terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Crítica - Creed: Nascido Para Lutar




Confesso que torci o nariz ao ouvir o anúncio de que este Creed: Nascido Para Lutar. Imaginei que fosse só um caça-níqueis cínico feito para faturar em cima do popular universo concebido por Sylvester Stallone. No entanto, eu já tinha me enganado antes com o ótimo Rocky Balboa (2006) que também parecia ser uma continuação preguiçosa e se revelou muito mais. O mesmo aconteceu com este filme, que é bastante digno de todo o legado de Rocky.

Adonis (Michael B. Jordan) é um filho ilegítimo do boxeador Apollo Creed (Carl Weathers), morto durante Rocky IV (1986). Depois da morte precoce da mãe e de passar boa parte da infância em orfanatos e reformatórios, ele é finalmente adotado pela esposa de Creed, Mary Ann (Phylicia Rashad). Já adulto, ele se sente impelido a entrar no mundo do boxe e decide buscar o auxílio do melhor amigo de seu pai, Rocky Balboa (Sylvester Stallone).

É uma história sobre família e como as vidas daqueles que vieram antes de nós impactam diretamente as nossas, para o bem e para o mal. Além disso é também uma tradicional história de esporte sobre um azarão que vai contra todas as chances e nesse sentido é um pouco parecido demais em sua estrutura com o primeiro filme protagonizado por Rocky.

Crítica - Steve Jobs

Resenha Steve Jobs

Review Steve JobsParece estranho, talvez até exagerado, ter mais uma biografia de Steve Jobs quando outra foi lançada ainda em 2013. Por  outro lado, o péssimo Jobs (2013) era mais uma hagiografia do que uma biografia, endeusando seu objeto enquanto condescendentemente aliviava suas falhas e aderia acriticamente ao seu discurso. Nesse sentido, o lançamento deste Steve Jobs parece trazer a chance de finalmente termos uma biografia minimamente interessante do fundador da Apple, principalmente se lembrarmos que a última vez que o roteirista Aaron Sorkin se debruçou sobre um gênio precoce e egocêntrico, o resultado foi o excelente A Rede Social (2010), um dos filmes que melhor define a geração atual.

Ao invés de um relato biográfico mais abrangente, o texto concebido por Sorkin e dirigido por Danny Boyle (cujo último filme foi Em Transe) se concentra em três lançamentos de produtos que servem como síntese das diferentes fases da vida de Steve Jobs (Michael Fassbender). Primeiro acompanhamos o lançamento do Macintosh em 1984, depois a aposta no NeXT e, por fim, o sucesso do iMac em 1998. Em cada um desses momentos acompanhamos o protagonista nos bastidores enquanto todo tipo de crise parece se desenrolar e ele precisa lidar com seus empregados, sócios, acionistas e a filha que insiste em rejeitar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Crítica - O Bom Dinossauro




Depois do excelente Divertida Mente (2015) parecia que a Pixar finalmente tinha conseguido retornar ao alta padrão de qualidade que nos acostumamos a esperar de seus trabalhos. Este O Bom Dinossauro, no entanto, não faz jus à excelência que tornou famoso o estúdio, com uma trama derivativa que constantemente nos lembra de outras (e melhores) animações. Não chega a ser ruim, mas está longe da inventividade que a Pixar trouxe aos seus melhores trabalhos.

Histórias sobre um garoto e seu animal/criatura de estimação vivendo grandes aventuras e aprendendo valiosas lições de vida temos aos montes, tanto no cinema animado quanto em live action. A virada que O Bom Dinossauro faz a essa fórmula é que aqui a criatura é o animalesco garoto-das-cavernas Spot (que basicamente se comporta como um cão) e o garoto é o tímido dinossauro Arlo que se perdeu da família depois de uma tempestade. Isso acontece porque a história se passa em uma espécie de realidade paralela na qual os dinossauros não foram extintos por um meteoro e se mantiveram vivos até o surgimento dos humanos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Crítica - Os Oito Odiados



Análise Os Oito Odiados

Review Os Oito Odiados
Imaginem se o diretor Quentin Tarantino decidisse transformar a tensa cena da taverna do seu Bastardos Inglórios (2009) em um longa metragem de quase três horas, misturando-a com algumas ideias de Cães de Aluguel (1992). É mais ou menos isso que acontece neste ótimo Os Oito Odiados que se passa quase inteiramente dentro de um hospedaria durante uma nevasca com um grupo de estranhos no qual ninguém é o que diz ser.

