terça-feira, 5 de julho de 2016

Crítica - A Era do Gelo: O Big Bang



Quinze anos depois de seu primeiro filme e quatro continuações depois, fica a sensação de que a franquia A Era do Gelo não tem mais para onde ir criativamente. Este quinto filme tenta disfarçar sua falta de ideias com o excesso de personagens, mas nem consegue nos distrair do estado de esgotamento em que está este universo.

A história começa quando o esquilo Scrat, em sua interminável busca por uma noz, encontra acidentalmente um disco voador (que está ali por estar ali e pronto), vai para o espaço e coloca um meteoro em rota de colisão com a terra. Agora Manny, Sid, Diego e seus companheiros precisam dar um jeito de lidar com a ameaça.

Os filmes A Era do Gelo sempre pareciam colocar o humor e as gags cômicas em primeiro lugar em relação à história, mas havia uma doçura e um ingenuidade envolvendo a jornada desses personagens que fazia tudo funcionar. Aqui isso não acontece, já que mesmo a jornada emocional de Manny em aceitar que a filha vai casar e deixar o lar, além de ser uma reprodução do clichê desgastado da "síndrome do ninho vazio", se perde entre uma infinidade de personagens que entram a todo momento em cena, mas tem pouco a acrescentar.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Crítica - American Horror Story: Freak Show



Não cheguei a acompanhar as temporadas anteriores da série de antologia (na qual cada temporada contem uma história isolada) American Horror Story, mas fiquei bastante curioso quando foi anunciado que esta quarta temporada teria a temática o circo de horrores. Além do potencial de imagens perturbadoras que podiam ser geradas dessa premissa, o uso de "aberrações" de circo é um material ótimo para se discutir a natureza do monstro e da monstruosidade. Afinal, o que é exatamente um monstro? É apenas uma pessoa ou criatura que não se conforma aos padrões de normalidade? Ou há um fator mais interno e mais profundo que determina quem é ou não um monstro? Nesse sentido, Freak Show faz jus ao potencial de sua premissa e busca entender onde está a verdadeira aberração do ser humano. SPOILERS são inevitáveis daqui para frente.

A trama acompanha a trupe de um "circo de horrores" que chega a uma cidadezinha na Flórida na década de 50. Liderados pela cantora alemã Elsa (Jessica Lange), a trupe vai à cidade recrutar uma nova integrante, ou melhor novas. As escolhidas são as gêmeas siamesas Bette e Dot (ambas Sarah Paulson) que dividem um único corpo com suas duas cabeças. A chegada das ditas aberrações provoca curiosidade e repulsa na pequena comunidade e o contato entre os artistas e os locais acaba despertando coisas muito mais monstruosas do que as deformidades físicas dos protagonistas.

domingo, 3 de julho de 2016

Jogamos o novo modo história de Street Fighter V



O lançamento de Street Fighter V foi problemático para dizer o mínimo. Além dos vários problemas com servidores e de matchmaking, havia também a questão da falta de conteúdo, já que o game trazia apenas um modo versus (local e online), um modo sobrevivência para um jogador e um modo com as histórias individuais de cada personagem que era incrivelmente curto, com apenas três ou quatro lutas em cada. A sensação é que o consumidor não tinha levado para casa um game completo e sim uma espécie de "beta de luxo" no qual eles tinham que contar com a boa fé da desenvolvedora Capcom em oferecer mais conteúdo e variedade em futuras atualizações.

Desde fevereiro o jogo recebeu algumas adições, como os desafios de personagem e alguns novos lutadores e cenários. Esta, no entanto, é atualização mais significativa que o game recebeu desde seu lançamento. Aqui temos a adição novos personagens, cenários, o funcionamento pleno da loja virtual e um novo e cinematográfico modo história ao molde daqueles vistos em Mortal Kombat X e Injustice: Gods Among Us com cerca de duas horas de duração.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Crítica - Procurando Dory



Apesar de adorar Procurando Nemo (2003) tenho que admitir que não estava muito empolgado para este Procurando Dory. Por mais que a Pixar tenha mostrado que sabe fazer continuações com os filmes da franquia Toy Story, as demais sequências feitas pelo estúdio tinham ficado abaixo dos originais, como ocorreu com Universidade Monstros (2013) e o horrendo Carros 2 (2011) e eu temi que a aventura de Dory se enquadrasse na segunda categoria. Felizmente isso não acontece e o filme é divertido e adorável, ainda que seja bastante similar ao anterior.

