segunda-feira, 4 de abril de 2016

Crítica - Invasão a Londres



Invasão a Casa Branca era basicamente um Duro de Matar dentro da icônica residência presidencial (assim como o quase idêntico O Ataque, lançado com apenas alguns meses de diferença), mas conseguia ser ao menos divertido graças ao carisma de Gerard Butler e a ação intensa que não economizava na violência. Já esta continuação não consegue ir além de uma mera repetição do anterior, prejudicada ainda por alguns problemas de roteiro.

O filme começa com a morte do primeiro-ministro britânico, o presidente Asher (Aaron Eckhart) vai a Londres para o enterro, assim como outros líderes mundiais. Quando o funeral é atacado por terroristas que tomam a cidade e boa parte dos líderes mundiais é assassinada, cabe ao agente do serviço secreto Mike Banning (Gerard Butler) salvar seu presidente de novo.

A trama, portanto, é praticamente a mesma do primeiro e isso nem seria tão problemático se ao menos houvesse um senso de progressão, de que os personagens aprenderam algo com as experiências do filme anterior, mas isso não acontece. Não há nenhuma menção ou mesmo repercussão em relação ao ataque do filme anterior ou à destruição na Casa Branca, tampouco à morte da esposa do presidente (ele até a menciona, mas quem não viu o filme anterior provavelmente nem saberá que ela já está morta) e nesse sentido mais parece um reboot do que uma sequência. O mínimo resquício de um arco de personagem é a insegurança de Banning em ser pai, mas isso é rapidamente resolvido com uma breve conversa com o presidente no abrigo do MI6.

terça-feira, 29 de março de 2016

Crítica - Zoom




O drama Entre Nós (2014) me surpreendeu pelos seus personagens complexos e sensível estudo sobre um grupo de pessoas solitárias, tanto que fiquei curioso por este Zoom, novo projeto de Pedro Morrelli (que dirigiu Entre Nós ao lado do pai, Paulo Morelli), que seria uma narrativa envolvendo diversos núcleos de personagens e misturando atores reais com animação.

A trama acompanha três artistas, que enfrentam problemas para levar suas criações adiante. A modelo Michelle (Mariana Ximenes) quer se tornar uma escritora, mas seu marido, Dale (Jason Priestley), não tem confiança em seu trabalho e acha que seu editor apenas está interessado nela por sua beleza. Emma tenta escrever uma história em quadrinhos, mas percebe que seu colega de trabalho, com quem tem uma relação casual, a subestima por sua aparência comum e ela começa a pensar em colocar próteses de silicone. Enquanto isso, Edward (Gael Garcia Bernal) é um galã e diretor famoso por filmes de ação blockbuster, mas enfrenta resistência do estúdio ao tentar fazer um filme mais artístico.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Crítica - Visões do Passado




Uma pessoa começa a ver gente morta e aos poucos ela vai percebendo que esses mortos estão querendo lhe dizer algo, como que lhe pedindo ajuda, e decide então seguir o caminho que os mortos lhe indicam na esperança de que isso lhe dê alguma paz. Esse é o enredo de O Sexto Sentido (1999) de M. Night Shyamalan, mas também é perfeitamente aplicável a este péssimo Visões do Passado, que tem problemas muito maiores do que apenas o plágio da trama.

O psicólogo Peter Bower (Adrien Brody) está com a vida em frangalhos desde a morte de sua filha. Tentando retornar ao trabalho depois do trauma, ele começa a receber pacientes indicados por seu amigo Duncan (Sam Neill). Coisas estranhas começam a acontecer durante as sessões até que Bower se dá conta de que todos os seus pacientes estão, na verdade, mortos.

O pior nem é a sensação de que já vimos tudo isso antes e sim o filme ser completamente incompetente em manejar a intriga e o suspense, já que cada reviravolta é terrivelmente óbvia, pode ser antecipada com enorme antecedência e algumas delas até comprometem a coesão interna do universo narrativo. Em dado momento Peter diz que o acidente da filha aconteceu por ter distraído por um instante, mas não consegue se lembrar o que estava vendo e nesse momento qualquer espectador minimamente atento saberá que isso é a chave para resolver tudo, mas o filme segue por um bom tempo sem tocar nisso, como se não tivéssemos reparado. Do mesmo modo, assim que sabemos que Peter se envolveu em um acidente de trem em sua juventude, fica completamente óbvio que aquilo que o distraiu foi algo relacionado a trens, mas ainda assim a narrativa irá demorar até chegar a essa conclusão.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Crítica - Batman vs Superman: A Origem da Justiça



O Homem de Aço (2013) dividiu opiniões ao apresentar sua versão do Superman sob um olhar mais sério e realista (na medida do possível para um filme sobre um ET indestrutível). Este Batman vs Superman: A Origem da Justiça pareceu desde o início da divulgação feito para atender as críticas feitas ao filme anterior, mas apesar de resolver algumas coisas mal trabalhadas anteriormente, a equipe encabeçada por Zack Snyder parece ter aprendido pouco de 2013 para cá e assim o resultado, do mesmo modo que antes, é apenas aceitável.

