quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Crítica - Martírio

Análise Martírio


Resenha Martírio
Depois de denunciar o massacre às populações indígenas de Rondônia em Corumbiara (2014), o indigenista Vincent Carelli trata neste Martírio da situação dos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul, que ganharam o noticiário nacional depois de publicarem uma carta aberta falando que só deixariam suas terras depois de mortos. Assim como em seu filme anterior, Martírio mostra como o Estado, com o apoio de determinados setores da população, sistematicamente marginaliza e contribui para o extermínio dessas populações. Se visto ao lado de Corumbiara, mostra como isso é algo que atinge praticamente todas as populações indígenas do país.

O filme vai didaticamente mostrando como a questão dos Guarani-Kaiowá vem desde o fim da Guerra do Paraguai, quando suas terras foram anexadas ao Brasil e tratadas pelo Estado brasileiro como devolutas (ao invés de território indígena), sendo passada a pessoas de posses para a atividade agrícola. A partir daí, os indígenas se tornaram uma espécie de "inconveniente", sendo jogados de um lado para o outro em acampamentos que ficavam distantes de sua terra de origem enquanto o governo tentava "civilizá-los".

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Crítica - Pequeno Segredo

Resenha Pequeno Segredo


Review Pequeno Segredo
A história real de uma família que adota uma criança com HIV poderia verdadeiramente render um drama poderoso e inspirador, mas este Pequeno Segredo não consegue fazer nada de interessante com a premissa que tem em mãos, prejudicado por um texto raso e uma narrativa truncada e sem ritmo.

O filme segue a história real de Vilfredo (Marcello Anthony) e Heloísa Schurmann (Júlia Lemmertz) que adotaram a menina Kat (Mariana Goulart). Paralelamente também conta a história dos pais da menina, o neozelandês Robert (Erroll Shand) e a paraense Jeanne (Maria Flor), que contrai o vírus ao receber uma transfusão de sangue contaminado. Permeando as duas histórias está Barbara (Fionulla Flanagan), a amarga e xenófoba mãe de Robert.

Já nos primeiros minutos o filme mostra sua falta de ritmo e inabilidade em estabelecer seus personagens de maneira fluida e orgânica ao recorrer a três longas narrações em off de Heloísa, Kat, Robert. Cada uma delas serviria por si só como um bom início, mas ao usar as três em sequência, cria-se uma série de "falsos inícios" que levam cerca de vinte minutos só para efetivamente fazer o filme começar. Algo similar ao que acontecia no primeiro O Hobbit (2012), que tínhamos uma longa série de narrações sobre tópicos diferentes até que finalmente o filme começasse. Ainda por cima, essas narrações iniciais explicam muito, mas tem muito pouco a dizer sobre quem realmente são essas pessoas ou como elas se tornaram daquele jeito. Robert chega a dizer em dado momento que sempre partia quando a situação ficava desfavorável, mas o filme nunca se esforça em tentar entender de onde vem esse impulso do personagem.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Crítica - Horizonte Profundo: Desastre no Golfo

Análise Horizonte Profundo


Resenha Horizonte Profundo Desastre no Golfo
Quando escrevi sobre Terremoto: A Falha de San Andreas (2015) disse que "filmes catástrofe são normalmente mais focados na criação do espetáculo destrutivo do que em elaborar uma narrativa envolvente ou personagens interessantes". Quando temos ainda um filme catástrofe baseado em uma tragédia real, espera-se também uma certa medida de sentimentalismo em relação às pessoas que lutaram pela sobrevivência. A mistura por vezes funciona, como em O Impossível (2012), mas pesar a mão no sentimentalismo pode descambar fácil para um sensacionalismo apelativo e é isso que acontece neste Horizonte Profundo: Desastre no Golfo.

