segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Crítica - O Contador

Resenha O Contador Ben Affleck

Review O Contador
Se você quisesse criar uma história para falar sobre como pessoas como autismo podem ser inseridas na sociedade e viverem vidas plenas apesar de suas deficiências, que tipo de história você criaria? Tentaria contar uma história sobre uma pessoa que se torna um bom profissional, forma uma família e cria profundos laços de amizade ou uma trama sobre um sujeito autista que se torna um vigilante e assassino implacável que mistura Jason Bourne, Batman e Lisbeth Salander? Pois é justa e estranhamente à segunda opção que este O Contador se apega e não tenho certeza se é a mais adequada para passar uma mensagem de tolerância e importância de inserção social, embora o filme tenha sua parcela de qualidades.

Christian Wolff (Ben Affleck) é um homem que sofre de algum tipo de autismo ou Asperger e vive como contador. Apesar de sua fachada pacata, ele na verdade trabalha lavando dinheiro para vários grandes criminosos internacionais, mas também faz justiça com as próprias mãos quando estes violam seu estrito código de honra. Seu cliente mais recente é uma empresa de alta tecnologia que suspeita de desfalque. Quando ele encontra o dinheiro faltando, ele e assistente contábil Dana (Anna Kendrick), se tornam alvos de um grupo de mercenários liderados pelo misterioso Brax (Jon Bernthal).

Crítica - O Shaolin do Sertão

Resenha O Shaolin do Sertão


Quando escrevi sobre Cine Holliúdy (2013), filme anterior do diretor Halder Gomes, destaquei o quanto ele restaurava minha fé na capacidade do cinema brasileiro de produzir boas comédias em meio a um contexto dominado pelo chamado "formato Globo Filmes" que produziu e continua a produzir horrores intragáveis. Três anos se passaram e pouco mudou, as comédias brasileiras continuam a exibir resultados sofríveis, a exemplo dos péssimos Até que a Sorte nos Separe 3 (2015) e Um Suburbano Sortudo (2016), e mais uma vez Gomes mostra que é possível fazer boas comédias populares com este O Shaolin do Sertão.

A trama acompanha Aluisio Li (Edmilson Filho), cearense de Quixadá que adora filmes chineses de artes marciais e sonha ser um grande lutador e com isso arrebatar o coração de Anésia (Bruna Hamú), filha do dono da padaria (Dedé Santana) na qual trabalha. Sua chance de provar seus talentos surge quando o candidato a prefeito Rossivaldo (Frank Menezes) resolve trazer o lutador Tony Tora-Pleura (Fábio Goulart) para cidade e promete uma grande soma em dinheiro para quem derrotá-lo. Antes de enfrentar este grande oponente, no entanto, Aluisio resolve aprimorar suas técnicas com o Chinês (Falcão).

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Crítica - Inferno

Tom Hanks Inferno


Resenha Inferno
Um inteligente professor viaja pela Europa tentando decifrar pistas ocultas na obra de um célebre artista italiano acompanhado por uma inteligente parceira que aprendeu a decifrar enigmas com uma importante figura masculina de sua vida, tudo isso enquanto são caçados por diferentes grupos que querem encontrar o mesmo segredo. Essa é a trama de O Código Da Vinci (2006), mas também é a deste Inferno, nova aventura do professor Robert Langdon que repete sem nenhuma vergonha a estrutura de sua primeira adaptação cinematográfica de dez anos atrás.

Na trama, Langdon (Tom Hanks) acorda em um hospital em Florença, Itália, sem memória de como chegou ali. Ao perceber que está sendo caçado por uma organização misteriosa, ele foge com a ajuda da médica Sienna (Felicity Jones). Juntos eles descobrem que Langdon estava na pista de um perigoso vírus criado pelo bilionário Bertrand Zobrist (Ben Foster), cujas pistas, por algum motivo, ele escondeu em referências à obra de Dante Alighieri, autor de A Divina Comédia.

Além de repetir toda a estrutura de O Código Da Vinci (2006), trocando apenas as obras de Leonardo pelas de Dante, também se apoia no velho clichê do sujeito desmemoriado que tenta descobrir como chegou a essa situação, algo que a franquia Bourne ou mesmo a série Blindspot já exploraram à exaustão. Se nos filmes anteriores havia ao menos uma razão plausível para que as pistas estivessem escondidas em obras de arte famosas, aqui não há qualquer razão para que o vilão tenha feito isso a não ser o fato de sua namorada gostar de Dante (e mesmo assim ela precisa de ajuda para desvendar as pistas, o que, de novo, não faz o menor sentido, já que estas foram deixadas tendo ela em mente).

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Crítica - Assassino à Preço Fixo 2: Ressurreição

Jason Statham Jessica Alba


O primeiro Assassino à Preço Fixo (2011), remake de um filme homônimo de 1972 com Charles Bronson, não era nenhuma bomba, mas também não era o tipo de filme que você saía da sessão empolgado e desejando uma continuação. Ainda assim, mesmo sem ninguém querer, nem pedir esse Assassino à Preço Fixo 2: Ressurreição chega aos cinemas e paradoxalmente ao que diz seu subtítulo, sepulta a possibilidade de tentar transformar em franquia o que era só mais um filme de ação.

