quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Crítica - Ex Machina: Instinto Artificial


Análise Ex Machina: Instinto Artificial

Review Ex Machina: Instinto Artificial
O processo decisório de algumas distribuidoras é algo que escapa minha compreensão. Volta e meia lançam nos cinemas brasileiros filmes que foram um enorme fracasso nos Estados Unidos ou que foram lançados direto em DVD, como o caso do execrável Para o que Der e Vier, enquanto isso ótimos filmes como o terror The Babadook e este excelente Ex Machina: Instinto Artificial (e ainda me colocam esse subtítulo bizarro), são lançados aqui direto para vídeo apesar do sucesso que fizeram lá fora.

A trama acompanha Caleb (Domhnall Gleeson), um programador que trabalha para a engine de busca BlueBook (um Google futurista) e ganha um sorteio para passar uma semana na propriedade do recluso bilionário Nathan (Oscar Isaac), o presidente da empresa. Ao chegar lá descobre que não foi sorteado apenas para um retiro corporativo, mas para interagir com o novo "produto" criado pelo bilionário, a robô Ava (Alicia Vikander), para realizar um "Teste de Turing" (ou Jogo da Imitação, como trata o filme sobre o matemático) de modo a determinar se sua inteligência artificial permite que seja confundida com humana. Como era de se esperar, as coisas não são tão simples quanto Caleb pensa e ele se vê em um perigoso jogo entre Nathan e Ava.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Crítica - Quarteto Fantástico


Análise Crítica - Quarteto Fantástico

Review - Quarteto Fantástico
Esta nova versão do Quarteto Fantástico já era motivo de dúvida e apreensão desde que foi anunciado. Feito com pressa para que pudesse ser lançado suficientemente rápido para que  a Fox pudesse manter os direitos sobre os personagens no cinema (caso contrário voltariam para a Marvel), ninguém esperava que pudesse dar certo. A esse clima somaram-se os muitos boatos de problemas no set envolvendo o diretor Josh Trank (do ótimo Poder Sem Limites) e de uma constante intervenção do estúdio. Tudo isso piorou quando foram anunciadas algumas refilmagens, o que normalmente indica que o estúdio ou o diretor (ou ambos) não ficaram contentes com o resultado inicial. O tempo passava e pouca informação era divulgada, o que reforçava a insatisfação dos envolvidos, já que esse tipo de blockbuster começa a divulgar imagens e trailers com cerca de um ano de antecedência. No entanto, o primeiro trailer deste Quarteto Fantástico só foi sair no fim de janeiro, cerca de sete meses antes de sua estreia.

O trailer, por sinal, parecia mais uma continuação de Interestelar (2014) do que uma história da primeira família da Marvel, tanto que depois dele, todos os esforços foram feitos para ressaltar a natureza "super-heróica" do produto e dirimir os boatos de que o filme se afastava do cânone dos quadrinhos. O cancelamento das cópias 3D foi outro indicativo de que as coisas não estavam bem, por mais que o diretor Josh Trank afirme que foi uma "decisão artística" devido à demora em finalizar o filme (deixando pouco tempo para a conversão), sabemos que há um componente comercial na decisão, afinal o estúdio já tinha gasto com as refilmagens e provavelmente não estava disposto a arriscar ainda mais dinheiro em um filme que provavelmente não daria a eles o retorno esperado. Sei que me estendi demais em minha narrativa de bastidores e peço desculpas, mas o contexto é importante nesse caso e ajuda a entender como este Quarteto Fantástico virou a enorme bagunça que chegou nas nossas telas.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Crítica - D.U.F.F

 
D.U.F.F é mais um filme adolescente sobre alguém deslocado que tenta se encaixar na rígida e cruel hierarquia social do ensino médio. Não é um retrato mordaz desse universo como Meninas Malvadas (2004), tampouco tem o cinismo e a ironia de A Mentira (2010), mas é suficientemente esperto e carismático para funcionar.
 
Acompanhamos Bianca (Mae Whitman), uma adolescente que é amiga de duas das garotas mais populares da escola, mas que não é tão atraente ou popular quanto elas. Sua vida muda quando o atleta Wesley (Robbie Amell) lhe diz que ela é uma DUFF, sigla para Designated Ugly Fat Friend, algo como "Amiga gorda e feia obrigatória" em português. Basicamente é aquele amigo esquisito (não necessariamente gordo ou feio) que é usado pelos demais para parecem mais bonitas e facilitar a aproximação com outras pessoas, uma espécie de "escada" do grupo. Ao saber disso, Bianca decide que não que mais ser uma D.U.F.F e pede que Wesley lhe ajude a ser como uma das garotas bonitas e populares e conquistar o garoto por quem é apaixonada, Toby (Nick Eversman).

