Em tempos de redes sociais onde todos se preocupam em registrar, filmar e fotografar cada acontecimento de modo a mostrá-los aos seus amigos virtuais, acumulando curtidas e comentários, sempre me perguntei se ao fazermos isso não estaríamos deixando de efetivamente viver essas experiências. A sensação é que ficamos mais preocupados em documentar e registrar cada momento e mostrar aos outros ao invés de absorver cada momento e tentar extrair dele algo que nos acrescente, nos transforme e nos melhore sem nos limitar a transformar cada instante em apenas uma oportunidade de fotografia.
Assim sendo, é curioso me deparar com este A Vida Secreta de Walter Mitty, que trata exatamente desta relação que temos com fotografias, redes sociais e quaisquer outros dispositivos que possuímos para registrar nossas vidas e como passamos boa parte do tempo ocupados em exibir uma imagem excessivamente positiva, exagerada e irrealista de nós mesmos que efetivamente deixamos de viver e experimentar nossas próprias vidas.
A trama é centrada em Walter (Ben Stiller) um pacato arquivista de negativos de uma grande revista. Walter não tem uma vida muito empolgante, mas constantemente sonha acordado em realizar grandes feitos, engajar-se em grandes batalhas e dar o troco em seu chefe babaca (Adam Scott) pelas provocações. Em sua vida propriamente dita, ele tenta se aproximar de Cheryl (Kristen Wiig), mas o único modo que encontra para fazer isso é tentando falar com ela através de um site de pessoas em busca de relacionamentos. As coisas se complicam para ele quando o negativo de uma importante foto do melhor fotógrafo (Sean Penn) da revista é extraviado e ele precisa localizar o profissional que está constantemente viajando e conforme roda o mundo atrás do fotógrafo, Walter passa a prestar mais atenção naquilo que o cerca do que em suas próprias fantasias.