Já faz algum tempo que o diretor
Tim Burton se reduziu a uma paródia de si mesmo. O razoável Grandes Olhos (2015) indicava que o
diretor estava disposto a sair de sua zona de conforto e este O Lar das Crianças Peculiares trazia a
impressão de que poderia ser seu retorno à boa forma. O resultado, no entanto,
parece mais um piloto automático do diretor como Sombras da Noite (2012).
A trama acompanha Jake (Asa
Butterfield), um garoto que cresceu ouvindo o avô (Terence Stamp) contando
histórias sobre um fantástico orfanato no qual passou a infância e habitado por
crianças com habilidades singulares. Durante boa parte da sua vida Jake achou
que eram apenas histórias de ninar, mas quando seu avô é morto em circunstâncias
estranhas, ele resolve investigar as histórias. Assim, ele acaba indo parar no
orfanato dirigido por Miss Peregrine (Eva Green) que fica em um loop temporal que só pode ser acessado
por "peculiares", pessoas com habilidades especiais que resolveram se
isolar da humanidade com medo de serem perseguidas (pensem nos mutantes da
franquia X-Men).
Tudo soa excessivamente similar a
uma série de outras narrativas voltadas para o público jovem como Harry Potter,
Percy Jackson ou Instrumentos Mortais, com um jovem que sempre se sentiu
deslocado descobrindo que está no centro de uma disputa entre seres como
poderes especiais e é levado a um local onde outros jovens como ele vivem e
aprendem. A trajetória de Jake segue à risca o arquétipo da "jornada do
herói", oferecendo um protagonista que não é nada além da repetição de
fórmulas pré-prontas.