Fazer um filme com um tema como a
anorexia é algo bem delicado. Por um lado é necessário mostrar a realidade do
problema e suas consequências de uma maneira sincera e sem caricatura. Por
outro, é importante evitar pesar demais a mão no sofrimento para não soar
sensacionalista demais. Esse O Mínimo
Para Viver tenta encontrar esse delicado equilíbrio, mas nem sempre envolve
como deveria.
Ellen (Lilly Collins) é uma jovem
anoréxica que já passou por vários tratamentos e clínicas sem conseguir
melhorar. Sua madrasta Susan (Carrie Preston de The Good Wife e The Good Fight) resolve levá-la ao Dr. Beckham (Keanu Reeves), um médico com métodos
pouco comuns, mas que costuma obter bons resultados. Assim, Ellen é levada para
o centro de tratamento do médico e passa a conviver com outras pessoas com
distúrbios alimentares, dividindo com elas suas experiências e angústias.
O filme faz um trabalho
competente em esclarecer a natureza do distúrbio e evita dar soluções fáceis
como apontar um único culpado para o problema, reconhecendo que é um acúmulo de
elementos que leva alguém por esse caminho. No caso da protagonista, a
narrativa mostra sua relação ausente com o pai (que nunca aparece em cena, nem
mesmo a voz) e a relação complicada com a mãe e a madrasta. Seu trauma com o
impacto negativo que sua arte teve sobre uma pessoa, problemas de autoestima e
também o modo como a mídia constrói ideias de beleza quase que inalcançáveis ao
mesmo tempo em que também vende alimentos altamente calóricos como os mais
desejáveis.