Alguns filmes nos conquistam não
pela história que nos contam, mas pela maneira que eles contam sua história. É
exatamente isso que acontece neste Em
Ritmo de Fuga que encanta pelo modo como integra a música à ação em uma
trama de roubo que é bem típica.
Baby (Ansel Elgort) é um jovem
órfão extremamente hábil no volante que há anos vem trabalhando para o
misterioso Doc (Kevin Spacey) como motorista em seus assaltos de modo a saldar
uma dívida antiga que tem com ele. Baby está apenas a um roubo de ficar quites
com seu empregador quando conhece a bela Debora (Lily James) e se apaixona por
ela. Baby pensa em largar sua vida de crimes e fugir com ela, mas Doc o obriga a
continuar trabalhando para ele e tudo se complica quando a instável equipe do
mais recente roubo parece botar tudo a perder.
A narrativa traz tudo que já
vimos em outros "filmes de roubo". Elementos como "o último
golpe", a paixão capaz de redimir o protagonista, os conflitos com os
demais membros da equipe. Não fosse a mão de um cineasta com uma visão bem
particular para esse material como o Edgar Wright, o resultado seria algo bem
banal. O que Wright faz, no entanto, é encher o filme de ritmo e energia ao deixar
toda ação e movimentação dos personagens síncrona (e, de certa forma, submissa)
às batidas da música que não para de tocar nos fones de ouvido do protagonista.
Assim, ele inverte a típica relação entre música e imagem do cinema
hollywoodiano na qual a música acompanha as imagens, não o contrário. Isso fica
evidente na cena em que Baby pede aos demais ladrões que esperem o momento
certo da música para saírem do carro.