Baseado no incidente da plataforma Deepwater Horizon, o maior vazamento de petróleo a acontecer na costa dos Estados Unidos. O filme acompanha o engenheiro Mike (Mark Wahlberg) que vai trabalhar na plataforma e percebe que os executivos da companhia, ansiosos com os atrasos no cronograma, estão querendo pular as verificações de segurança. Obviamente tudo dá muito errado e os operários precisam dar um jeito de evitar um desastre maior e esvaziar a plataforma.

domingo, 6 de novembro de 2016

Crítica - Dragon Ball Xenoverse 2

Review Dragon Ball Xenoverse 2


Resenha Dragon Ball Xenoverse 2
O primeiro Dragon Ball Xenoverse chamava a atenção por oferecer uma nova história dentro do universo da franquia, trazendo a inédita vilã Towa e seu guerreiro Mira que viajavam pelo tempo tentando roubar o poder dos guerreiros Z. O jogador criava um personagem dentre as principais raças deste universo, podendo customizá-lo com equipamentos e habilidades e partia por uma viagem através do tempo ao lado de Trunks.

Era uma trama que trazia certo frescor à franquia (embora a ideia de criar o próprio personagem já tivesse aparecido no fraco Ultimate Tenkaichi) e encantava pela possibilidade de ver seu próprio guerreiro lutando ao lado dos personagens famosos, ainda que faltasse polimento em vários aspectos. Pois este Dragon Ball Xenoverse 2 não só corrige muitos dos problemas do original como expande a narrativa e adiciona algumas novas ideias. Não é irretocável como Budakai Tenkaichi 3, que considero o melhor da franquia, mas certamente é competente.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Crítica - Doutor Estranho

Análise Doutor Estranho


Review Doutor Estranho
Com mais de uma dúzia de filmes debaixo do braço a Marvel agora tenta emplacar seus personagens menos conhecidos nos cinemas. Ao mesmo tempo, precisa lidar com o desafio de oferecer algo diferente em um segmento (o de filmes de super-heróis) cada vez mais saturado e conhecedor dos lugares comuns deste tipo de narrativa. Este Doutor Estranho seria uma ótima oportunidade para o estúdio sair do seu molde típico e fazer algo mais ousado. O que entrega, no entanto, é uma história de origem que segue todas as fórmulas que o estúdio estabeleceu previamente desde o primeiro Homem de Ferro (2006), mas que funciona graças ao carisma de seu elenco e a criatividade em conceber o universo grandiloquente e absurdo habitado por seus personagens.

A trama é centrada em Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) um cirurgião brilhante e egocêntrico que perde o uso das mãos em um grave acidente. Quando todos os recursos da medicina tradicional falham, Strange viaja até o Nepal onde encontra a Anciã (Tilda Swinton), que lhe mostra o poder das artes místicas e como elas podem lhe devolver o uso das mãos. Ao aceitar os ensinamentos dela, porém, Strange se vê no meio de uma guerra entre a Anciã e seu antigo discípulo Kaecillius (Madds Mikkelsen) que deseja abrir um portal para uma dimensão sombria.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

5 Contra 1: Filmes Recentes de Terror



Aproveitando a data do Dia das Bruxas (ou Halloween), resolvemos listar alguns bons filmes de terror lançados nos últimos dois anos e também lembrar de um que não funcionou muito bem. Confiram nossa lista e nos digam quais os piores e melhores filmes de terror que vocês viram ultimamente.

5 Bons:



A premissa é batida, um grupo de jovens preso em uma casa com uma força irrefreável, mas o diretor Fede Alvarez (do remake de A Morte do Demônio) é mais que hábil em criar situações cheias de tensão e promover algumas reviravoltas que vão tornando a narrativa ainda mais perturbadora.

Trailer:



quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Crítica - Black Mirror: 3ª Temporada

Review Black Mirror 3ª Temporada


A tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas e em certa medida facilita muitas coisas. Por outro lado também traz em si uma série de problemas e questões de cunho ético, moral e existencial. A série Black Mirror trata exatamente do lado pouco saudável de nossa relação com a tecnologia através de seus episódios que funcionam como pequenos contos de horror e ficção científica contando histórias isoladas sobre os problemas que o abuso ou uso pouco ético da tecnologia trazem. Alguns SPOILERS são inevitáveis a partir deste ponto.

