quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Crítica - Pai em Dose Dupla

 


Will Ferrell e Mark Wahlberg já tinham mostrado que funcionam como dupla cômica no divertido Os Outros Caras (2010) dirigido por Adam McKay (do igualmente ótimo A Grande Aposta). Vê-los voltar a dividir a cena numa comédia era algo bastante promissor, mesmo sem McKay na cadeira de diretor, mas este Pai em Dose Dupla lamentavelmente não consegue repetir o mesmo êxito da parceria anterior da dupla.

Ferrell vive Brad, um homem sensível e retraído que é encantando com a paternidade e que sempre quis ter filhos, mas é infértil. Seus sonho de ser pai se concretiza através dos filhos de sua esposa Sara (Linda Cardellini, a Laura Barton de Vingadores: Era de Ultron) que aos poucos começam a aceitá-lo como pai. Sua posição, no entanto, é ameaçada quando o pai biológico das crianças, o metido a machão Dusty (Mark Wahlberg), retorna à cidade disposto a recuperar o afeto dos filhos, iniciando uma disputa entre os dois pela atenção das crianças.

Este é uma daquelas "comédias de uma piada só" já que todo o humor gira em torno das armações de Dusty e Brad para se sabotarem ou tentando parecer superior ao outro. A maioria das situações se desenvolve de modo bastante previsível e com um pouco de atenção é possível antecipar a maioria das piadas. Isso não impede que aqui e ali o filme consiga arrancar bons risos (a maioria delas está no trailer), seja pelo humor físico, como na cena em que Brad tenta pilotar a moto de Dusty, ou seja pelos diálogos puramente nonsense, como as histórias absurdas que o chefe de Brad, Leo (Thomas Haden Church), ocasionalmente conta.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Crítica - Caçadores de Emoção: Além do Limite


Análise Crítica - Caçadores de Emoção: Além do Limite


Review - Caçadores de Emoção: Além do Limite
A ideia de fazer um remake do clássico de ação Caçadores de Emoção (1991) da diretora Kathryn Bigelow (de Guerra ao Terror e A Hora Mais Escura) e estrelado por Keanu Reeves e Patrick Swayze me parecia um esforço inútil e provavelmente fadado a fracassar. Primeiro porque o filme de 1991 continua a se sustentar muito bem hoje, não precisando de nenhum tipo de atualização e segundo porque ele praticamente já tinha recebido um remake na forma de Velozes e Furiosos (2001), tornando o esforço de uma nova versão ainda mais irrelevante. Sério pessoal, a trama e o desenvolvimento do primeiro Velozes e Furiosos é idêntica a de Caçadores de Emoção, apenas substituindo o surfe por corridas. A questão é que mesmo tendo em mente todo o potencial que esse filme tinha para dar errado, ainda assim eu não esperava por algo tão ruim quanto ele de fato é.

Assim como no filme original, acompanhamos o jovem agente do FBI Johnny Utah (Luke Bracey, o Comandante Cobra de G.I Joe:Retaliação) em sua investigação por uma gangue que comete crimes audaciosos. Suas suspeitas o levam para o mundo dos esportes radicais no qual conhece o misterioso Bodhi (Edgar Ramirez, que também está em cartaz no igualmente fraco Joy: O Nome do Sucesso), que pode ser o líder da gangue. O atleta busca completar uma série de façanhas conhecidas como as "Oito de Ozaki", proezas tidas como impossíveis, mas que se alcançadas deixariam uma pessoa em tal comunhão com o planeta que ele alcançaria o nirvana (o espiritual, não a banda) e, além disso, Bodhi acredita que cumprir o desafio salvaria o mundo, pois sua a comunhão com o planeta permitiria que o mundo se curasse das feridas causadas pela humanidade. Não contente, Bodhi decide fazer "oferendas" ao planeta para ser auxiliado em sua jornada e assim comete crimes como destruir uma madeireira ou implodir uma mina.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Crítica - Joy: O Nome do Sucesso



Quando escrevi sobre O Lado Bom da Vida falei na capacidade do diretor David O. Russel em tornar interessantes histórias que poderiam facilmente descambar para algo banal e aborrecido. Lamentavelmente nada disso acontece neste insosso Joy: O Nome do Sucesso que, apesar do bom elenco e da competência técnica, não nos engaja como deveria.

A trama é baseada na vida de Joy Mangano (Jennifer Lawrence) uma jovem divorciada que luta para sustentar os filhos e a família desequilibrada cujos integrantes estão sempre em pé de guerra. A solução para seus problemas vem na ideia que ela para uma invenção, um esfregão com maior capacidade de limpeza e que pode se torcer sozinho. A partir de então acompanhamos seus percalços para fazer seu negócio vingar, tudo enquanto ainda continua a ser atormentada por seus parentes.

