A
exploração do lado sombrio e hipócrita que reside por trás da fachada
aparentemente perfeita da classe média suburbana dos Estados Unidos não é
exatamente novo. Filmes como Beleza
Americana (1999), Pecados Íntimos
(2006) ou Foi Apenas Um Sonho (2008)
já tinham trazido a tona os segredos ocultos por trás da imagem idealizada da
"típica família americana" e este Pássaro
Branco na Nevasca continua esse revisionismo da iconografia da tradicional
família suburbana de classe média, somando-o a uma narrativa sobre despertar
sexual e afetivo.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Crítica - Pássaro Branco na Nevasca
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
terça-feira, 21 de abril de 2015
Crítica - Vingadores: Era de Ultron
Depois
do absoluto sucesso do primeiro Os
Vingadores (2012), que consolidou o universo cinematográfico da Marvel e
todos os seus heróis em uma só história, ficava no ar dúvida se o estúdio seria
capaz de superar a afiadíssima primeira aventura neste Vingadores: Era de Ultron. A verdade é que este não é tão coeso
quanto o filme anterior, mas ainda assim é bastante satisfatório.
A
história começa com os heróis invadindo a última base restante da Hidra para
recuperar o cetro de Loki das mãos do Barão Von Strucker (Thomas Kretschmann).
Ao fim da missão Tony Stark (Robert Downey Jr) descobre no cetro um código que
lhe permitiria criar uma verdadeira inteligência artificial que poderia ser a
chave para o seu programa de robôs para o patrulhamento mundial. Assim, ele e
Bruce Banner (Mark Ruffalo) criam Ultron (James Spader) com o objetivo de
promover a paz mundial. A questão é que o robô super inteligente chega a
conclusão que o melhor caminho para a pacificação é a destruição da humanidade
e parte para atacar seus criadores e destruir a raça que considera inferior.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 15 de abril de 2015
Crítica - Frank
Confesso
que me aproximei com cautela deste Frank.
A estranha premissa conseguiu atiçar minha curiosidade, no entanto temia que a
ideia terminasse diluída e resultasse em um "filme de uma piada só"
ou então que o resultado fosse um desses filmes indie que é esquisito apenas por ser esquisito e tratasse os personagens como tipos engraçadinhos e bonitinhos, ignorando seus problemas sob um olhar condescendente. Felizmente Frank evita ambos problemas e o resultado
é um filme com um ritmo singular que consegue equilibrar risos e tristeza em
igual medida, além de levantar reflexões interessantes sobre arte, o mundo da
música e problemas mentais.
A
narrativa segue o Jon (Domhnall Gleeson), um jovem aspirante a músico que por
acaso encontra a banda indie
Soronprfbs (isso não é um erro de digitação, o nome é esse mesmo). A banda é
composta por um grupo de esquisitos liderados pelo ainda mais esquisito Frank
(Michael Fassbender), um homem que passa todo tempo vestindo uma enorme cabeça
de papel machê. Apesar do primeiro show junto com a banda não dar certo, Jon é
posteriormente chamado para se juntar a eles enquanto eles se preparam para
gravar um novo disco e assim o jovem vai com eles morar em uma cabana no
interior.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - O Dançarino do Deserto
Hollywood
parece realmente interessada em denunciar os excessos do atual governo do Irã,
em especial dos problemas que emergiram após a última eleição presidencial.
Depois de 118 Dias, que estreou mês
passado, agora este O Dançarino do
Deserto vem falar dos excessos cometidos pelo governo durante os protestos
sobre a reeleição de Ahmadinejad. Claro, os Estados Unidos certamente tem
razões bem particulares para denunciar os excessos deste governo, no entanto,
não tira a importância que é trazer essas violações à luz.
Aqui
acompanhamos a história de Afshin Ghaffarian (Reece Ritchie) um jovem iraniano
que desde pequeno exibia uma paixão pela dança. Contrariando as normas vigentes
que consideram a dança um ato de imoralidade ele cria uma companhia de dança
clandestina com colegas de faculdade. Conforme as tensões aumentam por causa
das eleições presidenciais, sua companhia passa a ficar sob os olhos das
autoridades, colocando as vidas de todos em risco.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Chappie
O
diretor sul-africano Neill Blomkamp chamou a atenção de todos com sua ótima
alegoria para o preconceito e segregação racial em Distrito 9 (2009), seu filme seguinte, Elysium (2013) dividiu opiniões, embora eu o considere
satisfatório. Este Chappie, no
entanto, representa um grande deslize do diretor já que não consegue funcionar
nem como um drama existencial nem como filme de ação.
