segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Crítica - Hitman: Agente 47


 
Hollywood vem há tempos tentando levar os videogames de maneira consistente às telas, mas até agora os resultados variaram entre o minimamente tolerável (como Lara Croft: Tomb Raider) e o completamente execrável (como Super Mario Bros: O Filme) e essa segunda tentativa de fazer um filme com a franquia Hitman (e sinceramente não vi o primeiro, estrelado por Timothy Olyphant) lamentavelmente não quebra essa tendência.   

Acompanhamos o misterioso Agente 47 (Rupert Friend), um homem fruto de um projeto de engenharia genética criado para ser um assassino, que viaja o mundo em busca de Katia van Dees (Hannah Ware) a única pessoa que parece ser capaz de localizar o Dr. Litvenko (Ciarán Hinds), o cientista responsável por iniciar o programa dos Agentes. 47 não é o único atrás de Litvenko, assim como ele, o operativo John (Zachary Quinto), trabalha para um grupo criminoso que busca encontrá-lo para reiniciar o programa.

A trama parece bem simples e básica, como se espera de um filme de ação, feita apenas para dar um mínimo de contexto à pancadaria e levá-la do ponto A ao ponto B. O problema é que ela insiste em se complicar mais do que deveria criando reviravoltas em cima de reviravoltas (muitas já mostradas no trailer) que não levam a lugar nenhum e não acrescentam nada aos personagens, resultando em uma bagunça confusa, cheia de furos e com vários elementos que nunca são explicados, seja por escolha deliberada (para serem tratados em uma continuação) ou puro descuido. A misteriosa organização à qual 47 serve, por exemplo, jamais recebe qualquer atenção e o filme termina sem que saibamos quem são aquelas pessoas ou o que elas pretendiam.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Crítica - O Pequeno Príncipe

Análise Crítica - O Pequeno Príncipe

Review - O Pequeno PríncipePor mais que eu adore o livro de Antoine de Saint-Exupéry, vê-lo adaptado para o cinema sempre traz uma certa apreensão, já que não se trata de uma obra simples, mas um texto rico, cheio de metáforas e simbolismos que não são necessariamente fáceis de traduzir para as telas. Felizmente este O Pequeno Príncipe é uma versão bastante competente do tradicional conto e, apesar de algum excesso de didatismo aqui e ali, consegue captar muito bem a força do texto original.
A trama acompanha uma menina (Clara Poincaré / Larissa Manoela) que se muda com sua mãe para ingressar em uma nova e melhor escola. Na nova casa, sua mãe lhe impõe uma severa agenda para se preparar para o começo das aulas, já que ela tem todo um plano de vida para a garota. Ela, porém, começa a se aproximar do excêntrico vizinho, um velho aviador (André Dussollier/ Marcos Caruso) que começa a lhe contar uma história sobre um príncipe que conhecera quando seu avião caíra no deserto.

O filme acerta em seu belo design que constrói a cidade como um lugar completamente padronizado, no qual todas as casas são iguais e com as mesmas plantas, as cores são frias e sem vida e os adultos são seres cadavéricos, quase como assombrações, como nos mostra a cena da entrevista no início. Em oposição a isso, a casa do aviador é a única "fora do padrão", o que sugere sua percepção de mundo diferente, e também o único local em que as cores são vivas e marcantes. Nos momentos em que narra a história o filme, a estética muda, com personagens que lembram estátuas de papel machê, quase como se as ilustrações de Saint-Exupéry tivessem saltado das páginas e ganhado vida.

Crítica - Exorcistas do Vaticano

 
Algumas semanas atrás falei do péssimo terror A Forca e como ele era completamente incapaz de criar qualquer medo ou tensão graças a uma trama frouxa e personagens pouco interessantes. Agora me deparo com este Exorcistas do Vaticano, um péssimo terror que, mais uma vez, é completamente incapaz de criar qualquer medo ou tensão graças a uma trama frouxa e personagens pouco interessantes.
 
Sim, eu copiei e colei parte da primeira fase na segunda, mas, bem, se o filme nem se esforça para cumprir o mínimo daquilo que promete, porque eu deveria? Sim, este é relativamente diferente de A Forca, já que o primeiro é um "found footage" e esse está mais próximo de um "filme de exorcismo", tal qual O Exorcista (1973), O Exorcismo de Emily Rose (2005) ou O Último Exorcismo (2010, que ironicamente teve uma continuação), mas a preguiça e o piloto automático imperam tanto em A Forca  quanto neste Exorcistas do Vaticano. A diferença é que muitos dos momentos de terror deste filme são involuntariamente engraçados. Fico me perguntando como filmes como esse chegam tão fácil aos cinemas enquanto que bons exemplares do gênero como The Babadook ou Corrente do Mal (que parece que finalmente irá estrear no fim de agosto) demoram tanto a chegar por aqui.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Crítica - A Escolha Perfeita 2


Análise  A Escolha Perfeita 2

Review Pitch Perfect 2
O primeiro A Escolha Perfeita (2012) era um musical de bastidores (ou backstage musical) bem tradicional e formulaico, mas que funcionava graças aos interessantes números musicais com versões a capella de famosas canções pop, bem como a química entre o elenco. Esse segundo filme é praticamente uma cópia carbono do primeiro, o que significa que temos mais músicas bacanas, mas também uma repetição desgastada daquelas mesmas estruturas pra lá de batidas que o anterior usava.

