Depois de fazer minha lista com os piores filmes do ano, chegou a vez de listar os melhores e devo dizer que foi muito mais difícil. Assim como no ano passado, tentei me ater apenas a um top 10, mas tinham filmes que valiam destaque de fora dessa lista inicial, então acabei novamente fazendo um top 15. Assim como na lista de piores, levei em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2016, tanto nos cinemas quanto em vídeo e serviços de streaming. Sendo assim, vamos aos filmes.
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Reflexões Boêmias - Melhores Filmes de 2016
Depois de fazer minha lista com os piores filmes do ano, chegou a vez de listar os melhores e devo dizer que foi muito mais difícil. Assim como no ano passado, tentei me ater apenas a um top 10, mas tinham filmes que valiam destaque de fora dessa lista inicial, então acabei novamente fazendo um top 15. Assim como na lista de piores, levei em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2016, tanto nos cinemas quanto em vídeo e serviços de streaming. Sendo assim, vamos aos filmes.
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Reflexões Boêmias
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
Crítica - Dominação
Quando escrevi sobre o recente Passageiros, mencionei como Hollywood
tem a falsa impressão de que é possível ter um produto de sucesso e qualidade
apenas por juntar duas ideias diferentes que isoladamente já tinham se mostrado
bem sucedidas. Este horrendo Dominação
ajuda a sedimentar essa ideia. Provavelmente originado em alguma reunião de
produtores e executivos de estúdio quando pediram ideias originais para um
filme de terror e alguém sugeriu "que tal um terror que misture O Exorcista (1973) com A Origem (2010)?", o filme não
funciona em absolutamente nenhum nível e sua premissa é a única coisa que tem
de interessante.
O Dr. Ember (Aaron Eckhart) é
capaz de entrar no subsconsciente de pessoas possuídas por demônios para
expulsá-los de dentro de suas mentes (e consequentemente de seus corpos). Um
dia ele é procurado por uma emissária do Vaticano para tentar expulsar um
poderoso demônio do corpo do menino Cameron (David Mazouz), mas só resolve
pegar o caso quando fica sabendo que este pode ser o mesmo demônio que matou
sua família e o deixou paraplégico.
A narrativa demora muito a
engrenar, se estendendo mais do que deveria nas explicações de como o
"poder" de Ember funciona e quais as regras. As explicações em
excesso acabam apenas revelando a fragilidade daquilo tudo (não é a toa que A Origem nunca se detém nos pormenores
de como a máquina funciona). Para piorar posteriormente muito do que acontece
contradiz diretamente o que é falado no início, o que dá a impressão de que nem
o próprio roteirista estava prestando atenção naquilo que estava fazendo.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
Crítica - Passageiros
A mistura de vários tipos de
filmes que costumam fazer sucesso como uma ficção científica com temas
existenciais (pensem em Interestelar ou
A Chegada), dramas românticos e
filmes catástrofes somados aos dois atuais queridinhos de Hollywood, Chris
Pratt e Jennifer Lawrence, parecia uma receita lógica. Afinal, se isoladamente
esses ingredientes dão certo, juntos eles vão dar ainda mais certo, não é? Bem,
não. Arte não é uma ciência exata e mesmo nesse cinemão feito em escala
industrial e para grande público não dá para reduzir tudo a uma mera aplicação
de fórmulas, pois se fosse assim tão simples não existiriam fracassos. Este Passageiros é prova de que simplesmente
juntar um monte de coisas que faz sucesso não vai necessariamente resultar em
algo bom.
A trama se passa no futuro quando
a humanidade colonizou planetas distantes e uma grande corporação oferece
cruzeiros para quem quiser habitar esses novos planetas. A viagem dura 120 anos
e os passageiros e a tripulação são mantidos em animação suspensa durante boa
parte do trajeto, sendo acordados somente quatro meses antes de chegarem.
Quando a nave Avalon é atingida por uma chuva de meteoros, um defeito acaba
acordando um dos passageiros, o mecânico Jim (Chris Pratt). Sem saber o que
causou o problema e sem conseguir acesso aos compartimentos da tripulação, Jim
tenta descobrir o que está acontecendo e o que fazer agora que é o único
acordado ali. Ele eventualmente acaba ganhando a companhia de outra passageira,
Aurora (Jennifer Lawrence), mas os problemas da nave se agravam.
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Ficção Científica,
Romance
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
Crítica - Animais Noturnos
Artistas muitas vezes se colocam
em suas obras. Aquilo que tratam em seus produtos muitas vezes é uma forma de
expiar dores, angústias e frustrações. Sob este aspecto, toda obra de ficção
seria também (ao menos em algum nível) um relato autobiográfico. A função
catártica da ficção é exatamente o tema central deste Animais Noturnos.
