quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Crítica - Mapas Para as Estrelas


Este novo filme do diretor David Croenenberg é deprimente. Digo isso não com uma conotação negativa ou como uma crítica ao filme, mas porque o universo tecido pelo diretor repleto de pessoas problemáticas e presas a uma existência que não lhes traz nenhuma alegria nos faz sair do cinema com um gosto amargo na boca e uma sensação de pesar pela constatação de que não há nenhum alento na vida desses indivíduos. Não é um filme ruim, longe disso, mas se você não estiver tendo um bom dia, melhor ver outra coisa.

A história acompanha um grupo de pessoas que vivem em Los Angeles e que de algum modo estão ou querem estar envolvidos com o show business. No centro de tudo está Agatha (Mia Wasikowska), que vai a Los Angeles para tentar escrever e também para reparar um erro do passado. No processo ela se envolve com o motorista Jerome (Robert Pattinson), passa a trabalhar como assistente da problemática atriz Havana (Julianne Moore) e tenta se reaproximar do irmão, o astro mirim Benjie (Evan Bird).

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Crítica - Sniper Americano


Muitos filmes já foram feitos sobre a recente guerra contra o terrorismo dos Estados Unidos, o resultado desses confrontos sobre os soldados que retornam e as intervenções militares em países como Afeganistão e Iraque. Sniper Americano não irá trazer praticamente nada de novo em relação a nada disso, mas pelo menos consegue trazer um retrato impactante do militar Chris Kyle, tido como o mais letal atirador de elite do exército dos Estados Unidos.

A trama acompanha Chris (Bradley Cooper) através de seus quatro turnos de serviço pelo exército que o colocam na mira do perigoso atirador Mustafa (Sammy Sheik). Ao mesmo tempo, Chris precisa lidar com sua dificuldade em se readaptar à vida civil, bem como os problemas com sua esposa (Sienna Miller).

Bradley Cooper faz um bom trabalho ao construir um homem que não consegue abandonar a guerra que viveu até sentir que verdadeiramente cumpriu o seu dever para si, seus companheiros em armas e seu país, também é eficiente ao lhe conferir um enorme carisma e simplicidade, um homem sem grande educação formal, mas que foi educado de maneira dura para não demonstrar fraqueza e cuidar daqueles ao seu redor.

Crítica - Um Santo Vizinho


Eu vejo praticamente qualquer coisa com Bill Murray, mesmo projetos que serão claramente desastrosos e universalmente execrados como os dois Garfield no qual ele dublou o gato titular (que sim, são bem ruins). Ainda assim, sempre espero algo bom de um novo trabalho do ator, sendo, portanto, lamentável que este Um Santo Vizinho tenha muito pouco a oferecer além do carisma do seu protagonista.

A trama é centrada em Vincent (Bill Murray), um sujeito solitário, mal humorado e praticamente falido. Sua vida muda com a chegada de sua nova vizinha Maggie (Melissa McCarthy) e seu filho Oliver (Jaden Liebherer). Como Maggie trabalha longos turnos, não tem muita escolha senão deixar o filho com o vizinho e a partir da relação dos dois vamos descobrindo que Vincent é muito mais que um velho turrão.

Murray traz a Vincent a sua típica persona cinematográfica do canalha de bom coração que vem fazendo durante boa parte de sua carreira desde filmes como Os Caça-Fantasmas (1984) ou Feitiço do Tempo (1993). Claro, ele continua tendo uma presença forte em cena e sua combinação de carisma e cinismo não deixa de ser encantadora, mas, mesmo com o cuidado em retratar o estado do personagem após um AVC, não consegue afastar a sensação de que já vimos tudo isso um monte de outras vezes. Por sua vez, Melissa McCarthy sai um pouco de seu lugar comum do humor histérico para tratar de uma personagem mais contida e se sai muito bem em traduzir a compaixão e vulnerabilidade de Maggie. Menos sorte, no entanto, tem Naomi Watts como a prostituta russa Daka que acaba soando mais caricata do que deveria.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Crítica - O Imperador


Este O Imperador é daqueles filmes que você já entra na sala de cinema sem esperar grande coisa, mas, pelo menos, que seja daqueles tão ruins ao ponto de se tornar divertido. Infelizmente nem isso ocorre e O Imperador é apenas ruim que aborrece.