Na trama, que se passa alguns anos depois da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, o caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson) se vê em meio a uma nevasca enquanto transporta os corpos dos seus três últimos alvos. Sem alternativa, acaba pegando carona na carruagem do também caça recompensas John Ruth (Kurt Russell), que está transportando a fugitiva Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh). A neve, no entanto, os obriga a parar em uma hospedaria na qual um grupo de estranhos também se abrigou. Confinados na casa por causa do mal tempo, o grupo vai aos poucos desconfiando das intenções uns dos outros e conforme se conhecem melhor vai aumentando a sensação de que algo muito errado está para acontecer na pequena hospedaria.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Crítica - Spotlight: Segredos Revelados



Na tradição de filmes como Todos os Homens do Presidente (1976), O Informante (1999) ou Frost/Nixon (2008), este Spotlight: Segredos Revelados acompanha o árduo trabalho de um grupo de jornalistas em investigar fatos que foram ocultados do público. Nesse sentido, o filme é tanto uma denúncia das descobertas da reportagem original quanto uma exaltação do trabalho jornalístico e sua função de trazer à luz assuntos de interesse público.

Acompanhamos a equipe da Spotlight, a coluna de jornalismo investigativo do jornal Boston Globe, que no início dos anos 2000 começou a investigar casos de pedofilia cometidos por padres da igreja católica. Ao longo da busca, descobrem que quase uma centena de sacerdotes que passaram pela cidade abusaram crianças sexualmente e pior, descobrem que o alto escalão da igreja sabia a respeito e nada fez.

O filme constrói com cuidado os passos dados pela equipe estabelecendo bem o contexto em que as denúncias chegaram ao jornal e o grau de influência que a arquidiocese tinha na cidade de Boston. Na verdade, o primeiro terço do filme é tão preocupado em municiar o espectador de detalhes que tudo acaba sendo excessivamente expositivo e fazendo a narrativa demorar de engrenar. Não vejo isso como um problema, mas imagino que muitos poderão se incomodar com o ritmo mais lento da trama.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Reflexões Boêmias: Melhores Filmes de 2015


Depois de fazer minha lista com os piores filmes do ano, chegou a vez de listar os melhores e devo dizer que foi muito mais difícil, tanto que o top 10 inicial acabou virando um top 15 e por pouco não virou um top 20 simplesmente porque tinha muita coisa que não queria deixar de fora. Assim como na lista de piores, levei em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2015, tanto nos cinemas quanto em vídeo e serviços de streaming. Sendo assim, sem mais delongas, vamos aos filmes.



O ator Joel Edgerton (que, confesso, nunca achei grande coisa) surpreende ao escrever, dirigir e protagonizar este suspense que vai aos poucos transformando uma situação banal como a de encontrar um amigo grudento e carente em um intricado e cruel plano de vingança que nos lembra como o passado sempre nos alcança.

 Trailer:
 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Crítica - Até Que a Sorte Nos Separe 3


Análise Até Que a Sorte Nos Separe 3

Review Até Que a Sorte Nos Separe 3
A vida algumas vezes nos pega desprevenidos. Recentemente publiquei minhas escolhas para piores filmes do ano, pois 2015 estava terminando e eu imaginei que não veria mais nada até o fim do ano e mesmo que visse, dificilmente seria alguma bomba capaz de entrar no top 10. Este Até Que a Sorte Nos Separe 3 não apenas quebrou tudo isso, como conseguiu a proeza de roubar do completamente execrável Para o Que Der e Vier a primeira posição de pior coisa que vi nos cinemas esse ano e isso não é pouca coisa.

Depois de ficar rico e perder tudo duas vezes, o atrapalhado Tino (Leandro Hassum) se vê mais uma vez rico ao ser atropelado por Tom (Bruno Gissoni), filho do bilionário Rique (Leonardo Franco). Além de pagar as despesas médicas de Tino, Rique lhe dá um emprego em sua corretora de ações para compensar o ocorrido, mas logicamente Tino põe tudo a perder e põe a empresa e o país em direção à falência.

