Apesar de todos os avanços e
todas as liberdades que temos hoje para falar abertamente sobre os mais
diversos temas, sexo ainda é um tabu em boa parte da nossa sociedade. Quando
uma mulher demonstra interesse em se engajar em práticas sexuais pouco usais, isso
torna-se ainda mais tabu. Afinal, vivemos em uma sociedade patriarcal na qual a
admissão de uma mulher em querer experimentar algo como sexo a três
imediatamente a renderia adjetivos negativos como “vadia” e “piranha”, enquanto
que se um homem expressa essa mesma intenção isso reforçará a sua “macheza” e
virilidade. É justamente sobre essa discrepância de tratamentos que a comédia A Pelada irá abordar. A tentativa de
romper tabus e buscar algo novo, não é exatamente um tema inédito, muitas
comédias americanas, brasileiras (como o segundo longa de Os Normais) ou argentinas (como Dois
Mais Dois), mas se não reinventa a roda, A Pelada pelo menos é competente no que faz.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Crítica - A Pelada
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Comédia,
Crítica
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Crítica - Festa no Céu
A história é quase tão velha
quanto a própria existência de nossa tradição narrativa, dois amigos de
infância tornam-se rivais na disputa pelo afeto de uma bela e virtuosa mulher e
esta disputa torna-se um conto épico de amor e ciúme. Bem, a animação Festa no Céu segue isso direitinho e não
reinventa a roda mas é tão carismático e criativo visualmente que acaba
funcionando.
A narrativa começa quando La
Muerte (Kate Del Castillo) e Xibalba (Ron Perlman) os responsáveis pelo mundo
dos mortos decidem fazer uma aposta que decidirá quem cuidará da Terra dos
Lembrados, onde ficam os espíritos lembrados pelos vivos passando a eternidade
em festa, e a Terra dos Esquecidos, uma terra erma na qual vagam as almas
esquecidas. A aposta reside em quem conquistará o coração da bela Maria (Zoe
Saldana), o romântico músico Manolo (Diego Luna) ou o valente soldado Joaquin
(Channing Tatum). Cada uma das divindades escolhe um deles como “campeão” e a partir
daí acompanharemos as tentativas dos dois em conquistarem a jovem enquanto o
astuto Xibalba tenta intervir para que a aposta transcorra em seu favor.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - O Juiz
Foi inesperado ver o nome do
diretor David Dobkin, famoso por comédias como Penetras Bons de Bico (2005) e Eu
Queria Ter Sua Vida (2011) assumir o comando deste drama familiar e
jurídico O Juiz. Não que um
realizador acostumado a comédias não possa ser competente em dramas, temos o
exemplo de James L. Brooks que saiu de sua zona de conforto cômica para dirigir
Laços de Ternura (1983), mas é uma
movimentação pouco usual. Dobkin, no entanto, não é Brooks e aqui o resultado é
uma mão pesada para o melodrama e uma série de excessos e clichês que só não
termina em desastre por causa de seu elenco.
Na trama, Hank (Robert Downey Jr)
é um rico advogado famoso por tirar pessoas culpadas da cadeia. Quando recebe a
notícia do falecimento de sua mãe, se vê compelido a retornar à sua pequena
cidade natal no interior dos Estados Unidos. O retorno reabre antigas mágoas e
feridas com seu pai, Joseph (Robert Duvall), um rígido juiz. As coisas se
complicam quando Joseph é acusado de atropelar um homem e Hank precisa se
reaproximar do pai, mesmo contra sua vontade, para tirá-lo da cadeia.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Crítica - O Homem Mais Procurado
Hollywood tem feito vários filmes nos quais questiona a capacidade dos serviços de inteligência em verdadeiramente serem capazes de manterem a vigilância e segurança de seus países. Os irmãos Coen trataram isso de forma escrachada no ótimo Queime Depois de Ler (2008), e a recente
versão de O Espião que Sabia Demais
mostra como eles estão tão mergulhados em burocracia e disputas internas por
cargos e prestígio. Este O Homem Mais
Procurado, adaptação do romance de John Le Carré (que também escreveu O Jardineiro Fiel e outros romances de
espionagem que foram transformados em filmes), também irá tratar como espiões
estão mais preocupados com suas carreiras e com movimentos a curto prazo ao
invés de verdadeiramente coletar informações sobre os inimigos do Estado.
