terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Crítica - Como Ser Solteira



Começando com uma narração que reclama como histórias envolvendo mulheres são sempre sobre seus relacionamentos, Como Ser Solteira irá logo em seguida contar histórias sobre algumas mulheres justamente a partir de seus relacionamentos. Ao longo do filme cada personagem irá engatar pelo menos uma relação e será através delas, não pelos seus momentos de solteirice ou com seus amigos, que as personagens irão passar por transformações e mudanças.

A trama é centrada em Alice (Dakota Johnson, de Cinquenta Tons de Cinza) uma jovem que decide "dar um tempo" em seu namoro de quatro anos para decidir o que quer fazer com sua vida após faculdade, já que sente que sempre se definiu por quem se relacionava e agora quer saber quem é sozinha. Além dela acompanhamos também sua irmã mais velha, a obstetra Meg (Leslie Mann), que decide engravidar via inseminação artificial, sua melhor amiga Robin (Rebel Wilson) e mais uma penca de personagens que raramente conseguem dizer a que vieram por causa das atenções difusas da narrativa.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Os Indicados ao Oscar 2016 e as Pessoas Reais que Eles Interpretaram


Filmes baseados em fatos reais são comuns em Hollywood e não é raro que muitos desses filmes cheguem até as premiações. Neste ano, pouco mais de uma dezena de atores e atrizes indicados ao Oscar conseguiram suas menções ao interpretarem pessoas que realmente existiram. Vamos ver aqui o quanto os indivíduos reais se parecem com aqueles que os interpretaram.


Rudolf Abel e Mark Rylance (Ponte dos Espiões)



Tanto o diretor Steven Spielberg quanto o ator Tom Hanks diziam querer trabalhar com Rylance desde que o viram nos palcos em uma versão da peça shakespeariana Noite de Reis há anos atrás. O ator britânico não foi apenas extremamente competente, como também é bastante parecido com Abel. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Crítica - O Quarto de Jack



Jack (Jacob Tremblay) está fazendo cinco anos. Ele pede a sua mãe (Brie Larson) que faça para ele um bolo de aniversário, um bolo de verdade igual ao que ele vê na televisão. Antes disso ele descreve seu quarto e sua rotina com sua mãe. Seria uma infância perfeitamente normal se eles não estivessem cativos naquele quartinho minúsculo há anos com Jack inclusive tendo nascido ali e não conhecendo nada do mundo além daquelas quatro paredes. Conforme o tempo passa, Jack vai se tornando mais curioso com o que pode existir além do quarto e sua mãe começa a pensar em maneiras de sair dali.

A trajetória desses personagens não é apenas uma espécie de metáfora para o mito da caverna de Platão, sobre a importância de ir além das paredes e ampliar nossos horizontes, mas também sobre a ideia de que nada é irreparável e com o tempo nos livramos de nossas amarras.

Assim como fez no agridoce Frank (2015), o diretor Lenny Abrahamson mais uma vez se volta a um protagonista que vive em seu próprio mundo e é confrontado com a realidade. Contado praticamente sob o ponto de vista de Jack, cujo olhar inocente evita tornar tudo muito sombrio, o filme começa com planos fechados, que fazem o diminuto quarto parecer maior do que realmente é, dando a impressão de que há um mundo ali dentro e para o garoto é de seu mundo inteiro.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crítica - Digimon Story: Cyber Sleuth


Análise - Digimon Story Cyber Sleuth

Review Digimon Story Cyber Sleuth
Depois de quase um ano de seu lançamento no Japão para PS Vita, o RPG Digimon Story: Cyber Sleuth finalmente traz os monstrinhos digitais ao ocidente e agora também com uma versão para o PS4 (usado neste texto). Além do óbvio apelo da franquia Digimon, o que me atraiu ao game é fazia tempo que eu estava atrás de um RPG mais tradicional, com batalhas em turnos e encontros aleatórios, e acabei encontrando aqui exatamente o que eu estava buscando.

