A busca por identidade e/ou afeto
é algo com o qual praticamente qualquer um pode se identificar. É justamente o
entendimento da universalidade e, arrisco dizer, atemporalidade de sua
narrativa, mas sem perder as particularidades dos personagens ou ambiente que
retrata, que este Moonlight: Sob Luz do
Luar funciona tão bem.
O filme é centrado em Chiron
(Alex R. Hibbert/Ashton Sanders/Trevante Rhodes), um jovem da periferia que
precisa lidar com sua mãe ausente, Paula (Naomie Harris), e viciada em crack e com uma constante sensação de
inadequação em relação aos demais garotos de sua idade, em especial pelo fato
deles constantemente lhe direcionarem insultos que o garoto não faz ideia de
que se tratam de ofensas homofóbicas. Fugindo da perseguição de colegas, ele
acaba topando com Juan (Mahershala Ali), com quem desenvolve uma relação
paternal.
É um daqueles filmes que poderia
facilmente descambar para o exagero dado o cotidiano de violência e drogas no
qual o garoto vive desde muito novo, mas o roteiro escrito pelo diretor Barry
Jenkins trata a jornada de autodescoberta e busca por afeto (parental e
romântico) de Chiron com bastante equilíbrio, sobriedade e também lirismo,
conseguindo encontrar o sublime mesmo em momentos que parecem extremamente
banais.