Sempre que vou ver uma dessas
comédias que parodiam algum filme de sucesso, temo que verei mais uma coleção
de referências vazias a outros filmes e uma reprodução de piadas sobre mesmos
filmes já feitas por toda a internet. A verdade é que há tempos esse tipo de
filme não me faz rir como fizeram filmes como Apertem os Cintos o Piloto Sumiu (1980), Top Secret! (1984), Top Gang
2: A Missão ou o primeiro Todo Mundo
em Pânico (2000) e creio que parte do desgaste deste tipo de filme vem da
própria velocidade que a internet proporciona. Afinal, mal um filme entra em
cartaz e ele já é esmiuçado, transformado em gifs, memes, redublados e zoados
por toda a sorte de sites, blogs e canais de Youtube e meses depois boa parte
das possibilidades de zoar o material já foi utilizada e graça já passou, assim
sendo, quando o filme-paródia chega ao cinema quase um ano depois, temos aquela
incômoda sensação de deja vu ou de
que estamos vendo algo que já perdeu a graça. Essa sensação infelizmente
permeia esse Inatividade Paranormal 2.
terça-feira, 27 de maio de 2014
Crítica - Inatividade Paranormal 2
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Entre Nós
A trama acompanha os seis amigos Felipe
(Caio Blat), Lucia (Carolina Dieckmann), Silvana (Maria Ribeiro), Gus (Paulo
Vilhena), Drica (Martha Nowill), Cazé (Júlio Andrade) e Rafa (Lee Taylor),
todos com envolvidos com literatura e viajam juntos para uma afastada casa de
campo. Durante a viagem os jovens decidem escrever cartas para si próprios e as
enterram para lê-las depois de dez anos. O fim da viagem é marcado pela morte
de Rafa e o grupo só volta a se reencontrar dez anos depois, na mesma casa de
campo, para reler as tais cartas. A reunião vai aos poucos mostrando que eles
não possuem mais a calorosa amizade de outrora, mas que os dez anos de
afastamento produziram marcas profundas em cada um deles.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Divergente
Divergente não é lá um filme muito original. Tem elementos que
derivam de praticamente todas as narrativas fantásticas juvenis que apareceram
no cinema nas últimas décadas, bem como as convenções de cenários de
ficção-científica distópicos. Ainda assim seria possível que essa salada de
elementos preexistentes poderia funcionar bem se inserida em um universo
interessante e coeso com personagens carismáticos e bem construídos, mas
infelizmente isso não acontece.
O filme se passa na cidade de
Chicago em um futuro não especificado quando a sociedade passou a ser regida
por cinco facções que dividem a funções primordiais para o funcionamento da
cidade que passou a ser protegida por um enorme muro. No centro da trama está
Beatrice (Shailene Woodley), uma adolescente de dezesseis anos prestes a fazer
a escolha definitiva sobre qual facção irá integrar. Seu teste de aptidão
revela que ela é uma “divergente”, alguém capaz de assumir o papel de qualquer
facção e cuja potencialidade é considerada uma ameaça ao rígido sistema de
facções. Assim, ela tenta esconder de todos a verdade sobre si e entra para a
facção Audácia (na prática as forças armadas do local) porque...bem, porque parkour é legal e para que trama tenha
algumas sequências de ação, já que não
há nenhuma justificativa real para que a garota escolha esta em detrimento de
qualquer outra. Claro, é possível que isto esteja melhor resolvido no livro que
inspira esta obra, mas o filme deve se sustentar por conta própria e isso não
ocorre aqui, já que existem outros vazios além deste.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Capitão América 2: O Soldado Invernal