A história se passa no futuro quando é possível digitalizar o corpo e habitar uma realidade virtual chamada EDEN. Um dia o protagonista (ou a protagonista, dependendo de sua escolha) e seus amigos são convidados por um hacker a uma parte antiga e oculta desse mundo virtual. Lá são presenteados com o aplicativo "Digimon Capture" que os permite pegar e usar Digimons, programas comumente usado pelos hackers. Nesse momento o grupo é atacado por uma estranha criatura chamada Eater e o monstro ataca o protagonista no exato momento em que tentava fazer logoff do EDEN e é quase devorado pela criatura. O protagonista é salvo pela detetive Kyoko Kuremi, que o ajuda a recuperar seu corpo, agora parte humano e parte digital, e assim se alia à detetive para desvendar uma perigosa conspiração envolvendo a empresa que controla o EDEN.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Crítica - Brooklin

Análise Crítica - Brooklin


Review - Brooklyn
Deixar seu país e tudo que você conhece para tentar a sorte em outra nação na qual não conhecemos nada nem ninguém é uma experiência bastante assustadora. Não apenas por não sabermos o que iremos encontrar do outro lado, mas também pela incerteza se será possível transformar em lar a nova moradia. Este Brooklin trata desses temas e principalmente de como os imigrantes foram essenciais para a formação de suas principais cidades, em especial Nova Iorque.

A jovem Eilis (Saiorse Ronan) deixa a Irlanda sozinha rumo a uma vida melhor nos Estados Unidos. Lá passa a viver em uma pensão cujas outras moças constantemente a provocam e arruma um emprego do qual não gosta muito. A saudade de casa parece ser insuportável e ela parece não ser capaz de tocar sua vida para frente no novo país, mas tudo parece mudar quando conhece o descendente de italianos Tony (Emory Cohen).

Com uma cenografia e figurinos que emulam muito bem a Nova Iorque dos anos 50, este é um romance bastante tradicional, mas que funciona graças à química do casal de protagonistas que constrói de modo bastante natural a atração entre os dois. A jovem Saiorse Ronan faz de sua Eilis uma jovem bastante quieta e introspectiva, mas consegue revelar de modo cuidadoso e sutil o tormento emocional experimentado por ela, chega a ser impressionante o quanto Ronan consegue dizer com apenas um leve franzir da testa ou uma pequena hesitação em seu sorriso.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Crítica - A Garota Dinamarquesa

Análise  A Garota Dinamarquesa


Review  A Garota Dinamarquesa
Tom Hooper é um diretor cujos filmes (O Discurso do Rei e Os Miseráveis) eu conseguia gostar apesar de sua direção atroz que muitas vezes sequer sabia o que fazer direito com a câmera, filmando em ângulos tortos ou usando enquadramentos pouco usuais (que não acrescentavam nada à composição das cenas) como se apenas quisesse demonstrar seu controle sobre sua obra, confundindo um amontoado de cacoetes inúteis com autoria. Neste Garota Dinamarquesa tive a sensação de que o diretor finalmente se desprendeu da ideia de que filmar com enquadramentos e ângulos esquisitos sem que isso tenha um propósito dramatúrgico não torna ninguém um "autor" e este é talvez o trabalho com sua melhor direção. O que ainda está longe de torná-lo um realizador verdadeiramente competente, já que o que sobra em virtuosismo estético, falta em emoção.

Baseado na história real de uma das primeiras pessoas a fazer uma cirurgia de mudança de sexo, o longa acompanha Einar Weneger (Eddie Redmayne) um pintor dinamarquês que faz sucesso com suas pinturas de paisagens. Sua esposa, Gerda (Alicia Vikander, do excelente Ex Machina: Instinto Artificial), é também uma pintora, mas não consegue fazer sucesso neste mundo dominado por homens. Quando uma amiga de Gerda falha em aparecer para ser modelo de uma pintura que está em progresso, a pintora pede ao marido para calças as sapatilhas e meias de balé para que ela termine o quadro. Isso desperta algo que Einar tinha deixado adormecido em si desde a infância e ganha mais força quando a esposa o estimula a ir vestido como Lili, o nome que assume como mulher, a um evento social como uma espécie de brincadeira. A questão é que para Einar isso não é apenas uma questão performática.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Critica - Um Suburbano Sortudo


Análise Um Suburbano Sortudo

Review Um Suburbano Sortudo
Assistir este pavoroso Um Suburano Sortudo foi a experiência mais dolorosa do meu dia e, considerando que imediatamente antes dele eu assisti ao intenso e implacável filme de holocausto O Filho de Saul, isso diz muito sobre o quanto esta comédia é completamente insuportável.

O filme acompanha o  humilde Denílson (Rodrigo Sant'anna) um vendedor de rua que inesperadamente descobre ser herdeiro de Damião (Stepan Nercessian), um milionário dono de uma rede varejista. Logicamente seus parentes ricos não ficam contentes com a chegada do vendedor ambulante na casa e resolvem fazer o possível para se livrar dele.

