terça-feira, 25 de abril de 2017

Crítica - Colossal

Análise Colossal


Review Colossal
Colossal é realmente um filme "fora da caixa". Defini-lo como um "filme de monstro" não só seria incapaz de dar conta do que ele realmente é como também poderia dar uma impressão errada a seu respeito e fazer o espectador pensar que está diante de algo como Godzilla (2014) ou Círculo de Fogo (2013), com monstros gigantes destruindo cidades e combates espetaculares, quando o produto final está longe disso.

Gloria (Anne Hathaway) é uma mulher desempregada e com tendências alcoólatras, cujo namorado, Tim (Dan Stevens), não está satisfeito com seu comportamento irresponsável. Tim acaba colocando-a para fora de seu apartamento e sem ter para onde ir Gloria decide retornar à sua cidade do interior. Lá ela consegue emprego no bar de Oscar (Jason Sudeikis), um antigo amigo de infância, mas tudo muda quando um monstro gigante começa a aparecer e desaparecer misteriosamente na Coreia do Sul e Gloria vai percebendo aos poucos que ela tem uma ligação com a criatura.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Crítica - Girlboss: 1ª Temporada

Análise Girlboss: 1ª Temporada


Review Girlboss: 1ª Temporada
Existem muitos filmes e séries sobre trajetórias de sucesso no ambiente corporativo. Sobre pessoas que não tinham nada e construíram grandes empresas. A quase totalidade dessas histórias (como o recente Fome de Poder) é sobre homens e há poucas que abordam o sucesso de alguma figura feminina. A primeira temporada de Girlboss, nova série original da Netflix, chama atenção justamente ao trazer uma história de sucesso de uma mulher que construiu uma grande empresa do nada.

A trama, levemente (muito levemente, como a própria série diz) baseada na história real da fundadora da loja online Nasty Gal, acompanha Sophia (Britt Robertson), uma jovem sem rumo na vida que percebe que pode capitalizar em cima de seu conhecimento de moda. Ela compra roupas raras em brechós por valores baixos e então as revende como artigos vintage a preços altos e aos poucos consegue um inesperado sucesso em sua atividade.

Além de registrar uma história de sucesso, é também um relato sobre uma geração, usando Sophia para falar sobre como os millenials, criados sem grandes crises políticas ou sociais e educados para acreditarem que são especiais, são despreparados para a vida adulta. Crendo que o mundo lhes deve alguma coisa e que seus sonhos lhes serão entregues de bandeja, é uma geração que não sabe lidar com o fracasso, que desiste ou esperneia sempre que encontra um obstáculo ou ouve um não.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Crítica - Paixão Obsessiva

Análise Paixão Obsessiva


Review Paixão Obsessiva
O título original deste Paixão Obsessiva é Unforgettable, que em inglês significa inesquecível. A titulação original acaba soando como um grande paradoxo, já que é provavelmente um dos filmes mais esquecíveis que vi esse ano. Um suspense genérico que poderia tranquilamente ter sido dançado diretamente em vídeo ou no Supercine da Globo.
                  
A trama é centrada em Julia (Rosario Dawson), que se afastou do trabalho para casar com David (Geoff Stults). Tess (Katherine Heigl), ex-mulher de David e mãe de sua filha, não vê a união com bons olhos e tem dificuldade em aceitar o término do relacionamento. Aos poucos ela começa a impor sua presença e criar problemas para o casal.

É aquele suspense padrão de "mulher rejeitada que tenta tornar a vida do ex um inferno", mas contado sem qualquer sutileza e muitos furos na trama. Já em sua primeira cena, mostrada se maquiando em sua casa, o filme já deixa claro que Tess é uma psicótica obsessiva e assim não há tensão ou incerteza em relação ao que ela irá fazer porque seu desequilíbrio já fica escancarado para o público. O suspense também é prejudicado por começar com um flashfoward de Julia numa delegacia, acusada de um crime que não cometeu, o que já entrega o plano da vilã. Assim, quando o filme nos mostra, através do uso de câmera em primeira pessoa, Tess invadindo a casa de Julia sabemos não só o que ela vai fazer (roubar seus objetos pessoais), como também já sabemos que ela será bem sucedida e que nesse momento não fará nada com Julia. Deste modo, o que deveria ser uma cena de tensão, perigo e incerteza é reduzida a um mero exercício de paciência conforme esperamos que a narrativa alcance as informações que já tinha previamente nos dado sobre o andamento da trama.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Crítica - Cosmic Star Heroine

