sábado, 15 de julho de 2017

Crítica - O Mínimo Para Viver

Análise O Mínimo Para Viver


Review O Mínimo Para Viver
Fazer um filme com um tema como a anorexia é algo bem delicado. Por um lado é necessário mostrar a realidade do problema e suas consequências de uma maneira sincera e sem caricatura. Por outro, é importante evitar pesar demais a mão no sofrimento para não soar sensacionalista demais. Esse O Mínimo Para Viver tenta encontrar esse delicado equilíbrio, mas nem sempre envolve como deveria.

Ellen (Lilly Collins) é uma jovem anoréxica que já passou por vários tratamentos e clínicas sem conseguir melhorar. Sua madrasta Susan (Carrie Preston de The Good Wife e The Good Fight) resolve levá-la ao Dr. Beckham (Keanu Reeves), um médico com métodos pouco comuns, mas que costuma obter bons resultados. Assim, Ellen é levada para o centro de tratamento do médico e passa a conviver com outras pessoas com distúrbios alimentares, dividindo com elas suas experiências e angústias.

O filme faz um trabalho competente em esclarecer a natureza do distúrbio e evita dar soluções fáceis como apontar um único culpado para o problema, reconhecendo que é um acúmulo de elementos que leva alguém por esse caminho. No caso da protagonista, a narrativa mostra sua relação ausente com o pai (que nunca aparece em cena, nem mesmo a voz) e a relação complicada com a mãe e a madrasta. Seu trauma com o impacto negativo que sua arte teve sobre uma pessoa, problemas de autoestima e também o modo como a mídia constrói ideias de beleza quase que inalcançáveis ao mesmo tempo em que também vende alimentos altamente calóricos como os mais desejáveis.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Crítica - D.P.A Detetives do Prédio Azul: O Filme

Análise D.P.A Detetives do Prédio Azul: O Filme


Review D.P.A Detetives do Prédio Azul: O Filme
Confesso que não conhecia a série infantil nacional DPA: Detetives do Prédio Azul que é exibida no canal a cabo Gloob e entrei para assistir essa versão cinematográfica sem saber exatamente o que esperar. Felizmente o resultado é uma experiência divertida, que não se limita a ser um mero episódio de duração estendida, ainda que com alguns problemas no percurso.

Na trama, os detetives mirins Sol (Letícia Braga), Bento (Anderson Lima) e Pippo (Pedro Henriques Motta) veem seu prédio ameaçado depois que a síndica e bruxa Leocádia (Tamara Taxman) dá uma festa para a comunidade bruxa do Rio de Janeiro. Durante a festa os principais bruxos da cidade tem seus artefatos mágicos roubados e na manhã seguinte várias rachaduras começam a aparecer no prédio. A prefeitura condena o edifício e o trio de detetives precisa desvendar quem foi o responsável antes que a demolição ocorra.

O filme tem um clima de desenho animado das antigas, remetendo às animações de Hanna-Barbera como Scooby Doo ou Josie e as Gatinhas devido ao visual colorido com uma certa pegada retrô, sem mencionar na mistura aloprada, mas que funciona, entre investigação e fantasia. Os bruxos, por exemplo, se vestem de maneira exagerada e extravagante (o personagem do Ailton Graça parece um cosplayer do Visconde de Sabugosa) e suas mágicas enchem a tela de raios coloridos.

Conheçam os indicados ao Emmy 2017

Emmy 2017 nominees


A Academia de Artes e Ciências Televisivas dos EUA divulgou hoje os indicados ao Emmy 2017. A premiação, que visa celebrar os melhores da televisão, acontecerá no dia 17 de setembro e será apresentada por Stephen Colbert, sendo exibida no Brasil pelo canal a cabo TNT. Sem Game of Thrones, já que a nova temporada só estreia no 16 de julho e portanto está inelegível para concorrer este ano, quem dominou as indicações foi a primeira temporada de Westworld, também da HBO. Stranger Things da Netflix também recebeu uma quantia considerável de menções. Confiram os indicados abaixo.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Crítica - Castlevania: 1ª Temporada

Análise Castlevania: 1ª Temporada


Review Castlevania: 1ª Temporada
Confesso que fui pego de surpresa com o anúncio de que a Netflix faria uma série animada baseada na famosa série de games Castlevania e me aproximei dessa primeira temporada sem saber o que esperar. O resultado me surpreendeu positivamente pela construção de um universo implacável e por não economizar na violência.