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Crítica - Magic Mike XXL

 
O primeiro Magic Mike (2012) era basicamente uma versão masculina e melhor dirigida de Striptease (1996), mas que caía no erro de se levar mais a sério do que deveria, além de escolhas de casting equivocadas, que colocava em papéis de destaque atores que não davam conta do recado. Já este Magic Mike XXL assume tranquilamente seu caráter de exploitation, sabendo que o público que irá pagar para ver o filme não entrará na sala de cinema buscando um drama shakespeariano e sim os atores dançando sem roupa e, assim, traz uma narrativa mais simples que facilita o encadeamento das performances.
 
A história se passa três anos depois do primeiro filme e Mike (Channing Tatum) agora vive de sua empresa de móveis customizados, mas quando seus amigos lhe avisam que Dallas (Matthew McConaughey) e Kid (Alex Pettyfer) foram para a China e lhe convidam para uma última turnê rumo a uma convenção de strippers, Mike decide cair na estrada com os remanescentes "Reis de Tampa" para tentar resolver suas angústias pessoais.

Crítica - Jogada de Mestre



Baseado no sequestro real de Alfred Heineken, criador da cerveja de mesmo nome, que aconteceu em Amsterdã em 1983 e resultou no maior resgate pago até então, este Jogada de Mestre certamente tinha elementos que poderiam torná-lo interessante. No entanto, passa longe de uma história de crime verdadeiro tão boa quanto o excelente Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo ou mesmo minimante apreciável quanto o curioso Sem Dor, Sem Ganho (2013), na verdade é um suspense completamente incompetente e desprovido de qualquer tensão.

Acompanhamos um grupo de amigos sem dinheiro, Cor (Jim Sturgess), Willem (Sam Worthington), Cat (Ryan Kwanten), Brakes (Thomas Cocquerel) e Spikes (Mark VanEuwen) que resolvem sequestrar o magnata Alfred Heineken (Anthony Hopkins) e pedir um resgate de 35 milhões, na esperança de que o dinheiro resolva as suas vidas.

Os problemas já emergem nos primeiros minutos do filme quando ele falha em estabelecer a situação dos seus personagens. Somos informados que eles estão sem dinheiro e tentam conseguir um empréstimo para montarem um negócio juntos, que a namorada de um deles está grávida, mas não há nenhuma razão mais urgente como uma notificação de despejo ou uma hipoteca prestes a vencer, nada realmente desesperador que de fato os motive a recorrer ao crime. Se não conseguimos compreender claramente o que motiva esses indivíduos, não temos porque acompanhá-los.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Crítica - Mar Negro

Análise Mar Negro

Review Mar NegroParte K-19: The Widowmaker (2002) e parte O Tesouro da Sierra Madre (1948) este Mar Negro é um suspense submarino que, embora não reinvente a roda e constantemente se prenda aos clichês do gênero, ainda assim consegue funcionar graças à condução do diretor escocês Kevin Macdonald (O Último Rei da Escócia).

A trama segue Robinson (Jude Law), um especialista em recuperação de destroços submarinos. Quando ele é demitido de seu emprego, um amigo lhe procura com uma oportunidade: a descoberta um submarino alemão com um carregamento de ouro russo que naufragou durante a Segunda Guerra Mundial. Como a região está em disputa entre a Rússia e Geórgia, nenhum dos dois governos ainda tentou recuperar o ouro. Assim, Robinson junta uma tripulação em um velho submarino para recuperar o tesouro, mas, claro, as coisas não saem como planejado.

A direção de Macdonald consegue criar uma atmosfera claustrofóbica ao investir em enquadramentos em close, que fazem os pequenos corredores do submarino parecerem ainda mais apertados. Os closes, combinados com as luzes vermelhas de alerta que acendem a todo momento, cobrindo os rostos dos personagens, contribuem para a sensação de um perigo iminente e inescapável. Além disso, o roteiro consegue manter o ritmo, colocando um obstáculo atrás do outro e trazendo novas reviravoltas cada vez que as coisas parecem estar sob controle. Não quero dar spoiler, mas nem todas fazem muito sentido, algumas delas inclusive abusam um pouco da nossa suspensão de descrença, o que acaba sendo um problema.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Crítica - A Forca


Antes mesmo de estrear, o filme A Forca já tinha chamado a atenção da internet com o viral "Charlie Charlie", uma estratégia que já tinha sido adotada por praticamente todos os filmes de terror com esse formato de "falso-documentário" desde o sucesso de A Bruxa de Blair (1999). Se em A Bruxa de Blair a farsa conseguiu se manter por tempo considerável, já que era uma época anterior às redes sociais e a internet ainda estava começando a se difundir (e o filme era diferente do que o gênero produzia então), hoje o público já está mais do que acostumado com esse tipo de artifício. Apesar de ser uma forma barata de se divulgar um filme (o público o divulga voluntariamente), o engodo já não convence como antes. Quando nos deparamos com esse tipo de farsa, já sabemos de antemão que ela será usada para mascarar um produto fundamentalmente pobre e A Forca lamentavelmente não é uma exceção a essa regra.

