Dividido entre duas
temporalidades, o presente e o passado da protagonista, O Castelo de Vidro tem dificuldade em manter as duas frentes
narrativas interessantes. Durante boa parte do tempo a sensação é que ele
contém dois filmes em um, embora ainda assim o resultado seja satisfatório.
A trama é baseada na história
real de Jeanette Wall (Brie Larson), uma repórter de Nova Iorque cuja infância
foi passada em um estilo de vida nômade e pobre ao lado de seu complicado pai,
Rex (Woody Harrelson), que constantemente tinha que se mudar para fugir de
cobradores.
Os segmentos no presente,
envolvendo Jeanette e seu noivo, David (Max Greenfield), são os menos
interessantes. É aquela típica história da pessoa que conseguiu tudo o que
queria, sucesso profissional, conforto material e um belo cônjuge, mas continua
se sentindo incompleta. Não é o primeiro filme a contar esse tipo de história e
outros, como Jerry Maguire: A Grande
Virada (1996) já abordaram esse material de maneira mais satisfatória. O
que incomoda nem é apenas a repetição de lugares comuns, mas a maneira óbvia
como o filme apresenta tudo isso. Já em uma das primeiras cenas, em um jantar,
fica evidente o senso de deslocamento de Jeanette, o incômodo em poder não
falar abertamente sobre o passado da família e como o noivo dela quer afastá-la
de seu passado e família.