Passados alguns anos depois do primeiro filme, o assassino Bishop (Jason Statham) vive no Brasil com nova identidade até ser descoberto por uma misteriosa organização. Ao descobrir que está sendo caçado por um antigo rival, ele foge para a Tailândia para montar uma ofensiva, mas quando sua namorada, Gina (Jessica Alba), é sequestrada, ele precisa realizar três assassinatos a mando do vilão para garantir a liberdade dela.

A trama é basicamente uma reciclagem do template básico dos filmes de ação dos anos oitenta de "vamos resgatar a namorada". Isso não é um problema em si. Não vou assistir um filme desses esperando um drama shakespeariano, mas sim o fato de não fazer nenhum esforço para ir além desse lugar-comum, nos deixando com uma narrativa sem um pingo de personalidade. O romance entre Gina e Bishop acontece simplesmente porque o roteiro manda, já que num instante ele desconfia dela, para no outro já estar completamente apaixonado, levando-a para cama e lhe dando seu relógio, um presente de seu finado pai que ele nunca tira do pulso.

Crítica - Festa da Salsicha

Sausage Party


Resenha Festa da Salsicha
Antes de falar qualquer coisa sobre o filme em si, é bom lembrar (apesar de toda a divulgação do filme fazer questão de mencionar isso) que este Festa da Salsicha não é uma animação para crianças. É um filme cheio de palavrões, referências sexuais pouco sutis, drogas, sangue e questões existenciais relativamente depressivas. Então, se alguém de fato levar uma criança pequena para ver esse filme só por causa das salsichas animadas bonitinhas, não é por falta de aviso, nem vá culpar os realizadores, a distribuidora ou a imprensa.

A trama segue Frank (Seth Rogen) uma salsicha que não vê a hora de ser comprada por um humano para poder finalmente entrar em uma bisnaga de pão, especificamente a bisnaga Brenda, por quem ele é apaixonado. Frank e os outros alimentos acham que os humanos são deuses que vão ao mercado para levá-los para a "terra prometida", o que eles não sabem é que os humanos matam e comem os alimentos. Ao ouvir a verdade dos alimentos não perecíveis, Frank decide revelar a todo o mercado que eles vivem uma mentira, mas isso não é tão fácil quanto parece.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Crítica - A Maldição da Floresta

The Hallows Crítica


Crítica The Hallows
Filmes de terror costumam lançar mão de julgamentos morais sobre seus personagens. A franquia Pânico brincava com isso, lembrando que transar ou usar drogas em um filme de terror era morte certa. Este A Maldição da Floresta também traz noções de moral para seu filme e elas são bem simples: se mexer com a natureza, a natureza mexe com você.

O conservacionista Adam (Joseph Mawle) aceita um trabalho no interior da Irlanda para realizar uma pesquisa em uma floresta. Ele vai para lá com sua esposa Clare (Bojana Novakovic) e seu filho ainda bebê na esperança de começar uma nova vida, mas o povo do local não vê com bons olhos seu trabalho na floresta, crendo que a presença de Adam irá chamar a atenção de criaturas que vivem ali.

A trama começa devagar dando pequenos indícios de que há algo errado naquele lugar, como o morto que Adam encontra no início ou os barulhos noturnos que acometem os arredores da casa, tudo indica que há algo muito errado ali. Inicialmente fica ambíguo se é a população local que está tentando assustá-los ou se realmente existe uma ameaça sobrenatural, algo que só fica claro no terço final. Apesar de necessária, toda a construção inicial soa lenta e morosa demais, principalmente se considerarmos que o filme só tem certa de 95 minutos.

sábado, 1 de outubro de 2016

Crítica - Luke Cage: 1ª Temporada

Luke Cage Temporada 1


Luke Cage série Netflix
Depois de ter sido introduzido na primeira temporada de Jessica Jones, agora o personagem Luke Cage ganha sua própria série seguindo a parceria da Marvel com a Netflix. A série de Jessica Jones e as duas temporadas de Demolidor foram amplamente elogiadas, assim havia muita expectativa para que esta primeira temporada de Luke Cage mantivesse o alto padrão estabelecido dentro do universo Marvel trabalhado pela Netflix e a série entrega o que promete. Possíveis SPOILERS a seguir.

A trama começa meses depois dos eventos vistos em Jessica Jones, com Luke se mudando para o Harlem e tentando manter-se discreto depois de ter sido obrigado a usar seus poderes para enfrentar Kilgrave. Suas tentativas de se manter longe de problemas caem por terra quando a barbearia onde trabalha se vê no caminho do gângster Cottonmouth (Mahershala Ali, da série House of Cards) depois que um dos garotos que trabalha para Pop (Frankie Faison) rouba dinheiro do mafioso. Com as pessoas de quem gosta ameaçadas, Cage se vê obrigado a agir.

