga Explosiva 2 (2005), O Incrível Hulk (2008) e o terrívelFúria de Titãs (2010). Infelizmente meus temores se confirmaram e o filme é apenas uma repetição sem graça daquilo que já vimos (e melhor) em vários outros filmes.
A trama acompanha Daniel (Jesse Eisenberg), Merrit (Woody Harrelson), Henley (Isla Fisher) e Jack (Dave Franco), mágicos de rua que um dia recebem um convite misterioso para um apartamento decadente em Nova Iorque. Lá encontram diagramas e especificações para uma série de surpreendentes truques de mágica com potencial para faturarem uma larga soma de dinheiro. Um ano depois eles começam a colocar os truques em prática e são caçados pelos agentes Rhodes (Mark Ruffalo) e Dray (Melanie Laurent) e pelo ex-mágico Thaddeus (Morgan Freeman), um especialista em revelar os truques de outros ilusionistas, uma espécie de Mister M com voz de Cid Moreira.
O filme tenta tratar de temas como a natureza enganadora e dual da mágica e da necessidade de acreditar em algo extraordinário e sobrenatural e das rivalidades exacerbadas que nascem neste meio. Nada disso é exatamente novidade, já tendo sido tratado em filmes como O Ilusionista (2006) e o próprio O Grande Truque, mas diante da comparação Truque de Mestre empalidece pela sua superficialidade, não acrescentando nada ao que as obras anteriores já falaram nem ambiciona lançar um novo olhar sobre essas questões.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Crítica – Guerra Mundial Z



Durante muito tempo os filmes de zumbis foram relegados à produções de baixo orçamento (o que nunca impediu que obras sensacionais fossem feitas) e suas criaturas eram costumeiramente considerados como inferiores a outros monstros do cinema como vampiros, lobisomens ou fantasmas. De uns tempos para cá, entretanto, começamos a viver um literal surto de zumbis, com produções de grande orçamento e visibilidade em quadrinhos, televisão e, claro, cinema. Assim chegamos a Guerra Mundial Z (baseado no livro homônimo de Max Brooks), um blockbuster de quase duzentos milhões de dólares que definitivamente coloca os monstros devoradores de cérebro no mainstream cinematográfico.
A trama é centrada em Gerry (Brad Pitt), um ex-agente das forças de segurança da ONU que precisa voltar à ativa depois que uma praga zumbi se alastra pelo mundo. O filme não economiza nas cenas de destruição e já começa com um ataque massivo de zumbis ao centro de Nova Iorque. A direção de Marc Forster (007: Quantum of Solace)chama a atenção pela escala grandiosa que o filme dá ao apocalipse zumbi, abusando de tomadas abertas que mostram as multidões de criaturas avançando contra a população.
Não há muito sangue, é verdade, mas essa deficiência é compensada por um clima de tensão bastante eficiente e alguns sustos que certamente farão o público pular da cadeira. Boa parte das cenas de ação também são bastante criativas no uso dos zumbis, que se empilham e se jogam sobre obstáculos formando verdadeiras ondas de mortos-vivos, essa inventividade contribui para dar frescor à narrativa.