Histórias sobre adolescentes e amadurecimento já foram contadas aos montes. Dos filmes de John Hughes na década de 80 ao experimento de Richard Linklater em Boyhood: Da Infância à Juventude (2014), a sensação é que não há muito mais a ser dito. Ainda assim, vez ou outra surge um filme sobre adolescência, descobertas e chegada à maturidade que nos ganha pela sua autenticidade e compreensão sincera das angústias da juventude e esse é exatamente o caso deste Quase 18.
A trama acompanha Nadine (Hailee
Steinfeld), uma garota de dezessete anos que sempre teve dificuldade de se
enturmar e vive em um constante senso de deslocamento em relação ao resto dos
adolescentes de sua escola. Sua única amiga é Krista (Haley Lu Richardson) que
lhe ajuda a tornar tudo mais suportável depois da morte de seu pai. Seu irmão,
Darian (Blake Jenner), faz parte da turma popular da escola e deixa Nadine se
sentindo ainda pior consigo mesma. Quando Darian e Krista começam a namorar,
ela sente que não pode contar com mais ninguém.
O filme é bem hábil em traduzir
as angústias e inadequações adolescentes de uma maneira bem natural, sem
recorrer aos exageros e situações absurdas da maioria desses filmes constroem.
É apenas uma garota que não sabe seu lugar no mundo, que não se sente
confortável em sua própria pele e teme que todos esses sentimentos de não
pertencimento se estendam pelo resto de sua vida. Nadine não é uma garota
extraordinária, com uma sagacidade e compreensão das coisas acima de sua idade
(embora ela pense que é), é uma garota comum, alguém que você pode ter
conhecido no colégio, na sua rua ou mesmo alguém que foi como você nessa época.
É justamente todo esse naturalismo e impressão de "real", que parece
simples mas não é fácil de atingir, que nos faz sentir tão próximos e
conectados à protagonista.