Como de costume Hassum, assim como Kevin James, parece adepto ao subgênero cômico do "gordo gritando", que consiste basicamente em berrar todas as linhas de diálogo enquanto age do modo mais exagerado possível na esperança de que alguém ria de alguma coisa. Assim como nos filmes protagonizados por James (e normalmente produzidos por Adam Sandler), o personagem de Hassum é tão absurdamente estúpido, incoveniente e sem noção que é impossível aderir a ele e à história, já que qualquer pessoa que agisse do modo como ele age não seria capaz de viver em nossa sociedade. Seus berros histéricos são tão incessantes e insuportáveis que com quinze minutos de filme meus ouvidos já estavam cansados e começava a torcer para que esse brutal ataque aos meus sentidos acabasse logo. O que não aconteceu, dada a duração de uma hora e quarenta e cinco minutos (de pura tortura mental) da fita

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Crítica - As Sufragistas


Análise As Sufragistas

Review As Sufragistas
A discussão sobre os direitos da mulher, igualdade de gêneros e suas representações tem sido bastante exploradas ultimamente no cinema. Apenas nos últimos meses tivemos os ótimos Olmo e a Gaivota, filme da brasileira Petra Costa que trazia um olhar bem interessante sobre a gestação, e o documentário Malala, sobre a jovem paquistanesa baleada pelo talibã depois de protestar contra a proibição das mulheres frequentarem escolas. Esse As Sufragistas continua esse movimento de falar a respeito dessas questões, mas lamentavelmente não chega a ser tão interessante quanto os filmes anteriormente citados.

A história se passa na Inglaterra no início do século XX quando as mulheres ainda eram proibidas de votarem. Depois que o parlamento nega o mais recente pedido pelo voto feminino, um grupo feminista começa a coordenar atos de desobediência civil para chamar atenção para o problema. A operária Maud (Carey Mulligan) entra em contato com o movimento graças a uma colega de trabalho e, apesar de não nenhuma formação política, percebe que o direito ao voto poderia ser um caminho para uma vida melhor e mais igualitária para as mulheres.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Crítica - Macbeth: Ambição e Guerra



Este Macbeth: Ambição e Guerra (até agora não entendi pra quê esse subtítulo, mas, enfim) é um filme sombrio, depressivo, cheio de pessoas horríveis e nem um pouco recomendável se você estiver tendo um dia ruim. Ou seja, é uma adaptação bastante competente da tragédia shakespeariana à qual se baseia, afinal, se você não sair com um gosto amargo na boca depois de ver qualquer versão de Macbeth, algo não foi feito corretamente.

Para quem não conhece a famosa história, seguimos o nobre escocês Macbeth (Michael Fassbender) que depois de uma batalha encontra um grupo de bruxas e estas profetizam que ele irá virar rei da Escócia. Ao contar tudo para sua esposa, Lady Macbeth (Marion Cotillard), e ao saber que a providência está de seu lado, ela começa a tramar o assassinato do rei Duncan (David Thewlis), covencendo o marido a cometer o regicídio. O casal consegue o que quer, mas passa a ser consumido pela culpa e paranoia. Macbeth começa a achar que seus aliados Banquo (Paddy Considine) e Macduff (Sean Harris, o vilão do recente Missão Impossível: Nação Secreta) podem se voltar contra ele e decide agir.

Reflexões Boêmias: Piores Filmes de 2015


Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Normalmente as pessoas começam pelos melhores, mas preferi iniciar o meu balanço com um ranking dos piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2015. [Atualizado: 23/12/2015 às 21:27] Fiz esse post certo de que no último fim de semana do ano não estrearia nada capaz de perturbar a ordem desta lista, mas o atroz Até Que a Sorte Nos Separe 3 chegou aos 45 do segundo tempo para me fazer reavaliar tudo e tornando o top 10 um top 11. Se quiserem saber em qual posição ficou, continuem lendo [Fim da atualização].



Épico de ação arrastado, com embates desprovidos de energia ou empolgação e coreografias burocráticas. A narrativa é toda apoiada em clichês e a atuação canastrona e caricata de Hayden Christensen também não ajuda. Nicolas Cage ocasionalmente aparece para devorar o cenário e acaba divertindo com seu jeito over, mas é muito pouco para salvar esse desastre.

 Trailer: