O diretor e roteirista Shane Black parece não saber fazer outra coisa senão variações de sua mais conhecida
criação, a franquia Máquina Mortífera.
Até mesmo Homem de Ferro 3 (2013)
tinha momentos em que parecia ecoar elementos das histórias dos policiais Riggs
e Murtaugh. A sorte de Black é que ele é realmente muito bom neste tipo de
narrativa e mesmo dialogando demais com Máquina
Mortífera e outros trabalhos dele, como o divertido e pouco visto Beijos e Tiros (2005), este Dois Caras Legais tem personalidade
suficiente para se sustentar por conta própria.
A trama se passa nos anos 70 e
segue o detetive particular Holland March, um alcoólatra inveterado cuja
maiorias dos casos envolve encontrar parentes perdidos de idosos. Em um de seus
trabalhos seu caminho se cruza com o bruto Jackson Healy, um rufião que ganha a
vida intimidando pessoas. Juntos eles precisam encontrar uma jovem que parece
conectada à morte de uma famosa atriz pornô e também com um processo criminal
envolvendo a poluição causada pelas grandes montadoras de automóveis.
No melhor estilo do film noir, a narrativa nos apresenta uma
série de conspirações criminais entremeadas umas nas outras, nas quais é
difícil determinar onde uma começa e outra termina, tal como no seminal À Beira do Abismo (1946). Os conluios
parecem tão complicados e aleatoriamente conectados que não consegui deixar de
ficar intrigado se o filme conseguiria ligar tudo de maneira satisfatória, mas
o texto de Black é hábil ao fazer tudo se encaixar de modo convincente.