quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Crítica - Raw

Análise Raw


Review Raw
Quando um filme mexe muito conosco chega a ser difícil encontrar palavras para ponderar sobre a experiência. Isso definitivamente aconteceu comigo ao terminar de assistir este Raw (ou Grave no original), terror francês sobre canibalismo e amadurecimento.

Justine (Garance Marillier), uma jovem vegetariana, entra para uma importante faculdade de veterinária e durante o trote ela é obrigada a comer carne crua de animal. Nos dias que seguem ela começa a se sentir mal, com erupções em sua pele e uma fome insaciável por carne. Com o tempo a carne animal passa a não satisfazê-la e ela resolve experimentar carne humana quando sua irmã, Alexia (Ella Rumpf), acidentalmente corta fora parte do dedo.

A primeira fonte de incerteza reside no que está acontecendo com Justine. Será que havia alguma coisa na carne? Será que ela está se transformando em algum tipo de criatura? É possível que ela apenas esteja surtando em virtude do estresse dos estudos e das constantes provocações dos estudantes veteranos? A narrativa deixa lacunas suficientes para que nossas conclusões nunca fiquem sob um terreno sólido, o que aumenta a incerteza, a tensão e o suspense.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Crítica - Annabelle 2: A Criação do Mal

Análise Annabelle 2: A Criação do Mal


Review Annabelle 2: A Criação do Mal
A boneca Annabelle chamou atenção em sua breve, mas marcante presença em Invocação do Mal (2013) e logo recebeu seu filme derivado no decepcionante Annabelle (2014). O anúncio de uma sequência que funcionaria como prelúdio não foi muito animador, uma vez que o primeiro tinha sido tão fraquinho e o diretor David F. Sandberg já tinha desapontado no fraco Quando as Luzes se Apagam (2016). A verdade, no entanto, é que Annabelle 2: A Criação do Mal acerta em tudo que o anterior não conseguiu, ainda que não sai do traçado já estabelecido pelo primeiro e segundo Invocação do Mal.

Na trama, um fabricante de bonecas, Samuel (Anthony LaPaglia), e sua esposa, Esther (Miranda Otto), perdem a filha pequena em um trágico acidente. Doze anos depois, Esther está doente demais para sair da cama e Samuel decide ceder a casa para que um orfanato de meninas liderado pela freira Charlotte (Stephanie Sigman). Brincando pela casa as crianças encontram uma misteriosa boneca e coisas sinistras começam a acontecer.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Crítica - Sonic Mania

Análise Sonic Mania



Review Sonic Mania
Apesar de meu primeiro videogame ter sido um Nintendo 8 bits, o console que realmente me acompanhou durante boa parte da infância foi o Mega Drive e, com ele, os jogos do Sonic. Enquanto a Nintendo acertou na transição para o universo tridimensional de seu principal mascote com Super Mario 64, a Sega entregava o menos consistente Sonic Adventure no Dreamcast e com o tempo a qualidade dos jogos do velocista azul ia caindo (o fundo do poço talvez seja o Sonic The Hedgehog de 2006). Ainda que alguns games como Sonic Generations tenham mostrado que o mascote de Sega tem lenha para queimar, ficava faltando aquele jogo que pudesse fazer jus aos tempos de glória do personagem. Isso finalmente acontece neste ótimo Sonic Mania, que retorna seu protagonista à estética 16 bits que o tornou célebre.

A trama é simples, os robôs do Dr. Eggman (ou Robotnik como era na minha infância) roubou uma esmeralda com poderes misteriosos e Sonic, Tails e Knuckles precisam recuperá-la. A trama é contada em breves cenas entre uma zona e outra, não há diálogos mais os sprites em alta definição dos personagens são bem expressivos em transmitir o que acontece. Apesar do visual remeter à época 16 bits, o jogo não apenas reproduz o mesmo visual de antes (como a Capcom fez com Megaman 9 e 10), mas refaz os modelos de personagens, dando a eles novas e mais detalhadas animações.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Crítica - Nu

Análise Nu


Review Nu
Alguns filmes pegam uma premissa que é familiar e já foi utilizada por outros de modo a acrescentar um novo olhar ou abordagem para algo conhecido. Alguns, no entanto, pegam uma história previamente conhecida, e apenas adicionam o mínimo necessário para que não seja um completo plágio. É isso que acontece neste Nu, cópia safada e sem criatividade de Feitiço do Tempo (1993), cuja única alteração significativa é a nudez do título.