Seria um material interessante para uma boa comédia de costumes no estilo de Trocando as Bolas (1983), mas troca qualquer possibilidade de um olhar mordaz sobre relações de classe no Brasil por um humor preguiçoso, rasteiro e cheio de piadas fáceis e estereótipos antiquados, tal como acontece na maioria das comédias nacionais como o recente e igualmente terrível Até Que a Sorte Nos Separe 3 (2015).

Na verdade, muito do que falei sobre Até Que a Sorte Nos Separe 3 se aplica a este filme e eu só não copio e colo aqui tudo que escrevi antes porque diferente dos responsáveis por este filme, eu gosto de me empenhar no que faço ao invés de seguir pelo caminho mais fácil e de menor esforço.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Crítica - Deadpool

Resenha Deadpool

Análise DeadpoolA primeira vez que o mercenário tagarela da Marvel apareceu nos cinemas foi no medíocre X-Men Origens: Wolverine (2009) e a única coisa que impressionou foi como conseguiram descaracterizar totalmente o personagem, em especial na cena final do filme. A culpa nem foi do ator Ryan Reynolds, que na verdade nem teve a chance de interpretar o personagem que foi contratado para fazer, e sim o modo como o filme o construiu e o usou. Depois de todo o calvário que foi o uso do mercenário no filme solo de Wolverine é bom ver Reynolds conseguir uma redenção para si mesmo e para o personagem neste divertido Deadpool.

A trama coloca Deadpool no encalço de Ajax (Ed Skrein), o mutante responsável pelo experimento que lhe deu suas habilidades e o deixou deformado. Percebendo a aproximação do mercenário, Ajax resolve sequestrar sua antiga namorada Vanessa (Morena Baccarin), que achava que ele estava morto. Em meio a sua caçada Deadpool topa com os X-Men Colossus (Stefan Kapicic) e Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand), que tentam convencê-lo a entrar para equipe e se tornar um super-herói como eles.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Crítica - O Regresso


Análise Crítica - O Regresso

Review - O Regresso
Muitos filmes (e livros e peças, entre outros) já foram feitos sobre o duelo entre o homem e a natureza implacável, muitas histórias sobre força de vontade e superação de condições adversas já foram contadas. O Regresso pode parecer na superfície que é mais uma dessas histórias, mas não é exatamente sobre isso. Temos sim um sujeito em condições adversas, mas provavelmente não foi isso que levou o diretor Alejandro Iñarritu (que ganhou vários Oscars ano passado com Birdman) a levar esta história para os cinemas e sim seu olhar sobre o que nos faz de fato humanos e o que é exatamente que nos separa dos demais animais tidos como irracionais.

A trama é levemente baseada na história real de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) caçador de peles que trabalhava nas regiões ermas dos Estados Unidos. Durante uma expedição Glass é atacado por um urso que o deixa gravemente ferido. Com o inverno se aproximando, a companhia percebe que estão perdendo um tempo precioso ao tentarem transportar Glass e destaca três homens, incluindo o filho indígena de Glass, Hawk (Forrest Goodluck), para ficarem cuidando dele até que se recupere. Um deles, Fitzgerald (Tom Hardy), decide que estão correndo um risco muito grande cuidando de um homem praticamente morto em um terreno tão perigoso e acaba matando Hawk e enterrando Glass vivo. Glass sobrevive e mesmo debilitado decide cruzar as florestas geladas atrás de Fitzgerald.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Crítica - O Filho de Saul



Filmes sobre o holocausto ou a realidade nos campos de concentração já foram feitos aos montes e chego a desconfiar que não há muito que possa ser acrescentado aos discursos já existentes sobre o tema. Não que a relevância de se falar sobre isso tenha se esgotado, mas que existem poucas possibilidades de contar uma história ficcional acerca disso e dar ao público algo que eles nunca viram antes. Este O Filho de Saul certamente não faz isso e toca em muitas questões que já vimos em uma série de outras produções, mas o importante nele nem é sobre o que ele é, mas como ele é ao tratar disso.

O filme acompanha Saul (Geza Rohrig) um judeu húngaro que vive em um campo de concentração com um sonderkommando. Estes eram uma categoria diferente de prisioneiro que trabalhava sob ordens dos oficiais nazistas executando os trabalhos que os alemães consideravam indignos ou inferiores, como limpar as câmaras de gás ou enterrar os prisioneiros mortos. Para manter o sigilo sobre as operações de extermínio os sonderkommandos eram mantidos em isolamento dos outros presos e eram substituídos de tempos em tempos, com os antigos membros sendo executados e prisioneiros recém chegados sendo colocados na função.