terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Crítica - Beleza Oculta

Análise Beleza Oculta


Review Beleza Oculta
O princípio lógico conhecido como "Navalha de Occam", muitas vezes referido como "princípio da parcimônia", determina que as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade. Trocando em miúdos: a explicação mais simples e direta tende a ser a melhor. Este Beleza Oculta, porém, ignora qualquer lógica ou parcimônia e pega uma história relativamente simples sobre superação de luto e tenta transformar em algo muito mais complicado do que deveria ser, criando uma trama rocambolesca que demora a engrenar e mais prejudica a mensagem desejada do que ajuda. Outro princípio filosófico que o filme parece ignorar (e sequer problematiza) é a noção de que não é possível fazer o bem a alguém ao lhe fazer mal. Platão disse isso em seu seminal A República e, embora seja possível colocar isso em questão sob perspectivas mais utilitaristas, o filme ignora por completo que o plano de certos personagens para o protagonista interpretado por Will Smith é simplesmente vil e desprezível (da mesma forma que o recente Passageiros insiste em tratar o protagonista vivido por Chris Pratt como herói, ainda que suas ações sejam condenáveis).

A trama segue Howard (Will Smith) um homem devastado pela perda da filha pequena anos atrás. Ele se afasta do mundo em seu luto, deixando de lado inclusive a agência de publicidade da qual é dono. Em seu tempo livre faz mosaicos com dominós e escreve cartas cheias de raiva e amargura para o Tempo, o Amor e a Morte. Enquanto isso, seus negócios afundam e seus três sócios, Whit (Edward Norton), Claire (Kate Winslet) e Simon (Michael Peña), pensam em vender a agência, mas não podem fazer isso sem a aprovação de Howard, que é o sócio majoritário e se recusa a ouvir a proposta. Os três contratam uma detetive para investigar Howard na esperança que ela encontre evidências que provem que Howard está mentalmente incapaz, mas tudo que ela encontra são as cartas. Whit então resolve contratar um grupo de atores para que eles se passem por Tempo, Amor e Morte e interajam com Walt para que possam filmá-lo e posteriormente remover digitalmente os atores e convencer a diretoria de que ele está louco.

Indicados ao Oscar 2017



A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas revelou os indicados à 89ª edição dos Oscars. O maior número de indicações ficou com o musical La La Land: Cantando Estações, que chegou à marca histórica de 14 indicações, se igualando ao recorde de Titanic (1997) e A Malvada (1950). Entre as esnobadas está a não indicação de Amy Adams pelo seu trabalho em A Chegada. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 26 de fevereiro e será apresentada pelo comediante Jimmy Kimmel. Confiram abaixo a lista de indicados. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Crítica - A Bailarina

Análise A Bailarina


Review A Bailarina
Animações sobre jovens que partem de seus locais de origem em busca de um sonho e aprendem sobre a importância da persistência e humildade existem aos montes. A Bailarina é mais uma dessas histórias infantis e se algumas tentam ir além do molde ou oferecer algo mais, esta animação faz muito pouco para evitar os lugares-comuns que sua trama inevitavelmente a leva.

A narrativa acompanha Felicie (voz de Elle Fanning), uma jovem orfã que sonha em ser uma bailarina. Um dia ela decide fugir do orfanato onde mora junto com o amigo Victor (voz de Dane DeHaan) e ambos partem para Paris. Lá ele irá tentar se tornar um grande inventor enquanto que ela irá tentar se tornar uma bailarina do teatro de Paris, mas no seu caminho está a aristocrática e perfeccionista Camille (voz de Maddie Ziegler), que logo se torna sua rival.

Felicie é a típica mocinha sonhadora, Camille é a rival invejosa e Odette (voz de Carly Rae Jepsen), a "tutora" de Felicie, é a típica mestra com trauma do passado. No instante que vemos Odette pela primeira vez com sua bengala, já é possível antever a revelação sobre seu passado. Do mesmo modo, cada movimento da narrativa é telegrafado com extrema antecedência tornando tudo aborrecidamente previsível.

