quarta-feira, 13 de abril de 2016

Crítica - O Escaravelho do Diabo



Nostalgia pode ser algo perigoso. Quando retornamos a algo que adorávamos quando éramos mais novos, nem sempre aquilo que encontramos está a altura das memórias afetuosas que tínhamos daquilo. Esse era exatamente meu medo ao assistir esta adaptação de O Escaravelho do Diabo, livro que compunha a famosa coleção Vagalume, bastante famosa na minha época de garoto com suas histórias de mistério e aventura, mas felizmente a história que eu lembrava com tanto carinho continua funcionando bem.

A história se passa na pequena cidade de Vale das Flores clima pacato é quebrado quando um assassinato deixa todos em polvorosa. O jovem Hugo Maltese (Cirillo Luna) é morto com uma espada cravada no peito e sua morte parece estar ligada a uma misteriosa caixa contendo um escaravelho que ele recebeu alguns dias antes. Vendo que a polícia parece não saber como lidar com o crime, Alberto (Thiago Rossetti), irmão mais novo de Hugo, resolve ajudar o delegado Pimentel (Marcos Caruso) na investigação e aos poucos percebem que o criminoso tem um interesse doentio em escaravelhos e pessoas ruivas.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Crítica - Ave, César!


Análise Ave, César!
Review Ave, César!Os irmãos Coen já tinham feito graça do meio hollywoodiano no ácido Barton Fink: Delírios de Hollywood (1991) e agora voltam a satirizar este ambiente em Ave, César!, que é simultaneamente uma paródia da época de ouro do studio system, quando os executivos de estúdio comandavam tudo como uma fábrica e mandavam até na vida pessoal dos atores, e também uma nostálgica carta de amor a um tempo mais ingênuo do cinema.

Acompanhamos Eddie Mannix (Josh Brolin) um chefe de estúdio que está tendo dias atribulados tendo que lidar com suas estrelas, diretores, jornalistas e até seu patrão. O principal problema, no entanto, surge quando o astro Baird Whitlock (George Clooney) é sequestrado durante as filmagens do épico Ave, César!, que é o principal produto do estúdio naquele ano. Além disso, ele precisa manter a imagem de boa-moça de DeeAnna Moran (Scarlett Johansson), estrela dos musicais que está grávida e não sabe quem é o pai, e transformar o astro do western Hobie (Alden Ehrenreich) em um galã dos melodramas.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Crítica - Rua Cloverfield 10


 
Estamos numa época em que a internet é capaz de dissecar todos os detalhes de um filme antes dele ser lançado, quando fotos de sets de filmagem e roteiros inevitavelmente vazam online e mesmo peças oficiais de divulgação como trailers já revelam a trama inteira e as principais reviravoltas de um filme (como aconteceu com Exterminador do Futuro: Gênesis ou Batman vs Superman). Assim sendo, o fato de J.J Abrams (que também foi eficiente em manter em segredo o seu Star Wars: O Despertar da Força) conseguir colocar em produção e manter a existência deste Rua Cloverfield 10 completamente em segredo até poucos meses antes de seu lançamento já é um mérito por si só.

Hoje dificilmente uma continuação, spin-off ou "sucessor espiritual" (como a produtora de Abrams insiste em chamar esse filme) de uma produção relativamente bem sucedida como Cloverfield: Monstro (2008), passaria batido pelo radar da imprensa especializada e ao utilizar uma estratégia que vai na contramão do mercado, confesso que a produtora Bad Robot conseguiu me deixar bastante intrigado para conferir este produto que pode ou não se conectar com a narrativa de 2008.

Abandonando o formato de found footage do filme anterior, a trama começa quando Michelle (Mary Elizabeth Winstead) sai de casa depois de brigar com o namorado. Quando sofre um acidente de carro ela acorda em um bunker subterrâneo com suas feridas tratadas, mas algemada a um corrimão. Seu anfitrião é o corpulento e rígido ex-militar Howard (John Goodman), que lhe informa que houve um grande ataque e o ar fora contaminado, restando a eles se abrigarem no esconderijo subterrâneo que ele construiu em sua fazenda. Além deles o abrigo também é habitado por Emmett (John Gallagher Jr), que parece ter tanto medo de Howard quanto Michelle.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Crítica - Invasão a Londres



Invasão a Casa Branca era basicamente um Duro de Matar dentro da icônica residência presidencial (assim como o quase idêntico O Ataque, lançado com apenas alguns meses de diferença), mas conseguia ser ao menos divertido graças ao carisma de Gerard Butler e a ação intensa que não economizava na violência. Já esta continuação não consegue ir além de uma mera repetição do anterior, prejudicada ainda por alguns problemas de roteiro.

