O movimento do Cinema Novo foi um dos mais importantes para o cinema brasileiro e é referência de nossa cinematografia tanto nacional quanto internacionalmente. Seus produtos até hoje continuam a impactar a produção nacional, assim como os valores defendidos por muitos cineastas que participavam do movimento ou eram contemporâneos a estes. Este Cinema Novo de Eryk Rocha tenta entender o espírito, a visão e as referências que guiavam os cineastas do período usando áudios e imagens de arquivo com falas desses realizadores, bem como as imagens e sons dos próprios filmes realizados por eles.
Seria muito fácil produzir um
documentário com um caráter mais histórico e didático, com especialistas,
historiadores e críticos falando sobre o que foi o Cinema Novo, quem fez e qual
sua importância, mas esse não é o foco de Rocha aqui. Ele se importa mais com a
potência estética e ideológica do movimento do que em uma narrativa histórica,
daí sua escolha por algo narrado em, digamos, primeira pessoa, ou seja, da boca
dos próprios cineastas do período como Joaquim Pedro de Andrade, Nelson Pereira
dos Santos, Leon Hirszman e, claro Glauber Rocha, pai de Eryk. A escolha por
esses depoimentos também facilita nossa aproximação com esses cineastas e evita
um relato mais distanciado, mistificado ou mesmo demasiadamente reverente a
eles, deixando que eles se apresentem a nós com suas ideias e contradições.