segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Critica - Um Suburbano Sortudo


Análise Um Suburbano Sortudo

Review Um Suburbano Sortudo
Assistir este pavoroso Um Suburano Sortudo foi a experiência mais dolorosa do meu dia e, considerando que imediatamente antes dele eu assisti ao intenso e implacável filme de holocausto O Filho de Saul, isso diz muito sobre o quanto esta comédia é completamente insuportável.

O filme acompanha o  humilde Denílson (Rodrigo Sant'anna) um vendedor de rua que inesperadamente descobre ser herdeiro de Damião (Stepan Nercessian), um milionário dono de uma rede varejista. Logicamente seus parentes ricos não ficam contentes com a chegada do vendedor ambulante na casa e resolvem fazer o possível para se livrar dele.

Seria um material interessante para uma boa comédia de costumes no estilo de Trocando as Bolas (1983), mas troca qualquer possibilidade de um olhar mordaz sobre relações de classe no Brasil por um humor preguiçoso, rasteiro e cheio de piadas fáceis e estereótipos antiquados, tal como acontece na maioria das comédias nacionais como o recente e igualmente terrível Até Que a Sorte Nos Separe 3 (2015).

Na verdade, muito do que falei sobre Até Que a Sorte Nos Separe 3 se aplica a este filme e eu só não copio e colo aqui tudo que escrevi antes porque diferente dos responsáveis por este filme, eu gosto de me empenhar no que faço ao invés de seguir pelo caminho mais fácil e de menor esforço.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Crítica - Deadpool

Resenha Deadpool

Análise DeadpoolA primeira vez que o mercenário tagarela da Marvel apareceu nos cinemas foi no medíocre X-Men Origens: Wolverine (2009) e a única coisa que impressionou foi como conseguiram descaracterizar totalmente o personagem, em especial na cena final do filme. A culpa nem foi do ator Ryan Reynolds, que na verdade nem teve a chance de interpretar o personagem que foi contratado para fazer, e sim o modo como o filme o construiu e o usou. Depois de todo o calvário que foi o uso do mercenário no filme solo de Wolverine é bom ver Reynolds conseguir uma redenção para si mesmo e para o personagem neste divertido Deadpool.

A trama coloca Deadpool no encalço de Ajax (Ed Skrein), o mutante responsável pelo experimento que lhe deu suas habilidades e o deixou deformado. Percebendo a aproximação do mercenário, Ajax resolve sequestrar sua antiga namorada Vanessa (Morena Baccarin), que achava que ele estava morto. Em meio a sua caçada Deadpool topa com os X-Men Colossus (Stefan Kapicic) e Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand), que tentam convencê-lo a entrar para equipe e se tornar um super-herói como eles.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Crítica - O Regresso


Análise Crítica - O Regresso

Review - O Regresso
Muitos filmes (e livros e peças, entre outros) já foram feitos sobre o duelo entre o homem e a natureza implacável, muitas histórias sobre força de vontade e superação de condições adversas já foram contadas. O Regresso pode parecer na superfície que é mais uma dessas histórias, mas não é exatamente sobre isso. Temos sim um sujeito em condições adversas, mas provavelmente não foi isso que levou o diretor Alejandro Iñarritu (que ganhou vários Oscars ano passado com Birdman) a levar esta história para os cinemas e sim seu olhar sobre o que nos faz de fato humanos e o que é exatamente que nos separa dos demais animais tidos como irracionais.

A trama é levemente baseada na história real de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) caçador de peles que trabalhava nas regiões ermas dos Estados Unidos. Durante uma expedição Glass é atacado por um urso que o deixa gravemente ferido. Com o inverno se aproximando, a companhia percebe que estão perdendo um tempo precioso ao tentarem transportar Glass e destaca três homens, incluindo o filho indígena de Glass, Hawk (Forrest Goodluck), para ficarem cuidando dele até que se recupere. Um deles, Fitzgerald (Tom Hardy), decide que estão correndo um risco muito grande cuidando de um homem praticamente morto em um terreno tão perigoso e acaba matando Hawk e enterrando Glass vivo. Glass sobrevive e mesmo debilitado decide cruzar as florestas geladas atrás de Fitzgerald.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Crítica - O Filho de Saul



Filmes sobre o holocausto ou a realidade nos campos de concentração já foram feitos aos montes e chego a desconfiar que não há muito que possa ser acrescentado aos discursos já existentes sobre o tema. Não que a relevância de se falar sobre isso tenha se esgotado, mas que existem poucas possibilidades de contar uma história ficcional acerca disso e dar ao público algo que eles nunca viram antes. Este O Filho de Saul certamente não faz isso e toca em muitas questões que já vimos em uma série de outras produções, mas o importante nele nem é sobre o que ele é, mas como ele é ao tratar disso.

