terça-feira, 1 de setembro de 2015

Crítica - O Agente da U.N.C.L.E



Ao sair da sessão deste O Agente da U.N.C.L.E, não consegui deixar de pensar como o Armie Hammer está no caminho para se tornar o novo Taylor Kitsch e não digo isso de uma maneira elogiosa. Se a comparação não fez sentido, explico: lá pelo fim dos anos 2000 Kitsch despontou na série Friday Night Lives e logo começaram a falar de seu potencial como astro. A questão é, embora não seja exatamente um mau ator, Kitsch engatou uma sequência de projetos equivocados que transformaram seu nome em sinônimo de fracasso e bilheteria negativa, o trinômio X-Men Origens: Wolverine (2009), Battleship: A Batalha dos Mares (2012) e John Carter: Entre Dois Mundos (2012) praticamente encerrou a carreira dele, até que ele voltou à televisão na segunda temporada de True Detective para lembrar do seu potencial.

Hammer está passando por algo similar, depois de chamar a atenção em A Rede Social (2010), amargou um retumbante fracasso no bagunçado O Cavaleiro Solitário (2013) e agora este O Agente da U.N.C.L.E teve uma recepção morna da crítica americana e estreou em um decepcionante terceiro lugar nas bilheterias. Claro, é perfeitamente possível que o filme se recupere na arrecadação internacional, mas a esse ponto todos sabem que se esse filme resultar em outro fracasso, a posição dele em Hollywood fica bem precária. Falo tudo isso para dizer que é o principal problema deste O Agente da U.N.C.L.E reside justamente em Hammer e Cavill.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Crítica - Que Horas Ela Volta?


O Brasil é um país carregado de desigualdades e de preconceitos, o problema é que ao invés de lidarmos com isso e enfrentarmos os problemas, muito disso é ignorado e varrido para debaixo do tapete, não permitindo assim que questões de preconceito racial ou social, bem como a tacanha divisão espaços de cada grupo, seja realmente enfrentada. Ao invés disso repetimos chavões vazios como o de que "não há preconceito no Brasil" ou de "somos uma nação miscigenada" como se isso fosse o bastante para neutralizar todos os conflitos de cor, classe e religião que vemos no cotidiano, mas relativizamos ou ignoramos. Que Horas Ela Volta?, no entanto, não tem medo de colocar o dedo na ferida da classe média e (especialmente) média-alta, revelando com cuidado e sensibilidade como nossa herança escravocrata permanece e gera desigualdades até hoje, tratando de como a dinâmica casa grande/senzala ainda guia muito de nossas relações sociais.

A trama conta a história de Val (Regina Casé) uma pernambucana que trabalha como empregada em São Paulo e mora em um quartinho na casa de seus patrões. Os anos passam e ela continua trabalhando e morando lá, tendo desenvolvido uma relação praticamente maternal com o filho de seus patrões, Fabinho (Michel Joelsas). O garoto tem mais proximidade com Val do que com os próprios pais e ela tem um carinho genuíno por ele, porém, Val é completamente distante da própria filha, Jéssica (Camila Márdila), que deixou em Pernambuco e raramente vê. A dinâmica muda quando Jéssica vem para São Paulo prestar vestibular e acaba ficando junto com a mãe na casa de seus patrões e a presença dela começa a testar as "regras" entre patrão e empregada.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Crítica - Ted 2

Análise Ted 2

Review Ted 2O primeiro Ted era uma divertida comédia que fazia rir pelo seu humor nonsense que abraçava sem medo a fantasia e o absurdo que era ter um urso de pelúcia que ganhava vida. Esta continuação, apesar de manter o mesmo espírito caótico, enfraquece ao repetir muita coisa do anterior, além de um tom por vezes inconsistente.
A trama se passa alguns anos depois do filme anterior e mostra Ted (Seth MacFarlane) casado com Tami-Lynn (Jessica Barth) e enfrentando problemas conjugais. Para superar os problemas, decidem ter um filho e como Ted não pode engravidar a esposa (afinal ele é um urso de pelúcia e não tem pênis), decidem adotar. Os problemas começam quando dão entrada na papelada e descobrem que Ted não é legalmente reconhecido como uma pessoa, mas como objeto e assim não apenas perde a adoção como também todos os seus direitos civis. Assim, ele e seu amigo John (Mark Wahlberg) vão atrás de um advogado para ajudá-los, mas a única que aceita o caso é a jovem Samantha (Amanda Seyfried).

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Crítica - Corrente do Mal


Resenha Crítica - Corrente do Mal

Review Corrente do Mal
Depois de várias semanas com péssimos filmes de terror como A Forca ou Exorcistas do Vaticano invadindo os cinemas brasileiros, enfim um bom exemplar do gênero chega às nossas telas (ainda que atrasado) na forma deste bacana Corrente do Mal.

