domingo, 22 de setembro de 2013

Crítica - Rayman Legends


De um tempo para cá a indústria de videogames para ter redescoberto ou relembrado dos jogos de plataforma bidimensionais que fizeram grande sucesso no final dos anos 80 e boa parte dos 90, como os New Super Mario Bros ou jogos independentes como Braid, Super Meat Boy e Guacamelee. Este Rayman Legends é mais um ótimo exemplar do gênero e mostra como ainda há muitas possibilidades a serem exploradas.

A história é bastante simples, depois de séculos em sono profundo, Rayman, Globox e seus aliados são acordados para impedir que criaturas sombrias destruam o mundo dos sonhos. Essa simplicidade e falta de um maior contexto narrativo acaba beneficiando o game, dando aos realizadores a oportunidade de deixar a imaginação fluir e inventar toda a sorte de situações alopradas que ajudam a progressão do jogo a ser um pouco mais imprevisível. Assim, sem mais nem menos o jogo te transforma em pato em uma determinada fase, em outra você irá diminuir e aumentar de tamanho, entre uma série de outras coisas.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Crítica – O Som ao Redor

Análise Crítica – O Som ao Redor

Review – O Som ao RedorPara mim sempre é mais difícil falar de filmes dos quais realmente gostei do que aqueles que considerei medianos ou dos que não me agradaram. Não sei exatamente o motivo, talvez o fato de uma obra ter um impacto tão grande sobre mim acaba gerando um apego afetivo que obscurece meu raciocínio ou eu perceba uma riqueza tão grande que me perco na hora de organizar a minha fala. O Som ao Redor é um destes filmes (assim como O Mestre Antes da Meia Noite) e tenho certeza de que não importa qual seja a qualidade final de meu texto, sairei invariavelmente decepcionado do meu trabalho, pois sinto que não importa o que escreva, certamente sentirei que não fiz justiça à obra, afinal não posso escrever indefinidamente e em algum momento precisarei colocar um ponto final. De todo modo, tentarei.
Dirigido pelo crítico e cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho,O Som ao Redor nos mostra o cotidiano de um bairro de classe média de Recife e como as pessoas vivem em um estado constante de tensão e medo trancafiados em seus condomínios murados e janelas gradeadas. A chegada ao bairro de um grupo de segurança particular (mas que é quase uma milícia) encabeçado pelo misterioso Clodoaldo (Irandhir Santos) promete trazer mais tranquilidade, mas também traz alguns conflitos.

Crítica – Elysium

O diretor sul-africano Neill Blomkamp surpreendeu muita gente com seu misto de ficção-científica e crítica social apresentados em Distrito 9(2009) que conseguia aliar uma narrativa inteligente e cheia de ação de um modo raramente visto (principalmente nos últimos anos) no cinemão hollywoodiano. Assim, depois do sucesso, o diretor volta a seu terreno familiar com este Elysium.
O filme se passa no ano 2154, no qual a humanidade se dividiu em dois grupos (ou talvez castas): uma minoria mais rica habita a estação espacial Elysium, vivendo com opulência e conforto em grandes mansões, com clima agradável, ar limpo e acesso a uma medicina avançadíssima que cura praticamente qualquer doença e retarda o envelhecimento. O resto da humanidade, no entanto, vive no que restou da Terra depois de ter seus recursos exauridos e seu meio-ambiente destruído, o nosso planeta se tornou uma enorme favela, com barracos improvisados por todos os lados, nenhum tipo de saneamento e acesso extremamente restrito a qualquer tipo de serviço, incluindo os de saúde. A população da Terra é considerada tão indigna que os moradores de Elysium os deixam à própria sorte, não se envolvendo em nada do que acontece e delegando a gestão do lugar a robôs.

