O primeiro Jogos Vorazes (2012), adaptação do primeiro livro da trilogia literária escrita por Suzanne Collins, era um filme correto, certinho, mas não tinha nada demais. O filme propunha um cenário interessante na qual a capital de uma nação fictícia mantinha o controle de seus distritos através da exigência de “tributos” anuais. Esses tributos consistiam de dois jovens (um garoto e uma garota) por distrito que seriam levados à capital para competir no maior evento midiático desta nação, os Jogos Vorazes, uma espécie de reality show no qual esses jovens deveriam matar uns aos outros e apenas o último sobrevivente seria o vencedor.
O filme tratava de temas como autoritarismo, controle, alienação midiática de uma forma surpreendentemente desencantada e fatalista para um blockbuster hollywoodiano, mas ainda assim tudo isso era tratado de forma relativamente superficial, como que servisse apenas de fundo para a ação. Felizmente este Jogos Vorazes: Em Chamasconsegue ir além do seu predecessor, pegando aquilo que o primeiro filme apenas propunha e dispõe destes elementos para tecer sua trama.
Neste novo filme, Katniss (Jennifer Lawrence) e Peeta (Josh Hutcherson) são obrigados pelo Presidente Snow (Donald Sutherland) a viajar em uma “turnê de vitória” após os eventos do filme anterior. Para o presidente, as ações dos dois no filme anterior foram interpretadas por muitos como um desafio ao sistema e, sob a ameaça de repressões e ataques violentos aos distritos, ele quer que convençam a todos que o amor que encenam ter é de fato real de modo a calar os revoltosos. Ao mesmo tempo, Snow e o novo organizador dos Jogos Vorazes, Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman), constroem uma estratégia para poderem eliminar Katniss através do “Massacre Quaternário”, uma espécie de edição especial dos Jogos que ocorre a cada 25 anos na qual antigos campeões são colocados mais uma vez nesta competição pela vida.