Análise Cosmic Star Heroine


Review Cosmic Star Heroine
Desde os primeiros trailers o RPG indie Cosmic Star Heroine me chamou atenção por sua estética 16 bits que remetia a uma mistura dos antigos Phantasy Star (em especial Phantasy Star IV) de Mega Drive (ou Genesis) e Chrono Trigger. A ideia de algo que remetia aos RPGs que adorava quando garoto, mas que conseguisse agregar algo novo às mecânicas que se espera desse tipo de jogo me agradava bastante e felizmente a desenvolvedora Zeboyd Games (de Cthulhu Saves The World) entrega exatamente o que prometeu.

A trama acompanha a agente intergaláctica Alyssa L'Salle que durante uma missão de rotina encontra uma poderosa arma e se vê em meio a uma grande conspiração que, claro, posa uma ameaça para todo o universo. Não reinventa a roda, mas funciona pelo carisma e humor dos personagens. Apesar da natureza referencial, o universo construído pela trama é coeso e interessante o bastante para se sustentar sozinho ao invés de apenas ser algo que parece com muitas outras coisas.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Crítica - Vida

Análise Vida


Review Vida
Os primeiros trailers de Vida pareciam dar a impressão de que o filme não tinha muito a oferecer além de ser uma espécie de cópia de Alien: O Oitavo Passageiro (1979). Se misturássemos imagens do trailer do filme com o do vindouro Alien: Covenant os dois seriam praticamente indistinguíveis. Depois de assistir o filme é difícil negar a impressão inicial, mas mesmo não fazendo nada que a franquia Alien já não tenha feito, Vida funciona muito bem pelo modo como conduz a nossa tensão.

A narrativa segue uma equipe de astronautas à bordo da Estação Espacial Internacional em uma missão para analisar material coletado de Marte. Nas amostras do solo a equipe encontra um organismo unicelular inerte e consegue reanimá-lo. A criatura começa a se desenvolver e se mostra muito mais complexa do que inicialmente previsto e, logicamente, começa a querer sair do confinamento.

O filme faz um bom trabalho em estabelecer o funcionamento da estação espacial e a finalidade de cada espaço, o que é importante quando a tensão explode a há pouco espaço para explicações. Usando planos longos e poucos cortes, o diretor Daniel Espinosa (do fraco Crimes Ocultos) ilustra as distâncias entre os módulos, o aperto dos espaço e as limitações de se mover em gravidade zero. Muitas vezes a câmera se movimenta como se flutuasse ao redor dos personagens, transmitindo não só a sensação de gravidade zero, como também a falta de um referencial de cima/baixo, lado certo/lado errado, causado pela falta de gravidade.

Uma vez estabelecido e espaço e a criatura, o filme imediatamente explora seu potencial como ameaça e quase não dá respiro ao espectador. Do momento em que ela esmaga a mão de um dos cientistas, há um senso palpável de que ela pode matar a todos ali, podendo se esconder em qualquer lugar ou resistir. Não quero falar muito para não estragar a experiência de ninguém, mas o filme consegue criar várias imagens grotescas e angustiantes, explorando ao máximo a claustrofobia daqueles espaços apertados.

Os personagens são definidos basicamente por suas funções na estação espacial e a maioria deles são meramente pedaços de carne a serem devorados, mas o manejo da tensão é tão competente que o fato da maioria deles ser uma coleção de lugares comuns acaba nem tendo tempo de incomodar. O destaque fica por conta da médica Miranda, interpretada por Rebecca Ferguson. Ela podia cair na vala comum de cientistas frios e excessivamente racionais, mas Ferguson instila nela um senso de dever e responsabilidade, além de um calor humano bem genuíno, que seu comportamento extremamente pragmático jamais cai no exagero ou na caricatura.

