segunda-feira, 13 de junho de 2016

Crítica - Como Eu Era Antes de Você



Confesso que os trailers que assisti desse Como Eu Era Antes de Você não me empolgaram muito. Parecia um típico tearjerker (literalmente "espremedor de lágrimas" em inglês), daqueles cuja única preocupação seria levar o público ao choro, colocando uma ocorrência trágica por cima da outra na tentativa de extrair o máximo de nossos dutos lacrimais. Felizmente o filme não se reduz a isso e é uma agridoce história sobre tomar o controle das nossas vidas.

A trama é centrada em Louisa (Emilia Clarke, a Daenerys de Game of Thrones) uma jovem com problemas financeiros que aceita um emprego como cuidadora de Will (Sam Claflin, que engata mais um filme romântico depois de Simplesmente Acontece), que ficou tetraplégico depois de um acidente. Como era bastante ativo antes do acidente, Will se tornou bastante amargo e deprimido com sua condição e Louisa resolve mostrar a ele que ainda há muito pelo que viver.

É uma história que já vimos um monte de vezes, um casal de personalidades opostas que inicialmente se detesta, mas é obrigado a conviver e, aos poucos, vão se conhecendo melhor e aprendendo um com o outro e amadurecendo com lições que levarão pelo resto da vida. Mesmo com toda a sua estrutura familiar, o filme acaba nos cativando graças ao carisma do seu elenco e ao bom humor do roteiro.

Sai o primeiro trailer do novo game de South Park



South Park: A Fenda que Abunda Força (The Fractured But Whole, em inglês) ganhou seu primeiro trailer, contando um pouco mais da história do jogo. A prévia tira sarro das atuais franquias cinematográficas de super-heróis e seus amplos universos compartilhados. Vejam o trailer abaixo:

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Crítica - The Witcher 3: Blood and Wine

Análise The Witcher 3: Blood and Wine


Review The Witcher 3: Blood and Wine
Quando escrevi sobre Hearts of Stone, o primeiro grande DLC do excelente The Witcher 3: Wild Hunt, falei que a desenvolvedora polonesa CD Projekt Red dava uma aula de como fazer uma expansão relevante, que ampliava os horizontes do universo do jogo, trazia novos desafios, mecânicas e aprofundava seu protagonista. Pois bem, eles fizeram tudo isso novamente em The Witcher 3: Blood and Wine, segunda e provavelmente última grande expansão para o último capítulo da trilogia de Geralt de Rívia.

A trama, que se passa dentro (e não após) da história do game principal, leva Geralt à idílica Toussaint, na qual ele é contratado pela governante local para encontrar e eliminar uma sombria criatura que está matando vários nobres. Inspirada no sul da França, Toussaint tem sua paisagem tomada por vinhedos e plantações de flores, sendo habitada por pomposos cavaleiros e eventos da alta sociedade. O novo mapa traz o mesmo detalhamento visual e qualidade do game principal. É também bastante amplo, com muito a explorar, oferecendo algo entre 20 e 25 horas de gameplay, e suas paisagens cheias de cores vibrantes são um contraponto perfeito aos ambientes cinzentos e arruinados pela guerra em Velen.

O contato do estoico Geralt com os cavaleiros de Toussaint e suas vestimentas bufantes e linguagem rebuscada traz um inesperado humor e leveza à narrativa sombria de The Witcher 3. Algumas missões secundárias são bem divertidas, como aquela em Geralt percorre um banco tentando preencher um formulário correto, claramente inspirada na sequência da repartição pública de Os 12 Trabalhos de Asterix. Blood and Wine, no entanto, não é apenas bom humor e diversão e sua trama principal é basicamente um conto sobre vampiros, que utiliza as criaturas para falar sobre laços familiares e de amizade e permite ao jogo expandir o modo singular como as crias da noite são tratadas neste universo.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Crítica - Invocação do Mal 2



Devo admitir que tive certo receio quando uma continuação para o competente terror Invocação do Mal (2013) foi anunciada, afinal continuações de filmes desse gênero raramente conseguem chegar no patamar dos originais. Felizmente Invocação do Mal 2 não padeceu desse mal e consegue criar uma atmosfera de medo e tensão tão envolvente quanto seu antecessor.

