Tarzan, criação mais famosa do romancista Edgar Rice Burroughs, já recebeu diversas adaptações para os cinemas, tanto com atores quanto em forma de animação. Este A Lenda de Tarzan tenta trazer o famoso personagem para um novo
público, mas apesar de algumas qualidades, há aqui problemas demais para a
experiência ser plenamente satisfatória.
A narrativa começa com Tarzan
(Alexander Skarsgard), agora usando seu real nome, John Clayton III, já morando
na Inglaterra e casado com Jane (Margot Robbie) depois de todas as aventuras
vividas na selva. O personagem é levado a voltar à África quando recebe um
convite do rei da Áustria para inspecionar suas colônias no Congo e verificar
que não há escravidão ou maus-tratos aos nativos e à natureza. O que o
protagonista não sabe é que tudo isso é uma armadilha do emissário do rei na
colônia, Leon Rom (Christoph Waltz). Rom fez um acordo com o líder tribal
Mbonga (Djimon Hounsou) para entregar Tarzan a ele em troca da permissão pela
extração de diamantes de suas terras.
O ator Alexander Skarsgard faz uma
ótima composição corporal do personagem. Com as mãos constantemente em concha,
tal qual um primata, ombros projetados para frente, inflando as bochechas em
momentos de raiva, tudo em sua linguagem corpórea remete a um animal. Margot
Robbie traz seu carisma habitual para Jane, mas é prejudicada por um texto a
faz passar boa parte do filme como refém do vilão. A narrativa até tenta
construí-la como uma mulher forte e engenhosa, fazendo-a tentar escapar em
algum momento e sempre respondendo às provocações Rom, tanto que ela chega a
perguntar "você quer que eu grite
como uma donzela?". Isso, no entanto, não muda o fato dela passar a
grande maioria do filme como uma mera donzela em perigo a ser resgatada pelo
herói.