domingo, 15 de janeiro de 2017

Crítica - Desventuras em Série: 1ª Temporada

Análise Desventuras em Série: 1ª Temporada


Review Desventuras em Série: 1ª Temporada
A maioria das fábulas infantis tem como propósito transmitir às crianças lições que serão úteis em suas vidas, prepará-las para a vida adulta e as dificuldades que encontrarão no caminho. Pois dificuldade é o que não falta a na história dos irmãos Beaudelaire neste Desventuras em Série, cuja "moral" parece ser justamente a de que coisas ruins acontecem, não podemos evitá-las e o melhor que se pode fazer é lidar com elas de acordo.

A trama segue os irmão Klaus (Louis Hynes), Violet (Malina Weissman) e Sunny (Presley Smith com a "voz" de Tara Strong) Baudelaire, que ficam órfãos depois que um misterioso incêndio destrói sua casa e toma a vida de seus pais. Eles são mandados para viver com um parente distante, o medonho Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um aspirante a ator não muito inteligente que vive cercado por sua trupe teatral formada por esquisitões. O que falta em inteligência a Olaf sobra em maldade e ele está disposto a qualquer coisa para tomar o controle da fortuna que os pais deixaram para os irmãos Baudelaire.

Como a música de abertura e as falas do narrador Lemony Snicket (Patrick Warburton) insistem em dizer, essa é uma história de constante infortúnio, com os irmãos encontrando um novo apuro ou perigo cada vez que pensam estarem seguros. Há uma sensação constante que os irmãos correm um real perigo de vida e os eventos convencem do sofrimento deles. Como essa é uma narrativa para crianças, a trama também traz uma leveza e um senso de humor através de seus diálogos ágeis e tiradas sagazes, em especial pelas explicações detalhadas de Snicket, que inclusive faz questão de explicar e dar exemplos quando usa palavras complicadas.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Lying Detective (S04E02)

Análise Sherlock: The Lying Detective (S04E02)


Review Sherlock: The Lying Detective (S04E02)
Depois de um retorno problemático com The Six Thatchers, a quarta temporada de Sherlock parece voltar aos eixos e ao alto nível de qualidade que se espera da série com este tenso Thr Lying Detective.

A trama, baseada no conto O Detetive Moribundo (The Dying Detective em inglês) começa algum tempo depois dos eventos do episódio anterior, com Sherlock (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) distantes um do outro, tendo que lidar com os eventos do episódio anterior e perdidos em suas espirais de autodestruição. Watson tem visões com Mary (Amanda Abbington), enquanto Holmes se entrega ao consumo de drogas e se enterra em trabalho. Os problemas começam quando Holmes aparentemente recebe a visita de Faith (Gina Bramhill), filha de Culverton Smith (Toby Jones), uma poderosa personalidade da televisão. A jovem conta ao detetive que suspeita que seu pai seja um serial killer e assim ele inicia sua investigação. Como Sherlock está mentalmente incapaz de lidar sozinho com um oponente tão brilhante e dissimulado, ele, ou melhor, a Sra. Hudson (Una Stubbs), pede ajuda a Watson, apelando para o senso de dever e correção moral do médico.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Crítica - La La Land: Cantando Estações

Análise La La Land Cantando Estações


Review La La Land Cantando Estações
A música parece um tema caro ao diretor Damien Chazelle. Ele já tinha feito um musical com temas de jazz em seu primeiro longa, Guy and Madeline on a Park Bench (2009), originalmente feito para ser seu trabalho de conclusão de curso em Harvard. Seu segundo longa, o excelente Whiplash: Em Busca da Perfeição (2015), tratava da busca por um baterista em ser o melhor e a relação abusiva/doentia que tinha com um professor. Agora em La La Land: Cantando Estações ele entra no universo do musical clássico hollywoodiano e não apenas celebra seu legado, como tenta também passá-lo em revisão sob um olhar contemporâneo (e um conhecimento quase enciclopédico sobre essa filmografia).

A trama segue a aspirante a atriz Mia (Emma Stone) e o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling) e as idas e vindas de sua relação ao longo de um ano na cidade de Los Angeles. É uma trama típica de musical romântico, um casal de personalidades distintas que tem algo de importante a ensinar um para o outro, números musicais guiando as ações e desenvolvimentos da trama, a busca pelo sonho de sucesso e reconhecimento em sua arte, tudo está ali presente. Ao mesmo tempo que remete a tempos mais simples, românticos e ingênuos, mas ao mesmo tempo, o filme vai dando pistas que não é tão ingênuo e idealizado quanto parece.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Crítica - A Criada

Análise A Criada


Review A Criada
O diretor sul-coreano Park Chan-Wook tem apreço por histórias de vingança. Isso já tinha ficado claro em sua "trilogia da vingança", composta por Mr. Vingança (2002), Oldboy (2003) e Lady Vingança (2005). Depois de tantos filmes excelentes sobre o tema, era de se imaginar que uma nova história de vingança contada por ele fosse soar como repetitiva e sem o frescor criativo de antes. Isso, no entanto, não acontece neste A Criada, que também conta uma história de vingança em um ambiente de sordidez e constante exploração.