A
trama se passa na África do Sul em um futuro próximo no qual a força policial
foi substituída por robôs. O criador desses robôs, o cientista Deon Wilson (Dev
Patel) está convencido que pode ser capaz de criar um autômato dotado de
livre-arbítrio, uma inteligência artificial genuína, capaz de aprender e pensar
por conta própria. Sua chefe, a executiva Bradley (Sigourney Weaver), não acha
a ideia viável e o engenheiro Vincent (Hugh Jackman com um mullet digno do MacGyver) vê o trabalho de Deon como uma ameaça ao
protótipo bélico que tenta aprovar. Ignorando as ordens dos superiores, Deon
cria o robô assim mesmo e tudo se complica quando ele é sequestrado e obrigado
a deixar sua criação com um grupo de bandidos que desejam usar Chappie (Sharlto
Copley) para cometer crimes.
Labels:
Crítica,
Drama,
Ficção Científica
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Crítica - Cada Um Na Sua Casa
A
amizade entre uma criança e uma adorável criatura na qual ambos aprendem
valiosas lições de vida não é uma premissa exatamente original, mas é uma ideia
que o cinema ocasionalmente resgata e este Cada
Um Na Sua Casa recicla mais uma vez.
A
trama acompanha Oh (Jim Parsons) um alienígena da atrapalhada raça Boov, que
invade a Terra para se esconder de uma temível ameaça. Os problemas começam
quando Oh sem querer transmite a localização dos Boov para seus inimigos e para
evitar uma catástrofe precisará da ajuda
de Tip (Rihanna) uma garota que tenta reencontrar a mãe depois de
separadas durante a invasão.
A
trama é simples, mas falta um senso real de perigo ou urgência já que se trata
de uma corrida para salvar o mundo. Eu sei que é um filme infantil e que as
coisas não podem ficar sérias demais, mas animações como Os Incríveis (2004) mostram que é perfeitamente possível fazer o
público ter uma noção palpável de perigo sem que tudo se torne pesado demais
para os pequenos. Além disso algumas coisas soam um pouco forçadas, como o modo
que Oh transmite a mensagem para os inimigos (afinal que dispositivo manda
mensagens para um número ilimitado de usuários e tem uma área de efeito
ilimitada) ou reviravolta perto do fim que praticamente invalida a jornada da
dupla, já que os inimigos os localizariam na Terra de qualquer jeito. A explicação do porque os Boovs eram perseguidos soa incoerente, se o
motivo de tudo era a recuperação de um determinado item, então como as duas raças
sentaram para a negociação de paz que permitiu ao líder Boov obter o dito item?
O livro que inspirou a animação deve preencher algumas dessas lacunas, mas uma
adaptação deve se sustentar por conta própria.
Labels:
Animação,
Crítica,
Ficção Científica,
Infantil
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sábado, 4 de abril de 2015
Crítica - Vício Inerente
Antes
de mais nada preciso dizer o quanto sou fã do diretor Paul Thomas Anderson,
alguns de seus filmes como Magnólia
(1999), Sangue Negro (2007) e O Mestre figuram fáceis entre os meus
favoritos de todos os tempos. Então é sempre com muita expectativa que entro
para conferir um novo trabalho seu e com este Vício Inerente não foi diferente.
Baseada
no romance homônimo de Thomas Pynchon, a trama se passa nos anos 70 acompanha o
detetive particular Larry "Doc" Sportello (Joaquin Phoenix fazendo um
ótimo cosplay de Wolverine), um
hippie que passa boa parte do seu tempo usando drogas, que é abordado pela
ex-namorada Shasta (Katherine Waterston) a investigar o desaparecimento de seu
amante, o barão imobiliário Michael Wolfmann (Eric Roberts), que pode ter sido
vítima de um golpe de sua ciumenta esposa.
Temos
aqui vários ingredientes de um típico film
noir: um detetive, uma personagem feminina que pode ser aliada ou inimiga,
policiais durões e um crime aparentemente banal que esconde uma conspiração
muito maior. No entanto este não é um filme típico, mas algo que eu chamaria de
"noir para maconheiros".
Sportello não é um investigador inteligente, perspicaz ou mesmo safo, ele é um
sujeito em constante estado de estupor, confuso, com pensamentos bagunçados e
que tem dificuldade em se manter coerente e seu percurso é tão rocambolesco
como sua própria cabeça.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Crítica - O Ano Mais Violento
Este
O Ano Mais Violento é basicamente um
filme de máfia sem os elementos que normalmente se espera de um filme de máfia.