A chamada “segunda fase” dos filmes da Marvel no cinema vinha me decepcionando bastante. Era de se esperar que depois do grandioso Os Vingadores (2012), que consolidava com competência o universo cinematográfico compartilhado projetado pelo estúdio, os filmes-solo de seus personagens se desviassem um pouco da fórmula feijão com arroz da primeira fase e ousassem mais com seus personagens, nos mostrando mais de suas personalidades e relações com outros ou até mesmo que ousassem com o próprio universo, fazendo as ações isoladas de cada um dos filmes produzir transformações que reverberassem em todos outros. Nada disso lamentavelmente aconteceu com o fraco Homem de Ferro 3 (2013) e o competente, mas formulaico Thor: O Mundo Sombrio (2013). Felizmente este ótimo Capitão América 2: O Soldado Invernal chega para mudar isso, trazendo uma narrativa melhor construída que traz novas dimensões ao seu protagonista e muda significativamente o universo Marvel das telonas.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - A Grande Vitória
Tenho que confessar que tenho um
fraco por esses filmes de esportes com histórias de superação, principalmente
aqueles que envolvem artes marciais, já que eu mesmo pratiquei durante muitos e
participei de competições. Por mais que sejam formulaicos, rasteiros e
previsíveis, muitas vezes é difícil que eu não consiga me relacionar com
algumas das experiências dos personagens desse tipo de filme, como falei em meu
texto sobre o ótimo Rush: No Limite da
Emoção (2013). Apesar do viés positivo e da boa vontade, no entanto, devo
dizer que este A Grande Vitória é tão
problemático e equivocado sob tantos aspectos que é realmente muito difícil
achar qualquer coisa apreciável aqui.
A trama conta a história do
atleta Max Trombini (Caio Castro), jovem de família humilde com problemas de agressividade
na infância que é colocado pela mãe no judô e através do esporte, sua vida se
transforma.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Crítica - Alemão
O cinema nacional mais comercial parece ter encontrado vocação para determinados tipos de filmes, como comédias ou biografias, mas outros, como suspense, parecem relegados ao segundo plano, gerando produtos cujos resultados são no mínimo constrangedores como os horrendos Segurança Nacional (2010) e Federal (2006). Claro, ano passado tivemos o excelente O Lobo Atrás da Porta que circulou por várias mostras e festivais, mas o cinema brasileiro ainda está longe de ser um prolífico produtor do gênero e este Alemão não contribui em nada para seu desenvolvimento.
Usando a invasão do Morro do Alemão como pano de fundo, o filme conta a história ficcional (como o letreiro inicial faz questão de apontar) de Samuel (Caio Blat), Branco (Milhem Cortaz), Danilo (Gabriel Braga Nunes) e Carlinhos (Marcelo Melo Jr), policiais do serviço de inteligência que moram infiltrados no morro para coletar informações sobre os traficantes do local para a iminente invasão. Quando suas identidades são expostas a Playboy (Cauã Reymond), o traficante que comanda o morro, eles se refugiam na pizzaria de Doca (Otávio Müller), também um policial infiltrado. Presos lá dentro enquanto os traficantes os procuram, os cinco precisam encontrar um modo de sair do morro antes que a invasão comece para repassarem a inteligência recolhida para a polícia.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 10 de março de 2014
Crítica - South Park: The Stick of Truth
A animação South Park não vinha tendo sorte em suas adaptações para
videogames. Os resultados eram normalmente caça-níqueis simplórios que falhavam
em capturar o espírito da série e em suas próprias mecânicas de jogo.
Felizmente, depois de muitos atrasos, a falência da primeira produtora (a THQ),
a passagem para a Ubisoft e mais atrasos, é finalmente possível dizer que este
RPG desenvolvido pela Obsidian é, enfim um produto digno da série animada.
