quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Crítica - Os Oito Odiados



Análise Os Oito Odiados

Review Os Oito Odiados
Imaginem se o diretor Quentin Tarantino decidisse transformar a tensa cena da taverna do seu Bastardos Inglórios (2009) em um longa metragem de quase três horas, misturando-a com algumas ideias de Cães de Aluguel (1992). É mais ou menos isso que acontece neste ótimo Os Oito Odiados que se passa quase inteiramente dentro de um hospedaria durante uma nevasca com um grupo de estranhos no qual ninguém é o que diz ser.

Na trama, que se passa alguns anos depois da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, o caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson) se vê em meio a uma nevasca enquanto transporta os corpos dos seus três últimos alvos. Sem alternativa, acaba pegando carona na carruagem do também caça recompensas John Ruth (Kurt Russell), que está transportando a fugitiva Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh). A neve, no entanto, os obriga a parar em uma hospedaria na qual um grupo de estranhos também se abrigou. Confinados na casa por causa do mal tempo, o grupo vai aos poucos desconfiando das intenções uns dos outros e conforme se conhecem melhor vai aumentando a sensação de que algo muito errado está para acontecer na pequena hospedaria.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Crítica - Spotlight: Segredos Revelados



Na tradição de filmes como Todos os Homens do Presidente (1976), O Informante (1999) ou Frost/Nixon (2008), este Spotlight: Segredos Revelados acompanha o árduo trabalho de um grupo de jornalistas em investigar fatos que foram ocultados do público. Nesse sentido, o filme é tanto uma denúncia das descobertas da reportagem original quanto uma exaltação do trabalho jornalístico e sua função de trazer à luz assuntos de interesse público.

Acompanhamos a equipe da Spotlight, a coluna de jornalismo investigativo do jornal Boston Globe, que no início dos anos 2000 começou a investigar casos de pedofilia cometidos por padres da igreja católica. Ao longo da busca, descobrem que quase uma centena de sacerdotes que passaram pela cidade abusaram crianças sexualmente e pior, descobrem que o alto escalão da igreja sabia a respeito e nada fez.

O filme constrói com cuidado os passos dados pela equipe estabelecendo bem o contexto em que as denúncias chegaram ao jornal e o grau de influência que a arquidiocese tinha na cidade de Boston. Na verdade, o primeiro terço do filme é tão preocupado em municiar o espectador de detalhes que tudo acaba sendo excessivamente expositivo e fazendo a narrativa demorar de engrenar. Não vejo isso como um problema, mas imagino que muitos poderão se incomodar com o ritmo mais lento da trama.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Reflexões Boêmias: Melhores Filmes de 2015


Depois de fazer minha lista com os piores filmes do ano, chegou a vez de listar os melhores e devo dizer que foi muito mais difícil, tanto que o top 10 inicial acabou virando um top 15 e por pouco não virou um top 20 simplesmente porque tinha muita coisa que não queria deixar de fora. Assim como na lista de piores, levei em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2015, tanto nos cinemas quanto em vídeo e serviços de streaming. Sendo assim, sem mais delongas, vamos aos filmes.



O ator Joel Edgerton (que, confesso, nunca achei grande coisa) surpreende ao escrever, dirigir e protagonizar este suspense que vai aos poucos transformando uma situação banal como a de encontrar um amigo grudento e carente em um intricado e cruel plano de vingança que nos lembra como o passado sempre nos alcança.

 Trailer:
 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Crítica - Até Que a Sorte Nos Separe 3


Análise Até Que a Sorte Nos Separe 3

Review Até Que a Sorte Nos Separe 3
A vida algumas vezes nos pega desprevenidos. Recentemente publiquei minhas escolhas para piores filmes do ano, pois 2015 estava terminando e eu imaginei que não veria mais nada até o fim do ano e mesmo que visse, dificilmente seria alguma bomba capaz de entrar no top 10. Este Até Que a Sorte Nos Separe 3 não apenas quebrou tudo isso, como conseguiu a proeza de roubar do completamente execrável Para o Que Der e Vier a primeira posição de pior coisa que vi nos cinemas esse ano e isso não é pouca coisa.

Depois de ficar rico e perder tudo duas vezes, o atrapalhado Tino (Leandro Hassum) se vê mais uma vez rico ao ser atropelado por Tom (Bruno Gissoni), filho do bilionário Rique (Leonardo Franco). Além de pagar as despesas médicas de Tino, Rique lhe dá um emprego em sua corretora de ações para compensar o ocorrido, mas logicamente Tino põe tudo a perder e põe a empresa e o país em direção à falência.