O filme começa com a morte do primeiro-ministro britânico, o presidente Asher (Aaron Eckhart) vai a Londres para o enterro, assim como outros líderes mundiais. Quando o funeral é atacado por terroristas que tomam a cidade e boa parte dos líderes mundiais é assassinada, cabe ao agente do serviço secreto Mike Banning (Gerard Butler) salvar seu presidente de novo.

A trama, portanto, é praticamente a mesma do primeiro e isso nem seria tão problemático se ao menos houvesse um senso de progressão, de que os personagens aprenderam algo com as experiências do filme anterior, mas isso não acontece. Não há nenhuma menção ou mesmo repercussão em relação ao ataque do filme anterior ou à destruição na Casa Branca, tampouco à morte da esposa do presidente (ele até a menciona, mas quem não viu o filme anterior provavelmente nem saberá que ela já está morta) e nesse sentido mais parece um reboot do que uma sequência. O mínimo resquício de um arco de personagem é a insegurança de Banning em ser pai, mas isso é rapidamente resolvido com uma breve conversa com o presidente no abrigo do MI6.

terça-feira, 29 de março de 2016

Crítica - Zoom




O drama Entre Nós (2014) me surpreendeu pelos seus personagens complexos e sensível estudo sobre um grupo de pessoas solitárias, tanto que fiquei curioso por este Zoom, novo projeto de Pedro Morrelli (que dirigiu Entre Nós ao lado do pai, Paulo Morelli), que seria uma narrativa envolvendo diversos núcleos de personagens e misturando atores reais com animação.

A trama acompanha três artistas, que enfrentam problemas para levar suas criações adiante. A modelo Michelle (Mariana Ximenes) quer se tornar uma escritora, mas seu marido, Dale (Jason Priestley), não tem confiança em seu trabalho e acha que seu editor apenas está interessado nela por sua beleza. Emma tenta escrever uma história em quadrinhos, mas percebe que seu colega de trabalho, com quem tem uma relação casual, a subestima por sua aparência comum e ela começa a pensar em colocar próteses de silicone. Enquanto isso, Edward (Gael Garcia Bernal) é um galã e diretor famoso por filmes de ação blockbuster, mas enfrenta resistência do estúdio ao tentar fazer um filme mais artístico.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Crítica - Visões do Passado




Uma pessoa começa a ver gente morta e aos poucos ela vai percebendo que esses mortos estão querendo lhe dizer algo, como que lhe pedindo ajuda, e decide então seguir o caminho que os mortos lhe indicam na esperança de que isso lhe dê alguma paz. Esse é o enredo de O Sexto Sentido (1999) de M. Night Shyamalan, mas também é perfeitamente aplicável a este péssimo Visões do Passado, que tem problemas muito maiores do que apenas o plágio da trama.

O psicólogo Peter Bower (Adrien Brody) está com a vida em frangalhos desde a morte de sua filha. Tentando retornar ao trabalho depois do trauma, ele começa a receber pacientes indicados por seu amigo Duncan (Sam Neill). Coisas estranhas começam a acontecer durante as sessões até que Bower se dá conta de que todos os seus pacientes estão, na verdade, mortos.

O pior nem é a sensação de que já vimos tudo isso antes e sim o filme ser completamente incompetente em manejar a intriga e o suspense, já que cada reviravolta é terrivelmente óbvia, pode ser antecipada com enorme antecedência e algumas delas até comprometem a coesão interna do universo narrativo. Em dado momento Peter diz que o acidente da filha aconteceu por ter distraído por um instante, mas não consegue se lembrar o que estava vendo e nesse momento qualquer espectador minimamente atento saberá que isso é a chave para resolver tudo, mas o filme segue por um bom tempo sem tocar nisso, como se não tivéssemos reparado. Do mesmo modo, assim que sabemos que Peter se envolveu em um acidente de trem em sua juventude, fica completamente óbvio que aquilo que o distraiu foi algo relacionado a trens, mas ainda assim a narrativa irá demorar até chegar a essa conclusão.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Crítica - Batman vs Superman: A Origem da Justiça



O Homem de Aço (2013) dividiu opiniões ao apresentar sua versão do Superman sob um olhar mais sério e realista (na medida do possível para um filme sobre um ET indestrutível). Este Batman vs Superman: A Origem da Justiça pareceu desde o início da divulgação feito para atender as críticas feitas ao filme anterior, mas apesar de resolver algumas coisas mal trabalhadas anteriormente, a equipe encabeçada por Zack Snyder parece ter aprendido pouco de 2013 para cá e assim o resultado, do mesmo modo que antes, é apenas aceitável.

