segunda-feira, 7 de março de 2016

Crítica - House of Cards: 4ª Temporada




Depois da fraca terceira temporada, House of Cards volta à boa forma neste quarto ano ao colocar Frank Underwood (Kevin Spacey) diante de adversários tão ardilosos quanto ele, ao mesmo tempo em que segredos antigos insistem em não se manterem ocultos. Irei tentar evitar spoilers ao máximo, mas imagino que inevitavelmente informações das temporadas anteriores e desta irão ser abordadas.

A atual temporada começa mais ou menos no ponto em que a anterior acabou, com uma cisão entre Frank e sua esposa Claire (Robin Wright), colocando ambos em rota de colisão conforme ele segue com sua candidatura a presidente. Ao mesmo tempo, o jornalista Lucas Goodwin (Sebastian Arcelus) sai da prisão disposto a revelar a verdade envolvendo o presidente e todas as suas manobras para chegar ao poder.

Claire se revela a mais perigosa adversária que Frank enfrentou até então, não apenas por ela saber seus segredos, mas por ser tão fria, cruel, implacável e disposta a passar por cima de qualquer um e qualquer coisa para conseguir o que quer. Isso fica terrivelmente claro quando Claire intimida sua própria mãe (Ellen Burstyn), que por sinal está com um câncer terminal, a lhe dar o dinheiro para sua candidatura ao congresso, demonstrando que ela não se importa com qualquer outra coisa que não o poder. Diferente de outros adversários enfrentados pelo atual presidente, Claire consegue antecipar seus movimentos e pegá-lo desprevenido, deixando-o exposto de um modo que ainda não tínhamos visto e ainda por cima mantém-se disposta a sabotá-lo mesmo quando ele se encontra incapacitado, demonstrando que é mesmo tão dura e cruel quanto ele.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Crítica - A Bruxa


Análise Crítica - A Bruxa


Review - A BruxaVou dizer sem rodeios: A Bruxa é o melhor filme de terror que vi em muito tempo. Sei que tivemos bons exemplares do gênero ultimamente em produtos como Boa Noite, Mamãe, Corrente do Mal (2015) e Invocação do Mal (2013), mas A Bruxa consegue ser ainda mais eficiente que seus pares ao construir uma atmosfera de medo, incerteza e pavor que tornam aterrorizantes cada um de seus noventa minutos.

A trama se passa no início do século XVII no interior dos Estados Unidos e acompanha uma família de puritanos ingleses que vai morar em uma fazenda isolada no campo depois de ser expulsa de sua colônia por causa de seu radicalismo religioso. Nos primeiros dias na nova residência o bebê não batizado do casal de fazendeiros William (Ralph Ineson) e Katherine (Kate Dickie), desaparece sob os cuidados de sua filha mais velha Thomasin (Anya Taylor-Joy) e imediatamente vemos o bebê sendo usado em um ritual macabro enquanto uma estranha criatura parece se banhar em seu sangue. A partir daí vemos as coisas pioraram para a família e suas crenças fervorosas começam a jogar uns contra os outros conforme eles começam a crer que um deles é o responsável por tudo de ruim que está acontecendo.

Como falei, o filme constrói cuidadosamente um clima de pavor constante, não apenas pela possível ameaça sobrenatural, mas também pelos próprios membros da família que vão aos poucos perdendo o discernimento conforme a crise se agrava. Não é um filme de terror que recorre a trucagens baratas como coisas pulando na tela e sustos gratuitos, mas no medo do desconhecido, do não visto, do não dito. Claro, há muitas imagens verdadeiramente macabras e assustadoras como a já citada cena do bebê no início ou o momento em que Katherine "amamenta" um corvo e vemos a ave arrancar nacos de seu seio a bicadas, mas no geral muito do temor é por aquilo que não vemos e por não saber exatamente se o mal vem da bruxa da floresta ou da própria família.

Crítica - Zoolander 2


Análise Crítica - Zoolander 2

Review - Zoolander 2
Fazer uma continuação de uma comédia tanto depois pode ser algo perigoso, afinal o que era engraçado há mais de uma década atrás pode não necessariamente continuar sendo engraçado hoje. Lançado quinze anos depois do primeiro filme, este Zoolander 2 não chega a padecer desse mal, mas é difícil negar que não tem o mesmo olhar mordaz sobre o mundo da moda que o original.

Derek Zoolander (Ben Stiller) abandonou o mundo da moda e agora vive sozinho em uma cabana, mas os assassinatos em série de artistas pop obrigam a agente da Interpol Valentina Valencia (Penélope Cruz) a pedir sua ajuda. Ao mesmo tempo, ele e Hansel (Owen Wilson) são chamados de volta às passarelas pela estilista Alexanya Atoz (Kristen Wiig) e Zoolander precisa também reencontrar seu filho, que não vê há anos.

A primeira coisa que atrapalha o filme é ter que lidar com muitas subtramas que inicialmente parecem deslocadas umas das outras, sendo preciso várias idas e vindas e reviravoltas até que tudo finalmente consiga ser costurado junto. Se lembrarmos da trama simples do original (Zoolander sofrendo lavagem cerebral para matar um político durante um desfile) percebemos como é desnecessária essa tentativa de complicar demais as coisas, afinal ninguém vai assistir uma comédia besteirol esperando uma narrativa complexa.