Na trama, Dory (Ellen DeGeneres) começa a ter lembranças de sua infância e resolve procurar os pais, que aparentemente vivem em um aquário no estado da Califórnia. Preocupados com a amiga desmemoriada, Marlin (Albert Brooks) e Nemo (Hayden Rolence) decidem acompanhá-la. Os problemas começam quando Dory é capturada por um grupo de cientistas e Marlin e Nemo precisam dar um jeito de resgatá-la do aquário.


domingo, 26 de junho de 2016

Crítica - Person of Interest: 5ª Temporada



"Todos morremos sozinhos, mas se você significou algo para alguém,se ajudou alguém ou amou alguém, se uma única pessoa lembrar de você, então talvez você nunca morra de verdade"

Essa frase, dita pela Máquina ao fim do último episódio de Person of Interest é uma síntese bastante acertada do olhar da série sobre (e da própria Máquina) sobre as relações humanas. Podemos estar distantes um do outro, desamparados no momento em que morremos, podemos achar que tudo é barulho e caos, não vermos "o grande esquema das coisas" ou como nossas vidas se encaixam uma na outra, mas no fim das contas nossas ações tem impacto naqueles ao nosso redor. O que fazemos, por menor ou sem significado que pareça, quem ajudamos, quem deixamos de ajudar, tudo isso contribui para construir ao mundo a nossa volta, somando-se ao conjunto de ações de cada indivíduo. Cada pessoa, ao seu modo, é importante e faz alguma diferença no mundo.

Confesso que temi por esta quinta e última temporada quando foi anunciado que ela teria apenas 13 episódios e não os 22 habituais, já que a redução poderia prejudicar os planos iniciais do criador Jonathan Nolan para encerrar a série. Felizmente, a temporada consegue ir direto ao ponto, trazer uma sensação de clímax iminente e ainda assim arrumar espaços para que possamos respirar, tudo isso sem que a trama pareça corrida ou apressada demais. A partir deste ponto SPOILERS são inevitáveis.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Crítica - O Caseiro



Confesso que fiquei intrigado com O Caseiro, filme nacional que pegava carona na clássica premissa da "casa mal assombrada". O terror não é um gênero muito abordado por grandes produções brasileiras, normalmente ficando mais restrito ao underground em produções como Mangue Negro (2008). Apesar de parecer bem interessante, O Caseiro acaba não conseguindo ser plenamente satisfatório por alguns problemas.

A trama é centrada em Davi (Bruno Garcia), um cético professor de psicologia que afirma que fantasmas não são algo sobrenatural e sim uma manifestação física de um trauma inconsciente. Sua visão de mundo é posta em teste quando uma aluna lhe pede para investigar estranhos fenômenos que acontecem em sua casa e que sua família credita ao fantasma de um antigo caseiro da propriedade, que teria cometido suicídio depois de assassinar a esposa e filha.

Com uma fotografia que dá predominância a tons de cinza, baixa saturação de cores e ambientes repletos de sombra e névoa, o filme estabelece bem um clima macabro e dá uma sensação de que coisas horríveis podem acontecer. A questão é que apesar da boa ambientação, há uma escassez de tensão ou sustos durante a projeção. Depois dos primeiros minutos estabelecerem o que está afligindo a família, imaginamos que assim que Davi chegar à casa, os fenômenos começarão a se manifestar sobre ele, mas ao invés disso temos mais uma longa cadeia de diálogos expositivos que explicam coisas que já sabemos.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Crítica - Independence Day: O Ressurgimento



O primeiro Independence Day (1996) não era lá grande coisa, mas funcionava como uma diversão descartável e descompromissada graças aos efeitos especiais que criavam uma destruição em larga escala e ao carisma de Will Smith. Vinte anos depois, esses efeitos especiais se tornaram lugar comum em grandes produções de Hollywood e Will Smith preferiu não voltar para a continuação. Assim, esse Independence Day: O Ressurgimento já nascia como um projeto desprovido daquilo que chamava atenção do primeiro (a inovação visual e o seu astro) deixando em dúvida se seria capaz de entregar algo que preste e a verdade é que realmente não consegue.

Vinte anos depois do primeiro filme, a Terra vem se preparando para uma nova ofensiva dos alienígenas, com David Levinson (Jeff Goldblum) liderando a força-tarefa responsável. O ex-presidente Whitmore (Bill Pullman) começa a ter visões envolvendo o retorno dos inimigos e avisa sua filha Patricia (Maika Monroe, do ótimo Corrente do Mal), mas ninguém lhe dá ouvidos, julgando ser estresse pós-traumático. Apesar de toda a preparação, nada estava à altura do novo ataque, que mais uma vez parece prestes a extinguir a raça humana.