O filme começa revisando o clímax do filme anterior, colocando Bruce Wayne (Ben Affleck) em meio à destruição de Metrópolis tentando salvar as pessoas no prédio de suas empresas enquanto Superman (Henry Cavill) e Zod (Michael Shannon) se enfrentam e põem a cidade abaixo. Convencido de que o Superman é uma ameaça, Wayne decide focar seus recursos em encontrar um meio de detê-lo, ao mesmo tempo que o bilionário Lex Luthor (Jesse Eisenberg) também parece obcecado em destruir o Homem de Aço, mas por razões bem menos altruístas. Clark Kent, por sua vez, precisa lidar com o peso de suas ações sobre o mundo e o fato de que nem todos apreciam a figura do Superman.

terça-feira, 22 de março de 2016

Crítica - A Luneta do Tempo

Irandhir Santos A Luneta do Tempo


Alceu Valença A Luneta do TempoTenho que confessar que sou fã do cantor e compositor Alceu Valença e quando soube que ele iria dirigir um longa-metragem fiquei curioso para ver o que ele poderia fazer. Este A Luneta do Tempo poderia de algum modo ser classificado como uma espécie de western do sertão pernambucano e nas mãos de outros poderia ser uma pálida tentativa de emular um formato hollywoodiano conhecido, mas ao contar um história que se estende por gerações do conflito entre cangaceiros e autoridades, Valença está mais preocupado em reverenciar nossa própria história e cultura do que em qualquer aproximação com formatos estrangeiros.

Lampião (Irandhir Santos) lidera seu bando pelo sertão pernambucano acompanhado por Maria Bonita (Hermila Guedes) enquanto são perseguidos pelas autoridades. Seu principal adversário é Antero Tenente (Servilio Holanda), que jurou vingança depois de ter sido amarrado de cabeça para baixo e abandonado pelo bando. A rivalidade entre Antero e Severo Brilhante (Evair Bahia), braço direito de Lampião, acaba se estendendo para gerações posteriores.

domingo, 20 de março de 2016

Crítica - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho


Análise Crítica - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho

Review - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
Confesso que não estava esperando muita coisa de Zootopia. Aventuras animadas estreladas por animais antropomórficos são uma constante no cinema e apesar do bom humor dos trailers, nada indicava que poderia ser diferente de qualquer outra produção similar. Assim sendo, fiquei bastante satisfeito ao perceber que tinha me enganado e além de uma aventura ágil e divertida, o filme ainda traz um competente comentário social sobre intolerância.

A história se passa em um universo sem humanos no qual os animais evoluíram e formaram uma sociedade similar à nossa. A protagonista é a coelha Judy Hopps (Ginnifer Goodwin/Monica Iozzi) que sempre sonhou em se tornar uma policial da cidade de Zootopia, algo que nunca tinha sido feito por nenhum outro coelho. Superando as dificuldades do treinamento ela entra para a polícia mas é subestimada por colegas e superiores. Quando uma série de desaparecimentos começam a acontecer na cidade, ela vê uma oportunidade de provar seu valor, mas ao curso da investigação seu caminho cruza com a raposa Nick Wilde (Jason Bateman/Rodrigo Lombardi), um malandro que vive de pequenos golpes, e juntos eles tentam resolver o mistério.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Crítica - Demolidor: 2ª Temporada




A primeira temporada de Demolidor nos apresentou a um lado mais sombrio e, de certa forma, mais adulto do universo Marvel. Não apenas por conta da violência e palavrões, mas também por trazer uma moral menos preto no branco e por discutir temas como a natureza da justiça ou mesmo relacionamentos abusivos, como fez Jessica Jones. Essa segunda temporada desenvolve as boas fundações deixadas na primeira, embora tenha alguns problemas para amarrar as muitas subtramas. Como falo da temporada como um todo, alguns (pequenos) SPOILERS são inevitáveis.

Depois do que aconteceu na temporada anterior, as muitas gangues de Nova Iorque tentam ocupar o vácuo de poder deixado por Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio). Matt Murdock (Charlie Cox) continua fazendo tudo ao seu alcance para ajudar sua comunidade, mas o combate ao crime se complica com o surgimento de Frank Castle (Jon Bernthal), um homem que declarou guerra ao crime depois do assassinato de sua família e vem deixando uma trilha de corpos pelo caminho. Além de Frank, cuja morte da família pode estar ligada a uma conspiração maior, Matt precisa lidar também com o retorno de sua imprevisível ex-namorada Elektra (Elodie Yung, recentemente em cartaz em Deuses do Egito) que parece estar envolvida na guerra milenar que Stick (Scott Glenn) tinha alertado Matt na temporada anterior.

terça-feira, 15 de março de 2016

Crítica - Ressurreição



Toda época de Páscoa sempre chega aos cinemas alguma nova versão do calvário de Jesus Cristo para tentar arrecadar alguns trocados do público que está no espírito do feriado e um dos exemplares deste ano é Ressurreição, que até tenta trazer algo novo a esta história conhecida ao centrar sua narrativa em um oficial romano, mas tropeça em vários problemas que o impedem de funcionar.