Na trama, Rob (Marlon Wayans) é um homem irresponsável e imaturo que está prestes a se casar. No dia do seu casamento, no entanto, ele acorda nu no elevador do hotel e resolve correr para chegar na igreja. A questão é que no fim do dia ele volta a acordar nu no elevador, repetindo o mesmo dia. Rob precisa então achar uma maneira de chegar ao seu casamento até o fim do dia e também descobrir como foi parar ali.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Drops - As Vozes e Casa de mi Padre

No bloco Drops de hoje falaremos brevemente de dois filmes que entraram recentemente no catálogo da Netflix, a comédia sombria As Vozes (2015) e a sátira Casa de mi Padre (2012)


As Vozes

Análise As Vozes


terça-feira, 8 de agosto de 2017

Crítica - 11.22.63

Análise 11.22.63


Review 11.22.63Tenho um certo fascínio por narrativas que tentam abordar versões alternativas de eventos históricos e mostram o "e se..." de um momento marcante. Foi isso que me atraiu a esta minissérie 11.22.63, adaptação do romance Novembro de 63 de Stephen King, que lida com a possibilidade do assassinato do presidente John Kennedy ter sido evitado.

A trama segue Jake Epping (James Franco), um professor de literatura do ensino médio que descobre um portal para ano de 1960 no restaurante do amigo Al (Chris Cooper). Al conta que há anos vem usando o portal para investigar o assassinato de John Kennedy e que está muito próximo de saber quem foi o real culpado. Al também revela que está com câncer terminal e não pode continuar sua missão, pedindo que Jake a termine para ele, retornando a 1960 e seguindo Lee Harvey Oswald (Daniel Webber) até ter certeza se ele é mesmo o único responsável pelo atentado a JFK.

O primeiro episódio deixa claras as regras da viagem no tempo na narrativa. O portal no restaurante de Al sempre leva a pessoa para o mesmo dia e local em 1960. Não importa quanto tempo a pessoa passe no passado, sempre que retornar terão passado apenas dois minutos desde que entrou no portal. Se a pessoa voltar no tempo mais de uma vez, todas as mudanças feitas na viajem anterior serão "resetadas". Além disso, Al adverte Jake a ter cuidado ao tentar reescrever o passado, pois o fluxo do tempo resiste a mudanças e tentará impedi-lo.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Crítica - Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Análise Valerian e a Cidade dos Mil Planetas


Review Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
A última vez que o diretor Luc Besson realizou uma aventura espacial foi em O Quinto Elemento (1997), uma aventura divertida e visualmente exuberante. Sim, seu filme anterior, Lucy (2014), flertava com a ficção científica, mas é neste Valerian e a Cidade dos Mil Planetas que Besson retorna a esse tipo de aventura espacial retrô. Era de se imaginar que o filme seria capaz de ser tão bacana quanto O Quinto Elemento, mas infelizmente não chega nem perto disso.

O agente espacial Valerian (Dane DeHaan) e sua parceira Laureline (Cara Delevingne) são encarregados de recuperarem e protegerem um raro espécime alienígena, capaz de reproduzir qualquer material que devore. A missão os leva à estação espacial Alpha, que abriga milhares de espécies de todo o universo, e a um perigo que pode destruir toda a estação.

Dane DeHaan está terrivelmente mal escalado como Valerian, um policial espacial de espírito aventureiro e galanteador. DeHaan é sério e sisudo demais, faltando-lhe o charme cafajeste de um Harrison Ford ou Chris Pratt que seria necessário para fazer o personagem funcionar. Cara Delevingne, por sua vez, não faz muito além de frisar as sobrancelhas e parecer entediada durante boa parte do tempo. Não ajuda que a química entre os dois seja praticamente nula, falhando em nos fazer investir ou torcer pela relação do casal, já que tudo soa tão mecânico e artificial.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Crítica - Ícaro

Análise Ícaro


Review IcarusFazer um documentário muitas vezes é partir em busca de algo que não se sabe se será obtido ou alcançado. Muitas vezes um cineasta tem uma ideia clara do filme que quer, mas no curso da realização algo acontece que o leva para outra direção. Foi mais ou menos isso que aconteceu neste Ícaro, produção original da Netflix.