Na trama, levemente baseada em eventos reais, Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) Warren  estão no auge da popularidade depois de sua participação no famosa caso de Amityville, mas seu status de celebridade os torna alvo de pessoas que os acusam de serem charlatães. O casal decide diminuir um pouco as atividades, mas são chamados à Inglaterra para investigar as ocorrências sobrenaturais que estão assustando uma família humilde.

Assim como no primeiro filme o diretor James Wan (que, entre outras coisas, foi responsável por Velozes e Furiosos 7 e o primeiro Jogos Mortais) vai construindo sem pressa uma atmosfera de incerteza e medo em um cuidadoso crescente que inicia com batidas na porta e objetos rangendo até as aparições macabras que começam a se mostrar conforme o filme avança. Sua câmera se move lentamente pelos ambientes, como que a procura daquilo que atormenta os personagens e é justamente a incerteza acerca do que pode estar além do enquadramento ou do que não é visto que o filme vai nos mergulhando em um clima constante de tensão.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Crítica - Warcraft: O Primeiro Encontro Entre Dois Mundos



Adaptações de games para os cinemas em geral não são bem sucedidas, mas havia uma boa dose de otimismo cercando este Warcraft: O Primeiro Encontro Entre Dois Mundos, do envolvimento da desenvolvedora Blizzard à escolha do diretor Duncan Jones, que não apenas se declarou fã do game como também tinha dois ótimos filmes em seu currículo Lunar (2009) e Contra o Tempo (2011). Os primeiros trailers saíram e o visual era bastante fiel ao material original, provavelmente deixando os fãs empolgados e confiantes de que dessa vez daria certo, dessa vez uma adaptação de videogame iria funcionar. É uma pena, portanto, que o resultado entregue pelo filme não faça jus a nenhuma dessas expectativas e ainda não será dessa vez que teremos uma adaptação cinematográfica realmente boa de um game.

A trama conta a chegada dos orcs em Azeroth. Nativos de um mundo estéril, eles atravessam para o reino em um portal dimensional aberto pelo feiticeiro Gul'Dan (Daniel Wu) cuja mágica suga as energias dos seres vivos. Chegando em Azeroth, as criaturas e seu líder começam a pilhar as vilas humanas visando coletar mais vidas para serem absorvidas pelo feiticeiro até que ele tenha energia suficiente para trazer todos os orcs para esse novo mundo. Diante dessa invasão, o rei Llane (Dominic Cooper, o Howard Stark da série Agente Carter) pede ajuda ao seu mais leal cavaleiro, Lothar (Travis Fimmel) e do mago responsável pela proteção do reino, Medivh (Ben Foster) para deter o avanço dos inimigos. A sorte deles muda quando o chefe orc Durotan (Toby Kebbell) começa a achar que a magia de Gul'Dan está causando mais mal do que bem e começa a considerar uma aliança com os humanos.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Crítica - Truque de Mestre: O 2º Ato



Quando escrevi sobre o primeiro Truque de Mestre (2013), falei como uma premissa interessante era desperdiçada por um texto que se julgava mais inteligente do que realmente era (e, apesar disso, ainda tratava o público feito idiota) e uma direção pouco inspirada. Imaginei que esse segundo ao menos tentaria melhorar os problemas do primeiro, principalmente com a saída do medíocre Louis Leterrier da direção. Tudo bem que seu substituto, John M. Chu, que conduziu G.I Joe: Retaliação (2013), é igualmente insípido, mas esperava ao menos um mínimo de esforço em realizar algo bacana. Ledo engano. Este Truque de Mestre: O 2º Ato é uma daquelas continuações que repete tudo do original, mas tenta fazer "maior" o que apenas torna maiores os problemas do filme anterior.

A trama se passa dois anos depois do primeiro, os mágicos conhecidos como Os Cavaleiros estão escondidos, esperando o momento em que a misteriosa entidade/organização conhecida como O Olho volte a chamá-los para mais uma trabalho. O que os ilusionistas não imaginavam é que seu antigo inimigo Thaddeus Bradley (Morgan Freeman) estava tramando sua vingança por ter sido preso no filme anterior. Ao mesmo tempo, também são pegos no encalço do misterioso empresário Walter (Daniel Radcliffe) que deseja a colaboração do grupo.