A trama acompanha a adolescente Jay (Maika Monroe), que recentemente começou a namorar com bonitão local Hugh (Jake Weary). Quando eles finalmente fazem sexo no banco de trás do carro, Jay é inesperadamente nocauteada com clorofórmio e acorda amarrada a uma cadeira de rodas dentro de um prédio decrépito. Hugh então explica a situação (e a trama) para ela: aparentemente alguém "passou" uma maldição para ele e essa maldição consiste em ser seguido o tempo todo por uma aparição que constantemente muda de forma e, apesar de lenta, nunca para de te seguir até seu alvo estar morto. O único modo de continuar vivo é "passar adiante" a maldição através, claro, do sexo, e torcer para o próximo amaldiçoado se manter vivo, caso contrário o espectro passará a seguir o "infectado anterior".

Crítica - Expresso do Amanhã


Depois de muitos atrasos e adiamentos a ótima ficção científica Expresso do Amanhã do diretor Bong Joon-Ho (de O Hospedeiro) finalmente chegou aos cinemas brasileiros, curiosamente estreando ao lado de outro filme constantemente adiado, o terror Corrente do Mal. A essa altura eu acredito que muito de seu público em potencial já tenha visto o filme por outros meios, mas, bem, antes tarde do que nunca.

A história se passa no futuro quando a humanidade acidentalmente congelou o planeta em uma tentativa de combater o efeito estufa. O que restou da humanidade agora habita um enorme trem, o Snowpiercer, que vive em constante movimento ao redor do globo. Os recursos são escassos e divididos de forma desigual, enquanto os ricos vivem nos espaços amplos da frente do trem, com acesso aos melhores alimentos, todo o restante da população vive apertada nos vagões traseiros comendo apenas as barras de proteína (e a revelação de como são feitas torna tudo ainda mais desumano). Cansado de ser tratado como um indivíduo inferior, Curtis (Chris Evans) decide bolar um plano para tomar o controle do motor do trem, que fica na frente, e assim promover uma revolução no lugar. Para isso contará com a ajuda do seu mentor Gilliam (John Hurt) e seu amigo Edgar (Jamie Bell) e do engenheiro responsável pelo controle das portas, preso pelas autoridades que controlam o trem.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Crítica - Hitman: Agente 47


 
Hollywood vem há tempos tentando levar os videogames de maneira consistente às telas, mas até agora os resultados variaram entre o minimamente tolerável (como Lara Croft: Tomb Raider) e o completamente execrável (como Super Mario Bros: O Filme) e essa segunda tentativa de fazer um filme com a franquia Hitman (e sinceramente não vi o primeiro, estrelado por Timothy Olyphant) lamentavelmente não quebra essa tendência.   

Acompanhamos o misterioso Agente 47 (Rupert Friend), um homem fruto de um projeto de engenharia genética criado para ser um assassino, que viaja o mundo em busca de Katia van Dees (Hannah Ware) a única pessoa que parece ser capaz de localizar o Dr. Litvenko (Ciarán Hinds), o cientista responsável por iniciar o programa dos Agentes. 47 não é o único atrás de Litvenko, assim como ele, o operativo John (Zachary Quinto), trabalha para um grupo criminoso que busca encontrá-lo para reiniciar o programa.

A trama parece bem simples e básica, como se espera de um filme de ação, feita apenas para dar um mínimo de contexto à pancadaria e levá-la do ponto A ao ponto B. O problema é que ela insiste em se complicar mais do que deveria criando reviravoltas em cima de reviravoltas (muitas já mostradas no trailer) que não levam a lugar nenhum e não acrescentam nada aos personagens, resultando em uma bagunça confusa, cheia de furos e com vários elementos que nunca são explicados, seja por escolha deliberada (para serem tratados em uma continuação) ou puro descuido. A misteriosa organização à qual 47 serve, por exemplo, jamais recebe qualquer atenção e o filme termina sem que saibamos quem são aquelas pessoas ou o que elas pretendiam.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Crítica - O Pequeno Príncipe

Análise Crítica - O Pequeno Príncipe

Review - O Pequeno PríncipePor mais que eu adore o livro de Antoine de Saint-Exupéry, vê-lo adaptado para o cinema sempre traz uma certa apreensão, já que não se trata de uma obra simples, mas um texto rico, cheio de metáforas e simbolismos que não são necessariamente fáceis de traduzir para as telas. Felizmente este O Pequeno Príncipe é uma versão bastante competente do tradicional conto e, apesar de algum excesso de didatismo aqui e ali, consegue captar muito bem a força do texto original.
A trama acompanha uma menina (Clara Poincaré / Larissa Manoela) que se muda com sua mãe para ingressar em uma nova e melhor escola. Na nova casa, sua mãe lhe impõe uma severa agenda para se preparar para o começo das aulas, já que ela tem todo um plano de vida para a garota. Ela, porém, começa a se aproximar do excêntrico vizinho, um velho aviador (André Dussollier/ Marcos Caruso) que começa a lhe contar uma história sobre um príncipe que conhecera quando seu avião caíra no deserto.