Como de costume Hassum, assim como Kevin James, parece adepto ao subgênero cômico do "gordo gritando", que consiste basicamente em berrar todas as linhas de diálogo enquanto age do modo mais exagerado possível na esperança de que alguém ria de alguma coisa. Assim como nos filmes protagonizados por James (e normalmente produzidos por Adam Sandler), o personagem de Hassum é tão absurdamente estúpido, incoveniente e sem noção que é impossível aderir a ele e à história, já que qualquer pessoa que agisse do modo como ele age não seria capaz de viver em nossa sociedade. Seus berros histéricos são tão incessantes e insuportáveis que com quinze minutos de filme meus ouvidos já estavam cansados e começava a torcer para que esse brutal ataque aos meus sentidos acabasse logo. O que não aconteceu, dada a duração de uma hora e quarenta e cinco minutos (de pura tortura mental) da fita

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Crítica - As Sufragistas


Análise As Sufragistas

Review As Sufragistas
A discussão sobre os direitos da mulher, igualdade de gêneros e suas representações tem sido bastante exploradas ultimamente no cinema. Apenas nos últimos meses tivemos os ótimos Olmo e a Gaivota, filme da brasileira Petra Costa que trazia um olhar bem interessante sobre a gestação, e o documentário Malala, sobre a jovem paquistanesa baleada pelo talibã depois de protestar contra a proibição das mulheres frequentarem escolas. Esse As Sufragistas continua esse movimento de falar a respeito dessas questões, mas lamentavelmente não chega a ser tão interessante quanto os filmes anteriormente citados.

A história se passa na Inglaterra no início do século XX quando as mulheres ainda eram proibidas de votarem. Depois que o parlamento nega o mais recente pedido pelo voto feminino, um grupo feminista começa a coordenar atos de desobediência civil para chamar atenção para o problema. A operária Maud (Carey Mulligan) entra em contato com o movimento graças a uma colega de trabalho e, apesar de não nenhuma formação política, percebe que o direito ao voto poderia ser um caminho para uma vida melhor e mais igualitária para as mulheres.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Crítica - Macbeth: Ambição e Guerra



Este Macbeth: Ambição e Guerra (até agora não entendi pra quê esse subtítulo, mas, enfim) é um filme sombrio, depressivo, cheio de pessoas horríveis e nem um pouco recomendável se você estiver tendo um dia ruim. Ou seja, é uma adaptação bastante competente da tragédia shakespeariana à qual se baseia, afinal, se você não sair com um gosto amargo na boca depois de ver qualquer versão de Macbeth, algo não foi feito corretamente.

Para quem não conhece a famosa história, seguimos o nobre escocês Macbeth (Michael Fassbender) que depois de uma batalha encontra um grupo de bruxas e estas profetizam que ele irá virar rei da Escócia. Ao contar tudo para sua esposa, Lady Macbeth (Marion Cotillard), e ao saber que a providência está de seu lado, ela começa a tramar o assassinato do rei Duncan (David Thewlis), covencendo o marido a cometer o regicídio. O casal consegue o que quer, mas passa a ser consumido pela culpa e paranoia. Macbeth começa a achar que seus aliados Banquo (Paddy Considine) e Macduff (Sean Harris, o vilão do recente Missão Impossível: Nação Secreta) podem se voltar contra ele e decide agir.

Reflexões Boêmias: Piores Filmes de 2015


Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Normalmente as pessoas começam pelos melhores, mas preferi iniciar o meu balanço com um ranking dos piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2015. [Atualizado: 23/12/2015 às 21:27] Fiz esse post certo de que no último fim de semana do ano não estrearia nada capaz de perturbar a ordem desta lista, mas o atroz Até Que a Sorte Nos Separe 3 chegou aos 45 do segundo tempo para me fazer reavaliar tudo e tornando o top 10 um top 11. Se quiserem saber em qual posição ficou, continuem lendo [Fim da atualização].



Épico de ação arrastado, com embates desprovidos de energia ou empolgação e coreografias burocráticas. A narrativa é toda apoiada em clichês e a atuação canastrona e caricata de Hayden Christensen também não ajuda. Nicolas Cage ocasionalmente aparece para devorar o cenário e acaba divertindo com seu jeito over, mas é muito pouco para salvar esse desastre.

