Jack
(Jacob Tremblay) está fazendo cinco anos. Ele pede a sua mãe (Brie Larson) que
faça para ele um bolo de aniversário, um bolo de verdade igual ao que ele vê na
televisão. Antes disso ele descreve seu quarto e sua rotina com sua mãe. Seria
uma infância perfeitamente normal se eles não estivessem cativos naquele
quartinho minúsculo há anos com Jack inclusive tendo nascido ali e não
conhecendo nada do mundo além daquelas quatro paredes. Conforme o tempo passa,
Jack vai se tornando mais curioso com o que pode existir além do quarto e sua
mãe começa a pensar em maneiras de sair dali.
A
trajetória desses personagens não é apenas uma espécie de metáfora para o mito
da caverna de Platão, sobre a importância de ir além das paredes e ampliar
nossos horizontes, mas também sobre a ideia de que nada é irreparável e com o
tempo nos livramos de nossas amarras.
Assim
como fez no agridoce Frank (2015), o
diretor Lenny Abrahamson mais uma vez se volta a um protagonista que vive em
seu próprio mundo e é confrontado com a realidade. Contado praticamente sob o
ponto de vista de Jack, cujo olhar inocente evita tornar tudo muito sombrio, o
filme começa com planos fechados, que fazem o diminuto quarto parecer maior do
que realmente é, dando a impressão de que há um mundo ali dentro e para o
garoto é de seu mundo inteiro.