Alguns
filmes nos conquistam pela sua estrutura narrativa, outros pela sua composição
visual, pela música, pelo trabalho dos atores ou pela junção de todas essas
coisas. Um Limite Entre Nós funciona
primordialmente pela qualidade dos diálogos e pelo trabalho dos dois
protagonistas.
Adaptando
a célebre peça teatral de August Wilson, o filme se passa nos anos 50 e
acompanha Troy (Denzel Washington) um homem trabalhador de classe média que luta
para cuidar de sua família da melhor maneira que pode, ao mesmo tempo em que
arrependimentos passados e o acúmulo de suas frustrações se coloca no meio de
sua relação com Rose (Viola Davis), sua esposa.
A
trama demora um pouco de engrenar, focando sua primeira metade no cotidiano da
família encabeçada por Troy e em como ele se relaciona com cada um deles. A
questão nem é o foco no trivial ou a ausência inicial de um ponto de conflito
claro, é possível fazer um assim e ainda evitar que ele soe cansativo ou
estático, como o ótimo A Cidade Onde Envelheço. O problema é o modo como isso é apresentado a nós, através de um
trabalho de câmera que se limita ao plano e contraplano enquanto Troy conversa
com seus familiares e se mantêm praticamente estático em cena, engatando um
longuíssimo monólogo atrás do outro sem sequer se mover.