O filme acompanha Saul (Geza Rohrig) um judeu húngaro que vive em um campo de concentração com um sonderkommando. Estes eram uma categoria diferente de prisioneiro que trabalhava sob ordens dos oficiais nazistas executando os trabalhos que os alemães consideravam indignos ou inferiores, como limpar as câmaras de gás ou enterrar os prisioneiros mortos. Para manter o sigilo sobre as operações de extermínio os sonderkommandos eram mantidos em isolamento dos outros presos e eram substituídos de tempos em tempos, com os antigos membros sendo executados e prisioneiros recém chegados sendo colocados na função.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Crítica - Anomalisa



Em seus roteiros Charlie Kaufman sempre investiu no surreal e no fantasioso como um modo de deixar transparecer nossas angústias e inseguranças, foi assim em filmes como Quero Ser John Malkovich (1999) e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004) e também se aplica a este Anomalisa, animação em stop-motion que usa o próprio meio para falar de isolamento e depressão.

O filme acompanha Michael Stone (David Thewlis), um palestrante que viaja o país para ensinar sobre atendimento ao cliente. Apesar de todo seu discurso sobre relacionamento com cliente e lidar bem com o outro, Michael é um homem solitário, cheio de angústias e incertezas.

Seu distanciamento do mundo e das pessoas fica claro pelo modo como ele parece ignorar ou não se importar com o fato de que todos à sua volta são completamente iguais e tem a mesma voz (Tom Noonan). Suas conversas parecem sempre ao redor de assuntos demasiadamente triviais e desinteressantes e ele se movimenta de um ambiente fechado a outro, dando uma impressão de claustrofobia.

A única coisa que consegue lhe tirar do marasmo é quando ele ouve uma voz diferente no corredor de seu hotel e vai atrás dela, conhecendo Lisa (Jennifer Jason Leigh do recente Os Oito Odiados). Assim como Michael, Lisa é uma pessoa solitária, cheia de traumas e sem muito traquejo social. Juntos eles vão compartilhando suas inseguranças, tropeçando aos poucos um no outro, são diálogos esquisitos, por vezes desconexos, mas extremamente sinceros ao marcarem a aproximação das neuroses dessas duas pessoas.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Crítica - Trumbo: Lista Negra



A paranoia anticomunista e a pesada perseguição àqueles que exibiam qualquer proximidade desses ideais marcaram o período do pós segunda guerra e da guerra fria  nos Estados Unidos. Na época havia uma paranoia extrema em relação ao comunismo e qualquer um que demonstrasse partilhar deste pensamento era perseguido, preso e considerado um traidor. Isso aconteceu também em Hollywood, na qual muitos atores, diretores e roteiristas foram presos e proibidos de trabalhar por sua afiliação ao partido comunista, colocados na infame lista negra de Hollywood. Este Trumbo: Lista Negra conta a história de um desses profissionais, o roteirista Dalton Trumbo, responsável pelo texto de filmes como Spartacus (1960), que mesmo banido achou um modo de continuar trabalhando.

O filme começa em 1947, justamente quando os Estados Unidos começava a voltar suas atenções para a União Soviética e o comunismo passava a ser visto como uma ameaça ao "modo de vida americano". Trumbo (Bryan Cranston) e mais alguns colegas são intimados pelo congresso a dar explicações sobre seu envolvimento com o partido comunista e os sindicatos de profissionais do cinema, sendo ao fim presos apenas por sua ideologia, mesmo sem terem cometido crime algum. Depois de cumprir pena ele tenta voltar a Hollywood, mas seu nome está na infame lista negra e ele não consegue trabalhar. Assim, decide procurar estúdios de baixo escalão para oferecer seu trabalho por um valor menor e trabalhando sob pseudônimos.

Mad Max: Estrada da Fúria volta às salas de cinema

 
 
A Warner Bros anunciou que o excelente Mad Max: Estrada da Fúria, que figurou na nossa lista de melhores filmes do ano passado, vai voltar às salas de cinema com exibições em 3D, 4D, IMAX e 35 mm. Se você não o viu quando estava nos cinemas, essa é uma ótima oportunidade, já que este é daqueles filmes que merecem ser vistos em tela grande. Confiram abaixo as cidades que estão exibindo o filme:

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Crítica - Pai em Dose Dupla

 


Will Ferrell e Mark Wahlberg já tinham mostrado que funcionam como dupla cômica no divertido Os Outros Caras (2010) dirigido por Adam McKay (do igualmente ótimo A Grande Aposta). Vê-los voltar a dividir a cena numa comédia era algo bastante promissor, mesmo sem McKay na cadeira de diretor, mas este Pai em Dose Dupla lamentavelmente não consegue repetir o mesmo êxito da parceria anterior da dupla.

