quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Reflexões Boêmias - Piores Filmes de 2016



Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Como prefiro dar primeiro as más notícias, começarei com a listas de piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2016, seja para cinema ou direto para home video (DVD, Blu-Ray, serviços de streaming como a Netflix). 



Uma história real que poderia render um filme relativamente interessante sobre amor familiar e aproveitar a vida ao máximo é reduzido a um relato mais hagiográfico do que biográfico. Com um maniqueísmo simplório, uma narrativa sem ritmo, que não só demora a engrenar como faz a narrativa parecer mais longa do que realmente é, e uma direção que parece mais preocupada em forçar seu público a chorar do que tecer uma trama interessante.

Trailer:

 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Crítica - Minha Mãe é Uma Peça 2

Análise Minha Mãe é Uma Peça 2


Review Minha Mãe é Uma Peça 2
O primeiro Minha Mãe é Uma Peça (2013) valia pelo carisma de Paulo Gustavo como a dramática e desbocada Dona Hermínia. Não era nada extraordinário, mas ao menos cumpria sua função de divertir. O mesmo, no entanto, não pode ser dito deste Minha Mãe é Uma Peça 2, que parece apenas repetir todas as piadas do primeiro, mas sem o mesmo brilho e frescor de antes.

A trama continua a acompanhar Hermínia (Paulo Gustavo), agora apresentadora de um programa de televisão sobre maternidade. Ela também precisa lidar com a visita de sua irmã Lúcia Helena (Patrycia Travassos) e com o fato de seus filhos, Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) quererem sair de casa.

Muito do humor vem da maneira histérica com a qual Hermínia lida com as situações e como isso é um exagero que de algum modo reflete o comportamento de muitas mães. A questão é o que o filme não tem muito mais a oferecer além de noventa minutos da personagem gritando o tempo todo, o que torna a experiência literalmente monótona (não há quebras, respiros, variações de tom, tempos mortos, nada) e cansa pelo constante e insistente barulho atacando nossos ouvidos.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Crítica - Rogue One: Uma História Star Wars

Crítica  Rogue One: Uma História Star Wars


Review  Rogue One: Uma História Star Wars
As histórias de Star Wars no cinema eram sempre baseadas em uma noção em simples de bem e mal, nas quais heróis e vilões eram claramente definidos. Este Rogue One: Uma História Star Wars tenta mostrar uma moral um pouco mais cinzenta, na qual o bem muitas vezes precisa se comprometer para chegar onde precisa. É algo que podia resultar em uma sisudez excessiva, mas acaba funcionando aqui pelo contexto que dá a este universo e como amplia nosso entendimento do que estava em jogo ao início da trilogia original.

A narrativa segue Jyn Erso (Felicity Jones), filha do cientista imperial Galen Erso (Madds Mikkelsen). Seu pai tentou fugir do Império quando viu a arma que planejavam construir, mas depois que sua esposa é morta, acaba cedendo à força do oficial Krennic (Ben Mendelsohn). Anos depois Jyn é chamada pela líder rebelde Mon Mothma (Genevieve O'Reilly) para que ela ajude a contatar o ex-rebelde e extremista Saw Gerrera (Forrest Whitaker), que aparentemente recebeu uma mensagem de Galen sobre as fragilidades da nova superarma imperial. Assim, Jyn parte para encontrar seu pai e as informações para derrotar o império com a ajuda do capitão Cassian Andor (Diego Luna) e o androide K-2SO (voz de Alan Tudyk).

Crítica - Batman: The Telltale Series

Análise Batman The Telltale Series


Review Batman The Telltale SeriesA desenvolvedora Telltale games ganhou evidência pelo modo como reformulou as narrativas contadas pelos jogos de aventura estilo point and click, ao deixar várias decisões à cargo do jogador, permitindo que ele escolhesse que tipo de personagem seu protagonista seria e fazendo-o sentir, em certa medida, o peso das consequências de suas decisões. A fórmula já tinha dado muito certo em The Walking Dead: The Game (cuja terceira temporada já está chegando), The Wolf Among Us, Tales From the Borderlands e volta a funcionar muito bem neste Batman: The Telltale Series.