O filme acerta em seu belo design que constrói a cidade como um lugar completamente padronizado, no qual todas as casas são iguais e com as mesmas plantas, as cores são frias e sem vida e os adultos são seres cadavéricos, quase como assombrações, como nos mostra a cena da entrevista no início. Em oposição a isso, a casa do aviador é a única "fora do padrão", o que sugere sua percepção de mundo diferente, e também o único local em que as cores são vivas e marcantes. Nos momentos em que narra a história o filme, a estética muda, com personagens que lembram estátuas de papel machê, quase como se as ilustrações de Saint-Exupéry tivessem saltado das páginas e ganhado vida.

Crítica - Exorcistas do Vaticano

 
Algumas semanas atrás falei do péssimo terror A Forca e como ele era completamente incapaz de criar qualquer medo ou tensão graças a uma trama frouxa e personagens pouco interessantes. Agora me deparo com este Exorcistas do Vaticano, um péssimo terror que, mais uma vez, é completamente incapaz de criar qualquer medo ou tensão graças a uma trama frouxa e personagens pouco interessantes.
 
Sim, eu copiei e colei parte da primeira fase na segunda, mas, bem, se o filme nem se esforça para cumprir o mínimo daquilo que promete, porque eu deveria? Sim, este é relativamente diferente de A Forca, já que o primeiro é um "found footage" e esse está mais próximo de um "filme de exorcismo", tal qual O Exorcista (1973), O Exorcismo de Emily Rose (2005) ou O Último Exorcismo (2010, que ironicamente teve uma continuação), mas a preguiça e o piloto automático imperam tanto em A Forca  quanto neste Exorcistas do Vaticano. A diferença é que muitos dos momentos de terror deste filme são involuntariamente engraçados. Fico me perguntando como filmes como esse chegam tão fácil aos cinemas enquanto que bons exemplares do gênero como The Babadook ou Corrente do Mal (que parece que finalmente irá estrear no fim de agosto) demoram tanto a chegar por aqui.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Crítica - A Escolha Perfeita 2


Análise  A Escolha Perfeita 2

Review Pitch Perfect 2
O primeiro A Escolha Perfeita (2012) era um musical de bastidores (ou backstage musical) bem tradicional e formulaico, mas que funcionava graças aos interessantes números musicais com versões a capella de famosas canções pop, bem como a química entre o elenco. Esse segundo filme é praticamente uma cópia carbono do primeiro, o que significa que temos mais músicas bacanas, mas também uma repetição desgastada daquelas mesmas estruturas pra lá de batidas que o anterior usava.

Aqui, depois de passar vexame em uma apresentação, as Barden Bellas precisam provar seu valor em uma competição entre grupos a capella para recuperar seu prestígio e para isso precisarão da ajuda de uma novata. Sim, é exatamente a mesma trama do primeiro filme e é repetida aqui sem a menor vergonha. A diferença é que agora a competição é internacional e a novata da vez é a aspirante a cantora Emily (Hailee Steinfeld)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Crítica - A Dama Dourada


 
É compreensível que as histórias de extermínio e sobrevivência de judeus na Europa continuem a interessar ao cinema, afinal apesar de mais de meio século depois da queda do Terceiro Reich, ainda existem muitos crimes que permanecem ocultos e muitas sequelas desses crimes permanecem ainda hoje. Este A Dama Dourada é uma dessas histórias e havia aqui um grande potencial que infelizmente não se concretiza.

No filme, a octogenária Maria Altmann (Helen Mirren), uma judia austríaca que fugiu da ocupação nazista para viver nos Estados Unidos, descobre que sua irmã estava juntando documentos para reaver as obras de arte da família, roubadas pelos nazistas durante sua ocupação do país. O mais importante delas é um retrato de sua tia Adele (Antje Traue) pintado pelo simbolista Gustav Klimt, que os nazistas renomearam como "A Dama Dourada" para ocultar a o fato de que a modelo retratada era judia. Sem ter a quem recorrer, ela leva a questão a Randy Schoenberg (Ryan Reynolds), advogado filho de uma amiga sua, e juntos partem para Viena para reaver a obra, mas como o quadro passou a ser considerado "a Monalisa de Viena" as autoridades não parecem tão dispostas a abrir mão dele.