A trama acompanha Jacob (Hayden Christensen), um ex-cavaleiro que abandonou as cruzadas depois de presenciar uma brutal carnificina e se refugiou no oriente. Lá encontra um jovem príncipe e sua irmã que estão em fuga depois que seu irmão usurpou o trono. Decidido a compensar pelos erros do passado, Jacob decide acompanhá-los, mas para ter sucesso em sua missão, precisa da ajuda de seu antigo tutor, o cavaleiro Gallain (Nicolas Cage).

Ao contrário do que o material de divulgação dá a entender, Cage é praticamente uma ponta de luxo, aparecendo por no máximo uns vinte minutos de filme. Quando ele está em cena, trabalha no modo "devorador de cenário" com o qual vem trabalhando em boa parte dos filmes ruins que vem fazendo. Sua atuação é pra lá de exagerada, todos os diálogos são sussurrados ou gritados, sem meio termo e ele vai da profunda amargura à risada histérica em menos de um segundo. Sua caracterização não ajuda a levá-lo a sério, com suas extensões capilares artificiais e uma tosca cicatriz sobre o olho. Além disso exibe o sotaque mais bizarro que vi em muito tempo, uma mistura esquisita entre o sotaque americano e o britânico e o resultado, por vezes, é comédia involuntária. Christensen exibe a mesma escolha pouco ortodoxa de fala, mas sua composição rígida e apática não consegue divertir nem pelo exagero.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Crítica - Cinquenta Tons de Cinza


Cinquenta Tons de Cinza não é um filme para qualquer um. Não, não estou me referindo ao tão alardeado conteúdo sexual que passa longe de ser excitante, chocante ou interessante. Falo porque desde o livro que o originou trata-se de um produto completamente pensado e desenhado para um público bastante preciso, com gênero, faixa etária e comportamento bem determinado e se você não se encaixa perfeitamente no perfil de leitor visado pela autora E. L. James, essa narrativa tem pouco o que te interesse. Isso, no entanto, não é o que torna a obra tão repreensível ou problemática, mas o olhar que lança sobre seu tema principal.

A trama acompanha a jovem Anastasia Steele (Dakota Johnson) que recebe de uma colega de faculdade a incumbência de entrevistar o jovem magnata das telecomunicações Christian Grey (Jamie Dornan). A jovem se sente intimidada pelo empresário que parece se fascinar por ela. Aos poucos eles se envolvem e ela descobre que ele é um praticante de sadomasoquismo e a convida para uma relação de dominador/submissa e conforme tudo avança ela passa a questionar esse estilo de vida.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Crítica - Selma: Uma Luta pela Igualdade

Análise Selma: Uma Luta pela Igualdade

Review Selma: Uma Luta pela IgualdadePraticamente todos que conhecem a figura de Martin Luther King o fazem pelo seu famoso discurso do "eu tenho um sonho" e pela noção de que ele comandava um movimento não-violento em sua luta por direitos civis e igualdade racial nos Estados Unidos. A verdade é que por causa de sua postura pacífica, a construção que permanece de sua figura parece muitas vezes uma versão demasiadamente "domesticada" criando a falsa impressão de que King era um sujeito que resolvia suas questões sem precisar criar problemas e foi simplesmente abaixando a cabeça para todos esperando que resolvessem suas demandas. No entanto, como o filme inteligentemente mostra, ser não-violento não implica em uma postura não combativa e nos momentos necessários King foi inteligente o bastante para enfrentar e exercer pressão sobre aqueles com autoridade para ter suas demandas atendidas.

A trama acompanha os eventos da marcha por direitos civis que aconteceu na cidade de Selma, no estado do Alabama, na qual os negros exigiam o reconhecimento de seu direito ao voto que era negado em boa parte do sul dos Estados Unidos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Crítica - O Destino de Júpiter

Análise O Destino de Júpiter


Review O Destino de JúpiterDepois de chamar a atenção do mundo inteiro com o primeiro Matrix (1999) os Wachowski jamais conseguiram repetir o feito. As duas continuações foram decepcionantes, o divertido e subestimado Speed Racer (2008) foi ignorado pela maioria e o insosso A Viagem (2012) também não conseguiu restaurar a reputação da dupla. Assim chegamos a este O Destino de Júpiter que provavelmente é o ponto mais baixo dos irmãos desde então.