Dividida em cinco episódios, a trama se passa no início da carreira de Bruce Wayne como vigilante e marca seu primeiro encontro com muitos de seus importantes inimigos como o Pinguim e a Mulher-Gato. A história toma algumas liberdades com o cânone do morcego, em especial quanto ao passado da família Wayne, mas tudo funciona em favor da narrativa e da visão que a desenvolvedora tenta trazer para o personagem. As novas informações sobre seus pais ajudam a dar mais peso e responsabilidade para o trabalho de Bruce/Batman em melhorar sua cidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Crítica - Dirk Gently's Holistic Detective Agency: 1ª Temporada

Análise Dirk Gently's Holistic Detective Agency


Review Dirk Gently's Holistic Detective Agency
A narrativa policial é um gênero costumeiramente calcado na razão e na objetividade. Detetives como Sherlock Holmes ou Hercule Poirot usam seus conhecimentos e inteligência para desvendar os mais intricados mistérios, sempre conseguindo explicar de modo racional crimes que por vezes parecem até sobrenaturais. O romancista Douglas Adams (criador de O Guia do Mochileiro das Galáxias) resolveu ir na contramão disso ao escrever o romance Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently (e suas continuações). Adams, com seu típico humor seco, nonsense e uma pecha pelo absurdo, tecia uma trama policial na qual nada fazia o menor sentido, tudo acontecia por coincidência e o detetive protagonista resolvia tudo simplesmente por topar acidentalmente nas pistas ou fazendo palpites sortudos sem base em nenhum tipo de informação ou conhecimento. A série Dirk Gently's Holistic Detective Agency tenta trazer para a televisão esse universo absurdo criado por Adams e em geral é bem sucedida, ainda que não consiga chegar no nível de absurdo e nonsense do romancista britânico (para ser justo, praticamente ninguém conseguiria se igualar a Adams).

A trama começa quando o carregador de bagagens Todd (Elijah Wood) encontra um grupo de pessoas brutalmente assassinadas na cobertura do hotel no qual trabalha. A polícia não consegue encontrar nenhuma explicação para o ocorrido além da possibilidade de todos ali terem sido devorados por um tubarão-martelo e começam a suspeitar de Todd. Ele, por sua vez é visitado pelo esquisito e misterioso Dirk Gently (Samuel Barnett), que se apresenta como um "detetive holístico" e o chama para ser seu assistente e resolver o assassinato. A partir de então a dupla embarca em uma trama tresloucada pontuada por trocas de corpos, vampiros de emoções, viagens no tempo, experimentos da CIA e mais uma série de coisas que parecem não fazer sentido e se conectam por pura coincidência.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Crítica - South Park: 20ª Temporada

Análise South Park Temporada 20

Review South Park Temporada 20
South Park pegou todo mundo de surpresa na temporada anterior quando decidiu adotar uma estrutura mais serializada com arcos narrativos longos que se desdobravam ao longo dos episódios da temporada. Não eram apenas as piadas que iam sendo levadas de um episódio para outro, mas as tramas iam continuando construindo uma longa história ao longo dos dez episódios. Chegando nesta vigésima temporada, ficava a questão se os criadores Matt Stone e Trey Parker manteriam o formato ou se foi apenas uma experimentação. Ao que parece, eles gostaram das possibilidades que essa estrutura trazia, já que a vigésima temporada continua com aquilo que foi iniciado no ano anterior com arcos que se estendem ao longo da temporada. O texto a seguir pode conter alguns SPOILERS.

O ano vinte começa com a escola dos garotos Stan, Kyle, Cartman e Kenny sofrendo ataques em seu site de um troll de internet chamado Skankhunt42. O troll, cuja identidade é anônima, entra na página e constantemente dirige insultos às meninas da escola, o que leva a todos a desconfiarem de que é um dos meninos. Ao mesmo tempo há a aparição das Member Berries, frutas falantes que apelam para a nostalgia e se tornam uma febre entre os moradores da cidade, que parecem se afundar na nostalgia proporcionada por elas e se apegam cada vez mais ao passado.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Crítica - Westworld: 1ª Temporada



Quando Michael Crichton escreveu e dirigiu o filme Westworld: Onde Ninguém Tem Alma (1973) ele praticamente fez um rascunho dos principais temas de sua mais famosa obra: Jurassic Park, que virou filme em 1993 nas mãos de Steven Spielberg. A ideia de um enorme parque temático no qual o homem "brinca de Deus", perde o controle de sua criação (robôs em Westworld, dinossauros em Jurassic Park) e enfrenta terríveis consequências já tinha sido explorada à exaustão nesses dois filmes e nas múltiplas continuações de Jurassic Park. Assim sendo, quando a HBO anunciou que faria uma série de Westworld, tive dúvidas se ela teria a acrescentar ao que já foi dito antes.

