Durante
minha experiência com este The Hunting
Ground me senti surpreso, embasbacado e então com raiva, muita raiva. A
raiva é um sentimento inevitável ao acompanhar este poderoso documentário, pode
vir cedo, pode vir mais tarde, mas é certo que ela irá chegar até você. A
menos, claro, que você seja um psicopata desprovido de qualquer capacidade
empática.
Dirigido
por Kirby Dick, o documentário trata do endêmico problema do abuso sexual
dentro dos campi das universidades
dos Estados Unidos. É o tipo de documentário no qual o tema e a construção
retórica deste chamam mais atenção do que a forma ou estilo com a qual são
contadas. Se bem que com dados tão arrasadores, a obra não precisa de muitas
firulas estilísticas para chamar nossa atenção e estas poderiam inclusive nos
distrair da potente argumentação que está sendo construída aqui.
A
narrativa vai demonstrando como as universidades estadunidenses se mostram mais
preocupadas em proteger suas imagens, e consequentemente sua renda, do que em
resolver o problema do estupro. Isso as leva a culpabilizar as vítimas, ignorar
queixar e não punir os responsáveis, criando uma cultura de impunidade que
apenas contribui para que o problema continue a acontecer ao ponto em que
estatisticamente quase uma em cada cinco universitárias é vítima de algum tipo
de violência sexual.