Crítica – As Bem Armadas

Depois de mostrar que uma comédia estrelada por mulheres pode ser tão escrachada e nonsense quanto os filmes protagonizados por homens com o irregular Missão Madrinha de Casamento (2011), o diretor Paul Feig volta a adicionar estrogênio a outro gênero tipicamente dominado por homens, a comédia policial de parceiros. Basicamente este As Bem Armadas é um A Hora do Rush (1998) estrelado por mulheres, com duas parceiras improváveis e de personalidades diferentes sendo obrigadas a trabalhar em conjunto.
O filme é centrado na agente do FBI Ashburn (Sandra Bullock) que é despachada para a cidade de Boston para procurar um novo e perigoso traficante que há tempos permanece intocável. Na cidade, sua investigação acaba colidindo com a da esquentada policial Mullins (Mellissa McCarthy) e embora tenham personalidades diferentes, as duas precisam juntar esforços para encontrar o criminoso.
Sandra Bullock atua aqui no piloto automático, interpretando a mesma neurótica viciada em trabalho de boa parte das outras comédias que fez em sua carreira como A Proposta (2009) e Miss Simpatia (2000). Sobra então para McCarthy arrancar risos com sua caricata policial irlandesa, que acaba funcionando bem durante boa parte do tempo. O problema é que o filme se limita a um humor mais físico e pastelão que embora seja divertido, nunca explora o potencial das situações.
Além disso a policial Mullins por vezes toma atitudes tão absurdas que fica difícil acreditar que a personagem consiga manter sua carreira sem sofrer quaisquer tipo de represálias, mesmo quando ofende seu capitão (Thomas F. Wilson, o Biff de De Volta Para o Futuro) na frente de toda a delegacia, atira doces em sua cabeça e ainda assim nada acontece.
Outro problema é que o roteiro é bastante esquemático e clichê, as poucas reviravoltas são incrivelmente previsíveis e todos os momentos em que o filme tenta desenvolver de forma séria a relação entre as duas, acaba soando forçado e aborrecido, já que essas cenas são basicamente uma bricolagem de coisas que vimos em um monte de outros filmes, mas sem o mesmo brilho.
No final das contas, apesar de arrancar algumas boas risadas, As Bem Armadas acaba sendo demasiadamente preguiçoso e derivativo pra valer uma ida ao cinema.
Nota: 5/10

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Crítica – Rush: No Limite da Emoção

Análise Rush: No Limite da Emoção


Review Rush: No Limite da EmoçãoSeria muito fácil resumir este Rush: No Limite da Emoção como apenas sendo um filme sobre a Fórmula 1, poderia ir um pouco mais fundo e dizer que é um filme sobre a rivalidade entre dois homens, mas esta ainda seria uma declaração que não capta a essência da obra. Mais do que tudo isto, este filme é sobre a alma do esportista e aquilo que o faz seguir em frente. De antemão devo lhes dizer que sou relativamente fã de automobilismo e que já participei de competições esportivas (mas não de automobilismo), então se meu discurso soa exagerado ou demasiadamente apaixonado é porque entendo e compartilho muitas das posições dos personagens aqui retratados sobre a prática esportiva.
O filme é centrado nos pilotos James Hunt (Chris Hemsworth) e Niki Lauda (Daniel Brühl) e da rivalidade existente entre os dois que nasceu quando ainda eram pilotos novatos na Fórmula 3 e perdurou até que fossem para a Fórmula 1, culminando na espetacular disputa pelo título mundial de 1976. O primeiro grande mérito do filme é não reduzir a disputa a algo maniqueísta, evitando uma composição preguiçosa que certamente seria feita por boa parte dos cineastas e roteiristas que se debruçassem sobre o material. Digo isto porque seria muito fácil pegar a personalidade explosiva de Hunt para transformá-lo em um vilão simplista e o mesmo poderia ser feito com o discurso seco e frio de Lauda, entretanto o texto de Peter Morgan, que escreveu o ótimo Frost/Nixon (2008), nos mostra esses dois pilotos como figuras complexas, carregadas de nuances e sentimentos conflitantes.