A trama começa quando a jovem Sook-Hee (Tae-ri Kim) é abordada pelo golpista "Conde" Fujiwara (Jung-woo Ha), um falsário que se passa por nobre japonês para se aproximar de um rico sul-coreano que coleciona livros raros, Kouzuki (Jing-woong Jo). O falso conde sabe que o colecionador está à beira da falência por causa de seus gastos com sua coleção e sua única solução para se salvar financeiramente é casar com Lady Hideko (Min-hee Kim), a sobrinha de sua falecida esposa que tenha uma grande herança a receber. O falso conde então resolve ele mesmo seduzir Hideko e para isso infiltra Sook-Hee na mansão para trabalhar como criada da jovem nobre. Aos poucos, no entanto, Sook-Hee começa a se afeiçoar por seu alvo e o que inicialmente era admiração vai dando lugar ao desejo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Crítica - Assassin's Creed

Análise Assassin's Creed


Review Assassin's Creed
Joguei todos os games da série principal da franquia Assassin's Creed (desconto aqui versões portáteis como o Liberation e os três do selo Chronicles), acompanhei a franquia em seus melhores momentos (Assassin's Creed 2, Brotherhood, Black Flag) e nos seus piores (Revelations, Unity) e a possibilidade de um filme parecia uma tentativa interessante de expandir a franquia (embora eu creia que suas narrativas, que se estendem ao longo de anos, seriam melhor comportadas em uma série). Um elenco de peso foi reunido, Michael Fassbender (também atuando como produtor), Marion Cotillard, Jeremy Irons, um diretor promissor, Justin Kurzel do ótimo Macbeth: Ambição e Guerra (2015), foi chamado. Com tanta gente boa envolvida, fica até difícil compreender como isso deu errado.

A trama acompanha Callum Lynch (Michael Faassbender), um homem condenado à morte e prestes a ser executado por assassinato. Após sua aparente execução, ele acorda em uma instalação da corporação Abstergo acompanhado da cientista Sofia Rikkin, que diz precisar da ajuda dele para localizar a Maçã do Éden, um artefato que, segundo ela, pode eliminar a violência do mundo. Para achar o item, Callum precisa usar uma máquina chamada Animus, que o faz reviver as memórias de antepassados que estão contidas em seu código genético. A máquina o faz ver o passado de Aguilar (também Fassbender), ancestral seu que viveu na época da Inquisição Espanhola, no fim do século XV.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Crítica - Moana: Um Mar de Aventuras

Análise Moana Um Mar de Aventuras


Review Moana Um Mar de Aventuras
Moana: Um Mar de Aventuras não é exatamente original. É uma reprodução da tradicional "jornada do herói" (até se referem à personagem no filme como "a escolhida") que já vimos um monte de outras vezes, mas à despeito da natureza familiar, funciona pelos seus personagens bem construídos e pelas canções envolventes compostas pelo atual queridinho da Broadway, Lin-Manuel Miranda, que fez a limpa nos prêmios Tony (o "Oscar" do teatro dos Estados Unidos) com o musical Hamilton, escrito, dirigido e protagonizado por ele.

A trama acompanha a jovem Moana (Auli'i Cravalho) uma garota que cresceu em uma pequena ilha e sempre sonhou em viajar através dos oceanos. Seu pai, no entanto, tem planos diferentes para ela, criando-a para tomar seu lugar como líder de seu povo. Sua sede de viajar acaba sendo estimulada quando ela recebe um artefato chamado Coração de Te Fiti, que aparentemente pertencia a uma deusa antiga, que precisa ser devolvido ao seu devido lugar para evitar que as trevas se espalhem pelo mundo e tudo seja controlado pelo monstro de lava Te Ka. Para tanto, ela precisa encontrar e pedir ajuda ao semideus Maui (Dwayne "The Rock" Johnson), que originalmente roubou a joia.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Six Thatchers (S04E01)

Análise Sherlock: The Six Thatchers (S04E01)


Review
Descontando o "especial de Natal" The Abominable Bride, três anos separam o gancho no fim da terceira temporada que apontava o possível retorno do aparentemente morto Moriarty e o início desta quarta. O retorno da série com este The Six Thatchers trazia em si muita expectativa e o episódio não decepciona, ainda que tenha sua parcela de problemas. O que vem a partir daqui pode conter alguns SPOILERS.