A trama pega o gancho sugerido no
fim do episódio triplo da última temporada Song
of Ass and Fire, que zoava Game of
Thrones, mas ver esses episódios não é essencial para entender o que se
passa aqui. Na história, os garotos estão engajados em uma espécie de LARP (live-action role play), uma variante do
tradicional RPG de mesa no qual os jogadores agem diretamente ao invés de jogar
dados. Divididos entre humanos, liderados por Cartman, e elfos, liderados Kyle,
as duas facções brigam pelo controle do Bastão da Verdade (que é apenas um
galho), cabe então ao jogador, na pele do garoto (ou garota) que acabou de
chegar na cidade, desequilibrar este “épico” conflito. Claro, como de costume
na série, a brincadeira sai do controle e ganha proporções épicas e absurdas
envolvendo abduções alienígenas, gnomos das cuecas, zumbis nazistas, um passeio
pelo ânus do Sr. Escravo e toda sorte de bizarrices que South Park sabe criar tão bem.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sábado, 8 de março de 2014
Crítica – 300: A Ascensão do Império
O primeiro 300 (2006) era um filme de ação bacana, com um protagonista carismático, uma estética interessante, cenas de ação bem empolgantes e uma história que, apesar de simples, era bem conduzida, redonda e fechada. Assim sendo, foi com muita desconfiança que me aproximei deste 300: A Ascenção do Império, uma espécie de continuação/prelúdio do filme de 2006 já que ao mesmo tempo em que trata de eventos anteriores ao primeiro, também aborda fatos simultâneos e posteriores ao filme de Zack Snyder.
A trama foca no general grego Temístocles (Sullivan Stapleton) que precisa montar as defesas gregas para a vinda dos persas e tenta convencer os espartanos a cederem sua frota naval para que ele possa enfrentar Artemísia (Eva Green), a temível capitã da marinha persa, enquanto que o rei-deus Xerxes (Rodrigo Santoro) avança por terra depois de derrotar Leônidas (Gerard Butler) e seus 300.
A verdade é este filme é praticamente uma repetição do primeiro trocando apenas as batalhas em solo por batalhas ao mar, de resto é praticamente igual. O protagonista percebe a chegada dos persas, tenta pedir ajuda e esta lhe é negada. Sem escolha, reúne um pequeno grupo de soldados para tentar conter os avanços dos persas. Durante a batalha, repele onda após onda de ataque inimigo, surpreendendo seu líder, que pede um intervalo para negociações no qual pede que o herói junte-se a ele. Eu poderia continuar por várias linhas descrevendo com detalhes como este filme é praticamente um plágio do anterior, mas que isso pouco importaria se ele realmente fosse capaz de entreter ou divertir, algo que, infelizmente, não acontece.
O protagonista é meramente um genérico do rei Leônidas desprovido de qualquer personalidade. O ator Sullivan Stapleton até tenta imitar o tom altivo e os urros ríspidos do rei espartano em seus intermináveis discursos sobre liberdade e democracia (temas já abordados no primeiro filme), mas sem qualquer carisma e um texto que não tem as mesmas frases de efeito icônicas e poderosas do filme anterior. O vilão Xerxes até tem sua origem explicada aqui, mas é tudo tão rápido que em questão de poucos minutos ele já se torna o gigante de voz grossa que conhecemos no filme anterior sem que sua jornada nos cause nenhum impacto.
Melhor sorte tem a atriz Eva Green que constrói sua Artemísia como uma mulher violenta, implacável e manipuladora, quase como uma Lady Macbeth sanguinária, que não hesita em fazer o que for preciso para conseguir o que quer, tendo como um de seus pontos altos uma brutal cena de sexo na qual o ato se confunde com uma luta.
As cenas de ação tentam reproduzir os embates sangrentos e exagerados do primeiro filme, mas pesam a mão no uso da câmera lenta e da computação gráfica que gera litros e litros de sangue pouco convincente que jorram a cada golpe desferido. Praticamente cada ataque, cada morte é paralisada e estendida quase ao infinito pelo artificio da câmera lenta e se no primeiro filme isso servia para ressaltar a brutalidade das lutas, aqui parece como um cacoete estilístico vazio que é repetido a até a exaustão tornando-se tedioso e deixando a ação truncada, artificial e sem fluidez, fazendo aquilo que deveria ser empolgante se transformar em um exercício de paciência.
300: A Ascenção do Império é apenas uma repetição vazia e preguiçosa daquilo que o filme anterior nos trouxe. Aqueles ávidos por ver lutas e sangue talvez consigam aproveitar, mas aos demais o filme tem muito pouco a oferecer.