 Trailer:

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Crítica - Star Wars: O Despertar da Força


Análise Star Wars: O Despertar da Força

Review Star Wars: O Despertar da Força
Havia uma grande expectativa e antecipação sobre esse novo Star Wars, conheço muita gente que mal continha a ansiedade. Eu preferi segurar o hype, afinal eu estava lá em 1999 quando uma nova trilogia se iniciava com A Ameaça Fantasma e todas as altas expectativas e esperanças foram soterradas em uma avalanche de inaptidões. Por isso, fiquei bastante aliviado ao sair da sessão deste O Despertar da Força, que é o retorno em grande estilo que os fãs esperavam desde a trilogia prelúdio.

A trama foi mantida a sete chaves durante toda a divulgação do filme e eu acho realmente louvável o esforço, principalmente em uma época em que toda a trama é dada nos trailers (estou olhando para você, Batman v. Superman) e ver o filme torna-se mera formalidade, já que entramos sabendo todas as reviravoltas e surpresas. Aqui isso não acontece e cada revelação e cada reviravolta nos dá um sentimento genuíno de descoberta, mesmo quando são algumas coisas que já suspeitávamos que aconteceria. Não vou aqui dar muitos detalhes, pois quero respeitar a reserva da Disney e do diretor J.J Abrams em preservar o frescor da nossa experiência. O máximo que posso dizer é que gira em torno de Finn (John Boyega), um stormtrooper que quer se afastar da Primeira Ordem, e Rey (Daisy Ridley), uma jovem solitária que vive no desértico planeta Jakku recolhendo sucata.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Crítica - The Ridiculous 6



O serviço de streaming Netflix se tornou bastante reconhecido pela qualidade de suas produções originais, tanto de seriados quanto de documentários, mas foi apenas recentemente que a plataforma começou a investir em longas-metragens de ficção. O primeiro foi o ótimo Beasts of No Nation, impactante história sobre crianças soldado na África, mas o projeto seguinte pegou todos de surpresa com o anúncio de que a Netflix se juntaria com Adam Sandler, comediante famoso pelos trabalhos rasteiros e cujas bilheterias vem diminuindo a cada novo projeto, tornando a escolha incompreensível tanto por razões artísticas quanto comerciais.

A produção foi marcada por problemas, em especial quando os figurantes indígenas se recusaram a trabalhar acusando o filme de ser racista. Dado o histórico de Sandler em fazer um humor baseado na reafirmação de preconceitos de raça e gênero, o filme começou a ser execrado antes mesmo de ser lançado e tudo apontava para um completo desastre. A verdade, no entanto, é que o filme de fato não é exatamente ofensivo em relação aos indígenas, embora seja difícil dizer se ele sempre foi assim ou se alterações foram feitas depois da polêmica ter surgido. De todo modo, nada disso evita que a obra seja mais uma coleção de piadas preguiçosas e desinteressantes que pode até não estar no baixo nível de atrocidades como Gente Grande 2 (2013) ou Cada um Tem a Gêmea que Merece (2011), mas ainda assim passa longe de ser minimamente satisfatória e é provavelmente a pior produção original do Netflix até então.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Crítica - O Clã



Baseado na história real de uma série de crimes que chocou a Argentina na década de oitenta, O Clã acompanha uma família de classe média argentina cujo patriarca, Arquimedes (Guillermo Francella), perde o cargo depois do fim do governo militar. Sem trabalho, inicia um empreendimento criminoso de sequestrar pessoas com posses para pedir resgate e depois elimina os reféns para que não possa ser identificado. Além de algum capangas, o patriarca ainda conta com o auxílio do filho mais velho, Alejandro (Peter Lanzani), que o ajuda a identificar alvos e realizar os sequestros. As vítimas são mantidas no porão da casa da família, cujos membros restantes fingem ignorar o que acontece, mas, claro, as consequências dessa violência vão surgindo com o tempo.

Guillermo Francella surpreende como o patriarca Arquimedes, um homem que acha que está "trabalhando" em prol de sua família, mas é tão egocêntrico que não percebe o mal que lhes está fazendo e o quanto a sua violência os incomoda. Ao mesmo tempo, é intimidador e manipulador o suficiente para manter todos dançando conforme a sua música e sempre dá um jeito de convencer todos a fazerem o que ele quer, mesmo quando não estão inclinados a isso.