segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Crítica - Estrelas Além do Tempo

Análise Estrelas Além do Tempo


Review Estrelas Além do Tempo
Este Estrelas Além do Tempo já tinha chamado minha atenção por causa de sua premissa, que contava um capítulo até então desconhecido da história da exploração espacial dos Estados Unidos e da importância de figuras que, provavelmente por questões de etnia e gênero, passaram décadas sem o devido reconhecimento por seu protagonismo em momentos tão importantes. A questão é que o filme oferece muito mais do que meras curiosidades históricas, nos apresentando a personagens fascinantes e uma narrativa cheia de sensibilidade.

A trama segue Katherine (Taraji P. Henson), Mary (Janelle Monae) e Dorothy (Octavia Spencer), três mulheres que trabalhavam na força-tarefa responsável pelos cálculos dos foguetes da NASA em 1961, auge da corrida espacial quando EUA e União Soviética lutavam para serem os primeiros no espaço. Como ainda era um período de segregação racial em muitos estados americanos, incluindo a Virgínia, no qual a história se passa. O grupo das protagonistas era segregado do resto, funcionando em uma sala isolada em um ponto distante do campus da NASA, quase que feito propositalmente para mantê-las longe de vista. Aos poucos, no entanto, os talentos das três vão se mostrando valiosos para a corrida espacial, mas o caminho para o reconhecimento é marcado por muitas barreiras construídas de puro preconceito.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Crítica - Manchester à Beira Mar

Análise Manchester à Beira Mar


Review Manchester à Beira Mar
Não existe uma maneira única de lidar com a perda de um ente querido. Muitas vezes sequer há a superação completa dessa perda e aquela ausência continua a ser sentida o resto da vida, como uma ferida que nunca fecha. Ainda assim, a vida continua, é preciso seguir em frente e é justamente sobre pessoas tentando reajustar suas vidas depois de uma perda que esse Manchester à Beira Mar trata.

O filme segue Lee (Casey Affleck), um homem que trabalha como zelador de prédio e vive em um pequeno quartinho. Sua vida é abalada quando ele retorna à sua cidade natal ao receber a notícia da morte de seu irmão Joe (Kyle Chandler) e que o testamento dele o aponta como guardião de seu filho adolescente, Patrick (Lucas Hedges). Agora ele precisa lidar com sua nova situação ao mesmo tempo em que o retorno à cidade desperta memórias de traumas antigos.

Casey Affleck faz de Lee um homem que tenta se ocupar com os afazeres diários para não ter que confrontar a dor da morte de irmão e outras dores passadas. Ele sempre parece taciturno e focado, mas quando qualquer coisa interrompe seu fluxo ou lhe contraria, ele imediatamente desmorona e reage de um modo desmedidamente agressivo, revelando toda dor e frustração que há dentro dele, quase como se quisesse descontar tudo aquilo em cima dos outros. Mesmo nas cenas em que parece sério e direto, Affleck deixa transparecer em seu olhar opaco, perdido e em sua linguagem corporal retraída e cabisbaixa o quanto Lee não está bem. A primeira metade do filme vai entrecortando os eventos do presente com flashbacks do passado que vão mostrando o que levou ao seu afastamento da cidade e quando a revelação vem, ela é tão potente e vívida que nos atinge com força e nos deixa sem ar mesmo quando já esperávamos por uma grande tragédia.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Crítica - Até o Último Homem

Análise Até o Último Homem


Review Até o Último Homem
Muitas histórias sobre heroísmo em tempos de guerra destacam a coragem de homens que lutaram e sobreviveram a um grande contingente de inimigos, que contribuíram com suas habilidades de combate para uma conquista importante de guerra. Este Até o Último Homem não exalta o esforço de um grande combatente, mas de um homem que foi para o campo de batalha se recusando a carregar armas, preocupado apenas em salvar as vidas dos companheiros.

O filme é baseado na história real de Desmond Doss (Andrew Garfield) que se alistou voluntariamente no exército dos Estados Unidos para atuar como médico de combate, mas enfrentou resistência de seus superiores por se recusar a pegar em armas. Ele acaba sendo despachado para o Japão para ajudar na tomada de uma área estratégica e lá salvou a vida de dezenas de homens.