A temporada extrai o máximo de sua ambientação na região do Harlem em Nova Iorque, trazendo a baila todo o legado cultural do lugar. A série entende que o Harlem não é apenas um bairro, mas um espaço de resistência e ascensão da cultura e dos movimentos sociais negros dos Estados Unidos e assim este é um lugar mais do que apropriado para a jornada de Luke Cage. Dialogando com as figuras políticas do local, com sua tradição musical de funk, rap e hip-hop, com as gírias e o modo de falar da área e do movimento dos filmes blaxploitation dos anos 70, a série nos faz entender o que é viver no Harlem e o que ele representa para seus moradores. O roteiro também não se intimida em tratar de questões de preconceito, brutalidade policial e direitos civis, abordando os temas com o cuidado que merecem e sem cair em soluções fáceis.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Crítica - O Lar das Crianças Peculiares

O Lar das Crianças Peculiares filme


Resenha O Lar das Crianças Peculiares
Já faz algum tempo que o diretor Tim Burton se reduziu a uma paródia de si mesmo. O razoável Grandes Olhos (2015) indicava que o diretor estava disposto a sair de sua zona de conforto e este O Lar das Crianças Peculiares trazia a impressão de que poderia ser seu retorno à boa forma. O resultado, no entanto, parece mais um piloto automático do diretor como Sombras da Noite (2012).

A trama acompanha Jake (Asa Butterfield), um garoto que cresceu ouvindo o avô (Terence Stamp) contando histórias sobre um fantástico orfanato no qual passou a infância e habitado por crianças com habilidades singulares. Durante boa parte da sua vida Jake achou que eram apenas histórias de ninar, mas quando seu avô é morto em circunstâncias estranhas, ele resolve investigar as histórias. Assim, ele acaba indo parar no orfanato dirigido por Miss Peregrine (Eva Green) que fica em um loop temporal que só pode ser acessado por "peculiares", pessoas com habilidades especiais que resolveram se isolar da humanidade com medo de serem perseguidas (pensem nos mutantes da franquia X-Men).

Tudo soa excessivamente similar a uma série de outras narrativas voltadas para o público jovem como Harry Potter, Percy Jackson ou Instrumentos Mortais, com um jovem que sempre se sentiu deslocado descobrindo que está no centro de uma disputa entre seres como poderes especiais e é levado a um local onde outros jovens como ele vivem e aprendem. A trajetória de Jake segue à risca o arquétipo da "jornada do herói", oferecendo um protagonista que não é nada além da repetição de fórmulas pré-prontas.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Crítica - O Bebê de Bridget Jones

Bridget Jones


poster o bebê de bridget jones
Feito doze anos depois de Bridget Jones: No Limite da Razão (2004), este O Bebê de Bridget Jones podia ser mais uma dessas continuações tardias que não demonstra ter nada a oferecer além da nostalgia pelos antecessores como Jurassic World (2015) ou Debi e Lóide 2 (2014). Felizmente essa nova história de Bridget Jones não se enquadra nesta categoria, conseguindo trazer uma história que demonstra dialogar com os dias atuais, mas sem esquecer o que torna sua protagonista tão interessante.

Na trama, depois de passar seu aniversário sozinha (na hilária abertura com a canção All By Myself) Bridget decide dar uma guinada em sua vida. Ela vai com uma amiga a um festival de música e conhece Jack (Patrick Dempsey) com quem passa a noite e dias depois reencontra o ex-namorado Darcy (Colin Firth) e também passa a noite com ele. O tempo passa e ela percebe estar ganhando peso e colegas de trabalho sugerem que ela pode estar grávida. Agora, além de ter que lidar com seus novos chefes e sua recém-descoberta gravidez, precisa também encontrar um modo de descobrir quem é o pai, já que tanto Jack quanto Darcy são candidatos possíveis.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Crítica - Sete Homens e Um Destino

Resenha Sete Homens e Um Destino


Sete Homens e Um Destino
Sete Homens e Um Destino (1960) é ainda hoje um dos mais icônicos westerns já feitos, então a ideia de refazer algo tão marcante (ainda que ele fosse basicamente uma versão ocidentalizada de Os Sete Samurais de Akira Kurosawa) me deixava temendo por outra bomba baseada em um filme seminal como foi o caso do recente (e indefensável) Ben-Hur. Felizmente, este novo Sete Homens e Um Destino é bem apreciável, ainda que não tenha muito a dizer que já não tinha sido dito antes.

Na trama, o rico empresário Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) oprime uma pequena vila no velho oeste dos Estados Unidos para tomar as terras dos habitantes. Cansados da violência perpetrada por Bogue, alguns habitantes liderados pela viúva Emma (Haley Bennett), decidem contratar pistoleiros para ajudá-los a enfrentar seu algoz. A viúva encontra o pistoleiro Chisolm (Denzel Washington) e o contrata para ajudar, mas ele sabe que não será suficiente e recruta outros seis capazes combatentes, entre eles o atirador Robicheaux (Ethan Hawke), o jogador Faraday (Chris Pratt) e o lutador Billy (Byung-hun Lee, o ninja Storm Shadow dos filmes dos G.I Joe).