Acho que há algo de masoquista ou
autodestrutivo na minha personalidade. Só isso explica como pude me sujeitar às
quase duas horas de tormento mental que foi The
Do-Over: Zerando a Vida, nova produção cometida pela Happy Madison de Adam
Sandler como parte de sua parceria com a Netflix depois do igualmente terrível The Ridiculous 6.
Na trama, Charlie (David Spade) é
um homem infeliz que tem o mesmo emprego desde o colegial, é casado com uma
mulher que não dá a mínima para ele e de dois enteados que não o respeitam. Sua
situação parece mudar quando um antigo amigo de escola, Max (Adam Sandler), o
leva em um passeio de barco no qual forjam a própria morte e assumem novas
identidades para poderem curtir a vida. O problema é que as novas identidades
que estão usando pertenciam a criminosos procurados, o que os envolve em uma
ampla conspiração.
É impressionante que uma história
sobre conspirações e fugas consiga ser tão arrastada e sem qualquer senso de
tensão ou urgência. Algumas reviravoltas tentam angariar simpatia pelos
personagens, mas elas são tão previsíveis e os protagonistas tão desprezíveis
que elas não tem impacto algum.
Sandler repete o tipo "fodão
infalível" que fez em The Ridiculous
6 e Zohan: O Agente Bom de Corte
(2008), completo com toda a imaturidade exagerada e misoginia que lhe são
características. Para o personagem de Sandler, mulheres existem apenas para
sexo e devem ceder a qualquer avanço masculino, tanto que ao passar por duas
mulheres em um barco sua primeira reação é pedir que mostrem os seios (e surpreendentemente
elas mostram). Em outro momento, ao conhecerem uma viúva, ele diz a Charlie
para tirar vantagem do luto e carência dela para levá-la para cama.