É um testamento à confiança e talento de um cineasta quando ele resolve tratar
algo que já foi tão reproduzido e ao invés de confortavelmente embarcar nas convenções
dos gêneros ou subgêneros com os quais está trabalhando, resolve seguir uma
lógica própria que se conforma com o universo e personagens que se quer
desenvolver e não com expectativas e relações extra-textuais pré-fabricadas.
Digo isso porque aqueles que entrarem para ver este filme esperando apenas um
"filme de máfia" estarão cometendo um erro tão grande quanto as
pessoas que foram assistir Amantes Eternos (2014), de Jim Jarmusch, esperando
apenas um "filme de vampiro". Se, no entanto, conseguir abandonar
noções pré-concebidas e se deixar levar pelo que J.C Chandor quer fazer aqui,
certamente irá aproveitar este relato soturno e melancólico de um homem que
tenta não agir como um criminoso.
A
trama se passa no inverno de Nova Iorque em 1981, estatisticamente um dos anos
de maior criminalidade da cidade. A história segue o imigrante Abel (Oscar
Isaac) que tenta expandir seu negócio de óleo, mas uma disputa de território
entre outros distribuidores, bem como um indiciamento de um promotor (David
Oyelowo) que parece focado apenas em Abel e problemas com sindicatos parecem se
colocar no caminho do empresário.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Velozes e Furiosos 7
Faz
algum tempo que a franquia Velozes e
Furiosos se afastou do tema dos rachas de rua, mas com esta sétima entrada
a franquia também se afasta de fazer filmes sobre seres humanos. Sim, porque os
heróis e vilões deste filme são deuses indestrutíveis capazes de sobreviver a
qualquer coisa, não importa o quão grave, apenas com alguns arranhões ou até
mesmo sem consequência alguma, resultando no primeiro exemplar da franquia que
poderia ser enquadrado enquanto filme de super-herói. Não digo isso enquanto
forma de desmerecê-lo, pelo contrário, é justamente esse senso de ridículo que
torna o filme tão divertido, todos tem plena consciência de que se trata de
algo exagerado e absurdo, cujo único objetivo é nos entreter com essas
aventuras cartunescas.
A
história começa imediatamente após o fim do filme anterior com o perigoso
Deckard Shaw (Jason Statham) iniciando sua vingança contra a equipe de Dom (Vin
Diesel) depois do que fizeram com seu irmão Owen (Luke Evans). Para lidar com
esta nova ameaça, precisarão da ajuda do misterioso Sr. Ninguém (Kurt Russell)
que irá colocá-los em uma missão para recuperar um poderoso software de vigilância que pode ajudar a
localizar Shaw.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sexta-feira, 27 de março de 2015
Crítica - Cinderela
Seja
por falta de ideias ou pela certeza de retorno financeiro, a Disney tem
investido bastante em novas adaptações de contos de fadas e histórias famosas,
muitas delas já adaptadas anteriormente em animações, com resultados que vão do
minimamente aceitável, como Oz: Mágico e
Poderoso (2013), ao completamente execrável, como o Alice no País das Maravilhas (2010) cometido por Tim Burton.
Felizmente este Cinderela se destaca
acima dos demais e é certamente o melhor desse ciclo recente de novas
adaptações.
A
trama tentar se manter fiel ao conto com a jovem Ella (Lily James) sendo
explorada por sua madrasta, Lady Tremaine (Cate Blanchett), e suas duas
meio-irmãs, mas apesar dos abusos mantém sua personalidade gentil e bondosa.
Sua sorte parece mudar quando o príncipe Kit (Richard Madden) anuncia um baile
para todo o reino.No entanto, Ella precisará de ajuda se quiser ir ao baile.
O
filme investe em uma atmosfera fantástica desde o uso de uma paleta cheia de
cores saturadas, passando pelo design
dos castelos e paisagens que conferem uma natureza onírica aos ambientes e
figurinos. Ainda assim é louvável o esforço do diretor Kenneth Branagh em fazer
o máximo possível com cenários e ambientes físicos deixando a computação
gráfica preencher apenas aquilo que seria impossível realizar. Os efeitos
digitais em geral conseguem convencer, em especial com os ratos que acompanham
a protagonista. Assim, há uma constante sensação de encantamento diante de tudo
que acontece, inclusive diante da esperada cena com a Fada Madrinha (Helena
Bonham Carter), e o fato de conseguirmos nos deslumbrar com esta história mesmo
já sabendo o que acontece é uma evidência do senso de espetáculo preciso que a
obra possui.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
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