A intenção inicial do diretor e ciclista semiprofissional Bryan Fogel era fazer uma espécie de Super Size Me: A Dieta do Palhaço (2004) do doping. Com auxílio de médicos do esporte e especialistas de testes antidoping, ele usaria anabolizantes para melhorar sua performance e burlaria os testes de drogas para mostrar como é fácil burlar esse tipo de exame, tal qual o ciclista Lance Armstrong fez durante anos. Durante o processo, o especialista antidoping que acompanhava Bryan decide desistir, com medo que o ato de ajudar um atleta burlar o sistema acabe com sua credibilidade no meio esportivo. Bryan acaba então direcionado para o bioquímico russo Grigory Rodchenkov, o responsável pela agência antidoping da Rússia. Grigory começa a instruir Bryan, mas logo uma reportagem de uma televisão alemã libera informações de que o bioquímico está no centro de um esquema encabeçado pelo governo russo para dopar seus atletas e evitar detecção nos testes. Assim, Bryan muda seu foco para investigar o papel de Grigory nisso tudo.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Crítica - O Círculo

Análise O Círculo


Review O Círculo
Questões sobre privacidade e individualidade na internet e na era virtual em que vivemos tem sido uma preocupação relativamente constante da ficção do cinema e da televisão. De filmes como Inimigo do Estado (1998) a Controle Absoluto (2008), passando até mesmo por obras como O Show de Truman (1998), a ideia de uma vida sob constante vigilância já foi amplamente explorada. Este O Círculo visa construir uma narrativa de suspense em cima dessas noções e discutir questões de ética e privacidade virtual, mas lamentavelmente não consegue dar conta de suas ambições.

Na trama, Mae (Emma Watson) consegue um trabalho na grande empresa de tecnologia O Círculo, que centraliza muitos dos serviços que temos hoje na internet, como redes sociais, mecanismos de busca, plataforma de vídeos e outras coisas mais. Simultaneamente, o presidente d'O Círculo, Eamon Bailey (Tom Hanks), anuncia um novo tipo de câmera portátil minúscula que pode transmitir em alta qualidade para a internet e que pode ser colocada em qualquer lugar. A nova tecnologia representa para ele um passo rumo a uma sociedade de completa transparência e nenhuma informação fica oculta. Mae acaba escolhida para ser o "rosto" desse novo produto e passa a transmitir toda a sua vida em tempo real na internet, mas aos poucos começa a desconfiar do que acontece na sua empresa.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crítica - Os Meninos Que Enganavam Nazistas

Análise Os Meninos Que Enganavam Nazistas


Review Os Meninos Que Enganavam Nazistas
Inúmeros filmes já foram realizados sobre a luta por sobrevivência dos judeus em países ocupados pelos nazistas com os mais diferentes enfoques. Este filme francês Os Meninos Que Enganavam Nazistas não tem muito a acrescentar em relação ao que já foi dito sobre a questão, mas é competente o bastante para valer a experiência.

A trama é baseada na história real dos irmãos Joseph (Dorian Le Clech) e Maurice (Batyste Fleurial), que se separaram dos pais para fugirem dos nazistas depois da ocupação de Paris. Os dois garotos passam, então, a percorrer o interior da França em busca de um local seguro.

É um fiapo de trama, mas isso não é exatamente um problema, já que o filme adota uma estrutura de road movie e esse tipo de narrativa é mais sobre o crescimento e aprendizado dos personagens ao longo da jornada do que sobre um destino ou arco dramático claramente delimitado. A viagem errante dos garotos serve não só como uma jornada de amadurecimento, na qual eles aprendem a lidar com as dificuldades do mundo (e nesse caso um mundo que os persegue), mas também como um retrato da ocupação nazista na França e como o regime trabalhava para colocar a população local contra os cidadãos judeus, fazendo-os crer que os judeus eram a raiz de todos os problemas.