Na trama acompanhamos um grupo de adolescentes na véspera da estreia da peça de teatro que dá nome ao filme e que anos antes levou um aluno a morte durante a cena da forca. Na noite antes da estreia, três deles invadem a escola para destruir o material do cenário e impedir sua realização. No entanto, coisas estranhas começam a acontecer e os jovens passam a imaginar que os boatos sobre o fantasma de Charlie, o garoto morto, podem não ser completamente mentira.

Crítica - Pixels: O Filme

Análise Crítica - Pixels: O Filme

Review - Pixels: O FilmeEntrar num cinema para ver um filme do Adam Sandler é algo que sempre me deixa apreensivo, dada a predileção do ator/roteirista/produtor em cometer atrocidades como Gente Grande 2 (2013) e Cada um Tem a Gêmea que Merece (2011). Este Pixels: O Filme, no entanto, não chega no nível catastrófico dos dois filmes citados, mas tampouco chega no patamar de alguns de seus filmes minimamente apreciáveis como Afinado no Amor (1998) ou Como Se Fosse a Primeira Vez (2004), curiosamente ambos parcerias com Drew Barrymore (assim como Juntos e Misturados, que já não é tão legal).

A premissa deste filme é que a NASA enviou vídeos para o espaço nos anos 80 e um desses vídeos continha imagens de games da época como Galaga e o Donkey Kong original. Os vídeos foram compreendidos pelos alienígenas como uma declaração de guerra e assim eles criam versões reais desses personagens de games para nos atacar. Sem ter a quem recorrer, o presidente (Kevin James) chama seus amigos de infância e ex-campeões de videogame Brenner (Adam Sandler) e Ludlow (Josh Gad), para ajudá-lo a combater a ameaça. 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Crítica - Homem-Formiga

Análise Crítica - Homem-Formiga

Review - Homem-FormigaDepois do sucesso de público e crítica de Guardiões da Galáxia (2014), ficou claro que Marvel era capaz de fazer funcionar nas telonas até mesmo seus personagens menos conhecidos e mais esquisitos. Seguindo a aposta segura que foi Vingadores: A Era de Ultron, o estúdio volta a experimentar com mais um personagem insólito e pouco conhecido com este Homem-Formiga. O resultado final não chega a surpreender tanto quanto Guardiões da Galáxia, mas ainda assim é uma aventura bem divertida.

Acompanhamos Scott Lang (Paul Rudd), um ladrão recém saído da prisão que tenta viver honestamente, mas seus esforços são sempre frustrados por seu passado criminoso. Sua sorte muda quando ele é abordado pelo misterioso Hank Pym (Michael Douglas) um super-herói que está fora de ação a décadas e pede a ajuda de Scott para roubar sua partícula de encolhimento que foi replicada por Darren Cross (Corey Stoll), antigo pupilo de Pym, que planeja vendê-la aos militares para que usem como arma. 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Crítica - Samba



Depois do sucesso do sensível Intocáveis (2011), os diretores Olivier Nakache e Eric Toledano trazem mais uma comédia dramática sobre preconceito e superação novamente protagonizada pelo carismático Omar Sy com este Samba. O resultado, no entanto, não é tão consistentes quanto o filme anterior da trupe.

Aqui acompanhamos a história de Samba Cissé (Omar Sy), um imigrante senegalês que vive há dez anos na França, mas não consegue regularizar sua situação no país. Depois de ser preso e correr o risco de ser deportado, Samba é auxiliado por voluntárias de uma ONG que trabalha com imigrantes. Alice (Charlotte Gainsbourg), uma das voluntárias que o atende, é uma executiva que tenta se reconstruir depois de um colapso nervoso afastá-la do trabalho. Com o tempo, acabam se aproximando um do outro e se ajudam com seus problemas.

Não é preciso estar muito atento para perceber que eles irão se envolver romanticamente, já que os longos olhares e suspiros deixam isso pra lá de óbvio e esse aspecto da história se desenvolve sem muitas surpresas com todas as idas e vindas que se espera desse tipo de história. O filme trata também das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes e todo o labirinto jurídico/burocrático que o governo impõe a eles, tornando quase impossível que eles consigam os devidos documentos ao mesmo tempo em que vemos que as empresas não pensam duas vezes em contratar ilegais como mão de obra barata e sem vínculo empregatício, num duplo movimento que reforça o status social destes indivíduos como cidadãos de segunda classe.