A trama acompanha uma jovem que aos poucos descobre uma realidade oculta sob nosso mundo, na qual os humanos são cultivados por seres poderosos para que estes mantenham suas vidas e ela é a única que pode parar tudo isso. Pareceu familiar? Pois é exatamente a trama do primeiro Matrix, apenas substituindo os robôs por alienígenas e a profecia do escolhido pela reencarnação de uma rainha. Em resumo, os irmãos se entregaram ao auto-plágio, claramente indicando que não tem mais para onde ir em termos criativos. Além do próprio trabalho, os Wachowski se baseiam diretamente em obras como Eram os Deuses Astronautas, O Guia do Mochileiro das Galáxias, M.I.B: Homens de Preto (1997), a seminal ficção-científica Duna e até mesmo contos de fada.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Crítica - O Jogo da Imitação


Um dos benefícios de uma cinebiografia é trazer ao público fatos até então desconhecidos sobre uma determinada pessoa e também sobre o período histórico em que esta viveu. Muita coisa já foi feita sobre a Segunda Guerra Mundial, sobre os esforços dos aliados em derrotar os nazistas, mas creio que poucos conheciam a história do matemático Alan Turing, cujo trabalho foi de extrema importância para o fim da guerra, e que posteriormente foi perseguido por sua sexualidade, perdendo tudo que tinha.

A trama foca no período em que Turing (Benedict Cumberbatch) trabalhou com o governo britânico para quebrar a criptografia das mensagens nazistas da máquina Enigma. Para tal, ele desenvolve uma máquina (que é basicamente um proto-computador) que seja capaz de dar conta das possibilidades de resolução. No entanto, ele precisará lidar com a impaciência de seus chefes e o relacionamento com seus colegas. É importante lembrar que para além da guerra, sua "máquina de Turing" ajudou a dar origem aos computadores modernos.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Crítica - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Análise Crítica - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Review - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)Não é fácil sobreviver no meio artístico, principalmente no disputado cenário dos Estados Unidos e mesmo quando um ator consegue de fato chegar ao estrelato, isso não é nenhuma garantia de que ele se manterá relevante, independente de seu talento ou sucesso. É justamente sobre o que faz de um artista um artista e o que é preciso para se manter relevante em um ambiente cada vez mais cínico e superficial que irá tratar este Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância).

A trama acompanha o ator Riggan Thomson (Michael Keaton) que ficou famoso por interpretar o super-herói que dá nome ao filme e depois caiu no esquecimento. Disposto a provar que é um artista de verdade e não apenas uma mera estrela de cinema, Riggan decide montar, dirigir e estrelar uma peça na Broadway. A partir de então o filme irá acompanhar os dias que antecedem a estreia enquanto tudo parece desmoronar ao redor do ator.

O diretor Alejandro Gonzalez Iñarritu conduz toda a trama com enorme energia e intensidade, sua câmera acompanha a movimentação dos personagens em longos planos-sequência enquanto eles se deslocam pelos corredores do teatro, conferindo um movimento incessante aos eventos retratados e uma sensação de que estamos presenciando em tempo real o colapso mental deste ator que parece perdido em seu estupor de vaidade e desespero.

Crítica - Caminhos da Floresta

Análise Crítica - Caminhos da Floresta

Review - Caminhos da FlorestaAntes de Shrek ou Once Upon a Time misturarem universos de contos de fadas, o musical Into the Woods já fazia isso no teatro desde o fim dos anos 80. Assim como muitas obras recentes, lançava um olhar mais revisionista sobre esses contos. Quando a Disney anunciou que faria sua versão do musical, temi que suas críticas à moral dos contos e à ideia do "felizes para sempre" fosse limada pela casa do Mickey em prol de um filme menos pessimista e mais "família". Felizmente esse não é o caso e a mensagem central da obra se mantém, apesar de mudanças aqui e ali que certamente darão motivos a reclamações dos mais puristas.

O musical acompanha um padeiro (James Corder) e sua esposa (Emily Blunt) que não conseguem ter filhos por causa de uma maldição jogada sobre a família dele. Uma alternativa se apresenta quando a bruxa (Meryl Streep) que mora ao lado se oferece para reverter a maldição, mas para isso precisará de quatro itens mágicos. Assim, o casal adentra o bosque próximo à sua vila na busca pelos itens e no caminho encontrará personagens como Cinderella (Anna Kendrick) e Chapeuzinho Vermelho (Lilla Crawford). Entretanto, o final feliz não chega tão fácil quanto se pensa.