Quando
falei sobre Evereste mencionei que
uma das coisas que me incomodou no filme era que ele parecia se esforçar pouco
para nos fazer compreender o que movia aqueles personagens a tentar tal façanha
e isso prejudicava nosso engajamento com eles. Este A Travessia felizmente não padece do mesmo mal e ao longo das duas
horas de projeção conseguimos claramente entender as razões para o equilibrista
Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt) ficar fascinado em realizar seu número
entre as torres do World Trade Center. Claro, é uma construção mais pautada em
níveis emotivos e sensoriais, mas, sejamos sinceros, explicar em termos lógicos
de modo convincente porque alguém quereria se pendurar em uma corda bamba no
alto de um arranha-céu seria uma tarefa bastante ingrata.
Baseado
na autobiografia de Petit (que também inspirou o documentário vencedor do Oscar
Man on Wire), o filme conta seus
primeiros dias como artista de rua até o momento em que fez sua histórica
performance no World Trade Center. É uma tradicional história de superação, da
luta de um homem para superar os obstáculos em busca de um sonho, algo que o
diretor Robert Zemeckis já fez muito bem em Forrest
Gump (1994), mas também tem elementos de um filme de roubo (ou heist movie) com os personagens
montando a equipe para o "golpe", a invasão às torres para armar os
cabos, planejando, e então lidando com
os imprevistos que aparecem.