Se a história anterior não era exatamente um primor narrativo, pelo menos ia direto ao ponto, rapidamente estabelecendo a ameaça e fazendo os arcos dos personagens convergirem rapidamente para dar prosseguimento à ação. Esse novo filme não consegue fazer nem isso e na marca dos quarenta minutos, de um total de cento e vinte, ainda está introduzindo seus personagens quando já deveria estar iniciando o conflito.

domingo, 19 de junho de 2016

Crítica - Orange is the New Black: 4ª Temporada



Orange is the New Black é provavelmente a mais consistente das séries originais produzidas pela Netflix, conseguindo manter o mesmo alto padrão ao longo de todas as temporadas feitas até agora. Mesmo dentro de cada temporada dificilmente encontramos algum episódio que soa como um mero filler com pouco a acrescentar à trama ou aos personagens. Essa quarta temporada mantém o nível das anteriores ao trazer uma nova dinâmica à prisão de Litchfield, com novas detentas e guardas. SPOILERS a seguir.

A trama da nova temporada começa exatamente no ponto no qual a anterior parou, com o agora diretor Caputo (Nick Sandow) precisando trazer as presidiárias de volta e manter o controle do presídio depois que todas correm para fora por causa de um buraco na grade. Além disso, o novo diretor precisa se adequar às políticas corporativas que envolvem dirigir a prisão. Piper (Taylor Schilling), por sua vez, tenta se consolidar como chefona criminal com o sucesso de seu esquema de venda de calcinhas. Sua posição de liderança, no entanto, é ameaçada com a chegada de uma grande quantidade de novas detentas que muda a dinâmica de poder na prisão, já que as dominicanas passam a ser maioria. As tensões aumentam não apenas por causa da superlotação, mas também pela presença da nova equipe de guardas liderados pelo bruto Piscatella (Brad William Henke), cujas táticas cada vez mais opressivas e violentas parecem piorar as coisas ao invés de acalmarem os ânimos.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Crítica - Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo



Quando foi anunciado um filme biográfico sobre o famoso lutador de MMA José Aldo, temi que o resultado fosse similar a outro filme biográfico sobre um lutador, o tenebroso A Grande Vitória (2012). Felizmente ele passa longe de ser tão desastroso, mas alguns problemas de roteiro e escolhas de elenco o impedem de atingir seu potencial.

O filme acompanha a história do lutador José Aldo (José Loreto), de sua juventude humilde em Manaus à sua ida para o Rio de Janeiro e seu início como lutador profissional no universo do MMA. É uma biografia esportiva bem tradicional que trata de todos os temas que já vimos abordados em filmes sobre lutadores (reais ou não) como a importância de saber lidar com o fracasso, superar limites, vencer traumas internos e o uso da velha técnica "Rocky Balboa" de se deixar bater para cansar o adversário. Eu nem preciso ir longe para lembrar de produtos que já trataram tudo isso muito bem, tal qual o recente Creed: Nascido Para Lutar ou mesmo Nocaute (2015) e Guerreiro (2011). Nesse sentido, Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo se esforça muito pouco para ir além dos lugares-comuns e clichês que esse tipo de filme estabeleceu.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Crítica - As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras



Um dos principais problemas de As Tartarugas Ninja (2014) era o fato do filme não conseguir se decidir entre um tom mais sério ou uma abordagem mais despretensiosa que abraçasse o absurdo do material. Pois este Tartarugas Ninja: Fora das Sombras abraça o lado mais abestalhado dos quelônios mutantes, funcionando praticamente como uma animação matinal oitentista com atores, e é melhor por isso.

Na nova aventura o Destruidor (Brian Tee) é contatado pelo alienígena Krang (voz de Brad Garrett) para ajudá-lo a abrir um portal para a Dimensão X e trazer o seu Tecnódromo para o nosso mundo. Para isso, o vilão contará com a ajuda do cientista Baxter Stockman (Tyler Perry) e seus novos capangas Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Stephen Farrely). Logicamente, as tartarugas não irão dar descanso aos vilões e além do auxílio da repórter April O'Neil (Megan Fox), também terão a ajuda do vigilante Casey Jones (Stephen Amell, o Oliver Queen de Arrow).

O maior acerto é dar mais foco às tartarugas, deixando Vernon (Will Arnett), April e os humanos em segundo plano, algo que não tinha acontecido no anterior. Isso dá mais espaço para trabalhar as relações entre os quatro irmãos e o conflito entre suas personalidades diferentes. As interações entre os quatro protagonistas continuam bastante divertidas e são o ponto alto do filme, assim como a adição de Bebop e Rocksteady, que são os mesmos capangas estúpidos da animação dos anos oitenta.