Crítica - Agente Carter: 2ª Temporada



A primeira temporada de Agente Carter parecia ser apenas um tapa-buracos para cobrir o hiato de Agents of S.H.I.E.L.D, mas me pegou de surpresa ao trazer uma aventura bem conduzida que contribuía para o desenvolvimento de uma personagem promissora que teve pouco espaço nos filmes e também ampliava o escopo do universo Marvel no cinema e na televisão ao nos mostrar as consequências do primeiro filme do Capitão América. Esta segunda temporada, no entanto, teve pouco a acrescentar ao desenvolvimento de Peggy Carter (Hayley Atwell) ou ao próprio universo compartilhado. Logicamente, o texto a seguir tem vários SPOILERS da atual temporada.

A nova temporada começa com um mistério digno de Arquivo X, com Peggy indo a Los Angeles investigar um corpo encontrado em um lago misteriosamente congelado. A busca a coloca diante de uma conspiração comandada pelos poderosos da cidade e também da ambiciosa Whitney Frost (Wynn Everett) uma atriz de cinema que também é uma brilhante cientista. Frost descobriu uma matriz energética poderosa na instável substância negra chamada de "matéria zero" e ao ser "infectada" pela substância Frost se torna obcecada em obter mais de seu poder. Assim, Peggy corre contra o tempo para detê-la, tendo novamente o auxílio de Edwin Jarvis (James D'Arcy), mordomo de Howard Stark (Dominic Cooper).

terça-feira, 1 de março de 2016

Crítica - Kung Fu Panda 3



Quando uma animação chega a seu terceiro capítulo, sempre tenho um certo receio pelo que verei a seguir, já que para cada exemplar de boa "parte 3" como Toy Story 3 (2010), temos uma penca de péssimos exemplos como Shrek Terceiro (2007) ou Era do Gelo 3 (2009). Este Kung Fu Panda 3 logicamente não chega no nível de excelência do primeiro exemplo, mas tampouco é tão preguiçoso e sem graça quanto os outros dois, trazendo uma aventura bem divertida, apesar de não trazer nada de realmente novo.

Na nova aventura Po (Jack Black) é colocado na posição de professor de kung fu pelo mestre Shifu (Dustin Hoffman) e precisa aprender a ser um mestre eficiente. Ao mesmo tempo, o panda encontra seu pai verdadeiro Li (Bryan Cranston) que lhe revela que os pandas sobreviveram e habitam uma vila escondida nas montanhas. O reencontro com sua espécie, no entanto, é ameaçado pelo surgimento de uma nova ameaça na forma de Kai (J.K. Simmons) um guerreiro poderoso que tinha sido banido ao mundo espiritual pelo mestre Oogway (Randall Duk Kim), mas conseguiu escapar e voltou à China em busca de vingança, transformando os principais mestres de kung fu em zumbis de jade sob seu comando. Assim, Po precisa treinar os pandas de sua vila para enfrentarem essa nova ameaça.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Crítica - Um Homem Entre Gigantes



O futebol americano é um esporte de intenso contato físico no qual os atletas são submetidos constantemente a fortes impactos, inclusive na cabeça. É de se imaginar que a NFL, o órgão que gerencia a liga americana, tenha plena ciência dos riscos de saúde de se levar uma vida com golpes na cabeça em ritmo quase que diário, mas a verdade é que a liga sempre negou que o cotidiano de um atleta de futebol americano pudesse causar dano cerebral permanente e foi preciso que um médico legista sem qualquer envolvimento com o esporte questionasse isso para que a poderosa entidade finalmente fosse questionada sobre esse problema.

Um Homem Entre Gigantes é baseado na história real de Bennet Omalu (Will Smith), médico nigeriano que trabalhava como legista na cidade de Pittsburgh nos Estados Unidos. Por acaso ele é incumbido de fazer a autópsia do ex-jogador Mike Webster (David Morse) e descobre que o dano cerebral decorrente de quase duas décadas de futebol americano profissional foram os responsáveis pelos problemas físicos e mentais que levaram o jogador ao suicídio. Aos poucos o médico vai percebendo uma aparição constante de casos semelhantes entre outros atletas do mesmo esporte. Quando resolve tornar públicas as suas descobertas, Omalu é violentamente rechaçado pela NFL, que faz tudo para desacreditá-lo e os resultados de sua pesquisa.

Vencedores do Oscar 2016

 
A cerimônia de entrega dos Oscars aconteceu no domingo, 28 de fevereiro, e trouxe alguns vencedores previsíveis, algumas surpresas e também esnobadas. O apresentador da noite Chris Rock não fugiu da polêmica envolvendo a ausência de negros na premiação e falou com todas as letras que Hollywood é de fato racista. O grande vencedor da noite foi Mad Max: Estrada da Fúria que levou para casa seis estatuetas, enquanto que O Regresso finalmente rendeu a Leonardo DiCaprio o tão esperado prêmio de melhor ator e fez também o diretor Alejandro Iñarritu vencer o Oscar de diretor pelo segundo ano consecutivo (ele venceu ano passado por Birdman), o filme ainda ganhou o prêmio de melhor fotografia. O veterano compositor Ennio Morricone venceu seu primeiro Oscar dentro da competição (ele já tinha ganho uma estatueta honorária por conjunto da obra) pelo seu trabalho em Os Oito Odiados de Quentin Tarantino e Divertida Mente confirmou seu favoritismo na categoria de animação não dando espaço para a ótima animação brasileira O Menino e o Mundo.