O filme começa revisando o clímax do filme anterior, colocando Bruce Wayne (Ben Affleck) em meio à destruição de Metrópolis tentando salvar as pessoas no prédio de suas empresas enquanto Superman (Henry Cavill) e Zod (Michael Shannon) se enfrentam e põem a cidade abaixo. Convencido de que o Superman é uma ameaça, Wayne decide focar seus recursos em encontrar um meio de detê-lo, ao mesmo tempo que o bilionário Lex Luthor (Jesse Eisenberg) também parece obcecado em destruir o Homem de Aço, mas por razões bem menos altruístas. Clark Kent, por sua vez, precisa lidar com o peso de suas ações sobre o mundo e o fato de que nem todos apreciam a figura do Superman.

terça-feira, 22 de março de 2016

Crítica - A Luneta do Tempo

Irandhir Santos A Luneta do Tempo


Alceu Valença A Luneta do TempoTenho que confessar que sou fã do cantor e compositor Alceu Valença e quando soube que ele iria dirigir um longa-metragem fiquei curioso para ver o que ele poderia fazer. Este A Luneta do Tempo poderia de algum modo ser classificado como uma espécie de western do sertão pernambucano e nas mãos de outros poderia ser uma pálida tentativa de emular um formato hollywoodiano conhecido, mas ao contar um história que se estende por gerações do conflito entre cangaceiros e autoridades, Valença está mais preocupado em reverenciar nossa própria história e cultura do que em qualquer aproximação com formatos estrangeiros.

Lampião (Irandhir Santos) lidera seu bando pelo sertão pernambucano acompanhado por Maria Bonita (Hermila Guedes) enquanto são perseguidos pelas autoridades. Seu principal adversário é Antero Tenente (Servilio Holanda), que jurou vingança depois de ter sido amarrado de cabeça para baixo e abandonado pelo bando. A rivalidade entre Antero e Severo Brilhante (Evair Bahia), braço direito de Lampião, acaba se estendendo para gerações posteriores.

domingo, 20 de março de 2016

Crítica - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho


Análise Crítica - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho

Review - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
Confesso que não estava esperando muita coisa de Zootopia. Aventuras animadas estreladas por animais antropomórficos são uma constante no cinema e apesar do bom humor dos trailers, nada indicava que poderia ser diferente de qualquer outra produção similar. Assim sendo, fiquei bastante satisfeito ao perceber que tinha me enganado e além de uma aventura ágil e divertida, o filme ainda traz um competente comentário social sobre intolerância.

A história se passa em um universo sem humanos no qual os animais evoluíram e formaram uma sociedade similar à nossa. A protagonista é a coelha Judy Hopps (Ginnifer Goodwin/Monica Iozzi) que sempre sonhou em se tornar uma policial da cidade de Zootopia, algo que nunca tinha sido feito por nenhum outro coelho. Superando as dificuldades do treinamento ela entra para a polícia mas é subestimada por colegas e superiores. Quando uma série de desaparecimentos começam a acontecer na cidade, ela vê uma oportunidade de provar seu valor, mas ao curso da investigação seu caminho cruza com a raposa Nick Wilde (Jason Bateman/Rodrigo Lombardi), um malandro que vive de pequenos golpes, e juntos eles tentam resolver o mistério.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Crítica - Demolidor: 2ª Temporada




A primeira temporada de Demolidor nos apresentou a um lado mais sombrio e, de certa forma, mais adulto do universo Marvel. Não apenas por conta da violência e palavrões, mas também por trazer uma moral menos preto no branco e por discutir temas como a natureza da justiça ou mesmo relacionamentos abusivos, como fez Jessica Jones. Essa segunda temporada desenvolve as boas fundações deixadas na primeira, embora tenha alguns problemas para amarrar as muitas subtramas. Como falo da temporada como um todo, alguns (pequenos) SPOILERS são inevitáveis.

Depois do que aconteceu na temporada anterior, as muitas gangues de Nova Iorque tentam ocupar o vácuo de poder deixado por Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio). Matt Murdock (Charlie Cox) continua fazendo tudo ao seu alcance para ajudar sua comunidade, mas o combate ao crime se complica com o surgimento de Frank Castle (Jon Bernthal), um homem que declarou guerra ao crime depois do assassinato de sua família e vem deixando uma trilha de corpos pelo caminho. Além de Frank, cuja morte da família pode estar ligada a uma conspiração maior, Matt precisa lidar também com o retorno de sua imprevisível ex-namorada Elektra (Elodie Yung, recentemente em cartaz em Deuses do Egito) que parece estar envolvida na guerra milenar que Stick (Scott Glenn) tinha alertado Matt na temporada anterior.