Quando anunciaram que seria feito um remake do Robocop (1987), do holandês Paul Verhoeven, muita gente torceu o nariz, afinal, o filme e sua crítica ácida e cínica à banalização da violência e ao totalitarismo corporativo dialogam tanto com a sociedade atual quanto à do fim dos anos 80. Claro, as duas horrendas sequências que o filme teve ajudaram a dar a impressão de que o filme do Verhoeven era algo único e que não poderia ser reproduzido, os que dizem isso estão, de certa forma, corretos, já que o diretor tinha mesmo uma visão própria que dificilmente poderia ser reproduzida por outro realizador. O brasileiro José Padilha sabe disso e inteligentemente não tenta reproduzir aqui a visão do diretor holandês, mas apresentar seu próprio olhar sobre o personagem e o que seria relevante para ele nos dias de hoje.
A trama é praticamente a mesma do original. Alex Murphy (Joel Kinnaman) é um policial honesto em uma Detroit mergulhada no crime. Quando ele e seu parceiro Lewis (Michael K. Williams) se aproximam de um perigoso traficante, Murphy leva a pior. Diferente do original, Alex não morre aqui, mas fica gravemente ferido e a perigo de se tornar um vegetal para o resto da vida. A esposa de Murphy, Clara (Abbie Cornish), é então abordada pelo Dr. Norton (Gary Oldman) e executivos da multinacional Omnicorp para realizar um complexo procedimento que poderá salvar a vida do policial, praticamente transformando-o em uma máquina. Logicamente, os interesses da corporação e seu presidente (Michael Keaton) não são apenas salvar vidas, mas criar um protótipo de policial ciborgue para atrair a simpatia da população de modo a revogar a lei que proíbe o uso robôs em solo americano, apesar das forças armadas os usarem em outros países.