A trama é centrada em Gunther
(Philip Seymour Hoffman, em um de seus últimos trabalhos), um oficial da
inteligência alemã que recebe a tarefa de encontrar Issa (Grigoriy Dobrygin) um
muçulmano checheno que entrou ilegalmente na Alemanha a procura do banqueiro
Tommy (Willem Dafoe) e que aparentemente possui laços com organizações
terroristas. Enquanto seus superiores o pressionam para efetuar a prisão
imediatamente, Gunther prefere esperar para ver se Issa é realmente terrorista
e se ele pode leva-los a alvos mais importantes ou suas fontes de
financiamento. O espião alemão encontra ajuda na agente americana Martha (Robin
Wright) que tentará ajudá-lo a ganhar tempo para investigar o suspeito mais a
fundo.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Crítica - Annabelle
Invocação do Mal (2013) foi um dos filmes de terror mais eficientes
que vi nos últimos anos. Sucesso de público e de crítica, era difícil imaginar
que não tentariam fazer mais um filme sobre aquele universo e não foi uma
surpresa quando anunciaram este Annabelle,
prelúdio que trata da boneca demoníaca do filme original. O problema é que
continuações de terror raramente são tão boas quanto o original e
lamentavelmente este filme não é uma exceção à regra.
A trama se passa nos anos 70 e
foca no casal Mia (Annabelle Wallis) e John (Ward Horton) que está prestes a
ter sua primeira filha. A vida do casal muda quando sua casa é invadida por
cultistas que tentam matá-los para realizar algum tipo de ritual. A polícia
chega a tempo e salva os dois, mas uma das cultistas se tranca no quarto e
comete suicídio enquanto segura uma das bonecas da coleção de Mia nos braços. A
partir de então o casal e sua filha recém-nascida passam a experimentar uma
série de ocorrências sobrenaturais que parecem ligadas à boneca.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Crítica - A Bela e a Fera
É fácil entender o fascínio que
os contos de fada exercem. Por trás de sua fachada fantástica e escapista
encontramos abordagens para temas universais como o preconceito em relação ao
que é diferente ou a ganância que há no coração do ser humano. Assim sendo, não
é surpresa que esta história esteja recebendo uma nova versão pelas mãos do
diretor francês Christophe Gans.
A trama se aproxima bastante do
clássico conto de fadas francês. Na história Bela (Lea Seydux) é a filha caçula
de rico mercador, mas quando sua família fica endividada são obrigados a morar
em uma pequena casa de campo. Um dia seu pai se perde e encontra por acaso um
opulento castelo. Lá ele se alimenta e se abriga do frio, na saída decide pegar
uma rosa do jardim para levar para sua filha mais nova. Entretanto é
surpreendido pela Fera (Vincent Cassel), o bestial dono do castelo. A criatura
lhe diz que as rosas são aquilo que tem de mais precioso e que precisará de sua
vida em troca da flor que roubara. Ao saber da situação do pai, Bela se oferece
para ficar no castelo em seu lugar, assim passará a viver sob as regras da
criatura enquanto tenta entender o mistério que rodeia a Fera e seus motivos
para mantê-la lá.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - O Protetor
Baseado na série televisiva dos
anos 80 The Equalizer este O Protetor coloca Denzel Washington como
Robert McCall, um ex-agente da CIA que tenta levar uma vida pacata depois de
abandonar a agência. Trabalhando como estoquista em uma loja de equipamentos
domésticos, McCall tenta manter seu passado escondido, mas quando vê a jovem
Teri (Chloe Moretz) sendo explorada como prostituta por um grupo de mafiosos
russos, ele decide usar todas as suas habilidades para ajudá-la. Suas ações
chamam a atenção dos chefes da máfia, que despacham o mercenário Teddy (Marton
Csokas) para dar conta dele.
A premissa parece derivativa demais,
já que a ideia de um superagente aposentado obrigado a voltar a ativa para
ajudar alguém próximo já foi utilizada à exaustão, só recentemente já vimos
isso nas séries Busca Implacável (2008),
Carga Explosiva (2002) e o próprio
Denzel já tinha vivido um tipo parecido no horrendo Chamas da Vingança (2004).