Nota: 4/10
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica – Tudo Por um Furo
Apesar do péssimo título nacional não deixar claro, este Tudo Por Um Furo é uma continuação da ótima comédia O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy (2004), o que é uma pena já que algumas piadas dependem do conhecimento do primeiro filme para funcionar. Não que seja um produto que não se sustenta por conta própria, mas quem não viu o primeiro filme provavelmente passará batido por certos momentos que fazem graça em cima de eventos ou piadas do filme anterior.
A trama se passa alguns anos depois do primeiro, agora no fim dos anos 70, com Ron Burgundy (Will Ferrell) separado de sua esposa, Veronica (Christina Applegate), depois de ser preterido em uma promoção no trabalho. Agora a única chance do âncora em voltar ao topo é aceitar emprego em um novo canal que irá transmitir apenas notícias 24 horas por dia e, para isso, precisará reunir novamente sua equipe de repórteres formada pelo caipira Champ (David Koechner), o conquistador Brian (Paul Rudd) e o patologicamente estúpido Brick (Steve Carrell). Em seu caminho estará o charmoso repórter Jack (James Marsden) e sua produtora Linda (Meagan Good).
O passar dos anos não mudou muita coisa em Ron e sua turma, eles continuam um bando de sujeitos estúpidos, egocêntricos, imaturos, machistas e preconceituosos. No entanto, diferente de porcarias como Gente Grande 2 ou O Concurso que celebram, endossam e reproduzem uma miríade de estereótipos ofensivos, Tudo Por um Furo não quer nos fazer rir as custas de uma redução preconceituosa e rasteira, mas do ridículo e da burrice daqueles que proferem essas ofensas. Afinal, Ron e seus amigos proferem absurdos homéricos sem sequer perceberem os enormes equívocos que cometem e achando absolutamente normal tudo que dizem. Isso fica bastante claro na hilária cena em que Ron vai jantar na casa de Linda e para tentar “se misturar” com a família negra passa a repetir diversas gírias raciais ofensivas, provocando a ira de todos sem que o estúpido repórter compreenda os motivos da raiva, se considerando uma ótima visita.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica – Walt nos Bastidores de Mary Poppins
Com tanta reverência em torno de sua figura, é de espantar que Walt Disney até hoje não tenha sido retratado em um filme produzido pelo estúdio com seu nome. Na verdade este Walt nos Bastidores de Mary Poppins é muito mais sobre P. L. Travers, a criadora de Mary Poppins, do que o próprio Disney, mas ainda assim é a primeira vez que um filme aborda eventos da vida do dono do estúdio, trazendo-o como um dos personagens.
A trama acompanha o processo de produção do filme Mary Poppins(1964) e as dificuldades de Walt Disney (Tom Hanks) em convencer Travers (Emma Thompson) a vender os direitos de sua obra para a realização do filme. Altamente protetora, a autora discorda de praticamente tudo que o dono de estúdio lhe propõe para o filme e mesmo com todas as tentativas de Disney, dos roteiristas e compositores, a escritora parece inflexível em ceder a personagem e suas razões vão sendo desnudadas conforme o filme progride.
Os flashbacks da infância de Travers se revelam um recurso bastante irregular do filme. Por um lado temos uma ótima performance de Colin Farrel como o banqueiro pai da escritora e como seu trabalho vai aos poucos dando indícios de sua decadência devido à bebida. Parecendo inicialmente um pai bastante ligado às filhas, brincando e contando histórias, vamos percebendo que seus contos imaginativos são fruto de um escapismo nem um pouco saudável que acaba se transformando em alcoolismo. Por outro lado, muitas vezes os flashbacks são usados apenas para revelar um paralelismo entre a Travers do presente e do passado, tentado demonstrar, de maneira rasteira e óbvia, que por trás de sua rigidez ela continuaria aquela mesma menina triste querendo agradar o pai. Além disso, esses usos despropositados acabam quebrando o ritmo da narrativa.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
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