Seria muito fácil construir um retrato hagiográfico de Desmond, com seu fervor religioso e sua postura pacifista que é levada quase à irresponsabilidade com a própria segurança. Ele poderia ser tratado como um proverbial santo, mas o filme se preocupa em estabelecer razões bastante compreensíveis para que ele tenha tamanha repulsa pelas armas e pelo ato de matar, de sua criação religiosa, ao incidente com o irmão na infância, passando pela sua relação com o pai (Hugo Weaving). Ele não é alguém inerentemente não violento, mas um sujeito que ao longo da vida foi aprendendo que nada de positivo sai de um comportamento violento e isso algo que qualquer um, independente de credo ou nacionalidade, é capaz de se relacionar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Crítica - Beleza Oculta

Análise Beleza Oculta


Review Beleza Oculta
O princípio lógico conhecido como "Navalha de Occam", muitas vezes referido como "princípio da parcimônia", determina que as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade. Trocando em miúdos: a explicação mais simples e direta tende a ser a melhor. Este Beleza Oculta, porém, ignora qualquer lógica ou parcimônia e pega uma história relativamente simples sobre superação de luto e tenta transformar em algo muito mais complicado do que deveria ser, criando uma trama rocambolesca que demora a engrenar e mais prejudica a mensagem desejada do que ajuda. Outro princípio filosófico que o filme parece ignorar (e sequer problematiza) é a noção de que não é possível fazer o bem a alguém ao lhe fazer mal. Platão disse isso em seu seminal A República e, embora seja possível colocar isso em questão sob perspectivas mais utilitaristas, o filme ignora por completo que o plano de certos personagens para o protagonista interpretado por Will Smith é simplesmente vil e desprezível (da mesma forma que o recente Passageiros insiste em tratar o protagonista vivido por Chris Pratt como herói, ainda que suas ações sejam condenáveis).

A trama segue Howard (Will Smith) um homem devastado pela perda da filha pequena anos atrás. Ele se afasta do mundo em seu luto, deixando de lado inclusive a agência de publicidade da qual é dono. Em seu tempo livre faz mosaicos com dominós e escreve cartas cheias de raiva e amargura para o Tempo, o Amor e a Morte. Enquanto isso, seus negócios afundam e seus três sócios, Whit (Edward Norton), Claire (Kate Winslet) e Simon (Michael Peña), pensam em vender a agência, mas não podem fazer isso sem a aprovação de Howard, que é o sócio majoritário e se recusa a ouvir a proposta. Os três contratam uma detetive para investigar Howard na esperança que ela encontre evidências que provem que Howard está mentalmente incapaz, mas tudo que ela encontra são as cartas. Whit então resolve contratar um grupo de atores para que eles se passem por Tempo, Amor e Morte e interajam com Walt para que possam filmá-lo e posteriormente remover digitalmente os atores e convencer a diretoria de que ele está louco.

Indicados ao Oscar 2017



A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas revelou os indicados à 89ª edição dos Oscars. O maior número de indicações ficou com o musical La La Land: Cantando Estações, que chegou à marca histórica de 14 indicações, se igualando ao recorde de Titanic (1997) e A Malvada (1950). Entre as esnobadas está a não indicação de Amy Adams pelo seu trabalho em A Chegada. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 26 de fevereiro e será apresentada pelo comediante Jimmy Kimmel. Confiram abaixo a lista de indicados. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Crítica - A Bailarina

Análise A Bailarina


Review A Bailarina
Animações sobre jovens que partem de seus locais de origem em busca de um sonho e aprendem sobre a importância da persistência e humildade existem aos montes. A Bailarina é mais uma dessas histórias infantis e se algumas tentam ir além do molde ou oferecer algo mais, esta animação faz muito pouco para evitar os lugares-comuns que sua trama inevitavelmente a leva.

A narrativa acompanha Felicie (voz de Elle Fanning), uma jovem orfã que sonha em ser uma bailarina. Um dia ela decide fugir do orfanato onde mora junto com o amigo Victor (voz de Dane DeHaan) e ambos partem para Paris. Lá ele irá tentar se tornar um grande inventor enquanto que ela irá tentar se tornar uma bailarina do teatro de Paris, mas no seu caminho está a aristocrática e perfeccionista Camille (voz de Maddie Ziegler), que logo se torna sua rival.

Felicie é a típica mocinha sonhadora, Camille é a rival invejosa e Odette (voz de Carly Rae Jepsen), a "tutora" de Felicie, é a típica mestra com trauma do passado. No instante que vemos Odette pela primeira vez com sua bengala, já é possível antever a revelação sobre seu passado. Do mesmo modo, cada movimento da narrativa é telegrafado com extrema antecedência tornando tudo aborrecidamente previsível.