Ferrell vive Brad, um homem sensível e retraído que é encantando com a paternidade e que sempre quis ter filhos, mas é infértil. Seus sonho de ser pai se concretiza através dos filhos de sua esposa Sara (Linda Cardellini, a Laura Barton de Vingadores: Era de Ultron) que aos poucos começam a aceitá-lo como pai. Sua posição, no entanto, é ameaçada quando o pai biológico das crianças, o metido a machão Dusty (Mark Wahlberg), retorna à cidade disposto a recuperar o afeto dos filhos, iniciando uma disputa entre os dois pela atenção das crianças.

Este é uma daquelas "comédias de uma piada só" já que todo o humor gira em torno das armações de Dusty e Brad para se sabotarem ou tentando parecer superior ao outro. A maioria das situações se desenvolve de modo bastante previsível e com um pouco de atenção é possível antecipar a maioria das piadas. Isso não impede que aqui e ali o filme consiga arrancar bons risos (a maioria delas está no trailer), seja pelo humor físico, como na cena em que Brad tenta pilotar a moto de Dusty, ou seja pelos diálogos puramente nonsense, como as histórias absurdas que o chefe de Brad, Leo (Thomas Haden Church), ocasionalmente conta.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Crítica - Caçadores de Emoção: Além do Limite


Análise Crítica - Caçadores de Emoção: Além do Limite


Review - Caçadores de Emoção: Além do Limite
A ideia de fazer um remake do clássico de ação Caçadores de Emoção (1991) da diretora Kathryn Bigelow (de Guerra ao Terror e A Hora Mais Escura) e estrelado por Keanu Reeves e Patrick Swayze me parecia um esforço inútil e provavelmente fadado a fracassar. Primeiro porque o filme de 1991 continua a se sustentar muito bem hoje, não precisando de nenhum tipo de atualização e segundo porque ele praticamente já tinha recebido um remake na forma de Velozes e Furiosos (2001), tornando o esforço de uma nova versão ainda mais irrelevante. Sério pessoal, a trama e o desenvolvimento do primeiro Velozes e Furiosos é idêntica a de Caçadores de Emoção, apenas substituindo o surfe por corridas. A questão é que mesmo tendo em mente todo o potencial que esse filme tinha para dar errado, ainda assim eu não esperava por algo tão ruim quanto ele de fato é.

Assim como no filme original, acompanhamos o jovem agente do FBI Johnny Utah (Luke Bracey, o Comandante Cobra de G.I Joe:Retaliação) em sua investigação por uma gangue que comete crimes audaciosos. Suas suspeitas o levam para o mundo dos esportes radicais no qual conhece o misterioso Bodhi (Edgar Ramirez, que também está em cartaz no igualmente fraco Joy: O Nome do Sucesso), que pode ser o líder da gangue. O atleta busca completar uma série de façanhas conhecidas como as "Oito de Ozaki", proezas tidas como impossíveis, mas que se alcançadas deixariam uma pessoa em tal comunhão com o planeta que ele alcançaria o nirvana (o espiritual, não a banda) e, além disso, Bodhi acredita que cumprir o desafio salvaria o mundo, pois sua a comunhão com o planeta permitiria que o mundo se curasse das feridas causadas pela humanidade. Não contente, Bodhi decide fazer "oferendas" ao planeta para ser auxiliado em sua jornada e assim comete crimes como destruir uma madeireira ou implodir uma mina.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Crítica - Joy: O Nome do Sucesso



Quando escrevi sobre O Lado Bom da Vida falei na capacidade do diretor David O. Russel em tornar interessantes histórias que poderiam facilmente descambar para algo banal e aborrecido. Lamentavelmente nada disso acontece neste insosso Joy: O Nome do Sucesso que, apesar do bom elenco e da competência técnica, não nos engaja como deveria.

A trama é baseada na vida de Joy Mangano (Jennifer Lawrence) uma jovem divorciada que luta para sustentar os filhos e a família desequilibrada cujos integrantes estão sempre em pé de guerra. A solução para seus problemas vem na ideia que ela para uma invenção, um esfregão com maior capacidade de limpeza e que pode se torcer sozinho. A partir de então acompanhamos seus percalços para fazer seu negócio vingar, tudo enquanto ainda continua a ser atormentada por seus parentes.

É uma típica história de superação, da jornada da pobreza à riqueza e de continuar seguindo em frente mesmo quando todos ao nosso redor nos colocam para baixo. A Joy é aquela típica mocinha sofredora, explorada por todos ao seu redor até que ela decide dar um basta em tudo. Já vimos essa história ser contada por Hollywood inúmeras vezes e este filme faz pouco para espantar a sensação de deja vu. O filme chega a tentar fazer alguns paralelos entre a jornada da protagonista e as histórias construídas em novelas, mas acaba abandonando as analogias no meio do caminho sem muita explicação.