Felizmente o showrunner Jonathan Nolan (responsável pela ótima e subestimada Person of Interest) não se limita a essas ideias e expande as propostas originalmente tratadas por Crichton para abordar alguns temas que lhe são caros, como a relação que temos com a ficção, o impacto da criação de uma inteligência artificial, o que nos torna humanos e o papel da memória na formação de nossa identidade (algo que ele já tinha trabalhado com o irmão Christopher quando desenvolveu o argumento de Amnésia). A partir deste ponto SPOILERS são inevitáveis.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Crítica - A Última Ressaca do Ano

Análise A Última Ressaca do Ano


Review A Última Ressaca do Ano
Sempre que chega o final de ano, sempre aparecem aqueles "filmes sazonais" querendo tirar vantagem do espírito natalino. Este A Última Ressaca do Ano, mesmo com sua roupagem de comédia anárquica, é exatamente isso: a bola da vez em uma indústria que já se acostumou a tentar arrancar alguns caraminguás do público natalino. Não chega a ser absolutamente terrível como algumas produções dos últimos anos (como o horrendo O Natal dos Coopers), mas segue aquele mesmo padrão de múltiplos personagens para agradar públicos diferentes, o que acarreta um desenvolvimento raso e um humor que em muitos casos repete preguiçosamente piadas manjadas.

A trama acompanha Clay (T.J Miller, o Weasel de Deadpool), um excêntrico diretor de uma filial de uma empresa de tecnologia. Ás vésperas do recesso de fim de ano ele recebe um ultimato de Carol (Jennifer Aniston), sua irmã e presidente da empresa: ou aumenta os lucros ou sua filial será fechada. Sua única chance é fechar um contrato com o executivo Walter Davis (Courtney B. Vance), mas para isso terão que convencê-lo de que não são uma empresa como qualquer outra. Para isso, Clay contará com a ajuda de seus funcionários Josh (Jason Bateman) e Tracey (Olivia Munn) para organizar uma grande festa natalina para a empresa, que obviamente sai do controle.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Crítica - Capitão Fantástico

Análise Capitão Fantástico


Review Capitão Fantástico
Capitão Fantástico parecia aquele filme indie padrão sobre uma família excêntrica e desajustada tentado lidar com as coisas banais do "mundo real", aprendendo não só a preencherem as lacunas que faltam, mas também a abraçar a própria esquisitice. Na verdade ele é exatamente isso, mas funciona pelo fato de evitar maniqueísmos fáceis e não glorificar demais seus personagens, apontando suas falhas e contradições e permitindo que eles lidem com isso.

Ben (Viggo Mortensen) é um homem que vive em uma casa na floresta com seus seis filhos. Ele os educa em casa, ensinando filosofia, política, física e todas as outras disciplinas acadêmicas, assim como também os ensina a caçar, rastrear e a se virarem na natureza. Quando sua esposa, que estava internada para tratar de seu distúrbio bipolar, comete suicídio, ele decide viajar para o enterro, mesmo contrariando o sogro (Frank Langella) que ameaça prendê-lo caso apareça, já que ele culpa o estilo de vida alternativo deles como responsável pelo que aconteceu com a filha.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Crítica - Magnífica 70: 2ª Temporada

Análise Magnífica 70


Resenha Magnífica 70
A primeira temporada de Magnífica 70, série brasileira produzida em parceria com o canal a cabo HBO, foi uma grata surpresa com seu ritmo ágil, personagens interessantes e uma trama que se passava nos bastidores de uma produtora de cinema na chamada "Boca do Lixo" na São Paulo dos anos setenta, período duro da ditadura militar brasileira. A temporada construía um tenso jogo de gato e rato a partir da jornada de Vicente (Marcos Winter), um censor que se envolvia com a equipe da Magnífica Cinematográfica e passava a ajudá-los na produção de filmes, ao mesmo tempo que ocultava isso de seus superiores e tentava convencê-los a aprovar os "filmes subversivos" que fazia por lá.

A segunda temporada começa um tempo depois do término da primeira. Apesar de estarem no controle da Magnífica, Vicente, Manolo (Adriano Garib) e os demais não estão exatamente no controle da situação. Sueli (Juliana Galdino), a chefe de Vicente na censura, o vem chantageando desde o fim da temporada anterior para que ele faça filmes com a ideologia do governo para poder lucrar com eles. Isso fere a integridade artística de Vicente que pensa em maneiras de se livrar de Sueli, ao mesmo tempo que começa a ser consumido pela culpa pela morte de um colega cineasta, que se suicidou depois que Vicente remontou seu filme, removendo o conteúdo político dele, para que fosse possível passar pela censura.