Um necrotério parece um ambiente
propício para um filme de terror. É fechado, com poucas janelas e saídas, e é
lotado de cadáveres que muitas vezes morreram de formas horríveis e ainda assim
existem poucas produções do gênero que se confinam neste espaço. A Autópsia faz exatamente isso e nos
lembra como um necrotério e cadáveres humanos podem ser assustadores.
A trama começa quando dois
legistas, Tommy (Brian Cox) e seu filho Austin (Emile Hirsch), recebem a
incumbência de determinarem a causa de morte de uma mulher desconhecida cujo
corpo foi encontrado enterrado no porão de uma casa. Apesar de não possuir
nenhuma marca externa, os legistas descobrem que seus órgãos internos foram
queimados e dilacerados, o que seria virtualmente impossível. Conforme
aprofundam seu exame do cadáver, começam a desconfiar que aquela não foi uma
morte simples.
O filme consegue transitar entre
gêneros de maneira bem eficiente, começando como uma intrigante investigação
médica (pensem em algo nos moldes de House)
e aos poucos vai dando indicativos que há mais em jogo e vai se direcionando
para o reino do sobrenatural de maneira bastante orgânica. O texto é
inteligente ao deixar implícitas as explicações do que está acontecendo, sempre
mantendo uma camada de incerteza e desconhecimento em relação aos fenômenos que
os protagonistas presenciam, afinal o não conhecido e não visto é em geral mais
assustador do que algo que vemos e sabemos como age e o que quer.