Vida pode não fazer nada que já não tenha sido feito no cinema, mas ainda assim é uma jornada sufocante e carregada de tensão que nos lembra o quão ameaçador o vazio e os perigos inesperados do espaço podem ser.


Nota: 7/10

Trailer

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Crítica - The Good Fight: 1ª Temporada

Análise The Good Fight: 1ª Temporada


Review The Good Fight: 1ª TemporadaConsiderando o divisivo series finale de The Good Wife, tinha minhas dúvidas se realmente se seria necessário um spin-off centrado em Diane Lockhart (Christine Baranski) e Lucca Quinn. Por outro lado, devo confessar que senti falta o universo criado em The Good Wife, cheio de personagens interessantes e insólitos e ao escrever sobre a última temporada cheguei a mencionar que queria que os personagens recorrentes, juízes e outros fossem aproveitados de algum modo. Qualquer dúvida que eu tinha em relação à série, no entanto, foi dirimida já na primeira cena do primeiro episódio quando vemos a expressão embasbacada, incrédula e boquiaberta de Diane ao assistir a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Na trama, Diane deixa a Lockhart/Gardner para finalmente se aposentar, mas seus planos se desfazem quando ela descobre que o fundo de investimento no qual estavam suas economias faziam parte de um grande esquema pirâmide e ela agora está sem nada. Impossibilitada de retornar à firma que ajudou a construir, ela conta com a ajuda de Lucca para conseguir emprego em uma nova firma e se reerguer, levando consigo a afilhada Maia (Rosie Leslie), uma advogada recém-formada cujos pais eram justamente os banqueiros responsáveis pelo esquema pirâmide.

sábado, 15 de abril de 2017

Crítica - Sandy Wexler

Análise Sandy Wexler


Review Sandy Wexler
O ator Adam Sandler já admitiu mais de uma vez que a escolha dos projetos que faz na sua produtora Happy Madison é muitas vezes motivada pelo lugar no qual ele queria passar férias com sua família. Assistindo esse Sandy Wexler, nova produção da parceria dele com a Netflix, fica a impressão de que seus motivos para realizar chamar seus amigos de Hollywood para grandes festas e mandar a conta para a empresa de streaming sob a desculpa de que estava fazendo um filme.

A trama se passa nos anos 90 e segue o personagem título Sandy Wexler (Adam Sandler), um agente de talentos de quinta categoria que tenta se dar bem em Hollywood. Sua sorte parece mudar quando seu caminho cruza com a cantora Courtney (Jennifer Hudson), sua primeira cliente realmente talentosa e com potencial para se tornar uma grande estrela. Sandy acaba se apaixonando por ela, mas percebe que ele talvez não seja o melhor agente para torná-la famosa.

Sem ritmo, o filme demora a engrenar, apresentando os vários clientes de Wexler em cenas descoladas da narrativa principal do filme e que mais parecem esquetes soltas. Mesmo quando ele e Courtney finalmente se encontram e percebemos que este será o fio condutor do filme, ainda assim a narrativa insiste em longas interrupções no fluxo da trama para mostrar esses mesmos clientes repetindo as mesmas situações que já vimos antes (e que não eram tão engraçadas assim), inchando o filme em uma longuíssima minutagem de mais de duas horas. Quando ele e Courtney se separam, imaginamos que o foco irá mudar para o astro de luta livre (Terry Crews) que ele agencia, mas a cantora volta à sua vida em um completo deus ex machina e mais uma vez vai embora de modo totalmente gratuito. Aqui e ali o filme nos mostra várias celebridades em uma grande festa narrando o que acontece com Sandy, na maioria dos casos as narrações são completamente redundantes, dizendo o que as imagens já estão nos mostrando, e cuja graça é simplesmente apontar e dizer "olha, é celebridade x".