Framboesa de Ouro 2017 - Lista de Indicados

Lista de Indicados Framboesa de Ouro 2017

Na chamada "temporada de premiação", há um prêmio que ninguém deseja concorrer ou receber, o infame troféu Framboesa de Ouro, dado aos que são considerados os piores do ano. Entre os indicados mais lembrados para a premiação desse ano ficaram Zoolander 2 (que nem achamos tão ruim assim), com nove menções, e Batman vs Superman: A Origem da Justiça (que também não nos despertou toda essa raiva, embora algumas indicações sejam realmente compreensíveis), com oito indicações. Os vencedores desta "honraria" serão anunciados no dia 25 de fevereiro, um dia antes do Oscar. Alguns dos indicados ainda não estrearam no Brasil, como Beleza Oculta, mas iremos atualizar a lista com links para críticas e mais informações conforme eles cheguem nos nossos cinemas. Confiram abaixo a lista de indicados:

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Crítica - Max Steel

Análise Max Steel


Review Max Steel
Max Steel, baseado no boneco da Mattel (e que já teve uma série animada), teve um lançamento bem curioso nos Estados Unidos no final do ano passado. Ninguém sequer sabia da existência do filme até um mês antes de sua estreia quando o estúdio divulgou o primeiro trailer na internet. Como praticamente não sabia nada sobre o filme, ninguém se empolgou e, consequentemente, pouca gente compareceu um mês depois nos cinemas e o filme foi um grande fracasso. O que teria levado a produtora a agir com tanto desdém em relação ao filme? Eles se deram conta de que tinham uma bomba em mãos? Foi um filme feito "nas coxas" e de qualquer jeito só para não perder os direitos do personagem? As duas coisas? Independente dos motivos da displicência do estúdio para com o produto, o resultado final é tão ruim que me pergunto como alguém achou que seria uma boa ideia fazer este filme.

A trama acompanha o adolescente Max (Ben Winchell) que passou a vida constantemente mudando de cidade até retornar para sua cidade natal com a promessa de sua mãe, Molly (Maria Bello), de que esta é a última vez. Chegando lá, percebe que muitos conhecem mais sobre seu falecido pai do ele próprio, ao mesmo tempo em que começa a manifestar estranhos poderes. Aos poucos, ele parece não ser capaz de conter a energia de seu corpo até que recebe a visita do alienígena Steel (voz de Josh Brener), que não só é capaz de absorver o excesso de energia de Max, como também pode se fundir com ele (Max e Steel, Max Steel, sacaram?) transformando-o em um cosplayer ruim de Homem de Ferro.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Final Problem (S04E03)

Análise Sherlock: The Final Problem (S04E03)


Review Sherlock: The Final Problem (S04E03)
Uau. Que jornada foi essa quarta temporada de Sherlock. De um começo trôpego em The Six Thatchers e de uma melhora em The Lying Detective, mas que pouco fazia para avançar o que parecia ser a trama principal da temporada, o "retorno" de Moriarty (Andrew Scott). Com muitas perguntas ainda no ar, este The Final Problem (uma referência ao conto O Problema Final, que tratava do embate final entre Holmes e Moriarty, mas a narrativa também acena para o conto O Ritual Musgrave) tinha uma tarefa muito difícil de amarrar tudo e ainda lidar com o gancho do episódio anterior que mexia com o passado da família Holmes. Fiquei surpreso em como o episódio se sai extremamente bem em juntar todas as tramas deixadas no ar, resultando em uma excelente trama do detetive britânico.

A narrativa começa pouco depois dos eventos em The Lying Detective, com Holmes (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) indagando à Mycroft (Mark Gatiss) sobre a existência da misteriosa Eurus (Sian Brooke), que pode ser irmã de Sherlock e Mycroft. Depois de revelar um pouco sobre o passado de sua família, Mycroft leva Holmes e Watson à prisão secreta na qual sua irmã está desde a infância, para garantir que ela nunca deixou o lugar. O que nenhum deles esperava, é que tudo não passava de uma armadilha de Eurus, que os prende no lugar e os transforma em seus joguetes.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Crítica - Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood

Análise Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood


Review Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood
Os Saltimbancos Trapalhões (1981) provavelmente está entre os meus favoritos dentre os filmes feitos pela trupe de humor liderada por Renato Aragão. A ideia de uma nova versão do filme baseado no musical teatral escrito por Chico Buarque, no entanto, não me despertava tanta empolgação. Felizmente esse Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood é um filme adorável e uma homenagem afetuosa do longa oitentista no qual se baseia.

Na trama, Didi Mocó (Renato Aragão) é um faz-tudo que trabalha no Circo Sumatra, liderado pelo sempre irritadiço Barão (Roberto Guilherme, o eterno Sargento Pincel). O circo está à beira da falência e o Barão decide alugar o terreno para que o prefeito da cidade realize eventos. Didi, no entanto, está disposto a salvar o circo e com a ajuda de Dedé (Dedé Santana) e Karina (Letícia Colin), a filha do Barão que retornou ao circo depois de terminar a faculdade, decidem escrever um novo e grandioso número para tirar o circo da bancarrota.