Mais de uma vez ao longo de sua
duração Logan faz referências
(inclusive o exibe na televisão em uma cena) ao clássico western Os Brutos Também Amam
(1953). Um filme que, de certa forma, fala sobre como a violência, independente
para qual fim seja usada, acaba também afetando aquele que a comete. A mácula
da violência desumaniza, afasta do resto da humanidade literal e metaforicamente.
A jornada do Wolverine (Hugh Jackman) no filme é exatamente essa, um homem que
levou uma vida de violência e vive solitário, afastado do mundo, lamentando
tudo o que foi, tudo o que fez e imaginando se algum dia encontrará paz.
A trama do filme se passa no
futuro, com um Wolverine mais velho. Logicamente, a violência acaba
eventualmente retornando à vida do protagonista depois que ele encontra a
menina Laura (Dafne Keen), que está sendo caçada por um grupo de mercenários
liderados pelo sádico Pierce (Boyd Holbrook). Logan então tenta fugir da
perseguição, levando consigo a menina e um combalido professor Xavier (Patrick
Stewart), que está perdendo o controle de seus poderes por culpa de uma doença
degenerativa.
Hugh Jackman é preciso ao
construir Logan como um homem assombrado pelas coisas que fez e não suporta
mais a própria existência nem vê nela um propósito além de cuidar de Xavier e
manter seus poderes sob controle. O filme entende que alguém com uma vida tão
longeva e marcada por trauma e violência não tem como levar uma vida como a das
demais pessoas, ele está danificado demais. A novata Dafne Keen se sai muito
bem ao convocar a selvageria nata de Laura, alguém que não tem a menor ideia de
como o mundo funciona e pouco conhece além de violência. Mesmo sem falar nada
durante boa parte do filme, a garota consegue dizer muito com seu olhar e
linguagem corporal e é possível perceber que por trás de sua conduta bruta, ela
é em essência uma garotinha solitária em busca de afeto e conexão humana.