Começando onde a terceira temporada e o especial de Natal terminaram, Sherlock (Benedict Cumberbatch) está de volta à Inglaterra e conclui que Moriarty (Andrew Scott) de fato está morto, mas deixou uma vingança póstuma preparada para seu inimigo. Sherlock ainda não sabe exatamente o que é, então resolve manter seus olhos e ouvidos atentos ao submundo do crime, resolvendo caso atrás de caso com ajuda de Watson (Martin Freeman) e sua esposa Mary (Amanda Abbington). Uma possível pista sobre os planos de Moriarty surge quando ele identifica a destruição de vários bustos da ex-primeira ministra Margaret Thatcher.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Reflexões Boêmias - Melhores Filmes de 2016



Depois de fazer minha lista com os piores filmes do ano, chegou a vez de listar os melhores e devo dizer que foi muito mais difícil. Assim como no ano passado, tentei me ater apenas a um top 10, mas tinham filmes que valiam destaque de fora dessa lista inicial, então acabei novamente fazendo um top 15. Assim como na lista de piores, levei em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2016, tanto nos cinemas quanto em vídeo e serviços de streaming. Sendo assim, vamos aos filmes.

Crítica - Dominação

Análise Dominação


Review Dominação
Quando escrevi sobre o recente Passageiros, mencionei como Hollywood tem a falsa impressão de que é possível ter um produto de sucesso e qualidade apenas por juntar duas ideias diferentes que isoladamente já tinham se mostrado bem sucedidas. Este horrendo Dominação ajuda a sedimentar essa ideia. Provavelmente originado em alguma reunião de produtores e executivos de estúdio quando pediram ideias originais para um filme de terror e alguém sugeriu "que tal um terror que misture O Exorcista (1973) com A Origem (2010)?", o filme não funciona em absolutamente nenhum nível e sua premissa é a única coisa que tem de interessante.

O Dr. Ember (Aaron Eckhart) é capaz de entrar no subsconsciente de pessoas possuídas por demônios para expulsá-los de dentro de suas mentes (e consequentemente de seus corpos). Um dia ele é procurado por uma emissária do Vaticano para tentar expulsar um poderoso demônio do corpo do menino Cameron (David Mazouz), mas só resolve pegar o caso quando fica sabendo que este pode ser o mesmo demônio que matou sua família e o deixou paraplégico.

A narrativa demora muito a engrenar, se estendendo mais do que deveria nas explicações de como o "poder" de Ember funciona e quais as regras. As explicações em excesso acabam apenas revelando a fragilidade daquilo tudo (não é a toa que A Origem nunca se detém nos pormenores de como a máquina funciona). Para piorar posteriormente muito do que acontece contradiz diretamente o que é falado no início, o que dá a impressão de que nem o próprio roteirista estava prestando atenção naquilo que estava fazendo.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Crítica - Passageiros

Análise Passageiros


Review Passageiros
A mistura de vários tipos de filmes que costumam fazer sucesso como uma ficção científica com temas existenciais (pensem em Interestelar ou A Chegada), dramas românticos e filmes catástrofes somados aos dois atuais queridinhos de Hollywood, Chris Pratt e Jennifer Lawrence, parecia uma receita lógica. Afinal, se isoladamente esses ingredientes dão certo, juntos eles vão dar ainda mais certo, não é? Bem, não. Arte não é uma ciência exata e mesmo nesse cinemão feito em escala industrial e para grande público não dá para reduzir tudo a uma mera aplicação de fórmulas, pois se fosse assim tão simples não existiriam fracassos. Este Passageiros é prova de que simplesmente juntar um monte de coisas que faz sucesso não vai necessariamente resultar em algo bom.

A trama se passa no futuro quando a humanidade colonizou planetas distantes e uma grande corporação oferece cruzeiros para quem quiser habitar esses novos planetas. A viagem dura 120 anos e os passageiros e a tripulação são mantidos em animação suspensa durante boa parte do trajeto, sendo acordados somente quatro meses antes de chegarem. Quando a nave Avalon é atingida por uma chuva de meteoros, um defeito acaba acordando um dos passageiros, o mecânico Jim (Chris Pratt). Sem saber o que causou o problema e sem conseguir acesso aos compartimentos da tripulação, Jim tenta descobrir o que está acontecendo e o que fazer agora que é o único acordado ali. Ele eventualmente acaba ganhando a companhia de outra passageira, Aurora (Jennifer Lawrence), mas os problemas da nave se agravam.