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Crítica - Persona 5

Análise Persona 5


Review Persona 5
O último Persona que joguei foi Persona 2: Eternal Punishment, lá nos idos tempos do primeiro Playstation e lembro de ter sido atraído pela ambientação contemporânea (poucos RPGs faziam isso na época) e pelo sistema de combate por turnos que permitia, entre outras coisas, conversar com os monstros para obter seus poderes ou mesmo itens e dinheiro. De lá pra cá a franquia recebeu mais dois jogos e alguns spin-offs (um de luta, um de dança e um crossover com Fire Emblem) e eu acabei passando batido por todos eles, mas assim que vi os primeiros trailers para este Persona 5 fui pego pelo design estiloso das dungeons e personagens, pela nova mecânica de furtividade e várias outras coisas. Depois de muitos atrasos (o jogo saiu em setembro de 2016 no Japão) Persona 5 finalmente chega no ocidente e devo dizer que valeu a espera, é um excelente JRPG e possivelmente um dos melhores jogos do ano.

A narrativa começa quando o protagonista, que recebe o apelido de Joker, chega a uma nova cidade depois de ser preso por agressão ao bater em um sujeito que tentava abusar de uma mulher. O adolescente tenta se adaptar à sua nova escola quando um misterioso app aparece em seu celular e ele é transportado para um mundo de sombras no qual pode entrar nos "palácios mentais" das pessoas e invocar o poder de seres sobrenaturais chamados Personas. Ao lado de outros estudantes e da criatura-gato Morgana, eles decidem usar suas habilidades para transformar os corações de malfeitores, invadindo seus palácios e roubando seus tesouros para forçar uma espécie de "recalibração cognitiva" que os faz se arrependerem por seus atos. Além de serem ladrões sobrenaturais à noite, os personagens são estudantes comuns de dia, precisando frequentar aulas e desenvolver amizades com outros.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Crítica - Velozes e Furiosos 8

Análise Velozes e Furiosos 8


Review Velozes e Furiosos 8
Se você não vem acompanhando a franquia de ação protagonizada por Vin Diesel e carros tunados, saiba que desde os últimos dois ou três filmes praticamente se tornou  uma narrativa de super heróis. Com nenhuma obrigação em aderir a algum tipo de naturalismo e verossimilhança, os últimos Velozes e Furiosos abraçam sem medo o exagero e a estupidez e se tornaram melhores e mais divertidos por isso. Esse Velozes e Furiosos 8 não é exceção e entrega mais uma aventura cheia de excessos e liberdades com o mínimo funcionamento genuíno do corpo humano que é muito divertida de assistir.

A narrativa começa quando a misteriosa ciberterrorista Cipher (Charlize Theron) força Dominic Toretto (Vin Diesel) a colaborar com seus planos e ajudá-la a roubar armas nucleares. Com Dom contra eles, Letty (Michelle Rodriguez) e o agente Luke Hobbs (Dwayne The Rock Johnson) acabam recrutando Deckard Shaw (Jason Statham), vilão do filme anterior, para deterem Dom e Cipher.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Crítica - Smurfs e a Vila Perdida

Análise  Smurfs e a Vila Perdida


Review  Smurfs e a Vila Perdida
Quando uma narrativa permanece por muito tempo no imaginário popular é inevitável que alguns de seus atributos comecem a soar datados ou anacrônicos com o passar do tempo. A cultura se transforma, o olhar sobre certas coisas muda, as preocupações de cada tempo também. Esse Smurfs e a Vila Perdida tem como principal gancho a necessidade de atualizar algumas coisas da mitologia desses personagens e é essa decisão que eleva o filme acima do banal.

A narrativa é focada na Smurfette, que tenta encontrar seu próprio talento ou habilidade que a torne única entre os outros smurfs além do fato de ser a única menina da vila. Também busca um propósito para si, já que diferente dos outros, ela fora originalmente criada pelo bruxo Gargamel para ajudá-lo a capturar os smurfs, mas acabou se integrando às criaturinhas. Sua oportunidade vem quando ela descobre que existem outros smurfs além daqueles que habitam em sua vila e, com o auxílio do Gênio, do Robusto e do Desastrado, parte para tentar encontrar a vila antes que o Gargamel o faça.