Framboesa de Ouro 2017 - Lista de Indicados

Lista de Indicados Framboesa de Ouro 2017

Na chamada "temporada de premiação", há um prêmio que ninguém deseja concorrer ou receber, o infame troféu Framboesa de Ouro, dado aos que são considerados os piores do ano. Entre os indicados mais lembrados para a premiação desse ano ficaram Zoolander 2 (que nem achamos tão ruim assim), com nove menções, e Batman vs Superman: A Origem da Justiça (que também não nos despertou toda essa raiva, embora algumas indicações sejam realmente compreensíveis), com oito indicações. Os vencedores desta "honraria" serão anunciados no dia 25 de fevereiro, um dia antes do Oscar. Alguns dos indicados ainda não estrearam no Brasil, como Beleza Oculta, mas iremos atualizar a lista com links para críticas e mais informações conforme eles cheguem nos nossos cinemas. Confiram abaixo a lista de indicados:

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Crítica - Max Steel

Análise Max Steel


Review Max Steel
Max Steel, baseado no boneco da Mattel (e que já teve uma série animada), teve um lançamento bem curioso nos Estados Unidos no final do ano passado. Ninguém sequer sabia da existência do filme até um mês antes de sua estreia quando o estúdio divulgou o primeiro trailer na internet. Como praticamente não sabia nada sobre o filme, ninguém se empolgou e, consequentemente, pouca gente compareceu um mês depois nos cinemas e o filme foi um grande fracasso. O que teria levado a produtora a agir com tanto desdém em relação ao filme? Eles se deram conta de que tinham uma bomba em mãos? Foi um filme feito "nas coxas" e de qualquer jeito só para não perder os direitos do personagem? As duas coisas? Independente dos motivos da displicência do estúdio para com o produto, o resultado final é tão ruim que me pergunto como alguém achou que seria uma boa ideia fazer este filme.

A trama acompanha o adolescente Max (Ben Winchell) que passou a vida constantemente mudando de cidade até retornar para sua cidade natal com a promessa de sua mãe, Molly (Maria Bello), de que esta é a última vez. Chegando lá, percebe que muitos conhecem mais sobre seu falecido pai do ele próprio, ao mesmo tempo em que começa a manifestar estranhos poderes. Aos poucos, ele parece não ser capaz de conter a energia de seu corpo até que recebe a visita do alienígena Steel (voz de Josh Brener), que não só é capaz de absorver o excesso de energia de Max, como também pode se fundir com ele (Max e Steel, Max Steel, sacaram?) transformando-o em um cosplayer ruim de Homem de Ferro.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Final Problem (S04E03)

Análise Sherlock: The Final Problem (S04E03)


Review Sherlock: The Final Problem (S04E03)
Uau. Que jornada foi essa quarta temporada de Sherlock. De um começo trôpego em The Six Thatchers e de uma melhora em The Lying Detective, mas que pouco fazia para avançar o que parecia ser a trama principal da temporada, o "retorno" de Moriarty (Andrew Scott). Com muitas perguntas ainda no ar, este The Final Problem (uma referência ao conto O Problema Final, que tratava do embate final entre Holmes e Moriarty, mas a narrativa também acena para o conto O Ritual Musgrave) tinha uma tarefa muito difícil de amarrar tudo e ainda lidar com o gancho do episódio anterior que mexia com o passado da família Holmes. Fiquei surpreso em como o episódio se sai extremamente bem em juntar todas as tramas deixadas no ar, resultando em uma excelente trama do detetive britânico.

A narrativa começa pouco depois dos eventos em The Lying Detective, com Holmes (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) indagando à Mycroft (Mark Gatiss) sobre a existência da misteriosa Eurus (Sian Brooke), que pode ser irmã de Sherlock e Mycroft. Depois de revelar um pouco sobre o passado de sua família, Mycroft leva Holmes e Watson à prisão secreta na qual sua irmã está desde a infância, para garantir que ela nunca deixou o lugar. O que nenhum deles esperava, é que tudo não passava de uma armadilha de Eurus, que os prende no lugar e os transforma em seus joguetes.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Crítica - Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood

Análise Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood


Review Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood
Os Saltimbancos Trapalhões (1981) provavelmente está entre os meus favoritos dentre os filmes feitos pela trupe de humor liderada por Renato Aragão. A ideia de uma nova versão do filme baseado no musical teatral escrito por Chico Buarque, no entanto, não me despertava tanta empolgação. Felizmente esse Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood é um filme adorável e uma homenagem afetuosa do longa oitentista no qual se baseia.