A trama se passa na Valáquia (uma região que hoje faz parte da Romênia) do século XV. O conde Vlad Drácula Tepes (voz de Graham McTavish) se apaixona por uma mulher humana e decide viver ao lado dela como humano. Durante uma de suas viagens, sua esposa acaba capturada pela Igreja e queimada como bruxa por acharem que seu conhecimento científico era feitiçaria. Isso desperta a ira de Drácula, que decide convocar um exército de demônios para eliminar a raça humana. O único que talvez possa impedi-lo é Trevor Belmont (voz de Richard Armitage), o último de uma linhagem de caçadores de monstros que agora vagueia a esmo pela Valáquia depois que sua família perdeu tudo e foi considerada herege pela Igreja.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Crítica - Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Análise Homem-Aranha: De Volta ao Lar


Review  Homem-Aranha: De Volta ao Lar
Depois de uma estreia promissora no universo Marvel com sua ponta em Capitão América: Guerra Civil (2016), era inevitável que o Homem-Aranha recebesse seu próprio filme. A divulgação do filme, no entanto, não trazia muita confiança graças ao seu excesso de ênfase na presença do Tony Stark (Robert Downey Jr), quase fazendo parecer que Peter Parker (Tom Holland) seria um coadjuvante em seu próprio filme. Ainda bem que nesse caso os trailers e pôsteres não refletiam o produto final e Parker é de fato o dono de sua própria história e Stark aparece relativamente pouco.

A trama se passa alguns meses depois dos eventos de Guerra Civil, com Peter retornando a sua escola depois de ter experimentado o "gostinho" de estar ao lado dos heróis que tanto admira. Logicamente, ele não consegue se acostumar a ser apenas um estudante colegial e fica ansioso por sua próxima missão ao lado dos Vingadores. Quando uma nova aventura não aparece, ele decide patrulhar as ruas de Nova Iorque por conta própria e esbarra na gangue liderada pelo perigoso Abutre (Michael Keaton) que trafica armas avançadas feitas com a sucata recuperada das batalhas dos Vingadores e outros heróis. Tony Stark alega que o vilão pode ser demais para um herói novato como o Homem-Aranha, mas Peter decide provar seu valor.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Crítica - Eu, Deus e Bin Laden

Análise Eu, Deus e Bin Laden


Review Army of One
O cinema hollywoodiano já produziu inúmeras histórias sobre um homem sozinho, lutando contra um grupo de vilões e tentando fazer a diferença. Este Eu, Deus e Bin Laden não é uma dessas histórias, embora seu protagonista creia que seja e é daí que vem a graça do filme.

A trama é baseada na história real de Gary Faulkner (Nicolas Cage), um homem de meia idade do interior dos EUA que diz que Deus (Russell Brand) lhe incumbiu de capturar Osama Bin Laden. Faulkner então compra uma espada e uma passagem só de ida para o Paquistão e decide caçar o líder terrorista.

Nicolas Cage traz uma energia insana para Faulkner, um sujeito largado e delirante com sua barba desgrenhada e cabelos sebosos. O ator usa uma voz extremamente anasalada e uma cadência incessante para a fala do personagem, fazendo-o soar como alguém inoportuno e inconveniente. Através da verborragia do personagem, Cage também deixa claro o quanto ele se sente solitário (ele fala daquele modo porque não tem lá muito traquejo social) e a extrema necessidade de aprovação que ele tem. Não é um protagonista fácil de torcer, mas a ideia parece ser exatamente transformá-lo em uma caricatura e expor ao ridículo sua conduta, afinal de contas, considerando as ações do sujeito, não dá para realmente levá-lo a sério.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Drops - Fica Comigo e Betting on Zero

Crítica Fica Comigo e Betting on Zero


Nosso Drops de hoje fala brevemente de dois filmes que chegaram ao Brasil direto pela Netflix. Um é a produção original do próprio canal de streaming, Fica Comigo e outra é o documentário Betting on Zero, que trata da Herbalife.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Crítica - Okja

Resenha Crítica - Okja


Review Okja
Depois da ótima ficção-científica Expresso do Amanhã e suas ponderações sobre as relações de poder que pautam a sociedade, o diretor Bong Joon-Ho volta a flertar com ficção-científica para produzir um comentário social neste Okja. Dessa vez ele volta suas atenções para a indústria alimentícia através de uma típica história sua uma criança e seu animal/criatura de estimação.