É uma típica história de superação, da jornada da pobreza à riqueza e de continuar seguindo em frente mesmo quando todos ao nosso redor nos colocam para baixo. A Joy é aquela típica mocinha sofredora, explorada por todos ao seu redor até que ela decide dar um basta em tudo. Já vimos essa história ser contada por Hollywood inúmeras vezes e este filme faz pouco para espantar a sensação de deja vu. O filme chega a tentar fazer alguns paralelos entre a jornada da protagonista e as histórias construídas em novelas, mas acaba abandonando as analogias no meio do caminho sem muita explicação.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Crítica - The Hunting Ground



Durante minha experiência com este The Hunting Ground me senti surpreso, embasbacado e então com raiva, muita raiva. A raiva é um sentimento inevitável ao acompanhar este poderoso documentário, pode vir cedo, pode vir mais tarde, mas é certo que ela irá chegar até você. A menos, claro, que você seja um psicopata desprovido de qualquer capacidade empática.

Dirigido por Kirby Dick, o documentário trata do endêmico problema do abuso sexual dentro dos campi das universidades dos Estados Unidos. É o tipo de documentário no qual o tema e a construção retórica deste chamam mais atenção do que a forma ou estilo com a qual são contadas. Se bem que com dados tão arrasadores, a obra não precisa de muitas firulas estilísticas para chamar nossa atenção e estas poderiam inclusive nos distrair da potente argumentação que está sendo construída aqui.

A narrativa vai demonstrando como as universidades estadunidenses se mostram mais preocupadas em proteger suas imagens, e consequentemente sua renda, do que em resolver o problema do estupro. Isso as leva a culpabilizar as vítimas, ignorar queixar e não punir os responsáveis, criando uma cultura de impunidade que apenas contribui para que o problema continue a acontecer ao ponto em que estatisticamente quase uma em cada cinco universitárias é vítima de algum tipo de violência sexual.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Oscar 2016 - Lista de Indicados

 
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou hoje a lista de indicados para a 88ª edição dos Oscars. Liderando a lista de indicações temos o drama O Regresso, dirigido por Alejandro Iñarritu, com 12 indicações, seguido por Mad Max: Estrada da Fúria, dirigido por George Miller, com 10. Tivemos ainda a surpresa de ver a belíssima animação brasileira O Menino e o Mundo, dirigido por Alê Abreu, sendo indicada ao prêmio de melhor animação, quase que compensando a injustiça foi terem deixado Que Horas Ela Volta? fora da lista de indicados a melhor filme estrangeiro. Outra surpresa foi a esnobada ao roteirista Aaron Sorkin, responsável pelo texto de Steve Jobs, que tinha a indicação praticamente dada como certa, principalmente depois de receber o Globo de Ouro. A cerimônia de entrega acontece no dia 28 de fevereiro e será apresentada pelo comediante Chris Rock. Como muitos dos indicados ainda não estrearam aqui no Brasil, iremos atualizar aos poucos esta página com links para textos sobre os indicados conforme eles forem chegando.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Crítica - A Grande Aposta



Famoso por dirigir algumas comédias com Will Ferrell como O Âncora (2004) e sua continuação Tudo Por Um Furo (2013), Adam McKay já tinha se aventurado a falar sobre a crise imobiliária nos Estados Unidos no divertido Os Outros Caras (2010), também com Will Ferrell. Se em Os Outros Caras o comportamento negligente e criminoso dos grandes bancos e agências financeiras era pano de fundo para uma trama policial cômica com ares de paródia de Máquina Mortífera (1987), neste A Grande Aposta, os absurdos que levaram ao estouro da bolha imobiliária estão no centro de tudo.

A trama baseada em fatos reais segue um grupo de investidores que descobre que o mercado imobiliário e as vendas de títulos de empréstimos são baseados em números inconsistentes que eventualmente levarão a economia para o buraco. Com isso, percebem uma oportunidade de faturar comprando títulos de seguro para receberem em caso das dívidas não serem pagas, o que representa um lucro potencial que passa da casa do bilhão.

O filme apresenta argumentos seguros para demonstrar como a situação era insustentável, mas ninguém percebeu por estarem ocupados ganhando dinheiro fácil, creditando a crise a um misto de burrice e mau caratismo. Também não economiza em demonstrar como cada setor da sociedade possui sua parcela de culpa pelo que aconteceu, dos bancos às autoridades e também os cidadãos que consumiam e pegavam empréstimos que sabiam que não poderiam pagar.