Acompanhamos Clavius (Joseph Fiennes), um oficial romano destacado por Pôncio Pilatos (Peter Firth) para descobrir o que aconteceu com o corpo de Yeshua (Cliff Curtis), crucificado por ser um agitador e considerados por muitos o messias, que desapareceu de sua tumba lacrada. Sim, o diretor e roteirista Kevin Reynolds decidiu transformar uma das histórias mais conhecidas do mundo ocidental em uma narrativa policial no padrão "mistério do quarto fechado" e, bem, é claro que isso não funciona.

Como praticamente todo mundo que entrará no cinema para ver esse filme já está de algum modo familiarizado com a narrativa sobre a morte e ressurreição de Cristo, então toda a investigação de Clavius fica esvaziada de mistério, tensão, suspense ou incerteza, pois todo mundo sabe exatamente o que está ao fim do percurso. Mais que isso, o modo como o filme conduz tudo isso torna tudo ainda mais enfadonho ao colocar o protagonista para interrogar bêbados e moradores de rua que não trazem qualquer informação útil a sua investigação ou ao público, além de serem interpretados com tanto exagero (há uma cena com um soldado embriagado que parece o Tonho da Lua) que se tornam caricaturas aborrecidas. Deste modo, toda a primeira metade do filme soa como um inócuo teste de paciência enquanto vemos o filme preencher o tempo enquanto atrasa uma revelação que todos sabemos qual é.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Crítica - House of Cards: 4ª Temporada




Depois da fraca terceira temporada, House of Cards volta à boa forma neste quarto ano ao colocar Frank Underwood (Kevin Spacey) diante de adversários tão ardilosos quanto ele, ao mesmo tempo em que segredos antigos insistem em não se manterem ocultos. Irei tentar evitar spoilers ao máximo, mas imagino que inevitavelmente informações das temporadas anteriores e desta irão ser abordadas.

A atual temporada começa mais ou menos no ponto em que a anterior acabou, com uma cisão entre Frank e sua esposa Claire (Robin Wright), colocando ambos em rota de colisão conforme ele segue com sua candidatura a presidente. Ao mesmo tempo, o jornalista Lucas Goodwin (Sebastian Arcelus) sai da prisão disposto a revelar a verdade envolvendo o presidente e todas as suas manobras para chegar ao poder.

Claire se revela a mais perigosa adversária que Frank enfrentou até então, não apenas por ela saber seus segredos, mas por ser tão fria, cruel, implacável e disposta a passar por cima de qualquer um e qualquer coisa para conseguir o que quer. Isso fica terrivelmente claro quando Claire intimida sua própria mãe (Ellen Burstyn), que por sinal está com um câncer terminal, a lhe dar o dinheiro para sua candidatura ao congresso, demonstrando que ela não se importa com qualquer outra coisa que não o poder. Diferente de outros adversários enfrentados pelo atual presidente, Claire consegue antecipar seus movimentos e pegá-lo desprevenido, deixando-o exposto de um modo que ainda não tínhamos visto e ainda por cima mantém-se disposta a sabotá-lo mesmo quando ele se encontra incapacitado, demonstrando que é mesmo tão dura e cruel quanto ele.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Crítica - A Bruxa


Análise Crítica - A Bruxa


Review - A BruxaVou dizer sem rodeios: A Bruxa é o melhor filme de terror que vi em muito tempo. Sei que tivemos bons exemplares do gênero ultimamente em produtos como Boa Noite, Mamãe, Corrente do Mal (2015) e Invocação do Mal (2013), mas A Bruxa consegue ser ainda mais eficiente que seus pares ao construir uma atmosfera de medo, incerteza e pavor que tornam aterrorizantes cada um de seus noventa minutos.

A trama se passa no início do século XVII no interior dos Estados Unidos e acompanha uma família de puritanos ingleses que vai morar em uma fazenda isolada no campo depois de ser expulsa de sua colônia por causa de seu radicalismo religioso. Nos primeiros dias na nova residência o bebê não batizado do casal de fazendeiros William (Ralph Ineson) e Katherine (Kate Dickie), desaparece sob os cuidados de sua filha mais velha Thomasin (Anya Taylor-Joy) e imediatamente vemos o bebê sendo usado em um ritual macabro enquanto uma estranha criatura parece se banhar em seu sangue. A partir daí vemos as coisas pioraram para a família e suas crenças fervorosas começam a jogar uns contra os outros conforme eles começam a crer que um deles é o responsável por tudo de ruim que está acontecendo.

Como falei, o filme constrói cuidadosamente um clima de pavor constante, não apenas pela possível ameaça sobrenatural, mas também pelos próprios membros da família que vão aos poucos perdendo o discernimento conforme a crise se agrava. Não é um filme de terror que recorre a trucagens baratas como coisas pulando na tela e sustos gratuitos, mas no medo do desconhecido, do não visto, do não dito. Claro, há muitas imagens verdadeiramente macabras e assustadoras como a já citada cena do bebê no início ou o momento em que Katherine "amamenta" um corvo e vemos a ave arrancar nacos de seu seio a bicadas, mas no geral muito do temor é por aquilo que não vemos e por não saber exatamente se o mal vem da bruxa da floresta ou da própria família.