Na trama, Didi Mocó (Renato Aragão) é um faz-tudo que trabalha no Circo Sumatra, liderado pelo sempre irritadiço Barão (Roberto Guilherme, o eterno Sargento Pincel). O circo está à beira da falência e o Barão decide alugar o terreno para que o prefeito da cidade realize eventos. Didi, no entanto, está disposto a salvar o circo e com a ajuda de Dedé (Dedé Santana) e Karina (Letícia Colin), a filha do Barão que retornou ao circo depois de terminar a faculdade, decidem escrever um novo e grandioso número para tirar o circo da bancarrota.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Crítica - Desventuras em Série: 1ª Temporada

Análise Desventuras em Série: 1ª Temporada


Review Desventuras em Série: 1ª Temporada
A maioria das fábulas infantis tem como propósito transmitir às crianças lições que serão úteis em suas vidas, prepará-las para a vida adulta e as dificuldades que encontrarão no caminho. Pois dificuldade é o que não falta a na história dos irmãos Beaudelaire neste Desventuras em Série, cuja "moral" parece ser justamente a de que coisas ruins acontecem, não podemos evitá-las e o melhor que se pode fazer é lidar com elas de acordo.

A trama segue os irmão Klaus (Louis Hynes), Violet (Malina Weissman) e Sunny (Presley Smith com a "voz" de Tara Strong) Baudelaire, que ficam órfãos depois que um misterioso incêndio destrói sua casa e toma a vida de seus pais. Eles são mandados para viver com um parente distante, o medonho Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um aspirante a ator não muito inteligente que vive cercado por sua trupe teatral formada por esquisitões. O que falta em inteligência a Olaf sobra em maldade e ele está disposto a qualquer coisa para tomar o controle da fortuna que os pais deixaram para os irmãos Baudelaire.

Como a música de abertura e as falas do narrador Lemony Snicket (Patrick Warburton) insistem em dizer, essa é uma história de constante infortúnio, com os irmãos encontrando um novo apuro ou perigo cada vez que pensam estarem seguros. Há uma sensação constante que os irmãos correm um real perigo de vida e os eventos convencem do sofrimento deles. Como essa é uma narrativa para crianças, a trama também traz uma leveza e um senso de humor através de seus diálogos ágeis e tiradas sagazes, em especial pelas explicações detalhadas de Snicket, que inclusive faz questão de explicar e dar exemplos quando usa palavras complicadas.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Lying Detective (S04E02)

Análise Sherlock: The Lying Detective (S04E02)


Review Sherlock: The Lying Detective (S04E02)
Depois de um retorno problemático com The Six Thatchers, a quarta temporada de Sherlock parece voltar aos eixos e ao alto nível de qualidade que se espera da série com este tenso Thr Lying Detective.

A trama, baseada no conto O Detetive Moribundo (The Dying Detective em inglês) começa algum tempo depois dos eventos do episódio anterior, com Sherlock (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) distantes um do outro, tendo que lidar com os eventos do episódio anterior e perdidos em suas espirais de autodestruição. Watson tem visões com Mary (Amanda Abbington), enquanto Holmes se entrega ao consumo de drogas e se enterra em trabalho. Os problemas começam quando Holmes aparentemente recebe a visita de Faith (Gina Bramhill), filha de Culverton Smith (Toby Jones), uma poderosa personalidade da televisão. A jovem conta ao detetive que suspeita que seu pai seja um serial killer e assim ele inicia sua investigação. Como Sherlock está mentalmente incapaz de lidar sozinho com um oponente tão brilhante e dissimulado, ele, ou melhor, a Sra. Hudson (Una Stubbs), pede ajuda a Watson, apelando para o senso de dever e correção moral do médico.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Crítica - La La Land: Cantando Estações

Análise La La Land Cantando Estações


Review La La Land Cantando Estações
A música parece um tema caro ao diretor Damien Chazelle. Ele já tinha feito um musical com temas de jazz em seu primeiro longa, Guy and Madeline on a Park Bench (2009), originalmente feito para ser seu trabalho de conclusão de curso em Harvard. Seu segundo longa, o excelente Whiplash: Em Busca da Perfeição (2015), tratava da busca por um baterista em ser o melhor e a relação abusiva/doentia que tinha com um professor. Agora em La La Land: Cantando Estações ele entra no universo do musical clássico hollywoodiano e não apenas celebra seu legado, como tenta também passá-lo em revisão sob um olhar contemporâneo (e um conhecimento quase enciclopédico sobre essa filmografia).

A trama segue a aspirante a atriz Mia (Emma Stone) e o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling) e as idas e vindas de sua relação ao longo de um ano na cidade de Los Angeles. É uma trama típica de musical romântico, um casal de personalidades distintas que tem algo de importante a ensinar um para o outro, números musicais guiando as ações e desenvolvimentos da trama, a busca pelo sonho de sucesso e reconhecimento em sua arte, tudo está ali presente. Ao mesmo tempo que remete a tempos mais simples, românticos e ingênuos, mas ao mesmo tempo, o filme vai dando pistas que não é tão ingênuo e idealizado quanto parece.