A trama segue Susan (Amy Adams),
uma dona de galeria de arte que um dia recebe o manuscrito de um romance
enviado por seu ex-marido, Edward (Jake Gyllenhaal). O livro é dedicado a ela e
conforme ela começa a ler a trágica história de vingança de Tony (também
Gyllenhaal), começa a perceber as semelhanças temáticas entre a jornada de Tony
e seu casamento fracassado.
O filme não nos mostra apenas a
história de Susan no presente, como também a do romance de Edward e o passado
dos dois e como seu relacionamento erodiu. É uma estrutura que facilmente podia
descambar para uma bagunça rasa, mas o texto de Tom Ford (que também dirige)
consegue equilibrar tudo com eficiência. O equilíbrio que ele tem no texto,
porém, lhe falta à direção. Sua condução cheia de afetações e floreios
estilísticos confere beleza e plasticidade até ao que deveria incomodar. As
paisagens desérticas do Texas e seus casebres arruinados pelos quais Tony passa
em sua busca por vingança são tão perfeitamente filmados e belissimamente
fotografados (alguns planos parecem pinturas) que jamais soam ameaçadores,
opressivos e decadentes como deveriam. O mesmo pode ser dito da violência, que
deveria ser crua, gráfica, brutal e implacável, mas é tudo tão estilizado que
seu impacto se esvazia. O filme acaba parecendo como uma das instalações
artísticas da galeria de Susan, algo feito pra chocar e incomodar, mas que são
colocadas em um ambiente tão perfeitamente clean
que terminam desprovidas de impacto e soam ascéticas e frígidas.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Crítica - Final Fantasy XV
Vou ser direto: desde os Final
Fantasy do PSOne (o VII, o VIII e o IX) que um capítulo numerado da franquia
(não coloco na conta spin-offs como o
recente World of Final Fantasy) não
me envolvia tanto quanto este Final
Fantasy XV. Pode não estar no padrão de excelência dos melhores exemplares
da série (como o quarto, o sexto e o sétimo) e tem lá sua parcela de problemas,
mas consegue captar o espírito clássico desses games ao mesmo tempo que
adiciona uma série de novos elementos e influências dos RPGs ocidentais (que
ultimamente vem recebendo mais atenção e elogios que os JRPGs) sendo o
"Final Fantasy para fãs e novatos" que a Square-Enix anuncia ao
início do jogo.
Os Quatro Guerreiros da Luz
A trama se passa no mundo de Eos
e acompanha Noctis, príncipe do reino de Lucis. Ele deixa a capital do reino
acompanhado de seus três amigos e guardiões Gladiolus, Ignis e Prompto, em
direção ao reino de Altissia para se casar com sua prometida, Lady Lunafreya. O
casamento entre eles foi arranjado por seu pai, o rei Regis, como uma tentativa
de gerar um cessar-fogo entre Lucis e o império de Niflheim. Durante o
trajeto, Noctis e seus amigos descobrem que a capital de Lucis foi atacada,
resultando na morte de Regis e na captura do místico cristal que gerava energia
para a cidade. Com a morte de seu pai, Noctis precisa agora reunir o poder dos
antigos reis e as bênçãos dos seis deuses de Eos para reclamar seu lugar ao
trono, deter o avanço do império maligno e recuperar o cristal.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
Crítica - Invasão Zumbi
Os zumbis estão mais em voga do
que nunca na cultura pop, marcando
constante presença em filmes, séries de televisão, videogames, quadrinhos e uma
platitude de outras plataformas. O coreano Invasão
Zumbi poderia ser apenas mais um caça-níqueis a tentar faturar uns trocados
em cima da popularidade dos mortos-vivos, mas funciona muito bem devido às
metáforas sociais que constrói e pela eficiência dos momentos de tensão.
Na trama, o empresário workaholic Seok Woo (Yoo Gong) tenta se
reconectar com a filha, a quem dá pouca (quase nenhuma) atenção, no dia de seu
aniversário. Como presente sua filha pede que ele a leve para visitar a mãe,
que mora no interior da Coreia do Sul.
Woo resolve ir de trem com sua filha e no caminho para a estação percebe
que há uma série de confusões ocorrendo na cidade. No trem, percebemos que há
uma epidemia zumbi se alastrando, mas quando os personagens se dão conta já é
tarde demais, o trem está em movimento e eles precisam sobreviver aos vagões
infestados de zumbis.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Reflexões Boêmias - Piores Filmes de 2016
Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Como prefiro dar primeiro as más notícias, começarei com a listas de piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2016, seja para cinema ou direto para home video (DVD, Blu-Ray, serviços de streaming como a Netflix).