Pela bilionésima vez Freeman se reduz a uma paródia de si mesmo e faz um personagem cuja função é dar explicações e mastigar os temas do filme para o público. Seu personagem praticamente não tem um arco dramático e quando ele entra em cena é para explicar algo que acabou de acontecer ou mesmo o que se passa na cabeça de algum personagem (que muitas vezes nem está próximo dele, o que não faz muito sentido). Além de explicar aquilo que podemos obviamente ver que está acontecendo na tela, o personagem de Freeman também se entrega a longuíssimos solilóquios com sua voz serena e pausada de narrador do National Geographic sobre o poder da ilusão e como o olhar pode ser engano e coisa e tal. Lá pela terceira vez que ele dá um desses discursos rocambolescos que dão voltas em si mesmos como um cão atrás do próprio rabo eu simplesmente tive vontade de atear fogo no cinema e cada vez que ele entrava em cena eu revirava os olhos em tédio.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Crítica - The Do-Over: Zerando a Vida



Acho que há algo de masoquista ou autodestrutivo na minha personalidade. Só isso explica como pude me sujeitar às quase duas horas de tormento mental que foi The Do-Over: Zerando a Vida, nova produção cometida pela Happy Madison de Adam Sandler como parte de sua parceria com a Netflix depois do igualmente terrível The Ridiculous 6.

Na trama, Charlie (David Spade) é um homem infeliz que tem o mesmo emprego desde o colegial, é casado com uma mulher que não dá a mínima para ele e de dois enteados que não o respeitam. Sua situação parece mudar quando um antigo amigo de escola, Max (Adam Sandler), o leva em um passeio de barco no qual forjam a própria morte e assumem novas identidades para poderem curtir a vida. O problema é que as novas identidades que estão usando pertenciam a criminosos procurados, o que os envolve em uma ampla conspiração.

É impressionante que uma história sobre conspirações e fugas consiga ser tão arrastada e sem qualquer senso de tensão ou urgência. Algumas reviravoltas tentam angariar simpatia pelos personagens, mas elas são tão previsíveis e os protagonistas tão desprezíveis que elas não tem impacto algum.

Sandler repete o tipo "fodão infalível" que fez em The Ridiculous 6 e Zohan: O Agente Bom de Corte (2008), completo com toda a imaturidade exagerada e misoginia que lhe são características. Para o personagem de Sandler, mulheres existem apenas para sexo e devem ceder a qualquer avanço masculino, tanto que ao passar por duas mulheres em um barco sua primeira reação é pedir que mostrem os seios (e surpreendentemente elas mostram). Em outro momento, ao conhecerem uma viúva, ele diz a Charlie para tirar vantagem do luto e carência dela para levá-la para cama.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Critica - Arrow: 4ª Temporada



Foi difícil retornar para esta temporada Arrow depois do desastre que foi a terceira temporada. Apesar de ter gostado muito da primeira e achado a segunda melhor ainda, a terceira não apenas não funcionou como ainda desperdiçou um dos melhores vilões do Universo DC que era o Ra's Al Ghul (Matt Nable). Ainda assim, a decisão de que na quarta temporada Oliver Queen (Stephen Amell) finalmente assumiria o nome de Arqueiro Verde parecia indicar que uma melhora estava por vir, mesmo que abaixo das duas primeiras.

A nova temporada começou sem perder tempo, fazendo Oliver aparecer com seu novo uniforme e assumindo o novo nome já no primeiro episódio. Nesse quarto ano, o Arqueiro e seu time precisam enfrentar o maléfico Damien Darhk (Neal McDonough), líder da organização H.I.V.E (não confundir com o inumano Hive de Agentes da S.H.I.E.L.D) que chega para tentar tomar o controle da rebatizada Star City (finalmente assumindo seu nome dos quadrinhos). SPOILERS daqui em diante.

