Toda
época de Páscoa sempre chega aos cinemas alguma nova versão do calvário de
Jesus Cristo para tentar arrecadar alguns trocados do público que está no
espírito do feriado e um dos exemplares deste ano é Ressurreição, que até tenta trazer algo novo a esta história
conhecida ao centrar sua narrativa em um oficial romano, mas tropeça em vários
problemas que o impedem de funcionar.
Acompanhamos
Clavius (Joseph Fiennes), um oficial romano destacado por Pôncio Pilatos (Peter
Firth) para descobrir o que aconteceu com o corpo de Yeshua (Cliff Curtis),
crucificado por ser um agitador e considerados por muitos o messias, que
desapareceu de sua tumba lacrada. Sim, o diretor e roteirista Kevin Reynolds
decidiu transformar uma das histórias mais conhecidas do mundo ocidental em uma
narrativa policial no padrão "mistério do quarto fechado" e, bem, é
claro que isso não funciona.
Como
praticamente todo mundo que entrará no cinema para ver esse filme já está de
algum modo familiarizado com a narrativa sobre a morte e ressurreição de
Cristo, então toda a investigação de Clavius fica esvaziada de mistério,
tensão, suspense ou incerteza, pois todo mundo sabe exatamente o que está ao
fim do percurso. Mais que isso, o modo como o filme conduz tudo isso torna tudo
ainda mais enfadonho ao colocar o protagonista para interrogar bêbados e
moradores de rua que não trazem qualquer informação útil a sua investigação ou
ao público, além de serem interpretados com tanto exagero (há uma cena com um
soldado embriagado que parece o Tonho da Lua) que se tornam caricaturas
aborrecidas. Deste modo, toda a primeira metade do filme soa como um inócuo
teste de paciência enquanto vemos o filme preencher o tempo enquanto atrasa uma
revelação que todos sabemos qual é.