10. Pequeno Segredo
Uma história real que poderia
render um filme relativamente interessante sobre amor familiar e aproveitar a
vida ao máximo é reduzido a um relato mais hagiográfico do que biográfico. Com
um maniqueísmo simplório, uma narrativa sem ritmo, que não só demora a engrenar
como faz a narrativa parecer mais longa do que realmente é, e uma direção que
parece mais preocupada em forçar seu público a chorar do que tecer uma trama
interessante.
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Reflexões Boêmias
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terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Crítica - Minha Mãe é Uma Peça 2
O primeiro Minha Mãe é Uma Peça (2013) valia pelo carisma de Paulo Gustavo
como a dramática e desbocada Dona Hermínia. Não era nada extraordinário, mas ao
menos cumpria sua função de divertir. O mesmo, no entanto, não pode ser dito
deste Minha Mãe é Uma Peça 2, que parece apenas repetir todas as
piadas do primeiro, mas sem o mesmo brilho e frescor de antes.
A trama continua a acompanhar Hermínia (Paulo Gustavo), agora apresentadora de um programa de televisão sobre
maternidade. Ela também precisa lidar com a visita de sua irmã Lúcia Helena
(Patrycia Travassos) e com o fato de seus filhos, Juliano (Rodrigo Pandolfo) e
Marcelina (Mariana Xavier) quererem sair de casa.
Muito do humor vem da maneira
histérica com a qual Hermínia lida com as situações e como isso é um exagero
que de algum modo reflete o comportamento de muitas mães. A questão é o que o
filme não tem muito mais a oferecer além de noventa minutos da personagem
gritando o tempo todo, o que torna a experiência literalmente monótona (não há
quebras, respiros, variações de tom, tempos mortos, nada) e cansa pelo
constante e insistente barulho atacando nossos ouvidos.
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Crítica - Rogue One: Uma História Star Wars
As histórias de Star Wars no
cinema eram sempre baseadas em uma noção em simples de bem e mal, nas quais
heróis e vilões eram claramente definidos. Este Rogue One: Uma História Star Wars tenta mostrar uma moral um pouco
mais cinzenta, na qual o bem muitas vezes precisa se comprometer para chegar
onde precisa. É algo que podia resultar em uma sisudez excessiva, mas acaba
funcionando aqui pelo contexto que dá a este universo e como amplia nosso
entendimento do que estava em jogo ao início da trilogia original.
A narrativa segue Jyn Erso
(Felicity Jones), filha do cientista imperial Galen Erso (Madds Mikkelsen). Seu
pai tentou fugir do Império quando viu a arma que planejavam construir, mas depois
que sua esposa é morta, acaba cedendo à força do oficial Krennic (Ben
Mendelsohn). Anos depois Jyn é chamada pela líder rebelde Mon Mothma (Genevieve
O'Reilly) para que ela ajude a contatar o ex-rebelde e extremista Saw Gerrera
(Forrest Whitaker), que aparentemente recebeu uma mensagem de Galen sobre as
fragilidades da nova superarma imperial. Assim, Jyn parte para encontrar seu
pai e as informações para derrotar o império com a ajuda do capitão Cassian
Andor (Diego Luna) e o androide K-2SO (voz de Alan Tudyk).
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Crítica - Batman: The Telltale Series
A desenvolvedora Telltale games ganhou evidência pelo modo como reformulou as narrativas contadas pelos jogos de aventura estilo point and click, ao deixar várias decisões à cargo do jogador, permitindo que ele escolhesse que tipo de personagem seu protagonista seria e fazendo-o sentir, em certa medida, o peso das consequências de suas decisões. A fórmula já tinha dado muito certo em The Walking Dead: The Game (cuja terceira temporada já está chegando), The Wolf Among Us, Tales From the Borderlands e volta a funcionar muito bem neste Batman: The Telltale Series.
Dividida em cinco episódios, a
trama se passa no início da carreira de Bruce Wayne como vigilante e marca seu
primeiro encontro com muitos de seus importantes inimigos como o Pinguim e a
Mulher-Gato. A história toma algumas liberdades com o cânone do morcego, em
especial quanto ao passado da família Wayne, mas tudo funciona em favor da
narrativa e da visão que a desenvolvedora tenta trazer para o personagem. As
novas informações sobre seus pais ajudam a dar mais peso e responsabilidade
para o trabalho de Bruce/Batman em melhorar sua cidade.
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea, pesquisador da área de cinema, mas também adora games e quadrinhos.
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