Crítica – Aviões

Deixem-me esclarecer algo, não sou muito fã do primeiro Carros (2006) e gostei menos ainda do desnecessário Carros 2 (2010), assim foi com expectativas bem baixas que fui assistir este Aviões, filme derivado da franquia dos automóveis. Mesmo com as expectativas lá embaixo, o filme conseguiu o feito de estar abaixo delas, sendo mais formulaico, aborrecido e desinteressante do que eu esperava.
A bem verdade, nada justifica o lançamento de Aviões nas salas de cinema (e no caro 3D) ao invés de sair direto para DVD ou exibido no canal a cabo da Disney do que a ganância da casa do Mickey Mouse, já que se trata de um produto extremamente clichê e desprovido de criatividade e carisma. Se lançado no formato caseiro, funcionaria tranquilamente como uma distração pueril para os pequenos, noventa minutos para que eles ficassem quietinhos diante da TV enquanto seus pais fazem outras coisas, mas como atração de cinema não há nada que justifique pagar os caros ingressos atuais.
A trama acompanha Dusty (Dane Cook) um humilde avião do campo que passa seus dias pulverizando fertilizantes sobre colheitas, mas que sonha participar de uma famosa corrida de aviões ao redor do mundo. Em sua jornada encontrará novos amigos e aprenderá valiosas lições de vida e tudo mais que se espera de filme desse, mas para isso precisa superar seu maior temor: medo de altura. Isso mesmo, não estou brincando, o conflito principal do filme gira em torno de uma aeronave que tem medo de altura. Eu sei que é um filme infantil, mas não precisa tratar as crianças (e todos os demais) como idiotas com uma trama tão forçada e sem sentido, é inadmissível que não tenham conseguido pensar em um obstáculo ou conflito melhor. Uma solução tão preguiçosa apenas contribui para a sensação de que este é um caça-níqueis feito a toque de caixa.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Crítica – One Direction: This is Us

Não conheço praticamente nada sobre a banda One Direction. Na verdade, não fosse o uso de uma canção do grupo em vídeo que se tornou meme na internet brasileira ano passado eu provavelmente nem saberia da existência do grupo. Assim, totalmente por fora da banda, entrei temeroso para assistir este documentário, imaginando ser uma tediosa peça publicitária de uma hora e meia feita exclusivamente para promover o grupo e arrancar dinheiro dos fãs.
Estava, em parte, correto. Tal qual outros documentários recentes sobre músicos com pouco tempo de carreira, o filme é feito praticamente apenas para agregar valor à imagem dos artistas, não buscando nenhum tipo de questionamento, contestação ou entendimento mais profundo sobre o fenômeno do sucesso da banda, limitando-se a exaltar as qualidades dos músicos e das fãs do grupo. Entretanto, o filme nem chegou perto de ser tão chato quanto imaginei, na verdade é até apreciável.
Parte desse mérito, além do carisma do grupo, provavelmente vem da direção do documentarista Morgan Spurlock, que curiosamente construiu sua carreira de cineasta com filmes como Supersize Me: A Dieta do Palhaço (2004) e The Greatest Movie Ever Sold (2011), que criticavam justamente a máquina publicitária dos grandes conglomerados de comunicação que tentavam enfiar qualquer coisa goela abaixo do público. Não, não irei aqui criticá-lo por ter “se vendido” ou qualquer coisa do gênero, afinal todos temos contas a pagar, apenas acho curiosa a escolha do diretor.