Aqui, depois de passar vexame em uma apresentação, as Barden Bellas precisam provar seu valor em uma competição entre grupos a capella para recuperar seu prestígio e para isso precisarão da ajuda de uma novata. Sim, é exatamente a mesma trama do primeiro filme e é repetida aqui sem a menor vergonha. A diferença é que agora a competição é internacional e a novata da vez é a aspirante a cantora Emily (Hailee Steinfeld)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Crítica - A Dama Dourada


 
É compreensível que as histórias de extermínio e sobrevivência de judeus na Europa continuem a interessar ao cinema, afinal apesar de mais de meio século depois da queda do Terceiro Reich, ainda existem muitos crimes que permanecem ocultos e muitas sequelas desses crimes permanecem ainda hoje. Este A Dama Dourada é uma dessas histórias e havia aqui um grande potencial que infelizmente não se concretiza.

No filme, a octogenária Maria Altmann (Helen Mirren), uma judia austríaca que fugiu da ocupação nazista para viver nos Estados Unidos, descobre que sua irmã estava juntando documentos para reaver as obras de arte da família, roubadas pelos nazistas durante sua ocupação do país. O mais importante delas é um retrato de sua tia Adele (Antje Traue) pintado pelo simbolista Gustav Klimt, que os nazistas renomearam como "A Dama Dourada" para ocultar a o fato de que a modelo retratada era judia. Sem ter a quem recorrer, ela leva a questão a Randy Schoenberg (Ryan Reynolds), advogado filho de uma amiga sua, e juntos partem para Viena para reaver a obra, mas como o quadro passou a ser considerado "a Monalisa de Viena" as autoridades não parecem tão dispostas a abrir mão dele.

Crítica - Missão Impossível: Nação Secreta


Análise Crítica - Missão Impossível: Nação Secreta

Review - Missão Impossível: Nação Secreta
Chegando ao seu quinto filme a franquia Missão: Impossível parece entender o que o público espera quando entra na sala de cinema para um novo filme. A questão é que parece não haver qualquer esforço ou preocupação para oferecer qualquer coisa além deste mínimo denominador comum que já é esperado.

A trama demonstra querer dar um senso de continuidade à franquia, trazendo já no início uma audiência pública na qual a IMF precisa responder pelos eventos (e destruição) do filme anterior. No entanto, qualquer senso de progressão é completamente abandonado a seguir, pois o que acontece depois é uma reprodução direta do enredo de Missão Impossível: Protocolo Fantasma, com a IMF é desmantelada e desacreditada, obrigando Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe a agirem na ilegalidade e sem apoio enquanto rodam o mundo atrás de algum item arbitrário que é muito importante para deter os vilões, dessa vez a organização terrorista conhecida como "o Sindicato".

A narrativa é praticamente inexistente e serve apenas para conectar uma cena de ação a outra, o que incomoda nem é a simplicidade, mas o auto-plágio descarado e preguiçoso que sequer se esforça para construir uma história ou mesmo desenvolver os personagens de modo interessante. Sim, pois se em Missão Impossível: Protocolo Fantasma cada membro da equipe tinha sua contribuição para a operação e tinham suas próprias cenas de ação e destaque, aqui Benji (Simon Pegg), Brandt (Jeremy Renner) e Luther (Ving Rhames) ficam presos ao papel de alívio cômico ou de entregar os diálogos expositivos da história. Não que o humor trazido por eles seja ruim, pelo contrário, o timing dos três atores é bastante preciso, mas já acompanhamos esses personagens a tempo suficiente para que eles mereçam algo mais do que algumas piadinhas e explanações.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Crítica - True Detective: 2ª Temporada

Análise Crítica - True Detective: 2ª Temporada

Review - True Detective: 2ª TemporadaAntes de mais nada: SPOILERS. Tratarei aqui sobre muito do que aconteceu nessa segunda temporada, portanto, sim, muitos SPOILERS a seguir. Se você se importa com esse tipo de coisa, melhor assistir os oito episódios e depois voltar aqui. De todo modo, vamos ao que interessa.