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Crítica - Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário
Quando foi anunciado que esta
animação em computação gráfica que celebraria os 40 anos de carreira do Masami
Kurumada converteria em longa-metragem todo o arco do Santuário do anime, a desconfiança tomou os fãs.
Afinal a saga do Santuário é uma das mais longas da animação, tomando cerca de
oitenta episódios, transformar tudo isso em um filme de 100 minutos, mantendo o
espírito da história e sendo fiel aos personagens parecia quase impossível.
Felizmente o esforço, consegue sim ser digno do legado dos Cavaleiros do
Zodíaco.
Na trama, a jovem Saori Kido é a
reencarnação da deusa grega Athena, encarregada de proteger a Terra das forças
do mal com a ajuda de guerreiros poderosos chamados cavaleiros do zodíaco.
Quando o Mestre do Santuário a toma por impostora, apenas o jovem Seiya e mais
alguns jovens cavaleiros ficam ao seu lado para protegê-la. Juntos precisarão
atravessar os perigos do Santuário para deter o Grande Mestre.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Winter: O Golfinho 2
Primeiro preciso deixar claro que
não vi o primeiro Winter: O Golfinho,
então tudo que direi aqui é sob os olhos de um neófito neste universo que não
conhece os fatos que se desdobraram no primeiro filme.
Baseada em fatos reais, a trama é
centrada no jovem Sawyer (Nathan Gamble), que trabalha de voluntário em um
aquário em Miami cuidando de Winter, uma golfinho com problemas na espinha e
sem a nadadeira traseira que precisa de uma prótese para nadar igual aos demais
golfinhos. Quando a outra fêmea que divide o espaço com Winter morre de velhice,
Winter passa a agir de modo retraído e agressivo, o gestor do aquário, o Dr.
Clay (Harry Connick Jr), é notificado pelas autoridades que não poderá manter o
animal sozinho e caso não haja outra fêmea para conviver com Winter, ela terá
de ser transferida para outra instalação.
O filme acerta em não romantizar
demais a relação entre homem e animal, lembrando o tempo todo que golfinhos são
animais selvagens e carnívoros que, caso hajam de modo hostil, não devem ser
subestimados ou tratados de forma leviana. Também acerta na sua construção
sobre o papel e a função do aquário, que não deve ser uma espécie de parque
aquático com animais sendo explorados para diversão, mas um local de estudos
desses animais, voltado para a reabilitação e cura dos animais, devolvendo-os à
natureza assim que estiverem curados. Inclusive há uma tentativa de construir
conflito entre Clay e seus investidores, já que o veterinário quer devolver os animais
curados à natureza o mais rápido possível, mantendo só aqueles incapazes de
sobreviver sozinhos, enquanto os investidores querem também manter os animais
saudáveis e explorá-los como atrações para arrecadar mais e expandir o aquário.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Rio, Eu Te Amo
Parte do projeto Cities of Love e filme-irmão de Paris, Te Amo (2006) e Nova York, Eu Te Amo (2008), este Rio, Eu Te Amo, possui o mesmo formato
que os outros filmes-cidade. É basicamente uma coletânea de histórias curtas
sobre a cidade e as pessoas que nela vivem. Entrei na sala de cinema empolgado
e relativamente esperançoso, já que gosto muito de Paris, Te Amo (não vi Nova York) e esta contraparte carioca poderia
render algo muito interessante. Foi triste, portanto, constatar que o filme se
revele um produto tão problemático e raso.
O primeiro problema talvez seja a
tentativa de juntar todas as histórias sob um arco maior, o da professora de
inglês (Cláudia Abreu) e o taxista (Michel Melamed), que serve para interligar os
demais ao invés de apresentar cada segmento como uma história isolada com
começo meio e fim. Colocar os personagens de diferentes segmentos para se
encontrarem normalmente exige um número enorme de coincidências e encontros
fortuitos e é preciso uma certa dose de boa vontade para comprar esses
encontros. Mas esta é uma questão secundária, já que o principal problema é que
essas interações não servem para nada, não avançam ou aprofundam nenhuma das
histórias ou personagens, sendo uma ginástica narrativa inútil. Quando o filme
chega ao final, ficamos a sensação que todos esses encontros, bem como essa
narrativa envolvendo o reencontro da professora e o taxista, são tão
superficiais que poderiam ter sido suprimidos.
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Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
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