Crítica – Jobs

O fundador da Apple, Steve Jobs, mudou de várias maneiras a relação que temos com aparatos tecnológicos, principalmente os computadores. Esse papel transformador na sociedade, além das muitas intrigas que envolvem sua história profissional, o tornam um candidato ideal para uma cinebiografia. Uma pena, então, que este Jobs seja tão indigno da ambição transformadora de seu objeto biografado, soando bastante esquemático, convencional e moroso.
O filme aborda a trajetória de Jobs (Ashton Kutcher) desde o momento em que decidiu largar a faculdade até o ponto em que retorna à presidência da Apple no final da década de 90. Por abordar um pedaço tão grande da vida do personagem, o filme adota aquela velha estrutura estilo “melhores momentos”, saltando entre diferentes momentos significativos da vida do personagem através de cenas que literalmente se situam a anos de distância uma da outra.
Essa opção dá um incômodo tom demasiadamente episódico ao filme, além disso impede que nos conectemos com os dramas e obstáculos do personagem, já que mal eles são estabelecidos, já são finalizados e resolvidos poucos minutos depois. Além disso o foco é quase que inteiro à Apple, deixando de lado praticamente todos os outros aspectos da vida de Jobs de lado. Assim sendo, o filme parece se contentar em apenas nos revelar os fatos já conhecidos da vida de Jobs sem nenhum interesse em mergulhar no que há por trás de suas ações ou seus conflitos internos, nesse sentido não há, então, muita razão para se ver o filme, pois se quiser souber o que factualmente aconteceu na vida de Steve Jobs basta eu ler a wikipedia.

Crítica – O Ataque

De cara é inevitável a comparação entre este O Ataque e o recente Invasão à Casa Branca que estreou no início do ano, já que ambos tratam de um ataque terrorista ao lar do presidente americano, além de uma série de outras similaridades. Entretanto, O Ataque adota uma postura muito mais despretensiosa que o filme estrelado por Gerard Butler, encarando de frente o fato de se tratar de uma bobagem.
 
A trama é praticamente uma mistura de Duro de Matar (1988) com Força Aérea Um (1997). O longa é centrado no policial do Capitólio e aspirante a membro do serviço secreto John Cale (Channing Tatum) tentando se reaproximar da filha levando-a a um passeio pela Casa Branca. Durante a visita o local é atacado por terroristas que eliminam a segurança do presidente Sawyer (Jamie Foxx), cabendo a John a responsabilidade de mantê-lo a salvo.
 
Tudo isso poderia descambar para um filme de ação formulaico e previsível (e em parte ele é), mas o fato do filme não se levar a sério acaba tornando tudo mais divertido. Os personagens desferem frases de efeito e diálogos canastrões quase que na mesma proporção que desferem tiros. Tatum e Foxx contribuem para dar carisma a personagens que seriam vazios e clichês, apresentando uma boa, divertida e natural dinâmica, lembrando os bons exemplares do cinema de ação das décadas de 80 e 90. O problema é quando o filme tentar ser dramático, recorrendo a diálogos piegas e aborrecidos que servem mais para aborrecer do que para desenvolver os personagens, além disso algumas falas beiram o ufanismo tolo e exagerado dos piores momentos de Michael Bay.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Crítica - Saints Row IV

Análise Saints Row IV


Review Saints Row IV
A franquia Saints Row começou praticamente como uma espécie de Grand Theft Auto genérico, baseando-se no mesmo ambiente aberto, disputas entre gangues e roubos de carro. Com o tempo, entretanto, GTA foi adquirindo um tom mais sério com uma narrativa mais voltada para algo que lembrava um drama criminal e assim os desenvolvedores de Saints Row viram uma ótima oportunidade de diferenciar a franquia investindo pesado no humor e na paródia. Esse espírito de galhofa, que já estava presente no hilário Saints Row The Third (2011), é elevado à enésima potência neste Saints Row IV.

Os primeiros minutos de gameplay já deixam claro o nível de loucura da trama, que se afasta totalmente da temática de gangues se enfrentando por controle e estabelece como o líder da gangue dos Saints se tornou presidente dos Estados Unidos. Meses depois o mundo é atacado por uma poderosa raça alienígena e os humanos são abduzidos e presos a uma realidade virtual no melhor estilo Matrix (1999). Dentro desse mundo virtual, uma versão estilizada da cidade de Steelport do game anterior, o jogador deve encontrar um modo para resgatar seus aliados e derrotar a ameaça alienígena. A reciclagem do cenário e dos modelos de personagem como um todo, entretanto, dá a sensação de um visual levemente datado (afinal o game anterior só tem dois anos) ao jogo.