Depois da ótima primeira temporada, a série de antologia True Detective tinha uma tarefa difícil pela frente, criar uma nova história e novos personagens que fossem tão interessantes quando Marty (Woody Harrelson) e Rust (Matthew McConaughey) ao mesmo tempo em que alterava em grande medida o tom da narrativa. A primeira temporada bebia diretamente na fonte do mistério gótico, do horror lovercraftiano e especificamente dos contos de Robert Chambers (que foi uma das influências de H.P Lovercraft) envolvendo "o Rei de Amarelo". Já esta temporada parece mais diretamente ligada à ficção hard boiled e ao noir, especialmente a partir dos trabalhos de autores como Dashiell Hammett ou Raymond Chandler e, assim como a primeira temporada fez com Chambers, as referências pipocam a todo momento.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Crítica - Ex Machina: Instinto Artificial


Análise Ex Machina: Instinto Artificial

Review Ex Machina: Instinto Artificial
O processo decisório de algumas distribuidoras é algo que escapa minha compreensão. Volta e meia lançam nos cinemas brasileiros filmes que foram um enorme fracasso nos Estados Unidos ou que foram lançados direto em DVD, como o caso do execrável Para o que Der e Vier, enquanto isso ótimos filmes como o terror The Babadook e este excelente Ex Machina: Instinto Artificial (e ainda me colocam esse subtítulo bizarro), são lançados aqui direto para vídeo apesar do sucesso que fizeram lá fora.

A trama acompanha Caleb (Domhnall Gleeson), um programador que trabalha para a engine de busca BlueBook (um Google futurista) e ganha um sorteio para passar uma semana na propriedade do recluso bilionário Nathan (Oscar Isaac), o presidente da empresa. Ao chegar lá descobre que não foi sorteado apenas para um retiro corporativo, mas para interagir com o novo "produto" criado pelo bilionário, a robô Ava (Alicia Vikander), para realizar um "Teste de Turing" (ou Jogo da Imitação, como trata o filme sobre o matemático) de modo a determinar se sua inteligência artificial permite que seja confundida com humana. Como era de se esperar, as coisas não são tão simples quanto Caleb pensa e ele se vê em um perigoso jogo entre Nathan e Ava.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Crítica - Quarteto Fantástico


Análise Crítica - Quarteto Fantástico

Review - Quarteto Fantástico
Esta nova versão do Quarteto Fantástico já era motivo de dúvida e apreensão desde que foi anunciado. Feito com pressa para que pudesse ser lançado suficientemente rápido para que  a Fox pudesse manter os direitos sobre os personagens no cinema (caso contrário voltariam para a Marvel), ninguém esperava que pudesse dar certo. A esse clima somaram-se os muitos boatos de problemas no set envolvendo o diretor Josh Trank (do ótimo Poder Sem Limites) e de uma constante intervenção do estúdio. Tudo isso piorou quando foram anunciadas algumas refilmagens, o que normalmente indica que o estúdio ou o diretor (ou ambos) não ficaram contentes com o resultado inicial. O tempo passava e pouca informação era divulgada, o que reforçava a insatisfação dos envolvidos, já que esse tipo de blockbuster começa a divulgar imagens e trailers com cerca de um ano de antecedência. No entanto, o primeiro trailer deste Quarteto Fantástico só foi sair no fim de janeiro, cerca de sete meses antes de sua estreia.

O trailer, por sinal, parecia mais uma continuação de Interestelar (2014) do que uma história da primeira família da Marvel, tanto que depois dele, todos os esforços foram feitos para ressaltar a natureza "super-heróica" do produto e dirimir os boatos de que o filme se afastava do cânone dos quadrinhos. O cancelamento das cópias 3D foi outro indicativo de que as coisas não estavam bem, por mais que o diretor Josh Trank afirme que foi uma "decisão artística" devido à demora em finalizar o filme (deixando pouco tempo para a conversão), sabemos que há um componente comercial na decisão, afinal o estúdio já tinha gasto com as refilmagens e provavelmente não estava disposto a arriscar ainda mais dinheiro em um filme que provavelmente não daria a eles o retorno esperado. Sei que me estendi demais em minha narrativa de bastidores e peço desculpas, mas o contexto é importante nesse caso e ajuda a entender como este Quarteto Fantástico virou a enorme bagunça que chegou nas nossas telas.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Crítica - D.U.F.F

 
D.U.F.F é mais um filme adolescente sobre alguém deslocado que tenta se encaixar na rígida e cruel hierarquia social do ensino médio. Não é um retrato mordaz desse universo como Meninas Malvadas (2004), tampouco tem o cinismo e a ironia de A Mentira (2010), mas é suficientemente esperto e carismático para funcionar.
 
Acompanhamos Bianca (Mae Whitman), uma adolescente que é amiga de duas das garotas mais populares da escola, mas que não é tão atraente ou popular quanto elas. Sua vida muda quando o atleta Wesley (Robbie Amell) lhe diz que ela é uma DUFF, sigla para Designated Ugly Fat Friend, algo como "Amiga gorda e feia obrigatória" em português. Basicamente é aquele amigo esquisito (não necessariamente gordo ou feio) que é usado pelos demais para parecem mais bonitas e facilitar a aproximação com outras pessoas, uma espécie de "escada" do grupo. Ao saber disso, Bianca decide que não que mais ser uma D.U.F.F e pede que Wesley lhe ajude a ser como uma das garotas bonitas e populares e conquistar o garoto por quem é apaixonada, Toby (Nick Eversman).