Por mais que tenha gostado dos
filmes da franquia Harry Potter,
quando soube do anúncio deste spin-off,
Animais Fantásticos e Onde Habitam,
minha reação foi "precisa mesmo?". A preocupação aumentou quando a
Warner Bros anunciou a intenção de fazer dele uma trilogia e, depois ainda
expandiu seus planos para um total de cinco filmes. A verdade é que mesmo com
toda a desconfiança, o filme é um retorno encantador e divertido, ainda que com
problemas, ao universo mágico da franquia.
A trama se passa nos anos de 1920
e leva o bruxo Newt Scamander (Eddie Redmayne) para Nova Iorque quando seus
animais fogem e ele precisa correr pela cidade para encontrá-los e guardá-los
em sua maleta. É também a história do auror Percival Graves (Colin Farell) que
trabalha para a versão estadunidense do Ministério da Magia e investiga uma
família de pessoas não mágicas que odeia o universo da magia.
De cara chama atenção o contraste
entre as duas tramas principais do filme. De um lado temos Newt e seus amigos
em uma aventura leve e pueril em busca de seres fantásticos, de outro uma trama
sombria com morte, traumas, violência infantil e infâncias despedaçadas. Os
filmes de Harry Potter sempre souberam equilibrar leveza e seriedade, mas lá
eram os mesmos protagonistas que passavam por entre essas duas situações e tudo
parecia orgânico. Aqui, com duas tramas em tons opostos correndo em paralelo e
demorando para se encontrarem, fica a sensação de que pegaram ideias para dois
filmes distintos e colocaram juntas para tentar preencher a minutagem
necessária para um longa metragem. É esquisito e contrastante ver o Newt fazendo uma divertida dança de acasalamento para capturar uma criatura e logo em seguida vermos Credence (Ezra Miller) sofrer uma brutal violência psicológica.