A trama se passa em um futuro próximo, quando uma empresa, liderada por Lucy Mirando (Tilda Swinton), descobre uma nova espécie de leitão gigante, que requer pouco alimento e deixa pouca excreção. O animal tem potencial de revolucionar a pecuária e como estratégia de divulgação, a empresária espalha seis espécimes em 26 países ao redor do mundo para que em dez anos, quando os animais estiverem crescidos, decidam qual o melhor e façam uma grande apresentação do animal. Dez anos depois, a garota Mikha (Seo-Hyun Ahn) vive nas montanhas da Coreia do Sul ao lado do avô e sua superleitoa Okja. Quando Okja é declarada a vencedora da competição Mikha acaba indo junto para Nova Iorque, mas se vê no meio do embate entre a empresa de Mirando e um grupo de ativistas por direitos dos animais.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Crítica - Meu Malvado Favorito 3

Análise Meu Malvado Favorito 3


Review Meu Malvado Favorito 3Depois da decepção do filme solo dos Minions (2015), não estava esperando muito desse Meu Malvado Favorito 3, já que prevalecia uma impressão de que não havia nada mais o que fazer ou dizer com esses personagens. Em parte eu tinha certa razão e o filme atira em múltiplas direções ao mesmo tempo para tentar encontrar algo que funcione, mas de qualquer maneira ainda consegue encantar e divertir em muitos momentos.

O filme começa com Gru (Steve Carell/Leandro Hassum) e Lucy (Kriten Wiig/Maria Clara Gueiros) sendo demitidos de seus empregos depois de falharem em capturar o ex-astro infantil e atual supervilão Balthazar Bratt (Trey Parker, um dos criadores de South Park/Evandro Mesquita). Sem emprego, Gru começa a planejar uma maneira de capturar o vilão e retomar seu posto, mas tudo muda quando ele é contatado por seu irmão gêmeo perdido, Dru (também Carell/Hassum), que deseja se reconectar com ele.
                                                      
Só por essa sinopse acima já dá para perceber que tem tramas suficientes para sustentar dois filmes ensanduichadas em um filme só. Como se isso não fosse o bastante, ainda dá várias subtramas a personagens coadjuvantes sem que estas acrescentem nada à narrativa principal. Assim, acompanhamos Lucy tentando ser uma mãe melhor, Agnes tentando encontrar um unicórnio de verdade e os Minions procurando um novo vilão para servir. Tudo bem que Agnes é incrivelmente fofa e os Minions são uma das coisas mais divertidas do filme (mais do que no filme solo deles, inclusive), mas todas essas tramas poderiam ser descartadas sem prejudicar em nada a história principal e considerando que o filme tem apenas noventa minutos, o que sobra é muito pouco.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Crítica - GLOW: 1ª Temporada

Análise GLOW: 1ª Temporada


Review GLOW: 1ª TemporadaLevemente baseada no programa de televisão oitentista de mesmo nome, a primeira temporada da série GLOW tenta imaginar como seriam os bastidores dessa produção e como era a vida das artistas e lutadoras que trabalhavam nela, visto que era um período com poucos papéis de protagonistas femininas.

A narrativa acompanha Ruth (Alison Brie) uma atriz desempregada e sem dinheiro que aceita participar de um teste de elenco que pede garotas exóticas. Chegando no teste ela encontra o diretor Sam Sylvia (Marc Maron) e descobre que ele está selecionando lutadoras para um programa de luta-livre (ou wrestling) todo protagonizado por mulheres (GLOW é uma sigla para"Gorgeous Ladies Of Wrestling", algo como "belas mulheres do wrestling" em português). Como não tem outra opção, ela aceita o trabalho e aos poucos vai passando a gostar do ofício. As coisas se complicam quando uma antiga amiga de Ruth, Debbie (Betty Gilpin), se junta como estrela do show, já que Ruth dormiu com o marido de Debbie.

A série, produzida por Jenji Kohan (criadora de Orange is the New Black) usa da história das lutadoras para falar, com uma boa dose de humor, de temas como o protagonismo feminino, o machismo no ramo do entretenimento e também sobre os problemas causados por representações estereotipadas na ficção. No episódio final, por exemplo, Arthie (Sunita Mani) entra para lutar vestida de terrorista, provocando a ira do público que joga latas no ringue, ferindo ela e outras lutadoras. A ideia é mostrar como o reforço através da mídia de certas impressões sobre uma determinada população pode indiretamente estimular o ódio e a agressividade contra essas minorias. O roteiro também é esperto ao perceber como as narrativas criadas por esses programas de luta livre, seus mocinhos e vilões, se assemelham muito às tramas de melodramas folhetinesco ou telenovelas, apenas usando o formato de luta para vender essas tramas a um público masculino.