Stephen Amell continua sendo a melhor coisa da série e ele marca muito bem a recém descoberta "leveza" de Ollie. Se antes ele falava com uma voz áspera e parecia sempre sisudo ou cabisbaixo, Oliver agora exibe um tom de voz mais ameno e uma linguagem corporal menos fechada. Nem é preciso voltar a temporadas anteriores para perceber a mudança, basta observar os flashbacks presentes nos episódios para ver o Oliver sombrio dos seus últimos anos isolado do mundo. Curiosamente essa dinâmica é uma inversão do que acontecia antes quando o passado mostrava um Oliver mais ingênuo e o presente trazia o protagonista com uma personalidade mais sombria.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Crítica - Flash: 2ª Temporada

Análise Flash 2ª Temporada


Review Flash 2ª Temporada
A primeira temporada de Flash fez uma excelente introdução do velocista escarlate e encerrou com um gancho que prometia expandir ainda mais o universo da série (e de suas séries irmãs) ao introduzir a noção de multiverso. Essa segunda temporada constrói em cima do gancho anterior e se mostra mais uma boa aventura do herói, embora não consiga ser tão consistente quanto a primeira. Evidentemente, alguns SPOILERS são inevitáveis no texto a seguir.

Depois de impedir que Central City fosse devorada por uma singularidade no fim da temporada anterior, Barry Allen (Grant Gustin) descobre que os acontecimentos abriram portais para universos universos paralelos. Desses portais emergem vários meta-humanos hostis, incluindo a principal ameaça da temporada, o cruel velocista Zoom (voz de Tony Todd) que chega a Central City disposto a destruir o Flash. Para enfrentar o novo inimigo, Barry acaba recebendo a inesperada ajuda do Flash de outro universo, Jay Garrick (Teddy Sears), que chega ao nosso mundo depois de ter sua velocidade roubada por Zoom.

Assim como na temporada anterior com o Flash Reverso (Tom Cavanagh e/ou Matt Letscher) a trama joga muito bem com nossas expectativas ao criar o mistério em torno do vilão. O roteiro consegue construir tão bem as intrigas e reviravoltas que mesmo conhecendo os quadrinhos e tendo uma ideia sobre a identidade de Zoom, ficamos em dúvida em até que ponto o personagem terá a mesma identidade ou se a série fará algo totalmente novo.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Crítica - Jogo do Dinheiro



Muitos filmes já foram feitos sobre os danos que a corrupção e irresponsabilidade do sistema financeiro podem causar na vida do cidadão comum. Este Jogo do Dinheiro tenta se diferenciar ao colocar esse tipo de história junto a um típico filme de sequestro, no qual um grupo de pessoas é feito refém por alguém desesperado por uma solução. O problema deste longa-metragem dirigido pela atriz Jodie Foster é que nem a denúncia social, nem o suspense funcionam tão bem quanto deveriam.

Lee Gates (George Clooney) é o apresentador de um programa sobre o mundo financeiro cheio de exageros e gracinhas (algo no estilo do Mad Money) e é famoso pelas dicas de investimento que dá. O que deveria ser mais um programa dá uma guinada para pior quando o estúdio é invadido por Kyle (Jack O'Connell, que protagonizou o fraco Invencível), um homem humilde que perdeu todas as economias ao seguir uma das dicas de Lee e, com uma arma e um colete bomba, toma a equipe do programa como refém e exige do apresentador e do presidente da empresa na qual investiu uma explicação do que aconteceu com seu dinheiro. Assim, Lee e sua produtora, Patty (Julia Roberts), precisam dar um jeito de conseguir respostas antes que o rapaz acabe com suas vidas.

A ideia central parece ser criticar a corrupção e os desmandos dos executivos de Wall Street que fazem fortunas às custas da população e sem pensar nos impactos de suas ações na sociedade. O problema é que ao invés de atacar a corrupção sistemática e generalizada que vai das instituições financeiras, agências reguladoras, auditorias e governo, o filme cria uma rocambolesca conspiração internacional construída por um empresário. Assim ao invés de nos apresentar um sistema corrupto, nos mostra apenas uma atividade isolada que é tão grandiloquente que soa artificial e não generalizável, falhando em demonstrar seu ponto de vista ao público. Filmes como A Grande Aposta (2016), O Lobo de Wall Street (2014) ou mesmo Wall Street: Poder e Cobiça (1987) abordaram muito melhor como cobiça generalizada e irresponsável dos corretores e banqueiros é danosa.