Framboesa de Ouro 2016 - Lista de Indicados

 
Dentro da chamada "temporada de premiação" temos uma que ninguém quer concorrer, a infame Framboesa de Ouro que premia os piores filmes de cada ano. A lista dos indicados já está disponível e muitos deles também fizeram parte da nossa lista de piores do ano. Entre os indicados, os mais lembrados foram Cinquenta Tons de Cinza, Pixels e O Destino de Júpiter. Os...err..."vencedores" serão anunciados em 27 de fevereiro, um dia antes da cerimônia do Oscar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Crítica - Creed: Nascido Para Lutar




Confesso que torci o nariz ao ouvir o anúncio de que este Creed: Nascido Para Lutar. Imaginei que fosse só um caça-níqueis cínico feito para faturar em cima do popular universo concebido por Sylvester Stallone. No entanto, eu já tinha me enganado antes com o ótimo Rocky Balboa (2006) que também parecia ser uma continuação preguiçosa e se revelou muito mais. O mesmo aconteceu com este filme, que é bastante digno de todo o legado de Rocky.

Adonis (Michael B. Jordan) é um filho ilegítimo do boxeador Apollo Creed (Carl Weathers), morto durante Rocky IV (1986). Depois da morte precoce da mãe e de passar boa parte da infância em orfanatos e reformatórios, ele é finalmente adotado pela esposa de Creed, Mary Ann (Phylicia Rashad). Já adulto, ele se sente impelido a entrar no mundo do boxe e decide buscar o auxílio do melhor amigo de seu pai, Rocky Balboa (Sylvester Stallone).

É uma história sobre família e como as vidas daqueles que vieram antes de nós impactam diretamente as nossas, para o bem e para o mal. Além disso é também uma tradicional história de esporte sobre um azarão que vai contra todas as chances e nesse sentido é um pouco parecido demais em sua estrutura com o primeiro filme protagonizado por Rocky.

Crítica - Steve Jobs

Resenha Steve Jobs

Review Steve JobsParece estranho, talvez até exagerado, ter mais uma biografia de Steve Jobs quando outra foi lançada ainda em 2013. Por  outro lado, o péssimo Jobs (2013) era mais uma hagiografia do que uma biografia, endeusando seu objeto enquanto condescendentemente aliviava suas falhas e aderia acriticamente ao seu discurso. Nesse sentido, o lançamento deste Steve Jobs parece trazer a chance de finalmente termos uma biografia minimamente interessante do fundador da Apple, principalmente se lembrarmos que a última vez que o roteirista Aaron Sorkin se debruçou sobre um gênio precoce e egocêntrico, o resultado foi o excelente A Rede Social (2010), um dos filmes que melhor define a geração atual.

Ao invés de um relato biográfico mais abrangente, o texto concebido por Sorkin e dirigido por Danny Boyle (cujo último filme foi Em Transe) se concentra em três lançamentos de produtos que servem como síntese das diferentes fases da vida de Steve Jobs (Michael Fassbender). Primeiro acompanhamos o lançamento do Macintosh em 1984, depois a aposta no NeXT e, por fim, o sucesso do iMac em 1998. Em cada um desses momentos acompanhamos o protagonista nos bastidores enquanto todo tipo de crise parece se desenrolar e ele precisa lidar com seus empregados, sócios, acionistas e a filha que insiste em rejeitar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Crítica - O Bom Dinossauro




Depois do excelente Divertida Mente (2015) parecia que a Pixar finalmente tinha conseguido retornar ao alta padrão de qualidade que nos acostumamos a esperar de seus trabalhos. Este O Bom Dinossauro, no entanto, não faz jus à excelência que tornou famoso o estúdio, com uma trama derivativa que constantemente nos lembra de outras (e melhores) animações. Não chega a ser ruim, mas está longe da inventividade que a Pixar trouxe aos seus melhores trabalhos.

Histórias sobre um garoto e seu animal/criatura de estimação vivendo grandes aventuras e aprendendo valiosas lições de vida temos aos montes, tanto no cinema animado quanto em live action. A virada que O Bom Dinossauro faz a essa fórmula é que aqui a criatura é o animalesco garoto-das-cavernas Spot (que basicamente se comporta como um cão) e o garoto é o tímido dinossauro Arlo que se perdeu da família depois de uma tempestade. Isso acontece porque a história se passa em uma espécie de realidade paralela na qual os dinossauros não foram extintos por um meteoro e se mantiveram vivos até o surgimento dos humanos.