No campo das surpresas tivemos a (merecida) vitória do excelente Ex Machina: Instinto Artificial na estatueta de melhores efeitos especiais, batendo o favoritismo de Mad Max: Estrada da Fúria e Star Wars: O Despertar da Força. Surpresa também no principal prêmio da noite, o Oscar de melhor filme, que acabou ficando com Spotlight: Segredos Revelados quando todo mundo imaginava que a disputa seria vencida por O Regresso, Mad Max: Estrada da Fúria ou A Grande Aposta. Muitos se sentiram injustiçados pela derrota de Sylvester Stallone na estatueta de melhor ator coadjuvante, mas, apesar de minha torcida por Sly, considero que o prêmio ficou nas boas mãos do veterano dos palcos Mark Rylance que roubou a cena em Ponte dos Espiões.
 
A grande esnobada mesmo aconteceu na categoria de melhor canção original, na qual Lady Gaga e a intensa Til It Happens To You, tema do documentário The Hunting Ground, foi derrotada pelo tema de 007 Contra Spectre cantado por Sam Smith. Gaga foi introduzida ao palco por ninguém menos que Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos, que foi aplaudido de pé ao fim de seu discurso sobre a necessidade de combater a violência contra a mulher, tema do documentário, e a própria Gaga também foi aplaudida de pé após sua apresentação, sendo a única entre todos os concorrentes em sua categoria a receber essa honraria e, apesar de todo esse reconhecimento, inexplicavelmente não levou a estatueta para casa.
 
Confiram abaixo os indicados e vencedores (destacados em negrito) e comentem o que acharam da premiação.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Vencedores do Framboesa de Ouro 2016

 
No sábado, 26 de fevereiro, um dia antes do Oscar, aconteceu a entrega do Framboesa de Ouro, premiação que "honra" os piores filmes do ano. Nesta edição o terrível Cinquenta Tons de Cinza foi o grande vencedor levando quatro prêmios. A nova versão do Quarteto Fantástico empatou com o romance erótico na categoria de pior filme e ainda rendeu um prêmio de pior diretor para Josh Trank. Confiram abaixo os indicados e os vencedores de cada categoria destacados em negrito.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Crítica - Deuses do Egito


Análise Crítica - Deuses do Egito

Review - Deuses do Egito
Vou ser direto: Deuses do Egito não é apenas um filme ruim, ele é tão ruim que acaba inevitavelmente descambando para o humor involuntário e produzindo risos inesperados com a sua ruindade.

A trama se passa no antigo Egito quando os deuses do Nilo caminhavam entre os homens. O jovem ladrão Bek (Brenton Thwaites) rouba um dos olhos do deus Hórus (Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones) do cofre de Set (Gerard Butler), deus que dominou o Egito e o governa como um déspota. Bek resolve devolver o olho a Hórus e o ajuda em sua jornada para se vingar de Set em troca da ressurreição de sua amada Zaya (Courtney Eaton).

A primeira coisa que salta aos olhos são os visuais datados, que parecem saídos diretamente de alguma série de televisão dos anos noventa. Não ajuda também a computação gráfica de baixa qualidade que constrói esses ambientes e personagens, denunciando a artificialidade deste universo. As "formas divinas" dos deuses egípicios mais parecem designs rejeitados para alguma série japonesa estilo metal hero de décadas atrás e sempre que aparecem em cena produzem risos ao invés de impressionar, isso sem falar na transformação de Set em uma espécie de megazord próximo ao fim, quando ele combina os poderes dos diferentes deuses.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Crítica - Boa Noite, Mamãe



Dois irmãos gêmeos (Lukas e Elias Schwartz) veem a mãe (Susanne Wuest) retornar para casa depois de um acidente. Por causa do acidente, sua mãe está com o rosto completamente enfaixado e parece falar e agir diferente do que as duas crianças esperam dela. Aos poucos, a dupla começa a achar que há algo errado com a mãe deles e decidem tomar as rédeas da situação. Aos poucos, no entanto, as soluções encontradas pelos garotos começam a soar drásticas demais.

Quando eu falei sobre o ótimo Corrente do Mal, escrevi que um dos motivos da criatura ser tão ameaçadora é o fato de sabermos muito pouco sobre o que é exatamente "a coisa". O uso do desconhecido é um dos motivos pelos quais o austríaco Boa Noite, Mamãe acaba funcionando tão bem. O filme sempre nos deixa incertos quanto à natureza real da ameaça que estamos enfrentando, há algo errado com a mãe? Há algo errado com as crianças? Quem no fim das contas está ameaçando quem?