É interessante como cada episódio começa tentando criar uma sensação de normalidade, mostrando como não há nada aparentemente errado no modo como aquelas pessoas vivem. Aos poucos vai mostrando ao público as rachaduras em cada universo até o ponto em que nos damos conta que há algo terrivelmente errado acontecendo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Crítica - Fora do Rumo

Resenha Fora do Rumo


Review Fora do RumoEstrelado por Jackie Chan e Johnny Knoxville, este Fora do Rumo segue a velha fórmula das comédias de ação de parceiros, nos apresentando uma dupla de protagonistas com personalidades antagônicas que são obrigados à cooperar para lidar com um problema (algo que o próprio Chan já tinha feito nas franquias A Hora do Rush e Bater ou Correr). O problema do filme é menos a repetição da fórmula em si e mais a maneira automática e sem brilho com a qual ela é utilizada.

A trama é centrada em Eddie (Jackie Chan), um policial de Hong Kong que perde seu parceiro durante a investigação de um criminoso cuja identidade real ninguém conhece. Anos depois ele está obcecado em obter vingança e a única presença em sua vida é a afilhada Samantha (Fan Bingbing), filha de seu parceiro morto. Quando o malandro Connor (Johnny Knoxville) rouba dinheiro do cassino no qual Samantha trabalha e ela é ameaçada pelos donos, Eddie resolve ir atrás de Connor para ajudar a afilhada. Isso o leva em uma viajem até a Rússia e de volta para Hong Kong.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Crítica - O Contador

Resenha O Contador Ben Affleck

Review O Contador
Se você quisesse criar uma história para falar sobre como pessoas como autismo podem ser inseridas na sociedade e viverem vidas plenas apesar de suas deficiências, que tipo de história você criaria? Tentaria contar uma história sobre uma pessoa que se torna um bom profissional, forma uma família e cria profundos laços de amizade ou uma trama sobre um sujeito autista que se torna um vigilante e assassino implacável que mistura Jason Bourne, Batman e Lisbeth Salander? Pois é justa e estranhamente à segunda opção que este O Contador se apega e não tenho certeza se é a mais adequada para passar uma mensagem de tolerância e importância de inserção social, embora o filme tenha sua parcela de qualidades.

Christian Wolff (Ben Affleck) é um homem que sofre de algum tipo de autismo ou Asperger e vive como contador. Apesar de sua fachada pacata, ele na verdade trabalha lavando dinheiro para vários grandes criminosos internacionais, mas também faz justiça com as próprias mãos quando estes violam seu estrito código de honra. Seu cliente mais recente é uma empresa de alta tecnologia que suspeita de desfalque. Quando ele encontra o dinheiro faltando, ele e assistente contábil Dana (Anna Kendrick), se tornam alvos de um grupo de mercenários liderados pelo misterioso Brax (Jon Bernthal).

Crítica - O Shaolin do Sertão

Resenha O Shaolin do Sertão


Quando escrevi sobre Cine Holliúdy (2013), filme anterior do diretor Halder Gomes, destaquei o quanto ele restaurava minha fé na capacidade do cinema brasileiro de produzir boas comédias em meio a um contexto dominado pelo chamado "formato Globo Filmes" que produziu e continua a produzir horrores intragáveis. Três anos se passaram e pouco mudou, as comédias brasileiras continuam a exibir resultados sofríveis, a exemplo dos péssimos Até que a Sorte nos Separe 3 (2015) e Um Suburbano Sortudo (2016), e mais uma vez Gomes mostra que é possível fazer boas comédias populares com este O Shaolin do Sertão.

A trama acompanha Aluisio Li (Edmilson Filho), cearense de Quixadá que adora filmes chineses de artes marciais e sonha ser um grande lutador e com isso arrebatar o coração de Anésia (Bruna Hamú), filha do dono da padaria (Dedé Santana) na qual trabalha. Sua chance de provar seus talentos surge quando o candidato a prefeito Rossivaldo (Frank Menezes) resolve trazer o lutador Tony Tora-Pleura (Fábio Goulart) para cidade e promete uma grande soma em dinheiro para quem derrotá-lo. Antes de enfrentar este grande oponente, no entanto, Aluisio resolve aprimorar suas técnicas com o Chinês (Falcão).